23.11.13

Os «Novembros» de Mário Soares



Quem ouviu Mário Soares, há dois dias na Aula Magna, não se terá lembrado de um outro discurso, não menos inflamado, que ele proferiu há 38 anos, mais exactamente em 23 de Novembro de 1975.

Num comício de apoio ao VI Governo Provisório, convocado pelo PS para o mesmo local onde quatro meses antes aquele partido organizara uma gigantesca manifestação – a Alameda D. Afonso Henriques em Lisboa –, o que Soares disse nesse dia está registado no site da Presidência da República como «um marco fundamental da mobilização que visa conter os sectores mais radicais do processo revolucionário português».

Houve outros oradores (entre os quais Jorge Campinos, Lopes Cardoso e Salgo Zenha), o PCP e a extrema-esquerda foram fortemente atacados e ouviram-se muitas palavras de ordem: «Otelo para Moçambique!». «Jaime Neves, Jaime Neves!», «Veloso [Pires Veloso] amigo, o povo está contigo!», etc., etc., etc.

Mas o que ficou para a história foi o encerramento feito por Mário Soares e, em especial, a passagem em que terá dito que o PS estava a procurar evitar uma confrontação com «os partidários da aventura» mas que «se o preço da liberdade for o combate, combateremos de armas na mão!».

Não combateu. O PREC terminou daí a dois dias e ele ficou do lado dos vencedores.

(Notícia detalhada aqui
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2 comments:

Niet disse...

Carissima : Acho que não vale a pena perder tempo com M. Soares. A não ser, no entanto, que se queira relembrar o quanto de mal- e foi elevadissimo-o que agenciou M. Soares contra os ideais de Abril, que eram a apologia sincera e construtiva da sintese invencivel da libertação: liberdade e igualdade! Salut! Niet

Joana Lopes disse...

Niet, M. Soares voltou a estar em cena todos os dias, a toda a hora...