4.6.11

Shame on you, Mr. António Costa!


A notícia sobre a intervenção da Polícia Municipal, e a pedido desta também da PSP, foi difundida por todos os meios de comunicação social, fazendo-se eco de um take da Lusa. Todos dizem que a praça se encontrava ocupada há duas semanas, o que é falso porque o «acampamento» já terminara há alguns dias. Para ontem, havia várias reuniões planeadas e uma Assembleia marcada para as 19:00.

Alguém mandou a polícia avançar, sabe-se lá com que lógica, já que esta se limitou a levar cartazes, rasgar um toldo, confiscar material sonoro, distribuir umas bastonadas e prender três participantes durante algumas horas. Não impediu a permanência no local: terminado o seu espectáculo, retirou-se, a Assembleia teve lugar com muitas mais pessoas que, alertadas, convergiram para o Rossio e com a participação dos três detidos entretanto libertados.

Eu tinha apostado que não haveria intervenção policial antes das eleições, mas enganei-me. Os nossos queridos dirigentes são aprendizes quando comparados com os seus equivalentes espanhóis, que têm sabido gerir «com pinças» os «acampamentos»: hoje, na Puerta del Sol, reuniram-se delegações de 53 cidades. Até nisto somos pequenos, muito pequenos – para nossa desgraça.



Recorde-se e repita-se o que diz o nº 1 do Art.º 45º da Constituição da República Portuguesa:
«Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.»

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14 comments:

Anónimo disse...

Isso mesmo ! É preciso difundir a mensagem ! Vivemos numa sociedade de borregos apáticos ! DEMOCRACIA REAL JÁ !

Rumo ao Desassossego disse...

Esta tarde, no Rossio, o Corpo de Intervenção roubou e violou a ´´ultima frase do manifesto dos manifestantes:

"Isto é só o início. As ruas são nossas."

E assim será...bastões contra mãos e diálogo...

De facto, isto é só o início...O que me arrepia é o fim...

Anónimo disse...

Apenas gostaria de saber o que defende essa Democracia Real. Li em vários jornais essa notícia e apenas falaram nas detenções e não no que defendem essas pessoas.

Hoje na Venda Nova, Amadora e após uma festa comemorativa dos santos populares, houve uma rixa envolvendo cerca de 40 jovens, quase todos pretos, que inclusive danificaram 4 viaturas na rua. A policia demorou mais de uma hora a chegar quando já não estava lá ninguém e não consta que nenhuma televisão tenha vindo ao local filmar (porque não poderiam assim culpar a policia por violência sobre jovens esquecendo os desacatos e os danos causados)

Ou seja aos bandidos reais a policia nao toca, e aos que estavam ha duas semanas no Rossio "pacificamente instalados" há carga. Infelizmente é o país que temos.

Helena Romão disse...

Vamos ver a evolução dos processos... plural.

Joana Lopes disse...

Caro anónimo, há mais, mas tem aqui muita informação.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana,
Estranho mesmo, incompreensível, esta desocupação do Rossio por uns minutos, seguida da retirada e da reocupação. Incompreensível pelo timing e pelo alcance... podem-se até magicar teorias da conspiração fabulosas, tamanha a falta de sentido disto tudo.
Mas o filme que publicaste e a ligação do comentário anterior não mostram violência policial, mostram até um recuo bastante tranquilo do agente filmado ao avanço dos manifestantes. Mostram outro manifestante no chão, mas eu já vi (e tu lembras-te bem disso) a polícia fazer uma detenção na rua em que o detido foi deitado no chão e algemado sem nenhuma violência, e não mostram se neste caso houve violência. E mostram muita gente a filmar a ocorrência.
Ora o uso de violência faz alguma diferença na avaliação desta imcompreensível acção, principalmente se for comprovado. Há imagens de violência entre todas as que foram captadas?

Joana Lopes disse...

Manel, eu peguei num dos vídeos que me apareceram. Pelo menos num outro, uma rapariga mostrava umas marcas de bastonadas.
Mas também não penso que a «violência» tenha sido a marca do que se passou, mas sim o insólito da intervenção propriamente dita, como sublinhas.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Por acaso eu dou muito mais importância à eventualidade de ter havido violância desproporcionada do que ao insólito da intervenção, mesmo que esta pudesse ter tido algum objectivo de interferir nas eleições de hoje (teria?).
E porque acredito que haja por vezes violência policial deproporcionada, e porque acredito que a denúncia com provas é a melhor maneira de a erradicar, perguntei se, naquele contexto, não haveria filmes que a mostrem, prova incomparávelmente mais sólida que o testemunho de (alegadas) vítimas a dizer que foram (alegadamente) sovadas.
(Leste o meu comentário anterior, mas eu não o vejo)

Anónimo disse...

+ imagens da violência policial. a partir do segundo 40: http://www.deredactie.be/cm/vrtnieuws/buitenland/1.1038927

Anónimo disse...

outra agressão: http://www.youtube.com/watch?v=Uro5aueSZ3M. logo a seguir ao segundo 25. mas há mais. basta procurar um bocadinho.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro(a) anónimo(a),
Pelo menos no primeiro filme vêem-se claramente duas agressões a empurrão e a murro sem qualquer justificação.
Se fosse comigo ou com algum familiar meu, eu faria uma queixa à Inspecção Geral da Administração Interna anexando os filmes que mostram as agressões.
Paralelamente, mostraria o material a um advogado para perceber se a partir dele se poderia instaurar um processo cível, com vista à indeminização aos agredidos, ou criminal, com vista à penalização dos agressores.

Joana Lopes disse...

Estou de acordo contigo, Manel, e vou fazer o seguinte: como, ontem, alguém, ligado à advogada dos agora arguidos, me contactou por motivos relacionados com a elaboração do processo em curso, vou enviar-lhe estes vídeos, pelo motivo que apontas - just in case, embora julgue que não terão passados despercebidos.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana, eu sou tão jurista como tu, ou ainda menos, mas é bom ter a noção de 2 coisas:
1. No processo que decorre, eles são arguidos de um crime qualquer, a prova relevante para esse processo é a que mostrar que não o cometeram, e o facto de terem sido agredidos pode não ter influência nele.
2. As imagens recolhidas circunstancialmente na via pública podem não ser admissíveis como meio de prova.
Mas não há como falar com um advogado para perceber bem o que se pode ou não fazer, desde a IGAI aos Tribunais. Ficar pelos protestos na blogosfera é que me parece pobre, havendo meios no sistema para combater os abusos.
Força nisso!

Joana Lopes disse...

Leste o que escrevi, Manel?
Disse, precisamente,que ia fazer chegar as imagens a uma advogada (entretanto, soube que conhece certamente um dos vídeos, talvez não o belga)e claro que se trataria de um OUTRO processo, não deste que tem julgamento marcado para 16/6.