21.6.08

Ai, Lisboa

Paris com uma praia artificial no Sena, pois certamente.

Mas Lisboa? Rodeada de mar a sério e areia por quase todos os lados, com ondas fingidas no Poço Do Bispo e praia com piscina flutuante em Algés???

A quadratura do círculo

19.6.08

Reservado o direito de admissão













O Parlamento Europeu aprovou ontem a directiva sobre as condições de retorno de imigrantes aos seus países de origem.

Vem em todos os jornais, tudo parece dito, mas importa reforçar. É o «símbolo de uma Europa que se considera cidadela atacada pela miséria do mundo», lê-se em Rue89.

Era isto que queríamos, que imaginávamos? Fecha-se, se não a sete pelo menos a quatro ou cinco chaves, um território retalhado para que nele só entrem os bem trajados? É com um Tratado cabalístico, com ou sem o Não irlandês, que se resolvem estes e outros problemas?

Indignação, tristeza, falta de horizontes, apagamento de ideais.


P.S. - Leia-se este texto de Ana Gomes, escrito antes da votação no Parlamento Europeu. As emendas que refere não foram introduzidas.

18.6.08

Víctor Wengorovius


















Víctor Wengorivius morreu em 2005 e faria hoje 71 anos.

A partir das 18:00, realiza-se «um encontro de registo de memórias e empatias», no Príncipe Real em Lisboa.

Líder estudantil em 1962, católico activíssimo em todas as oposições, fundador do MES. Com uma vida sempre especialmente irrequieta, que, cruelmente, o atirou para uma cadeira de rodas durante os últimos anos.

Texto da sua filha Marta sobre o evento de hoje.

Memórias cruzadas












Antes do 25 de Abril, participei várias vezes em manifestações contra Cerejeira, no Campo Santana, frente à velha sede do Patriarcado de Lisboa – porque ele retirara o Pe. Felicidade Alves da paróquia de Belém, porque se recusava a tomar posição contra o encerramento da cooperativa Pragma e por outros motivos que já nem recordo. Tipicamente, acabávamos sempre refugiados no átrio ou, pelo menos, protegidos pelo gradeamento que, no passeio, rodeava a porta – reacção instantânea quando se aproximavam os tradicionais Volkswagen creme nívea da polícia.

Em 18 de Junho de 1975, já com outros ventos e muito diferentes marés, voltei ao local para protestar contra a administração da Rádio Renascença (caso que muita tinta e muitas ruas fez correr, mas de que não vou ocupar-me hoje). Houve contra-manifestantes (apoiantes do Patriarcado, com os quais o PS viria a solidarizar-se por comunicado), mas, desta vez, eu fiquei do lado de fora e foram eles que se refugiaram no átrio pare se protegerem de pedradas. Papéis invertidos, portanto. Mas garanto que não atirei nenhuma pedra.

Assim se misturam as memórias das nossas pequenas histórias.

Recordação do acontecimento e fotografia em:
(*) A. Gomes e J. P. Castanheira, Os loucos dias do PREC, Expresso / Público, Lisboa, 2006, p. 170.


17.6.08

Ainda?!












Hoje no Público (espanhol):

«En el contexto de la controversia entre sectores conservadores y defensores de la libre interrupción del embarazo, a raíz de la investigación a clínicas de Madrid y Barcelona, miles de personas entregaron en los juzgados inculpaciones por haber abortado, en el caso de las mujeres, o de haber colaborado en un aborto, en el de los hombres. La cifra total de autoinculpaciones en España se acercó a 15.000. En Madrid, se superaron las 4.000. (...)

Decenas de personas han declarado ante el juez o están citadas para hacerlo en breve por haberse inculpado de abortar. Las denuncias fueron presentadas ante diversos juzgados en el marco de la campaña que entre febrero y abril movilizó a miles de personas en defensa de un aborto libre y gratuito, y contra el acoso a las clínicas.»



Para quando julgamentos de quem declare ter fumado no local de trabalho?

Se governantes e juízes se ocupassem de assuntos verdadeiramente decisivos e deixassem de nos proteger contra as nossas próprias vontades, talvez coabitássemos todos um pouco melhor neste mundo que anda perigoso.

16.6.08

Conversa a três (1)














Publiquei ontem, nos Caminhos da Memória, um texto elaborado a partir de uma conversa que tive, há cerca de três semanas, com Edmundo Pedro e com Nuno Teotónio Pereira (*).

Tenho a enorme sorte (a palavra privilégio faz parte dos meus pequenos ódios de estimação) de os ter como amigos: o Nuno há bem mais de quarenta anos, o Edmundo há relativamente pouco tempo, mas com um contacto muito regular. Se algum dia entrasse num daqueles concursos meio aparvalhados em que alguém pergunta ao concorrente quais são as criaturas que mais admira na vida, não hesitaria em colocar ambos num grupo muito especial de pessoas por quem não terei passado em vão por este mundo.

Ambos a caminho dos noventa, irradiam simplicidade, coragem, frontalidade e uma persistente urgência de eficácia.

Vale a pena dar a conhecer o percurso destas vidas – muito diferente à partida, particularmente próximo nos dias de hoje. Foi o que procurei começar a fazer em Memória aos 80 (1).


(*) Biografias de Edmundo Pedro e de Nuno Teotónio Pereira.

Novas Oportunidades


















Maus espíritos andam muitos por aí, exorcista poderá ser profissão de futuro.

O Vasco Barreto explica porquê:

«Quanto a Cavaco Silva, fiquemos alerta mas tranquilos. Se lhe sair um: “É a primeira vez que estou cá desde a última vez que cá estive”, ou outra tirada indiciadora do insistente espírito de Américo Thomaz, antes do pedido de impugnação que precipite uma crise de Estado, talvez baste chamar um exorcista.»

(E leiam o resto do texto que não perderão o vosso tempo.)

15.6.08

Novo blogue





A partir de hoje, andarei também, com numerosa e excelente companhia, pelos Caminhos da Memória.

Tal como esta, uma casa às vossas ordens.

Rãs e camionistas

















Nuno Brederode Santos hoje, no DN:

«De Verões malditos está o meu Inverno cheio. Contudo, vivemos cada um deles com o pasmo de um apocalipse sem causas, uma praga de rãs, um ajuste de contas com deuses que não são nossos.

(...) Estamos a um ano de eleições. Há cultores da "rua" que, de há tempos, vêm reclamando - servindo-se de boas e de más razões - que ela traz consigo uma legitimidade própria, paralela à das instituições democráticas. A chamada "governabilidade" das maiorias absolutas esbarra frequentemente neste pequeno contratempo: tudo o que não se consegue fazer no Parlamento arreia os cabazes na praça e o jargão de feira suburbana demonstra-nos em directo o que vale a retórica das gravatas. (...)

É certo ser esse, hoje, o discurso da pior direita. Precisamente a que não tem moral para o dizer, porque, na sua desordenada gula eleiçoeira, tanto cavalga a desordem como a reposição da ordem. Mas isso é o que sucede a quem puder jogar no preto e no vermelho: ganha sempre. Mas ganha sempre numa cor aquilo que perde na outra. Não vai longe: só dá para contar aos netos que ganhou, sonegando o outro tanto que perdeu.»