12.3.13

Um país manifestante



Soube-se ontem, via PSP, que se realizaram 579 manifestações, em Lisboa, durante o ano de 2012 (1,5 por dia...). Não sei se algumas delas tiveram mais de meia dúzia de pessoas, nem quantas tiveram lugar no resto do país, mas foi certamente muita gente a caminhar por essas ruas fora!

Mas não só de actividades «pedestres» vive o protesto e, se juntarmos manifestos a manifestações (e quem diz manifestos diz também petições), temos uma enorme maré humana que tem vindo a mostrar o seu descontentamento e que pede, ou exige, um sem número de coisas.

Nada contra, antes pelo contrário, e não consigo evitar a sensação de que tudo o que foi feito, ou quase tudo, esbarrou em muros que não devolveram qualquer tipo de eco. «Muros» que são, sobretudo, o presidente da República e o governo, mas também a Assembleia da República – principais ou únicos destinatários de 99% dos protestos e dos pedidos.

Não é por isso de estranhar que tenha surgido hoje outro Manifesto – mais um -, que pretende nada menos do que «democratizar o regime», com uma solução que «passa obrigatoriamente pelo fim da concentração de todo o poder político nos partidos e na reconstrução de um regime verdadeiramente democrático».

Vale a pena olhar para a lista de subscritores e esperemos para ver se as intenções saem do papel e dos ecrãs.
Mas, pelo menos a uma primeira leitura (outras virão), tudo isto parece no mínimo perigoso, já que, se as intenções podem ser excelentes, talvez seja bom não esquecer que há certamente por aí um qualquer Beppe Grillo português, ainda não identificado mas pronto a saltar assim que possível para a boca de cena. E que iniciativas deste tipo podem ser o tapete vermelho que falta estender. 
.

1 comments:

menvp disse...

MUDANÇA DE PARADIGMA DEMOCRÁTICO

-> A questão não é mudar de governo... com um sistema igual: apenas 'mudam as moscas'... ficando o sistema inalterável (vira o disco e toca o mesmo): um sistema muito permeável a lobbys... leia-se, um sistema muito permeável ao lobby dos políticos e a muitos outros - um exemplo: o lobby dos banqueiros.
.
-> A questão é - isso sim - MUDAR DE PARADIGMA: por um sistema menos permeável a lobbys... temos de pensar, não em «políticos governantes» [vulgo políticos que, armados em 'milagreiros económicos', acabam por nos enfiar numa Espiral Recessiva]... mas sim... em «políticos gestores públicos» que fazem uma gestão TRANSPARENTE para/perante cidadãos atentos... leia-se, temos de pensar em bons mecanismos de controlo... um exemplo: "O Direito ao Veto de quem paga" [blog 'fim-da-cidadania-infantil'].
.
.
P.S.
-> Político armado em 'milagreiro económico', é político que quer carta branca para pedir empréstimos...
-> Contrair dívida (para isto, ou para aquilo) pode conduzir a uma ESPIRAL RECESSIVA: o aumento de impostos para pagar a Dívida Pública... provoca uma diminuição do consumo... o que provoca um abrandamento do crescimento económico... o que, por sua vez, conduz a uma diminuição da receita fiscal!
Por outras palavras: pedir dinheiro emprestado é um assunto demasiado sério para ser deixado aos políticos!!!
-> Será necessário uma campanha para MOTIVAR os contribuintes a participar... leia-se, votar em políticos, sim, mas... não lhes passar um 'cheque em branco'!... Leia-se, para além do "O Direito ao Veto de quem paga", é urgente uma nova alínea na Constituição: o Estado só poderá pedir dinheiro emprestado nos mercados... mediante uma autorização expressa do contribuinte - obtida através da realização de um REFERENDO.