5.5.10

No Ninho do Tigre


Não se vem ao Butão sem ver o Ninho do Tigre, um dos mais importantes locais de peregrinação para os budistas, construído nas escarpas de uma montanha sobre o vale de Paro, a quase 3.000 metros de altitude (outra foto no fim deste post).

Da base do rochedo até ao topo, trepam-se cerca de 900 metros em altura, por um trilho de terra e pedregulhos. A pé? Sim, para quem quiser. Mas eu tive a preciosa ajuda de um simpático poney que me transportou, durante cerca de uma hora e meia, e me depositou em frente do mosteiro de onde se tem uma vista de cortar a respiração. (Havia ainda uns 800 x 2 degraus a subir e a descer para entrar no dito Ninho e ver não sei exactamente o quê, para além de um monge a falar ao telemóvel, mas isso já não fiz.)

Já sem o poney e apenas com dois cajados, o pior foi a descida e fiquei com a ideia de que, ao contrário dos nossos, os santos budistas ajudam mais para cima do que para baixo. Mas a aventura foi inesquecível e a paisagem em que nos movemos de uma beleza de um outro mundo.

Saio amanhã do Butão (aterrorizada por ir aterrar em Calcutá…), com uma enorme simpatia por este povo de uma delicadeza que roça a candura. E com uma grande curiosidade quanto à evolução política e social de tudo isto: para os nossos cérebros ocidentais, é difícil levar a sério o tal conceito de «Gross National Happiness» e confesso que ouvir dizer, sem pestanejar, que se mede o desenvolvimento e o progresso de um país pelo grau de sorriso das pessoas ultrapassa todas as utopias com que alguma vez sonhei…

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2 comments:

Helena Araújo disse...

Obrigada por estes relatos, Joana!

E um facto que qualquer montanhista conhece: descer custa mais que subir, e não há santos de religião nenhuma que ajudem. Em vez de se fiar nos santos, da próxima vez arranje um poney também para a descida.

Joana Lopes disse...

Obrigada, Helena. Isso queria eu: vir no poney! Mas ele e os companheiros desceram sem cavaleiros. Mas devo dizer que o contrário seria certamente assustador: com o declive existente, espetavam connosco no chão...