4.12.08

Mário Nogueira, o pio

17 comments:

Anónimo disse...

Cara Joana Lopes:

Julgava eu ser inteiramente natural que entidades, como os Sindicatos de Professores, que pretendem compreensivel e justamente alargar a base de apoio social à sua movimentação ou a compreensão da sua luta por diversos sectores ou instâncias da sociedade portuguesa, realizem um encontro como o que é anunciado.

Neste caso trata-se Sindicatos ou de uma Federação Sindical, mas recordo-lhe que, em tempos, quer com D. António Ribeiro quer já com o actual Cardeal Patriarca, os Secretários-gerais de então do PCP mantiveram com eles úteis e civilizados encontros de diálogo e troca de opiniões.

Eu posso compreender e respeitar que actuais católicos ou ex-católicos tenham as suas próprias feridas e justificados ressentimentos com a hierarquia da Igreja Católica.

Mas não é demais querer transportar essas vivências ou mesmo rupturas para INSTITUIÇÕES como os sindicatos ou os partidos políticos que têm óbviamente outras responsabilidades na sociedade portuguesa ?

Sempre com consideração.

Joana Lopes disse...

Caro Vítor Dias,

Seja bem regressado a esta C. de C. de onde tem andado tão arredado!

1- Julgo eu que estamos num estado laico em que os bispos, cidadãos não menos inteligentes do que os outros, têm à sua disposição toda a informação necessária sobre a problemática dos professores - informação é coisa que não falta neste caso. «Explicar-lhes» então o quê? Não me passa pela cabeça que lhes vão ser fornecidos parâmetros que estejam a ser sonegados à opinião pública ou que vá ser negociado o que quer que seja....

2- Agradeço, mas dispenso, o seu «paternalismo» ao pensar que este post se deve ao facto de eu ser ex-católica. Acredite que teria a mesma reacção se os sindicatos fossem falar com a direcção do Benfica ou do FCP (já agora: porque é que não vão, também há por lá muitos sócios que são professores...)

3- Concluindo, trata-se de uma forma de pressão como outra qualquer e foi apenas isso que quis sublinhar. Legítima? Ilegítima? Estamos na época do «vale tudo, aparentemente, mas de si talvez fosse de esperar uma posição mais crítica.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Achar “inteiramente natural” o encontro de uma Federação de Sindicatos com o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, na hora em que há uma dura luta sindical, com enormes manifestações e com uma greve massissamente seguida, parece-me um acentuado entorse à “naturalidade” das coisas. A nossa Escola é laica. Há professores católicos. E depois, no que diz respeito aos professores. Não se sabe que se vai fazer pressão sobre eles, só porque o são e porque um alto dignitário da Igreja Católica recebe os Sindicatos nesta altura. Sabe-se. E é isso mesmo que também se pretende. E uma entrevista ao Provedor de Justiça... Será que tem aparecido nesta movimentação algo que seja da sua esfera? Mais um cartaz a exibir.
É claro que não se trata de nenhuma iniciativa de pura informação da posição dos sindicatos. A eles cabe-lhes pedirem essas audiências. Dá-lhes maior projecção na sua luta e, apresentando-se, de algum modo, na companhia de tão ilustres dignitários, muito avaliza a justeza das suas reivindicações,. A eles, dignitários, caberia recusar esses encontros ou adiá-los para que não tivessem o possível efeito que podem ter e logo o significado que têm. E os Sindicatos vão mesmo a Fátima...
Nos tempos passados, encontrar-se-iam lá em muito boa companhia. A alta hierarquia da Igreja Católica, com a sua Fátima, foram fieis apoiantes do defunto regime. Não foram um importante esteio para que se lograsse o necessário apoio ao Salazarismo? E não se limitaram a bater palmas; meteram também mãos à obra. Pois, nesses tempos passados, os Sindicatos encontrar-se-iam na companhia, naquela Fátima, dos Salazares, dos salazarinhos e dos salazarentos que iam pedir, e receber, apoio à nossa Igreja Católica. A má companhia não significa identidade, mas uma “ajudinha” da Igreja dá sempre jeito.
Contra esse conúbio lutámos, tu e eu, e estou certo que muitos (ou lembrando-nos desses nossos difíceis tempos, Victor Dias), talvez apenas alguns dos sindicalistas que se vão deslocar a Fátima.
É normal que haja contactos entre partidos políticos ou sindicatos ou quaisquer outras entidades com as Igrejas, ou com outras entidades que possam ser como que seus pares. Mas, nesta altura em que se força o governo, com quanta força se pode dispor, a aceitar a posição dos Sindicatos, nesta mesma altura em que a luta chega quase ao limite das forças em presença, considerar isso normal, ou “inteiramente natural”, é forçar a credibilidade de quem tenha um pouco de bom senso.
Meu velho Victor Dias, além das qualidades que te são próprias, és um homem muito experiente, foste o porta-voz da direcção do PCP, sabendo de olhos fechados, mas não de boca fechada, o que se podia dizer, o que se devia e como se devia dizer, o que calar e como calar e como não calar, etc. Por favor, não te escorregue a palavra para chamar de “inteiramente natural” uma coisa que não o é de todo.
Aproveito a ocasião para de dar um abraço de amizade doutros tempos. Seria giro arranjarmos maneira de reunir aquela nossa gente da Executiva da CDE de Lisboa e da Devir, etc.
Sousa

maria disse...

Eu, cattólica me confesso, estou com a Joana.

Eu não estou contra que as várias organizações sociais se encontrem e dialoguem, é até muito salutar, mas para quê exclusivamente esta situação? Oportunismo, só pode.

Depois quero ouvir é o bispo...

Joana Lopes disse...

Vítor Dias e José de Sousa,

Sintam-se em casa e continuem a conversa.

A última coisa que podia imaginar, há trinta e uns tantos anos, era «ver-vos» numa C. de C. de uma estranha entidade chamada blogosfera... Mas aconteceu.

Shyznogud disse...

Nesta conversa ainda não foi referido um facto fundamental, há quem ache q numa guerra todos os "inimigos" do "inimigo" são bons aliados. Ora a Conferência Episcopal ficou de candeias às avessas com o Ministério da Educação desde q, com o alargamento do horário das escolas do 1º ciclo, deixou de poder contar com os proventos que lhe vinham dos ATLs, certo? Acaba, no fundo, por ser uma anti-natural aliança natural...

Anónimo disse...

Cara Joana Lopes e caro José de Sousa:(juntos só para não ocupar com mais um comentário):

Para a Joana: não havia nenhum paternalismo mas que há católicos e ex~católicos que por causa das feridas e ressentimentos adoptam por vezes atitudes mais agressivas e rígidas em relação à Igreja dio que muitos ateus, lá isso me parece verdade.(falo da Igreja de agora, porque da do outro tempo certamente que não precisarei de repetir as flagelações que na épova própria cumpri o dever de consciência de lhe aplicar).

Ainda para a Joana: cá está, comparar a Igreja Católica com o FCP ou SLB ou o meu SCP (bem sei, a sua direcção antes do 25 Abril era um coio de fascistas do pior)é passo que eu, ateu e comunista, não dou.

Para os dois: sejamos francos, talvez não haja aqui grande questões de principios; possivelmente, quem acha que o Governo tem alguma razão, achará mal que os Sindicatos de Professores alarguem pontes ou vias de comunicação mais pessoal e directa; quem achar que os professores tem muita razão achará inteligente útil a iniciativa. Como dizia o agora refugiado em Bruxelas, «é a vida».

Para o José de Sousa:

Só me apetece dizer-te : bolas, há que anos ! Claro que me recordo das reuniões na tua casa, da tua bela biblioteca e também dos desaguisados que todos fomos tendo de vez em quando mas que estou certo, nem eles nem a diversidade posterior de percursos, matou em muitos de nós a amizade, a estima e a boa memória.
Um abraço, pois então.

Joana Lopes disse...

Vítor Dias,

Estou à vontade porque acho que o governo tem uma parte da razão e os professores outra - não «torço» incondiconalmente nem por uns nem por outros.

Quanto ao seu «respeitinho» pela Igreja, cuidado que ainda se converte! Não transforme o seu blogue numa voz da Cova da Iria porque a blogosfera não está preparada para esse traumatismo!

Anónimo disse...

"mas recordo-lhe que, em tempos, quer com D. António Ribeiro quer já com o actual Cardeal Patriarca, os Secretários-gerais de então do PCP mantiveram com eles úteis e civilizados encontros de diálogo e troca de opiniões."

Unidos pela "fé"?
Tanto uns como outros tem para dar e vender.

Tb gostei de "civilizados encontros"...haviam de ser o quê? Andarem todos à batatada?
Dava um grande Almodovar!

Anónimo disse...

Vitor Dias....
Já agora se não for pedir muito, por favor, convença o Vaticano a descriminalizar a homossexualidade...

Anónimo disse...

Ainda hei-de ouvir o Sr. Cardeal Patriarca aos gritos na Sé Catedral:
"Assim se vê a força de JC"

Anónimo disse...

Ah... já me esquecia, antes convença o PCP a aceitar a adopção de crianças por casais do mesmo sexo.

Anónimo disse...

Mestre!
Deixa passar a brincadeira. Tu foste muito redutor. A começar por uma missiva com dois destinatários. De uma penada arrumaste dois. Não to agradeço, pois que, a ter resposta, seria de esperar que me fosse unicamente endereçada. Assim me despachaste como coisa miúda.
A redução foi assim: talvez não haja grandes questões de princípios. Há, julgo eu, a “magna” questão do Ensino e aqui terás razão porque apenas está implícita. Talvez. E continua: ou se pensa que o Governo tem alguma razão ou se pensa que os Sindicatos tem toda a razão. Ali, um pouco quem sabe, ou aqui, por inteiro, certamente. E, caro Vítor Dias, entre estes dois pontos e sobre eles, quanto não serias capaz de “elaborar” e de encontrar. Até mais do que um bispo, mesmo um cardeal. Fizeste bem.
Seria desejável que se partisse, predominantemente, dum pensamento crítico para a acção e não o contrário, duma acção a desencadear ou em desenvolvimento para um pensamento “prático”. Eu gostaria de conversar contigo, melhor de te encontrar, não para beber um copo, porque não o posso fazer, mas para conversarmos um bocado e talvez, em boa forma de comunhão, petiscarmos qualquer coisa. E nesse encontro até poderíamos, amenamente, estarmos com a nossa memória por inteiro.
O que eu não desejaria, embora tivesse sido eu a começar, era ter uma conversa pública ou bloguótica , estilo contraditório, porque, se não sou inimigo do PC que apenas me provoca algum desgosto, também não quero, por um efeito perverso, contribuir para que ele se fortaleça. E tu és novo, estás melhor informado, bem treinado, etc., enquanto que eu estou desactivado há um ror de anos e sentado dentro da poeira dos meus livros. Enquanto eu próprio não for pó, já que andamos tão próximos de padres . Tu ganharias. Com o devido proveito.
Na memória há sempre um deve e um haver. Agradeço-te a memória das reuniões em minha casa. Algumas eram animadas. Contudo eu tenho a haver muito mais recordações. Como não podia deixar de ser, uma vez que pertencemos, durante um ano ou mais, à Comissão Executiva da CDE de Lisboa e até fomos os dois, como seus delegados, a um Encontro Nacional da Oposição, se bem recordo, para acabarmos com o MOD e definirmos outras formas de conjunção ou de articulação, ou coisa assim, da Oposição.
Eu, tu, o Lino de Carvalho fizemos uma boa equipa. Não esqueço o Herberto Goulart, pessoa de quem gosto. E digo, Vítor Dias, guardo algum afecto da amizade que tínhamos e não vejo hoje máculas na camaradagem, para não dizer na cumplicidade, que tivemos.
E já que há recordações, aqui vai uma. Uma das reuniões em minha casa reuniu quase 30 pessoas. Entre elas o Sampaio, o Mestre e muitas mais, claro. Era no Verão. A casa estava abandonada. Tínhamos um gato. Havia um certo lixo e cotão pelos cantos da casa. Quando a reunião acabou e me preparava para dormir, vi que tinha dezenas que pulgas no corpo. Fiquei desnorteado, fui ao banho, pendurei roupas a distâncias tranquilizadoras. E no dia seguinte, angustiado, consultei a minha salvadora em situações de emergência. A mulher que lá me orientou. E, pela certa, que todos levaram, aqui de casa, fartas pulgas. Tu também. E, nesta recordação, ficaste-me a dever umas quantas, mas não mas devolvas, por favor.
Vítor Dias, aqui vai um abraço com esse afecto doutros tempos.
Sousa

Anónimo disse...

Caríssimo SOUSA:

Admito que foi uma má opção de momento juntar no mesmo comentário palavras para a Joana Lopes e outras para ti.

Não vejas isso como nenhum sinal de desconsideração.

Um renovado abraço de amizade.

Anónimo disse...

Uma visita natural. Mário Nogueira é portador do verdadeiro segredo de Fátima.

Anónimo disse...

Caro Vítor Dias
Desculpa acrescentar mais algumas palavras. Isto já nos cansa, a nós e a quem ainda tiver paciência de nos ler.
Eu não me considerei desconsiderado por teres escrito a dois ao mesmo tempo. Nem podia, com a Joana Lopes por companhia. A Joana Lopes, rapariga com quem conspirei em tempos muito idos no grupo dos dezasseis e até um pouco mais além. A Joana Lopes que tem hoje a coragem de ser frontal nas suas posições.
Não era desconsideração o que eu vi. Era redução daquilo que tinha sido escrito. E havia tão só, como sabes, um paralelismo entre uma única missiva para dois e a redução duma situação tão complicada, como aquela de que falávamos, a duas posições. Apenas e tão só... e inibo-me de fazer comentários ao que seeseguiu.
Alguém disse qualquer coisa como isto: a política é a arte de definir os inimigos. Eu esqueço-me disso por vezes.
Tudo bem, Vítor Dias. Um abraço, bem acompanhado das boas recordações doutros tempos.
Sousa

sem-se-ver disse...

(mas que caixa de comentários tão bonita :-)