2.2.11

Bons rapazes


Muito se tem falado da Internacional Socialista nas últimas semanas e não necessariamente pelas melhores razões: primeiro a propósito da Tunísia, e depois do Egipto, quem não anda habitualmente pelos meandros deste tipo de organizações percebeu agora que, na longa lista de entidades que a integram, figuravam os partidos de de Ben Ali e de Hosni Mubarak, entretanto expulsos tarde e a más horas.

A dita Internacional Socialista define para si própria o objectivo de praticar «políticas progressistas para um mundo mais justo» (vale a pena ler a Declaração de Princípios…) e abriga os partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas de todo o mundo ou, mais exactamente, aqueles que se definem a si próprios como tal. Ora, como sabemos bem et pour cause, socialismo e social-democracia são mais ou menos quando os que mandam quiserem e ainda por lá ficaram partidos muito pouco recomendáveis, como o nosso querido MPLA…

De expulsão em expulsão… Será uma forma sem dúvida original de chegar ao socialismo.



«La Internacional Socialista acaba de expulsar al PND, el partido de Hosni Mubarak, porque “incumple los valores de la socialdemocracia”. Se dieron cuenta justo ayer. Hace dos semanas, también descubrieron que el partido de Ben Ali en Túnez, el RCD, tampoco reflejaba “los principios que definen a esta organización”. Lo expulsaron tres días después de que Ben Ali huyese del país con su botín.

No quiero cargar todo el muerto a la socialdemocracia; sería muy injusto. El tunecino RCD, por ejemplo, también tenía un acuerdo de cooperación con el Partido Popular Europeo, y el gran aliado de estos regímenes en Europa ha sido el conservador Sarkozy. Todo Occidente –la izquierda y la derecha– parece que acaba de descubrir que en este local se juega, que las repúblicas hereditarias (ese oxímoron) que Estados Unidos y Europa amparan desde hace años en el norte de África y Oriente Medio se levantan sobre la tortura, la censura, el asesinato y la corrupción. He usado bien el verbo: “amparan”, en presente. O si no, ¿cómo explicar las declaraciones de Trinidad Jiménez elogiando la “apertura democrática” de la dictadura marroquí?

La simetría histórica con Latinoamérica, con la vieja política de la CIA en el “patio trasero” de EEUU, es casi perfecta. Las dictaduras bananeras son a las tiranías árabes como el comunismo al islamismo. El miedo al supuesto mal mayor sirve de excusa para tolerar los abusos del hijo de puta, de “nuestro hijo de puta” –como bautizó Roosevelt a Somoza–. De fondo, se asume como inevitable esa teoría tan racista: que esos países “no están preparados para la democracia”. Es una espiral sin fin: jamás estarán preparados mientras siga en el poder un dictador. Es el mismo desprecio que también nos aplicaron a los españoles con aquel hijo de puta que nos gobernó.»

(Texto de I. Escolar, via Paula Godinho no Facebook)
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5 comments:

Anónimo disse...

A Internacional Socialista uniu-se à Internacional Capitalista e ambos se fazem representar no Clube Bilderberg!
www.rick-beyondtheveil.blogspot.com

jpt disse...

Lembro-me do Guterres ter dito que saíra da vida politica activa quando era presidente da IS. Lembro-me dos tipos do partido do Alegre aqui em Maputo na reunião da IS (onde as vice-presidências foram distribuídas de modo eloquente) aquando do morticínio de Montepuez. Reunião, aliás, que decorreu no mesmo hotel onde Alegre veio fazer campanha na comitiva do Socrates )a tal IS, até já em 2000), em 2010, recebendo no hotel - como se fosse grande pessoa - uma humilde delegação de escritores locais (coisas arranjadas pelos assessores dos assessores ...).

Sabe JL, as expulsões mubarakikas podem ser tardias, mas as irritações também. Este é um post auto-letal.

Joana Lopes disse...

jpt
Eu não «me irritei» ontem com a IS, nem tinha até então quaisquer ilusões sobre a mesma. E, como bem sabe, nem com o PS cá do sítio - desde sempre e menos ainda no império socrático.
Agora, fui olhar para a lista de países, o que nunca tinha feito. Apenas isso.

Mas sei que o seu comentário se deve ao facto de eu ter apoiado Alegre. Leu algum parágrafo, alguma linha minha de elogio à respectiva carreira política no PS? Certamente que não. Julguei - e continuo a julgar - que seria muito melhor para o país, como PR, do que o vencedor que representa o que mais odeio em quem exerce a função. Decidi fazer o possível (que era pouco) para que fosse derrotado...

Marta Bellini disse...

Inacreditável!

jpt disse...

JL pois. Sem querer puxar o brilho a inexistentes galões eu olhei há uma década para a tal lista ... quando o inaceitável Guterres era (ou se preparava para ser) presidente da tal agremiação. Reunida a 500 metros de minha casa quando 100 pessoas foram mortas numa cela de Montepuez. Sem que dos magníficos congressistas se ouvisse algo, nem mesmo em surdina. Já nessa altura abundavam as vice-presidências. Os tralalás aí dos neos-galetos e neo-vavás queixavam-se que a IS convidava o Clinton mas ao real (a isto mesmo) diziam nada - porque sempre dizem nada ao que realmente é real.

Quanto a elogios à carreira política do poeta menor, não nunca lhe li nada. Se entender que um apoio não é um elogio, mesmo que mitigado.