10.2.10

Je t’aime, moi non plus


… disse Cohn-Bendit anteontem a Durão Barroso, quando o Parlamento Europeu aprovou a nova Comissão, referindo-se àquilo que chama uma coligação negativa: «não te damos crédito, mas vamos votar em ti». Sempre ele, virulento hoje como há mais de quarenta anos, num tom inconfundível e não poupando nas palavras.

«Cessem as banalidades e as generalidades: queremos uma Europa política.»
«Quero que tenham ideias, que defendam qualquer coisa!»
«A realidade no mundo é que a Europa não está à altura da crise económica, da crise ecológica e da crise financeira.»

Vale a pena ouvir:

1 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Impressionante, cheio de razão, muito teatral, mas, infelizmente, não aflora a solução...
E a solução é relativamente simples.
O problema da Europa é que foi construída por sábios que, de facto, consideravam que o povo não tinha capacidade para compreender bem o que era aquilo.
E construiram uma Europa de governos, e não uma Europa de cidadãos.
Na União Europeia, o Parlamento não tem poder nenhum, a Comissão é o funcionalismo público e o poder está todo no Conselho.
A Europa e a América têm poucas diferenças para explicar porque é que há uma assimetria de poder tão grande.
O sistema económico é um bocadinho diferente, o americano mais liberal, o europeu mais social, e isso é uma vantagem para a América na criação de riqueza.
Mas coisa pouca.
O sistema político é que é muito diferente.
O americano tem capacidade para gerar decisões, sejam elas sobre a derrubar um governo democraticamente eleito mas indesejável, sejam sobre ir para a guerra salvar o mundo livre.
O europeu não tem.
Se a América tivesse 50 presidentes em vez de um, também não teria.
Mas como são os governos europeuas a construir a Europa, estamos livres de vir a ter uma Europa dos cidadãos.