21.10.09

Sem memória, não há futuro que resista (2)














Há alguns dias, chamei a atenção para dois documentos relacionados com as eleições de 1969, publicados nos «Caminhos da Memória». Num deles, projecta-se que os CTT troquem listas nos envelopes enviados pela oposição.

Encontrei entretanto esta elucidativa descrição de Vital Moreira no «Causa Nossa»:

«Como a lei não previa que as listas concorrentes constassem de um boletim único, a oposição tinha de imprimir os seus próprios boletins de voto e distribui-los pelos eleitores, o que era uma tarefa trabalhosa e dispendiosa, e só cobriu parte dos eleitores inscritos. Para que os boletins de voto fossem iguais aos da Acção Nacional Popular (novo nome da antiga União Nacional, o partido oficial), conseguimos saber pelos tipógrafos comunistas clandestinos como seriam os dela, tendo depois feito imprimir os nossos com o mesmo tipo de papel e de impressão. Qual não foi a nossa surpresa quando nas vésperas da eleição recebemos os boletins de voto da ANP, impressos num papel de textura e de tonalidade ostensivamente diferentes e com uma impressão facilmente reconhecível pelo tacto. Tinham alterado à última da hora os boletins de voto, para os diferenciarem propositadamente dos nossos, de modo a inibir quem tivesse receio de ser identificado como votante da oposição...»

Assim se viviam as campanhas eleitorais há 40 anos…

(Na foto, Mário Soares e Maria Barroso a votar em 26/10/1969)

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