25.6.11

Sem calor


A estrada para se chegar a Dalsnibba é absolutamente imprópria para cardíacos, mas vale a pena ver Geiranger de cima, a 1.500 metros de altitude, com o seus montes, gelo, neve e, bem lá em baixo, a «baía» do fiorde, onde chegam e de onde partem pequenos e grandes cruzeiros. Foi por aqui que hoje andei, (sempre com Sol, com muito Sol!...), amanhã rumo em direcção a Oslo.



Neste país lindíssimo, vive-se bem eles vivem bem. O petróleo, o gás e muito desta água transformada em energia eléctrica garantem um elevadíssimo grau de conforto, aparentemente sem riscos.

Nos três meses de «Verão», emigrantes sazonais encarregam-se de grande parte das tarefas ligadas ao turismo. Enchem hotéis e estâncias de toda a espécie e regressam depois à origem: países bálticos, Itália, Espanha, até Dinamarca e Suécia. O guia que me acompanha é argentino, exerce a profissão durante nove meses do ano no Brasil e aqui os outros três.

Dizem-me que saúde, educação e outros serviços funcionam na perfeição. Não há propriamente um salário mínimo, mas ganha-se muito bem, sendo verdade que, para nós, tudo é simplesmente caríssimo: café a menos de três euros ainda não encontrei (nem imperial a menos de sete…).

Claro que, em contrapartida, o clima é o que se sabe e não dá para invejar as longas, muito longas noites de muitos e longos meses…

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24.6.11

Água e mais água


Dizem-me que está muito calor por aí, o que quase parece irreal para quem anda de gola alta e de gorro, com os termómetros a marcarem por vezes pouquíssimos graus, como é o caso, agora, em Geiranger.

Água por todos os lados, em fiordes, neve, glaciares, lagos, um sem número de cascatas. Menos por um: os céus estão bem cinzentos, mas continua a não chover (apenas uns pinguitos...), para felicidade de quem por aqui anda em tourist mode

Nem uma pálida ideia da beleza de tudo isto passa pelas fotografias. Mas talvez fique uma vaga sugestão.



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23.6.11

Hoje foi isto

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Exactamente como vem no folheto:

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Sous les pavés, sabe-se lá o quê


Alguém será capaz de imaginar o que teria eu pensado, no Verão de 1968, quando calcorreava o Boulevard St. Michel em busca de pegadas ainda frescas de Maio, se me tivessem dito que um dia votaria em Cohn-Bendit (sem querer, é certo…) por um filo-anarquista ter sido ofendido por um discípulo de Trosky, no meu país, tudo (pelo menos aparentemente…) por uma questão de direitos de autor na criação de um partido - em democracia, à luz o dia e dos jornais, sem PIDE nem Salazar?

Fui divagando sobre o tema enquanto navegava hoje, aqui pela Noruega, no Fiorde dos Sonhos… Com a certeza de que os meus amigos, que são agora pouco mais velhos do que eu era então, olharão daqui a umas décadas para o «drama Rui Tavares 2011» com um sorriso, a tal ponto ele lhes parecerá naïf, na trama daquilo por que entretanto terão passado.

Adiante. Ou talvez melhor e se preferirem: ce n’est qu’un début.
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22.6.11

O bom gosto chegou


… há muito tempo, aqui a Bergen, e instalou-se para sempre. Tudo é realmente admirável – quase mágico, como alguém me dizia há alguns dias, antes de eu própria o poder constatar.

As casas, o verde, a água, a luz, as cores do mercado, nada destoa, tudo parece ter sido «inventado» para se completar, nesta cidade de 280.000 habitantes, onde 15h30 é hora de deixar empregos e regressar a casa («pega-se»» às 8) e que se diz feliz por não ser demasiado fria quando comparada com outras, nem tanto assim por ter fama de ser a mais chuvosa da Europa (já contou com 85 dias consecutivos com água a cair dos céus…). Hoje houve Sol, apenas Sol – mas isso é porque eu sou uma pessoa com sorte…




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Sobre um dos assuntos da política caseira


... seguido a alguns milhares de quilómetros de distância, ia escrever apenas que li o que o que Zé Neves escreveu e que nada tinha a acrescentar.

Mas, entretanto, esbarrei com isto e depois com mais isto. Pronto: já acrescentei.
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21.6.11

À meia-noite

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... ainda há uma ligeira luz de dia, aqui em Bergen. Primeiras impressões excelentes, espero que amanhã seja assim:


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Solstício a Norte


Se os aviões cumprirem o seu papel, chegarei hoje a Bergen a tempo de dormir a primeira noite de Verão (curta, muito curta…) numa cidade que desde há muito quero conhecer.

Deixo este país ainda sem nova segunda figura de Estado, mas com governo empossado. Não há-de ser nada que o povo continua sereno.

Próximo post a partir do paralelo 60º N, mais coisa menos coisa.
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20.6.11

Le vélo de Socrates


No Facebook, nem sempre é fácil distinguir, à primeira vista, os títulos do Inimigo Público, ou da Imprensa Falsa, daqueles que (teoricamente) se fazem eco de notícias verídicas. Hoje, duvidei deste - «Governo oferece bicicleta a José Sócrates» -, até perceber que vinha do seriíssimo Expresso...

Uma ajudinha para o francês técnico:


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Hoje, às 18:18

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Portugal visto na Grécia

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País engravatado todo o ano e a assoar-se à gravata por engano (*)


Ainda se fazem ouvir ecos da indignação provocada pelo escândalo do «copianço» num exame para futuros juízes, quando Manuel António Pina vem denunciar – e exemplificar – que não se trata de um caso isolado, mas sim de algo que, sem estatuto de regra, parece estar longe de merecer o de excepção.

E não, a culpa não é do FMI...

Silêncio quebrado

Ao contrário do que foi dito quando veio a público o escândalo do "copianço" no CEJ, o caso não é "pontual". Acompanhei de perto um curso anterior em que o "copianço" era frequente e a política seguida por certos (insisto: certos) dos então responsáveis do CEJ a de esconder esse lixo debaixo do tapete.

Alguns professores abandonavam as salas durante os testes confiando a vigilância à honestidade de cada formando. O problema era que a honestidade de alguns (hoje nos tribunais a acusar e julgar casos de fraude) nem sempre era a expectável em futuros magistrados.

Existem nos arquivos do CEJ documentos demonstrando o que aconteceu a uma formanda que quebrou a lei da "omertá" e se referiu ao assunto durante um encontro na presença do desembargador coordenador da sua formação. Na sequência disso (decerto por coincidência), passou a ser sujeita a humilhações e discriminações de toda a ordem e "avaliada", em relatórios escritos, por coisas como fumar, almoçar sozinha, ter "pré-juízos" em relação às leis de protecção animal (pois teria gatos) e a direitos de autor (pois publicara obras literárias), culminando tudo num relatório final do mesmo desembargador, feito com base em quatro (repito: quatro) trabalhos, escolhidos a dedo entre os mais de 500 que realizara, que a forçou à desistência.
Talvez a formação de futuros magistrados seja coisa séria de mais para estar entregue a certos actuais magistrados.


(*) Alexandre O’Neill
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19.6.11

Apesar de Aung San Suu Kyi ter celebrado hoje o 66º aniversário em liberdade…


… cerca de 2.000 birmaneses continuam presos por motivos políticos, em piores condições do que no passado. Quem o escreve, no Guardian de hoje, é Waihnin Pwint Thon, filha de Ko Mya Aye, um dos líderes do movimento estudantil Geração 88, actualmente a cumprir uma pena de 65 anos de prisão por ter participado nos protestos de 2007.

Se o facto de Aung ter sido posta em liberdade teve como efeito que o mundo acredite que tudo corre melhor agora na Birmânia, com uma imagem da ditadura de Thein Sein mais ou menos favorecida, a realidade é bem diferente.

Muitos prisioneiros (entre os quais Ko Mya Aye) foram deslocados para prisões muito afastadas das famílias, cumprem penas longuíssimas, não têm acesso a cuidados médicos elementares e, se protestam, são postos em casotas de cão. Por outro lado, não cessam os ataques a minorias étnicas junto das fronteiras.

É indispensável, diz Waihnin Pwint Thon, que a comunidade internacional perceba que nada acontecerá, em Myanmar, sem grande pressão do exterior: «”Wait and see” costs lives. It’s time for action.»
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Em jeito de homenagem

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… a essa fabulosa América Latina, com as suas lutas e contradições, quando é divulgada esta vergonhosa e tristíssima notícia.
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Os Zeros

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Neste seu Domingo

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