1.11.12

Policarpo não vacila



O cardeal de Lisboa foi hoje entrevistado por Manuel Vilas-Boas, na TSF, e ouvi-o na íntegra, em trânsito.

Interrogado sobre a polémica provocada por recentes afirmações suas sobre manifestações insistiu (cito via Expresso): «As grandes decisões nacionais não podem ser decididas fora do quadro institucional da democracia, senão é o fim da democracia, um estado pré-revolucionário. Que Nossa Senhora nos defenda disso». E também: «Somos uma democracia representativa, temos órgãos de soberania que elegemos, (não estamos numa ditadura), têm o seu dinamismo, onde a vontade popular se exprime nessa eleição».

E a propósito da necessidade da revisão da Constituição: «Eu sou um acérrimo defensor do quadro democrático em que estamos inseridos. Agora, há circunstâncias, o bem comum pode exigir que o próprio exercício dos direitos seja prudente, tenha em conta o bem comum.»

Estamos, portanto, triplamente esclarecidos: a democracia é assegurada pelos actos eleitorais, de um hipotético estado pré-revolucionário esperamos que Nossa Senhora nos defenda e venha a revisão da Constituição se necessário for.

Passos Coelho não diria melhor, Vítor Gaspar explicaria o mesmo, mas em português técnico e muito mais devagar. Policarpo merece uma boa condecoração no 10 de Junho. 
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5 comments:

Luís disse...

Que Nossa Senhora nos defenda dos Policarpos deste país.

S. Bagonha disse...

A pouco e pouco, a máscara vai-lhe caindo.
Uma surpresa, talvez, para quem só o conhece cardeal.
Mas uma confirmação, para quem o conheceu padre e professor.
Se a falta de vergonha e de honestidade matasse ....

Anónimo disse...

O que mais me enojou na entrevista foi este raciocínio político: não há alternativa à austeridade, logo toda a contestação é egoísta, porque esquece o bem comum. Pelo menos a um título, a primeira parte da converseta foi interessante: revelou que não só em termos políticos, mas também teológicos, o homem é de uma banalidade e de uma pobreza confrangedoras.

RF disse...

Segundo o bispo, não há alternativa à política de austeridade. Afirma-o com a segurança de uma confiança inabalável, apesar de reconhecer que pouco percebe política. Ora, fé cega divorciada do saber tem um nome, seja em política seja em religião: fanatismo. O sacerdote - que na converseta radiofónica elogiou a escolástica - parece nunca ter lido Tomás de Aquino sobre o bem comum - sobretudo a advertência contra os que, em nome do pretenso bem comum, ofendem os interesses legítimos dos indivíduos ou grupos. Eis o raciocínio torpe e falacioso do Policarppo (não deveria escrever Polikapo?): se não há alternativa à austeridade, quem a contesta fá-lo por puro egoísmo. Para terminar, deixo uma conselho ao Cerejeira Boy: terapia da fala. É que está mesmo a precisar. Boas missas.

Eduardo Baptista disse...

Estamos a regressar ao tempo de Mário Soares e D. António a conspirarem para comkbater os comunistas ou será ao tempo do Cerejeira a "dialogar" com Salazar.