12.9.12

Em dia de ressaca



Se a comunicação de Passos Coelho, na passada sexta-feira, foi um murro no estômago, aquela com que Vítor Gaspar nos brindou ontem foi arrasadora. Provocou pesadelos durante a noite, fez-nos acordar com uma sensação de ressaca inglória.

Já tanto foi escrito que sublinho só um tema da entrevista de VG, no jornal da noite da SIC, quando José Gomes Ferreira o confrontou com a utilização do jackpot que empresas como a EDP, Galp, PT e outras vão encaixar, em virtude da redução da TSU para os patrões. 

Depois de se enredar na afirmação de que serão obrigadas a criar um fundo próprio que as impeça de distribuir como dividendos aos accionistas o que foi roubado aos empregados, mas de confessar a seguir que o governo pouco pode fazer neste domínio que não depende directamente dele, lançou a ideia mais mirabolante que alguma vez pensei ouvir, mesmo vinda de um alien como ele: que seria de desejar que os cidadãos se organizassem num movimento cívico que levasse «essas empresas a uma atitude responsável em sectores protegidos»

Nem mais. A bola chutada de novo para o campo do adversário – os trabalhadores. Imaginemos já multidões pelas ruas do país, com enormes cartazes de solidariedade com o governo e uma gigantesca faixa a abrir o cortejo: «Gaspar amigo, o povo está contigo!» É mais ou menos isso, não? 

Daria para gozar se não fosse uma tragédia. Esta gente é insensata, mesmo um pouco tonta, certamente perigosa. Isto não vai acabar bem – se nós deixarmos. Não deixaremos, «custe o que custar».

No Sábado, as ruas serão nossas. Em breve, sê-lo-ão todos os dias.
.

0 comments: