28.4.10

No reino de Sikkim


Já bem a Norte, cada vez mais perto do Butão, e também não muito longe do Tibete, esta terra deixou de ter rei quando nós deixámos de ter PREC, por decisão da população em referendo, e está agora integrada na grande Índia.

Especialmente protegida por razões óbvias de vizinhança, requer uma menção especial no visto do passaporte, que tem de ser exibido à entrada e à saída, e guarda alguns privilégios do passado independente: por exemplo, só os locais podem comprar terrenos e os impostos são mais baixos.

Por estas ou por outras razões, respira-se outro ar quando se atravessa a fronteira: se o trânsito continua caótico, as casas parecem-se mais com casas e menos com barracas e até as pessoas são diferentes - cada vez mais aparentados com os tibetanos. O budismo é quem mais ordena por aqui, não o hinduísmo, já se vê monges vestidos de vermelho (alguns ainda crianças…) e regressei às visitas a stupas, evidentemente. Os templos mais importantes ficaram para amanhã, hoje foi também tarde para flores, sobretudo túlipas, de todos os tamanhos, cores e feitios – é terra delas.

Para cá chegar, a partir de Darjeeling, foram 98 kms, numa «estrada» péssima e sem uma única recta. Teriam parecido 300, os ditos quilómetros, não fosse a extraordinária paisagem, absolutamente luxuriante, com as célebres plantações de chá, em encostas tão incrivelmente íngremes que nem dá para imaginar como a colheita é possível. E montes, montes e mais montes, entre os quais o Kanchenjunga, com 8.598 metros, o terceiro mais alto do mundo. Garantiram-me não só que ele estava à minha frente como que eu estava a entrevê-lo, acima de um mar de nuvens. Não me custou nada dizer que sim, que talvez…
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