19.10.09

Que ninguém suspeite que embirro com Saramago
















.. porque embirro mesmo e há muitos anos.

Vai por aí um alvoroço com o lançamento de Caim, o seu último livro. Desta vez (!...), quem disse o que é absolutamente evidente e indispensável foi o porta-voz da Conferência Episcopal: «um escritor da craveira de José Saramago deveria ir por um caminho mais sério» e o livro é pura «operação de publicidade». Marketing, demagogia e mais nada.

Basta ver este vídeo:



Mais dislates por exemplo aqui.

6 comments:

virgili o vargas disse...

Joana,

esse porta voz da Conferência Episcopal é juiz em causa própria. Não poderia nunca pronunciar-se de forma diferente.

O Saramago resolveu ser uma espécie de Salman Rushdie à portuguesa. O que lhe vale é que niguém vai proferir uma Fatwa ordenando a sua rápida execução pelo seu pecado.

O máximo que ele consegue obter é alguma publicidade no twitter.

Deixem o homem escrever!

Joana Lopes disse...

Toda a gente deixa o homem escrever, Virgílio, e não tem tão pouco eco como isso (olha o Brasil....)
Mas os termos em que ele se refere às «histórias» da Bíblia como se não soubesse, como toda a gente, que são alegóricas é de uma estupidez ou má fé ridículas.
Só falta dizer que a maçã da Eva era reineta...

Anónimo disse...

Será que Saramago espera que se interpretem os seus livros numa base não-ficcional, tal como ele faz com a Bíblia? É que, tirando os fanáticos, nem os cristãos a entendem num plano que não seja o da alegoria, que é, também, um dos recursos da ficção literária, nomeadamente em Saramago.

Joana Lopes disse...

Ora cá está uma excelente pergunta, Rui. Ele julga é que nós somos pravos...

septuagenário disse...

Com o evangelho deu dirito ao nobel, alguma coisa está por traz do caim.

susskind disse...

"os termos em que ele se refere às «histórias» da Bíblia como se não soubesse, como toda a gente, que são alegóricas"

Joana, eu diria que este seu argumento e' anacronico. Estas certa de que quando a Biblia foi escrita, foi apresentada e recebida como um texto alegorico? Estas certa de que a leitura alegorica da Biblia e' consensual por esse mundo fora hoje em dia?

Mesmo do ponto de vista alegorico, por que razao nao colocar o problema da relacao contraditoria entre o imperativo divino absoluto e o imperativo da irmandade com os outros homens? Tal como na Antigona, substituindo o Estado ou a Cidade pelo imperativo divino, ou seja Deus. Deus como representante de uma moral absoluta, uma escala absoluta e fundacional dos valores e da moral. Em oposicao a uma etica humana, de empatia, imanente 'a la Spinoza?