3.4.13

Europa: à beira do perigo



«Se tivessem juízo, os europeus poderiam ainda fazer boa figura durante muitos anos, mas entre miopia alemã, fraqueza francesa, "não é connosco" inglês e sujeição de todos aos calendários da democracia e à hipocrisia da transparência, juízo é atributo que lhes falta. O povo é quem mais ordena, rezam constituições nacionais. Os aprendizes de feiticeiro que nos governam ou nos querem governar e vão a votos, depois de, com irresponsabilidade mal calculada, terem deitado fogo à mecha – os do Sul são uns caloteiros; os do Norte uns nazis; a Europa é uma miragem; o euro é uma fraude – talvez não venham a ser capazes de extinguir os incêndios que ajudaram a atear.
Em 1933, em eleições livres e limpas, Hitler foi escolhido pelos seus compatriotas para governar a Alemanha. Conhecem-se as consequências (é melhor nem querer imaginar o que estas teriam sido se ele houvesse ganho a guerra). Ora, durante os próximos anos, aqui e além por essa Europa fora, irão ser escolhidos para governar os seus países homens e mulheres perigosos para o bem-estar de todos nós e também para a segurança da Europa.»(O realce é meu.)

José Cutileiro, hoje, no Jornal de Negócios.
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2 comments:

septuagenário disse...

A Europa perdeu a cabeça pelo menos desde a I Guerra Mundial 1914.

Sempre a Europa fez asneiras, mas daquela era para cá foi muito mau até hoje.

E o Hitler com más intenções e os outros com boas intenções, venha o diabo...!

Miguel Madeira disse...

Isso é um ponto que não interessa muito para a ideia geral, mas é dificil considerar as eleições de 1933 como livres e limpas: as liberdades civis haviam sido suspensas uma semana antes da votação, depois do incêndio do Reichtag, e as SA e as SS haviam praticamente impedido os social-democratas e comunistas de fazer campanha.