11.6.11

Ordem de emigrar


Esta crónica de José Medeiros Ferreira, publicada no Correio da Manhã, já tem uma semana, mas merece ser recordada.

Se a alta taxa de desemprego no nosso país já há algum tempo que força muitos dos que pertencem à tal geração melhor preparada de sempre a procurarem outras paragens, mais ou menos longínquas, o «Memorando de Entendimento», agora em vigor, só virá reforçar essa tendência.

Matéria para dolorosa reflexão, sem qualquer espécie de dúvida.

«É uma velha lei das zonas monetárias que obriga o factor humano a seguir a moeda onde ela se encontra. Em claro, abre-se um novo ciclo de emigração para os portugueses.

Assim, no ponto que versa o ‘Mercado do Trabalho e Educação’, as medidas tendem a "facilitar a transição dos trabalhadores em todas as profissões, empresas e factores", fragilizando deliberadamente o vínculo dos contratos de trabalho, reduzindo os períodos do subsídio de desemprego, e as indemnizações de despedimento.(...) O caminho possível será pois a mobilidade para o mercado comunitário sob a figura da livre circulação de trabalhadores, ou para destinos extracomunitários sob o nome mais conhecido de emigração. (…)

Os países receptores querem receber recursos humanos formados nos países de origem à custa dos orçamentos dos Estados periféricos. Deste modo, o "combate ao défice educativo e ao abandono escolar precoce" fica a cargo da República Portuguesa. (…)

Num país em graves dificuldades de crescimento económico e fraco de investimento, a mobilidade dos recursos humanos, assumida pela ‘troika’ no quadro do endividamento, não se destina tanto ao mercado interno quanto ao externo. É uma ordem para emigrar.»
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2 comments:

septuagenário disse...

Antigamente enviavamos pedreiros agora doutores.

Se ao menos vierem as «remessas»!

O Medeiros foi como refugiado e regressou doutor

Anónimo disse...

agora irão como doutores e, quem sabe, um dia regressarão como refugiados ...