27.7.10

No pasa nada


A notícia importante sobre as comemorações do 57º aniversário do Assalto à Moncada, ontem, em Santa Clara, foi que não aconteceu rigorosamente nada.

Depois de ter sido anunciada a participação de Hugo Chávez como convidado de honra, de se ter posto a hipótese da presença do próprio Fidel, reaparecido várias vezes nos últimos dias, e de serem criadas as maiores expectativas quanto ao conteúdo do discurso de Raúl Castro, num momento tão crucial da vida do país em que era esperado o anúncio de uma série de reformas socioeconómicas desesperadamente necessárias, o presidente venezuelano cancelou a viagem, Fidel ficou em Havana a conversar com cantores e outros artistas e Raúl não discursou.

Foi a primeira vez, desde 1959, que os cubanos não ouviram, nesta data, ou Fidel ou Raúl. Este deu apertos de mão mas fez-se substituir, no discurso oficial, pelo vice-presidente José Ramón Machado Ventura, de 79 anos, considerado por muitos como o símbolo da ortodoxia e do imobilismo do regime. E que disse ele? Em resumo: «Actuaremos sin soluciones populistas, demagógicas o engañosas. No nos conduciremos por campañas de la prensa extranjera», «Progresaremos con sentido de la responsabilidad, paso a paso, al ritmo que determinemos nosotros, sin improvisaciones ni precipitaciones, para no errar.» De concreto, zero.

Yoani Sánchez exprimiu no seu blogue o que vários outros também sublinharam com outras palavras: «El general no habló porque no tenía nada que decir, no lanzó un paquete de reformas pues sabe que con ellas se juega el poder, el control que su familia ha ejercido durante cinco décadas. (…) Pero, más que discreción política, lo de hoy es puro secretismo de estado. No hacer compromisos públicos con los cambios, no implicarse visiblemente en una secuencia de transformaciones puede ser la manera de advertirnos de que éstas no obedecen a su voluntad política, sino a un desespero momentáneo que – piensa él - terminará por pasar. Al no pronunciarse, nos ha enviado su mensaje más completo: “no les debo explicaciones, ni promesas, ni resultados”.»

Mais conspirativos, outros analistas avançam que Fidel não gosta que determinadas reformas apareçam como um preço a pagar à Igreja, a Espanha e à União Europeia e terá por isso impedido Raúl de as anunciar em Santa Clara, o que seria visto como uma cedência ao «inimigo capitalista» e um golpe na «soberania nacional».

A História aguarda pelos próximos capítulos.

Fonte, entre outras
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