22.4.07

«Novas relações entre política e religião»

É este o título da crónica semanal de Frei Bento Domingues (no Público de hoje, 22/4/2007), que li muito atentamente.

Se bem a percebi, discordo em pontos que me parecem importantes.
Passo a citar:

«Mas só a cegueira não vê as fraquezas de um regime de total “separação” [entre política e religião]. Não acabará por marginalizar as religiões, subestimando a sua importância na vida social de muitos cidadãos que encontram nelas fonte de empenhamento e de esperança e tornar anémicas as próprias democracias? Estas não dispõem, por si mesmas, de recursos suficientes para enfrentar os riscos da mundialização, gerar a paz e gerir as questões da sociedade que têm a ver com as crenças e as opiniões dos cidadãos.
A filosofia democrática e a moral laica estão um pouco gastas».

Alguns comentários breves:
• Não sei por que razão um regime de «total separação» entre política e religião pode tornar anémicas as democracias – as religiões não são vitaminas que evitem ou curem anemias.
• Não penso que as religiões estejam a contribuir para enfrentar os riscos da globalização – muito pelo contrário, temos vindo a assistir ao renascer de graves fanatismos e de muitos autoritarismos (inclusive por parte da hierarquia da Igreja católica, como Frei Bento reconhece na parte final da sua crónica), que não ajudam em nada.
• Não considero que a filosofia democrática e a moral laica estejam «gastas» – embora com muitas limitações, elas sim são, no meu entender, a grande esperança para que não morra a utopia de um mundo global, com mais paz e com maior justiça.

Talvez volte a este assunto num outro contexto.

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