23.11.11

Mário Soares & Friends


Duas senhoras e sete senhores, estranhamente distribuídos etariamente por dois grupos, um de cidadãos de trinta e alguns anos e outro de octogenários e septuagenários e (ou quase…), escreveram o Manifesto do Dia porque não querem que o mundo ignore que eles, nove personalidades importantes que só se representam a si próprias, também se indignam. Confundem a Praça Tahir com o Marquês de Pombal, do pedestal em que se colocam apelam «à participação política e cívica» dos seus compatriotas e à mobilização para… «a construção de um novo paradigma», ou seja para coisíssima nenhuma. Ninguém divulga um texto destes no dia de hoje por acaso e é definitivamente significativo que os seus autores tenham sido incapazes de escrever a palavra «greve» – devia queimar dedos nalguns teclados!

Aliás, num telejornal das 20h, oiço Soares confirmar que o documento não é um apelo à participação na greve: «A palavra não está lá, em parte nenhuma!» (ou algo de equivalente, cito de cor).

P.S. – Entretanto, o ex-Presidente diz que o PS «está em forma» e Carlos Zorrinho afirma que «a generalidade das pessoas que construíram o Partido Socialista se reverão neste manifesto». Tirem-me deste filme…

A ler: Luís Novaes Tito na Barbearia.
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3 comments:

Miguel Serras Pereira disse...

Bem, Joana - de acordo com quase tudo e decerto com a inspiração crítica de fundo do teu post. No entanto, a Praça Tahir ainda não chegou, terá muito caminho a fazer ainda para se aproximar sequer, da Rotunda. Convém não sacudir a água das responsabilidades do capote e não endossar a outros, a coberto de uma modéstia excessiva, o papel que aos olhos desses outros seria o melhor que poderíamos desempenhar.

Uma coisa é sermos fiéis ao espírito europeu na capacidade que o singulariza de não se sacralizar a si próprio, de pôr em causa as suas obras - outra levarmos a distância em relação à Europa tão longe que se tranforme em desprezo daquilo que outros sabem existir nela a tal ponto que estariam dispostos a morrer por isso. Que mais não seja, para não desmobilizarmos a inspiração democrática do seu combate.

Hum?

miguel(sp)

Joana Lopes disse...

Miguel,
Não sei se te entendi completamente, mas se interpretaste a minha referência à Praça Tahir como elogio, esperança, ou «superioridade» do processo comparativamente ao estado em que está a Europa, esquece: dificilmente encontrarás alguém mais céptico do que eu relativamente ao Inverno árabe… Mas reajo sempre que se compara o que não é comparável.

Septuagenário disse...

A Europa é uma velha caduca, carregadinha de alzeimer.

E ouvir Mário Soares com ideias brilhantes para a salvação da nossa pátria, e com soluções tão maravilhosas a que nos habituou...aí podemos dormir descansados!