4.1.12

A Hungria - de novo autoritária


As notícias que nos chegam da Hungria não são más, são péssimas. Dezenas de milhares de pessoas desfilaram anteontem nas ruas de Budapeste, em protesto contra a nova Constituição que entrou agora em vigor e que é acusada de condicionar liberdades fundamentais e de pôr em causa a independência de instituições como o Banco Central e o Tribunal Constitucional.

O diploma tem como subtítulo do preâmbulo a frase «Deus abençoe os húngaros», reconhece o papel do cristianismo na preservação da identidade nacional, defende que o feto deve ser protegido desde a concepção e não admite o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Além disso, assiste-se, um pouco por toda a parte, ao crescimento de um culto generalizado de nacionalismo que vai, por exemplo, até ao ponto de estarem previstos impostos municipais para quem tenha cães de raça não húngara!




Entretanto, sublinhe-se a importância de uma iniciativa notável de treze antigos dissidentes do regime comunista, alguns deles ironicamente compagnons de route de Viktor Orbán, que acabam de lançar um longo apelo que merece ser lido.

The decline of democracy – the rise of dictatorship
New Year’s message sent by former Hungarian political dissidents
2 January 2012, Budapest

The undersigned, participants of the erstwhile human rights and democracy movement that opposed the one-party communist regime in the 1970s and 1980s, believe that the Hungarian society is not only the victim of the current economic crisis, but also the victim of its own government. The present government has snatched the democratic political tools from the hands of those who could use these tools to ameliorate their predicament. While chanting empty patriotic slogans, the government behaves in a most unpatriotic way by reducing its citizens to inactivity and impotence.

The constitutional system of Hungary has also sunk into a critical situation. As of the 1st of January 2012, the new constitution of Hungary along with several fundamental laws came into force. Viktor Orbán’s government is intent on destroying the democratic rule of law, removing checks and balances, and pursuing a systematic policy of closing autonomous institutions, including those of civil society, with the potential to criticise its omnipotence. Never since the regime change of 1989 when communist dictatorship was crushed has there been such an intense concentration of power in the region as in present-day Hungary. (…)

Europe is at a crossroads too. Hungary is a sad example of what may happen wherever there is a concentration of crisis tendencies, aggravated by attempts to resolve problems caused by an economic and social crisis with authoritarian means and a policy of nationalistic isolation. Instead of prosperity and stability, such a policy can only lead to suppression, conflict and turmoil. The desperate situation of present-day Hungary should be a warning for all of us: if Europe is prepared to help Hungary, it will also help itself.

Na íntegra aqui.

- Dérive autoritaire en Hongrie : que peut faire l'Europe?
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5 comments:

Unknown disse...

Resistindo à propriedade de praguejar,usarei do eufemismo:

Prostituta que os deu à luz. Se este mundo continua a encaminhar-se para o abismo nacionalista estaremos, todos os que apreciam aliberdade e elevação de espírito, completamente fecundados...

Cumps.

Para a Posteridade e mais Além disse...

sin cera mente?

olha os tanques sovietes na rua

olhah repressão.....

Dédé disse...

HUNGRIA JÁ NÃO É REPÚBLICA E PEDE BENÇÃO DE DEUS Será que em 1956 a ideia já era fazer o muro cair para este lado?

Também quero um avental disse...

A Hungry Hungria tal como o Haiti reajusta-se ao novo (paradigma fica quiche (Lorraine et Alsace))
jogo demografico do esférico
O almirante Horthy assim como o regime de Silzi o de Szakasites e do bi dobi...tentaram reforçar a massa conservadora e impedir que 1848 ou 1918 se repetissem em grande estilo
o revanchismo e a inércia (das greves de zelo que só encontram paralelo no funcionalismo soviético e grego (e português?)sempre jogaram o jogo do poder alternando

daí a nexexxidade de suspender a democracia por 6 meses
(mas é capaz de durar outros 40 anos...não é por não ter na constituição tais barreiras
que o estado norte-americano ou a europa têm regimes mais transparentes

mas a cada qual as suas bisões
cirurgia às cataratas é barata em Cuba
(até hai um presidente de câmara e uns vices do PSD que vão lá de tempos a tempos para evitarem essas forças de bloqueio no seu eleitorado

Para a Posteridade e mais Além disse...

Não é uma constituição que torna um estado livre

Nos idos de 75 uma velhota de 80 anos que comprava 5 e 6 quilos de farinha de cada vez é atirada para o chão porque se compra tanto não é para fazer pão...é porque é açambarcadora

Os homens reagem à mudança com palavras porque pensam que as palavras são algo mágico que permite afastar o caos

mas nã ...dá...
A Hungria era e deve continuar a ser um dos países do bloco extinto onde o estado perdeu o respeito dos cidadãos

há um divórcio entre as populAções e os políticos e alterar as leis e as magnas cartas

dá aos homens de leis a ilusão do controle