18.9.07

A força de um porta-voz

Clarence Mitchell pediu a demissão das funções que exercia no gabinete do primeiro-ministro britânico para assumir, a título pessoal, o papel de porta-voz do casal McCann.

A sua declaração pode ser ouvida aqui.

Qualquer que venha a ser o curso dos acontecimentos nos próximos tempos, penso que este facto vai ter um grande peso. Para começar, a nível da comunicação social. Mas não só: a sombra do apoio do governo britânico estará mais presente do que nunca, com razão ou sem ela.

Paralelamente, o Conselho Superior de Magistratura respondeu negativamente a um pedido de autorização feito pelo juiz de Portimão, no sentido de serem dadas explicações sobre o processo aos media.

Podem ser aplicados muitos adjectivos a este silêncio das autoridades portuguesas: obrigatório, corajoso, prudente, eficaz... Uma coisa parece certa: ele é, cada vez mais, absolutamente ensurdecedor.


2 comments:

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

Permita-me entrar em sua casa para discordar. A coisa não é importante; trata-se de uma apreciação divergente.

Há alturas em que o silêncio parece ensurdecedor. Neste caso, parece-me ser de ouro.

O ruído feito à volta do desaparecimento da menina inglesa, esse, era não só ensurdecedor como embrutecedor.

Felizmente, houve alguma sensatez. E se os media não souberam auto-regular-se, ainda bem que alguém apearece a moderá-los, negando-lhes pasto para alimentarem o incêndio da morbidez.

A polícia precisa não apenas de tempo como de serenidade. A investigação não pode ser feita por palpites e no meio do maior ruído, em que cada um lança o seu.

Oxalá tivessem mandado o casal de ingleses embora há mais tempo, mesmo contra sua vontade, e tivessem posto os media na ordem com o segredo de justiça.

Embora tarde, espera-se que a polícia adquira a capacidade de investigação que lhe tem faltado.

Joana Lopes disse...

Seja bemvindo!
Percebo o seu ponto de vista e até concordo parcialmente.
Acho apenas, por um lado, que as nossas autoridades judiciais têm de aprender, inevitavelmente, a viver neste mundo louco dos «media»; por outro, as constantes fugas de informação, aliadas a um silêncio oficial, causam muitas perturbações.

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