18.10.11

Citações do dia (5)


«A crise que vivemos é particularmente difícil de engolir porque não estamos a fazer sacrifícios em nome de nada. Não estamos a construir nada. Não estamos a investir em nada. Estamos apenas a pagar a agiotas e a repor desfalques.
O mínimo dos mínimos que podemos fazer é evitar que isto se repita. Podemos e devemos gritar na rua. Devemos exigir auditorias, a renegociação da dívida e fazer pressão sobre a União Europeia. Mas não nos podemos esquecer de adoptar uma causa qualquer, por pequena que seja, que garanta que esta indignidade não se repete. Uma das coisas que queremos certamente é transparência nas contas e na acção de quem fiscaliza as contas e responsabilização. Já que temos de pagar, paguemos para ver.»
José Vítor Malheiros, Pagar para ver (Público 18/10/2011, sem link)

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«Na entrevista de ontem, o ministro das finanças Vítor Gaspar fez-me lembrar um jogador de casino. Daqueles jogadores que, em desespero de causa, sentem um impulso súbito, uma espécie de intuição, um feeling. Começando a suspeitar que há qualquer coisa de errado nas perdas que foi somando (ao distribuir metodicamente, por várias jogadas, as fichas de que dispunha e dando assim conta que foi ficando cada vez com menos), decide subitamente apostar tudo, de uma só vez, no mesmo número de sempre. Confiando, portanto, que esse golpe de asa lhe trará o resultado mágico que ambiciona. Esperando que ventos de sorte o bafejem.»
Nuno Serra, Gaspar no casino

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«O único dos "25 mais ricos" que pagará a crise é o mais rico deles, o trabalhador Américo Amorim, que irá esfalfar-se mais meia hora por dia sem remuneração (por isso me pareceu vê-lo, de cartaz na mão, no meio dos "indignados"). Felizmente emprega na sua Corticeira 3 300 outros trabalhadores, que irão dar-lhe 1 650 horas diárias de trabalho gratuito, equivalentes a 206 trabalhadores de borla. Poderá assim despedir 206 dos que não se contentam com ter trabalho e ainda querem salário.»
Manuel António Pina, Não havia novo Governo?
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