15.8.11

Cuba, para além de um casamento exótico


Correu mundo e tem todos os ingredientes para ser notícia de sucesso: não é todos os dias que uma transexual se casa com um gay, ex-seminarista e seropositivo, com Yoani Sánchez por madrinha, exibindo-se nas ruas de Havana num magnífico carro dos anos 50, no dia em que Fidel fez 85 anos.

Mas talvez valha a pena parar um pouco e ler o que Yoani Sánchez escreveu e divulgou no seu blogue. Nada foi trivial, com talvez o seja para os nossos olhos, apenas curiosos e mais ou menos blasés.

«¿Cómo fue que los cubanos nos volvimos pacatos y anticuados? ¿Por qué motivos –o intenciones– nos quedamos fuera del siglo veintiuno?
Al “daño antropológico” de ser una sociedad apenas conectada a las nuevas redes de comunicación, de poseer una pobre cultura política y una inexperiencia casi infantil en cuestiones de expresión ciudadana, hay que agregarle la poca evolución en aceptar las diferencias que hemos tenido en los últimos cincuenta años. Pero siempre existen individuos que obligan a que una nación apriete el paso, se suba las enaguas y corra para treparse al tren de la historia. (…)
Por una tarde, por una breve tarde, [Wendy e Ignacio] han colocado a nuestro país en el tercer milenio, en el anhelado tiempo del “ahora”».

Sobretudo, leia-se esta belíssima «participação / convite» para o casamento:

La boda de Wendy e Ignacio será el próximo sábado 13 de agosto de 2011 a las 15:00 horas en el Palacio de matrimonio del barrio de la Víbora, en las Calles Maia Rodríguez y Patrocinio, teléfono +5376407004

Están invitados todos aquellos que quieran ir: amigos, conocidos, curiosos del barrio, estigmatizados y discriminados de todo tipo, paparazzis oficiales, fotógrafos por cuentapropia, bloggers, periodistas independientes, trabajadores del CENESEX –Mariela Castro incluida– prensa extranjera y nacional, homosexuales, gays, lesbianas, transexuales y heterosexuales. Tendrá las puertas abiertas también aquella gente que cree que ya es tiempo de que Cuba se abra a la modernidad y que la modernidad se abra a Cuba, incluso –¿por qué no?– quienes votarían, en un parlamento de verdad, en contra de este tipo de uniones. En fin, que sería una buena ocasión para que los tolerantes y los intolerantes, los policías políticos y sus perseguidos de cada día, los silenciosos y los que aplauden, los que se apegan a la letra del Evangelio o los que no tienen un credo, presencien este momento al que llegan Wendy e Ignacio después de superar innumerables obstáculos, entre ellos el de haber nacido en un país aferrado al pasado.
.

5 comments:

rafael disse...

Cara Joana,

eu, sinceramente, acho bastante repugnante que a blogger cubana utilize o casamento entre uma transexual e um homossexual para ufanar contra o regime socialista em Cuba, até porque no que toca em concreto a esta matéria o Governo cubano tem sido exemplar no apoio ao CENESEX e às diversas jornadas contra a homofobia realizadas (aqui no nosso Portugal não me lembro de nenhuma campanha pedagógia e instrutora contra a homofobia e pela tolerância como as que tenho visto anunciar em Cuba).

Cumprimentos
Rafael

PS: é curioso como no "país da intolerância", um gay seropositivo case-se com uma transexual apadrinhados por uma dissidente politica. acho que diz muito sobre a intolerância...

rafael disse...

já agora, deixo-lhe aqui o relato de um outro convidado: http://paquitoeldecuba.wordpress.com/2011/08/14/mis-conclusiones-precipitadas-de-una-boda-trepidante/

Joana Lopes disse...

Rafael. tanto quanto li (mas sem certeza de veracidade. claro), neste caso o processo no CENESEX durou 4 anos.
Em segundo lugar: o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é permitido em Cuba e este só foi possível por (já) não o ser. Daí, não entender o seu P.S.

Joana Lopes disse...

Mais exactamente: este casamento podia não ter sido permitido EM NOME DE QUÊ?

rafael disse...

o meu PS (salvo-seja, cruze canhoto) prende-se com o facto de Cuba ser acusado de intolerância perante muitas coisas, é uma sociedade racista, é uma sociedade homofobica, etc quando os esforços que me paree que têm vindo a serem desenvolvidos pelas autoridades são exactamente em sentido contrário e ultrapassam, em alguns casos, exemplos da nossa Europa...
daí o meu PS...

PS2: sim, eu sei que o casamento homossexual não é possivel em Cuba e acho uma vergonha que espero que seja sanada rapidamente com a aprovação do Novo código da familia