7.5.10

Kolkata


Calcutá é o caos em forma de cidade com catorze milhões de habitantes, um trânsito acima (ou abaixo) de qualquer descrição possível, o som permanente de buzinas como música de fundo, desleixo e lixo como aparente forma de estar na vida. Em termos de clima, passa-se rapidamente de um Sol brilhante e de um calor húmido em que tudo se cola à pele a uma trovoada monumental e a chuva de cats and dogs. Ou seja, apanha-se um escaldão de manhã e regressa-se ao hotel encharcado dos pés à cabeça.

A primeira impressão é péssima, a segunda bem melhor. Em termos arquitectónicos há muitos vestígios da permanência inglesa, em prédios e em cerca de cem palácios que seriam lindíssimos se não estivessem quase sempre degradados. Existem grandes superfícies verdes (que fariam lembrar Hyde Park se a relva servisse apenas para lazer de humanos e não também para pasto de rebanhos de cabras e de uma ou outra vaca, mas isso faz parte do ADN da cidade), jardins com árvores lindíssimas e gigantescas (incluindo a maior do mundo, Guinness dixit). E, aparentemente, há uma vida cultural e científica intensa.

Muitos locais a visitar, outros tantos a evitar: escapei hoje a umas horas de estrada para visitar a casa onde está enterrada a Madre Teresa (!...), mas passarei amanhã por uma outra onde ela fez não sei exactamente o quê.

Ainda por cá andarei amanhã e começa depois o regresso… E vou sem perceber se um país como este pode ser convenientemente governável, tendo uma população que cresce em três pessoas por minuto (nascem cinco e morrem duas) e mais do que triplicou desde a independência, em 1947. Fala-se muito da aposta da Índia em educação, mas dizem-me que faltam 40% das escolas necessárias para assegurar o ensino básico. Claro que aumenta o número das grandes fortunas, o fosso entre ricos e pobres, acusa-se a classe política de corrupção, etc., etc. – business as usual.

Haverá BRIC que resista a tudo isto? Não faço a menor ideia. Mas, por todas as notícias que vão chegando, o que parece certo e garantido é que, neste momento, mais vale ser BRIC mesmo por aqui do que PIG aí por essas bandas…


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1 comments:

Fernando Frazão disse...

Eh pá. Fique no BRIC e deixe-nos em paz no PIG.