2.1.13

A «esperança» de Cavaco



À medida que Cavaco Silva avançava no seu discurso de ontem à noite, estive sempre à espera que o terminasse com uma frase deste género: «Portanto, como tudo o que disse não vai levar a nada, porque o "círculo" (sic) vicioso continuará na mesma, rezo por vós e por mim para que Deus nos proteja e à Padroeira para que tome conta do seu padroado.»

Leio agora que não fui a única: Viriato Soromenho-Marques também sublinha que o presidente «recomendou, no meio da tormenta nacional e europeia, a Nação inteira à graça de uma intervenção providencial»

Com efeito, Cavaco Silva já percebeu, como nós, que o governo não muda uma vírgula ao que decide pelos discursos que ele faz, que responde às recusas do TC vingando-se com a definição de novas medidas também discriminatórias e ainda mais gravosas, que afasta tudo e todos do seu caminho – ele incluído. 

E como quer evitar uma «grave crise política», diz aos 90% de deputados (que se entendem tão bem como gatos num saco) que «tem esperança» que resolvam a quadratura do tal «círculo». E, sobretudo, «tem esperança» em nós, portugueses – lisonjeados ficamos e eternamente agradecidos...

Soframos e oremos, pois. Ou não.
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