4.9.10

Camões e a Dalmácia


Logo os Dálmatas vivem; e no seio,
Onde Antenor já muros levantou,
A soberba Veneza está no meio
Das águas, que tão baixa começou.
Da terra um braço vem ao mar, que cheio
De esforço, nações várias sujeitou,
Braço forte, de gente sublimada,
Não menos nos engenhos, que na espada.


Lusíadas, III, 14

(deixado na Caixa de Comentários por um leitor croata)
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Vede e aprendei


No lago Bled, no Noroeste da Eslovénia, já muito perto da Áustria, existe uma ilha onde Sábado é dia de muitos casamentos.

Toda a gente chega de barco, MAS… manda a tradição que o noivo suba os 99 degraus, nada meigos, que levam das águas do lago à igreja da Virgem Maria, com a noiva ao colo! A tradição mantém-se – e cumpre-se…




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3.9.10

Back to EU



… e aos euros, às Zaras, H&M e companhia, ou seja a uma cidade com o toque inconfundível de todas a capitais governadas pelo nosso Barrôsô.

Mas só amanhã verei mesmo Ljubljana, hoje, ainda na Croácia, passei parte do dia no Parque Nacional de Plitvice. Se as cascatas não enchem o olho (a recordação de Iguazú, Vitória ou Niagara não perdoa...), o mesmo não acontece com os extraordinários lagos de vários tons de azul e de verde, cinzento até, cores que dependem não só do tipo e da quantidade de micro-organismos existentes na água, mas também do ângulo de incidência da luz do Sol. Lindíssimos!

Paragem obrigatória para quem vem para estes lados, as fotos só conseguem dar uma ideia mais do que pálida da realidade.



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2.9.10

Um pouco mais a Nordeste


E assim saí da Dalmácia e do Adriático, Adriático e mais Adriático que não deixei durante três dias – e que mais fossem, porque aquele azul não se parece com nenhum outro.

Para além de Dunbrovnik, Split, uma incursão de dez quilómetros na Bósnia e passagem por mais duas pequenas cidades. Vestígios de romanos, gregos, venezianos, austríacos e muitos mais, camadas de História, no sentido estrito da palavra, visíveis em reconstruções após sucessivos arrasamentos, nesta estranha Croácia tão antiga e tão recente, de passado difícil de apreender apesar de tudo o que é conhecido, ainda mais enigmática quanto ao futuro próximo que a espera. Receosa de não entrar, ou de entrar…, na União Europeia (provavelmente em 2011), com os olhos postos no turismo como a esperança para superar todas as limitações, ainda sem imigrantes, nem McDonalds, muito menos com lojas de chineses.

Os dias são longos e as noites são portanto curtas e não chegam para grandes descrições. Apenas o sentimento de ter vindo a Roma sem ver o papa: não vislumbrei nem um simpático canídeo dálmata de sua raça…



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31.8.10

Algures na Dalmácia


Mais vale evitar adjectivos para qualificar Dubrovnik, sob pena de se entrar no universo de triviais superlativos. No mínimo, ça vaut le déplacement, como aconselhavam os velhos guias Michelin. A cidade velha é única no seu género, o Adriático, as ilhas, os barcos e a paisagem agreste completam um cenário absolutamente fabuloso, num dia com uma temperatura mais do que paradisíaca (esta é mesmo só para fazer inveja…).

Quanto ao resto, nós que só temos por perto nuestros hermanos, nunca conseguiremos realizar o inferno de países como este, com toda a História rodeada por tantos vizinhos – e, neste caso, que vizinhos! Só uma nota, o resto fica para mais tarde: tudo quanto foi destruído nesta cidade, há menos de vinte anos, já está de pé, mas com marcas de «modernidade»: 80% dos telhados das casas são recentes (realidade bem evidente vista do teleférico em que hoje andei), o que é bem revelador do grau da devastação provocada pelos acontecimentos do início da década de 90.

Amanhã sigo para Split. Desta primeira etapa, last and least, mas cada vez mais raro por esse mundo fora, café expresso a cada esquina e cinzeiros nos quartos do hotel…



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30.8.10

Vou ali e já venho


Só uma semanita, escapando aos primeiros dias da rentrée por cá… Posts sim, mais do que provavelmente, mas um pouco a leste – no sentido estrito da palavra e não só.
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Nem tinham ficha na polícia



Para além disso:
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Irão - Factos e números

(Foto: Rasht, no Irão, juntou-se ao Protesto das 100 cidades por Sakineh, no dia 28 de Agosto)

Documento lido no Largo Camões em Lisboa, no dia 28 de Agosto

Desde a criação da República Islâmica do Irão, em 1979, milhares de prisioneiros têm sido executados, muitos na sequência de julgamentos sumários e injustos. De acordo com os dados oficiais fornecidos pelos vários países, que em muitos casos subestimam largamente o número de executados, a República Islâmica do Irão é o segundo país do mundo que mais prisioneiros executa, só suplantada pela República Popular da China. Segundo dados compilados pela Amnistia Internacional, em 2009 a República Islâmica do Irão admitiu ter executado 388 pessoas. Estes números representam apenas uma pequena parcela da realidade. Segundo activistas dos direitos humanos com fontes no Irão, só na prisão de Mashad estarão neste momento 2100 pessoas no corredor da morte, tendo surgido rumores que já este mês terão sido executadas cerca de 300 pessoas no mesmo dia.

A República Islâmica do Irão é em todo o mundo o país que executa mais menores de idade. Cerca de 2/3 de todas as execuções de menores a nível mundial têm lugar na República Islâmica do Irão. Estima-se que haja actualmente cerca de 120 menores nos corredores de morte das prisões iranianas. Tudo isto acontece apesar de a República Islâmica do Irão ter ratificado a Convenção dos Direitos da Criança em 1994. Nesta convenção, o artigo 37, alínea a), estipula que nem pena de morte nem pena de prisão perpétua sem possibilidade de remissão podem ser aplicadas a menores de 18 anos de idade. Na prática o que a República Islâmica do Irão costuma fazer é manter os menores na prisão e executa-os assim que eles atinjam os 18 anos de idade.

Já em relação à pena de morte em geral, a República Islâmica do Irão não entra em subterfúgios. Em 18 de Dezembro de 2008, votou contra uma resolução das Nações Unidas que apelava a uma moratória na aplicação da pena de morte.

29.8.10

Voando sobre um ninho de cucos


Um filme absolutamente fabuloso que não me sai da cabeça desde ontem, quando comecei a ler certos blogues, de esquerda e de direita, sobre o Protesto a favor de Sakineh Ashtiani.
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Uma cidade mágica






A ler.
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No rescaldo do Protesto por Sakineh Ashtiani


Comunicado lido em todas as cidades que participaram

Em Agosto de 2010, 111 cidades de todo o mundo manifestam-se para protestar contra a prática bárbara da lapidação, assim como para salvar a vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani no Irão. Este dia será recordado nos anais da Humanidade como uma manifestação do protesto, ao longo das semanas anteriores, de milhões de pessoas em todo o mundo contra a lapidação como a forma mais hedionda de crueldade medieval. É uma vergonha para a Humanidade que, no final da primeira década do século XXI, a lapidação seja ainda praticada no Irão e em outros países islâmicos. Nós, os cidadãos das 111 cidades, declaramos aqui enfaticamente que esta nódoa tem de ser imediata e definitivamente removida da face da Humanidade.

Neste dia, protestamos igualmente contra o regime de lapidação no Irão. Este regime, ao longo dos seus 31 anos de existência, cometeu genocídio, estabeleceu um regime de apartheid sexual no Irão, e tornou em lei o encarceramento, a execução, a tortura e a violação de prisioneiros políticos e as regras da Sharia islâmica pré-medieval. Este regime não é representativo do povo do Irão. É o seu assassino, e os seus dirigentes têm de ser levados a julgamento em tribunais internacionais pelos seus crimes contra a Humanidade.

Este protesto internacional de 28 de Agosto é ainda outra manifestação da solidariedade das pessoas de todo o mundo com o povo do Irão, que se tem erguido heroicamente para derrubar o regime de lapidação, o código Islâmico de castigo do "olho por olho, dente por dente" - (Qesaas) -, o Hijab, a tortura, a execução. Nós, os cidadãos de 111 cidades de todo o mundo, declaramos com orgulho que nos consideramos os porta-estandartes da frente universal da humanidade contra a barbárie. Apoiamos as lutas do povo do Irão contra um dos mais cruéis regimes na história da Humanidade. Declaramos enfaticamente, em nome do mundo civilizado, que o caminho para a libertação do povo Iraniano não passará por ameaças ou acção militar contra o país, mas pelo afastamento do regime da República Islâmica pelo poder da luta do povo no Irão e em todo o mundo.

São estas as nossas exigências em 28 de Agosto de 2010, em 111 cidades de todo o mundo:

1 - A liberdade imediata e incondicional de Sakineh Mohammadi Ashtiani e de todos os outros prisioneiros no Irão condenados a ser apedrejados até à morte.

2 - A abolição da lapidação no Irão e em todo o lado. Exigimos que as Nações Unidas adoptem urgentemente uma resolução específica proibindo a lapidação como uma prática desumana em todo o mundo.

3 - O não reconhecimento do regime Islâmico de lapidação no Irão como o governo desse país e assim bani-lo de todos os corpos internacionais.

4 - Levar a julgamento os executantes da lapidação. A lapidação é uma das formas mais abomináveis de crime contra a Humanidade. Qualquer indivíduo, grupo, organização ou estado executando a pena de lapidação deve ser acusado e julgado por tribunais internacionais.

Continuamos a nossa luta até conseguirmos todas estas exigências. Como primeiro e imediato passo em direcção a esse objectivo, exigimos que Mahmood Ahmadinejad, o presidente do regime de lapidação, seja impedido de entrar na Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2010.
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