23.2.08

Madalena Barbosa (2)



«Nasce-se mulher ou homem, não se nasce socialista ou comunista, ou social-democrata.»
Madalena Barbosa, Que força é essa, p.59.





E também se morre mulher.

Ontem, no enterro e na sessão de lançamento do livro, um mar de mulheres, meia dúzia de homens.

Não sei se é normal. Não foi justo.

Lugares de culto (4)


(De avião)


Sossusvlei (Namíbia)

22.2.08

Movimentos estudantis em Coimbra






















Foi publicado, em Dezembro de 2007, este livro da autoria de Elísio Estanque e Rui Bebiano onde é feita uma análise «...dos impactos e possíveis ligações entre as experiências do movimento estudantil de períodos passados – em especial “os longos anos 60” – e as novas modalidades de acção associativa da juventude universitária emergentes nos últimos anos» (*).

Apenas um brevíssimo apontamento.

Li este estudo com o maior interesse. A primeira parte trata do período que abrange a década de 60 e se prolonga até ao 25 de Abril, enquanto que a segunda se centra na geração actual, tendo como base principal um inquérito realizado em 2005-2006. Conclui-se que, apesar de todas as diferenças e rupturas, parecem existir linhas de continuidade entre os estudantes actuais e os «épicos» combatentes da década de 1960-1970 – cuja memória histórica continua presente, até porque muitos deles ocupam, ainda, cargos importantes na universidade e na cidade.

Jugo que nada de semelhante foi alguma vez feito para Lisboa ou para o Porto. E, se o fosse, as conclusões seriam certamente muito diferentes, pelas características únicas de Coimbra. Para quem, como é o meu caso, só conhece a realidade universitária em Lisboa, trata-se de uma total novidade que estudantes «normais» (ou seja, fora de uma pequena elite de estudiosos), deste início do século XXI, saibam que houve lutas estudantis nos anos 60 e, sobretudo, que lhes confiram uma qualquer influência na actualidade (**). Estarei, talvez, a ser demasiado pessimista...



Ainda sobre uma problemática afim: chegará muito em breve às livrarias uma outra obra, esta da autoria de Miguel Cardina, A Tradição da Contestação, sobre a politização do movimento estudantil, em Coimbra, durante o marcelismo.

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(*) Elísio Estanque e Rui Bebiano, Do Activismo à Indiferença. Movimentos estudantis em Coimbra, ICS, Lisboa 2007, 196 p.

(**) Não tivesse Jorge Sampaio sido Presidente da República (o que fez com que, regularmente, se referisse o seu papel no Dia do Estudante de 1962 e se mostrassem algumas imagens as televisões) e a ignorância seria ainda maior.

21.2.08

Madalena Barbosa

Feminista, fundadora do Movimento de Libertação da Mulher, em 1974, morreu hoje, com 66 anos.

Pedem-me que divulgue que se mantém a realização da sessão de lançamento do seu livro «Que força é essa», amanhã, às 18:00, na Livraria Ler Devagar (Fábrica de Braço de Prata), em Lisboa. Ser-lhe-á então prestada uma última homenagem.

Debate sobre Cultura em Coimbra



Mais informação sobre este debate aqui.

Viúvas de Lenine



Recebi um mail de alguém que, para me convencer a fazer determinada tarefa, argumentou:
«... porque tu que não és viúva de Lenine».

Já me tinham chamado muitas coisas, mas há sempre uma primeira vez para outras.
Desta gostei – e disse que sim.

19.2.08

Alain Robbe-Grillet

ACTUALIZADO (*)

Alain Robbe-Grillet morreu ontem, com oitenta e cinco anos.

Não sei se haverá alguns (algum?) leitores deste texto que tenham gostado tanto como eu deste escritor francês, figura central do chamado «Nouveau Roman» e argumentista de alguns filmes emblemáticos do cinema francês.

Li muito do que escreveu e, para a francófila inveterada que sou, La Jalousie foi, durante muito tempo, um dos meus livros de eleição, que li e reli. Nem sei se gostaria de o reencontrar porque temo que não tenha resistido ao tempo – ao do autor e/ou ao meu.

ARG dedicou-se também ao cinema a partir de 1961, tendo-se lançado como argumentista do fabuloso L’ Année dernière à Marienbad, do realizador Alain Renais.

Deixo este curto vídeo do filme, para quem quiser recordar a belíssima Delphine Seyrig.
Aqui, um excerto mais longo (onze minutos). Alguém se lembra das famosas cenas do jogo dos fósforos?



l'année dernière à marienbad
Colocado por seryeuse

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(*) Ler aqui: HUBERT ARTUS, Mort d'Alain Robbe-Grillet: le roman perd son révolutionnaire

17.2.08

Utopias























A propósito do uso do véu na Turquia, da sharia e do arcebispo da Cantuária, das desventuras de Ayaan Hirsi Ali, dos bispos e dos partidos em Espanha, de certas posições do papa e de uns tantos ouros motivos, muito se tem falado, nos últimos dias, de laicidade e laicismo, fanatismo e tolerância, multiculturalismo e integração.

Que o problema religioso, e tudo o que com ele se relaciona, é hoje crucial como poucas vezes o terá sido na história da humanidade, e que é difícil prever o que se segue, parece indiscutível.

Mas, de um modo geral, o que se está a fazer, é defender, alternadamente, determinadas opiniões ou as suas contrárias, por motivos puramente político-tácticos. Posições avulsas que vão mudando conforme os ventos. E, em paralelo, ouvem-se afirmações piedosas quanto às benfeitorias das religiões e das igrejas para a paz no mundo e para o entendimento entre as civilizações, frequentemente proferidas por responsáveis que se dizem ateus empedernidos.

Ora estou convencida de que nada disto resolve o que quer que seja e cada vez se me impõe com maior limpidez a evidência de que o mundo viveria melhor sem religiões, que estas trouxeram – e trarão – à humanidade muito mais guerras e outros danos do que benefícios. O que, aliás, está à vista. Não sei se chego a esperar, mas desejaria certamente, que a humanidade viesse a avançar na História com esta convicção como pano de fundo. Porque acredito que só assim poderia acontecer um verdadeiro progresso na convivência entre os povos a nível global.

Isto está longe de implicar atitudes de guerra aberta, intolerância ou discriminação – muito pelo contrário. Pode-se deixar que uma jovem ande de lenço na cabeça, mas tentar explicar-lhe que, ideologicamente, está errada e que está a alienar-se. A minha empregada é testemunha de Jeová e não me canso de tentar convencê-la de que está a ser enganada. Não se deve impedir que os portugueses rastejem em Fátima, mas deveria ser explicado nas televisões, nos jornais, em toda a parte, a indignidade do que estão a fazer. Uma sociedade civil laica pode/deve fazer isto tudo e a Europa tem particulares responsabilidades neste domínio, tanto para com os que por cá nasceram como para com os imigrantes.

Estou, em pleno, no domínio da utopia? Certamente. Mas é ela que comanda a vida.

Lugares de culto (3)



New Orleans (EUA)