21.1.08

Sol na eira e chuva no nabal

Os factos são simples e foram já amplamente noticiados. A Nokia, que detém, cerca de 40% do mercado mundial de telemóveis, anunciou que vai fechar a sua fábrica em Bochum, na Alemanha, sendo a actividade desta transferida para Cluj, na Roménia. Aqui, aquela companhia será o centro de um grande parque industrial onde se instalarão outras empresas com actividades ligadas à produção de telemóveis, prevendo-se a criação de 15.000 postos de trabalho. Na Alemanha, serão eliminados 2.300.

Os motivos invocados pela Nokia são, como seria de prever, os elevados custos da mão-de-obra alemã.

As reacções não se fizeram esperar. Presidentes de sindicatos e ministros alemães apelam ao boycott, o que a própria Angela Merkel declarou «absolutamente compreensível». No Parlamento Europeu, pediu-se que a União Europeia impedisse a deslocalização, o que terá sido recusado já que, aparentemente, nenhuma regra foi violada, nem na Alemanha nem na Roménia.

Mais um caso de vítimas (agora em Bochum) do capitalismo nómada que governa o mundo? Sem dúvida. Estranho, inesperado? Certamente que não. É só mais um.

E tudo se passa até na pequena quinta que a Europa é, entre uma empresa finlandesa e dois outros países: o mais rico e um dos mais pobres dos vinte e sete. Além disso, entre Bochum e Cluj vai o passo de um anão (em linha recta, é mais ou menos Lisboa-Paris), mas nem isso ajuda.

Acontece que a Alemanha é o maior exportador do mundo e, nessa medida, um dos grandes «vencedores» da globalização. Será por isso um dos últimos a poder queixar-se.

Sol na eira e chuva no nabal? Seria o admirável mundo novo – mas não é, nem para os alemães.

2 comments:

Cristina disse...

inevitavel, a falencia economica da Europa, dizem. de facto, não sei qual será a solução, com esta viragem de limitação da imigração...

Cristina disse...

inevitavel, a falencia economica da Europa, dizem. de facto, não sei qual será a solução, com esta viragem de limitação da imigração...