30.3.13

Foi anteontem


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Sócrates, ainda – com «boleia» de Pacheco Pereira



Na sua crónica semanal no Público de hoje (sem link), José Pacheco Pereira diz longamente o que pensa sobre o regresso de Sócrates e, sobretudo, sobre o seu significado e sobre as reacções que está a provocar.

Se não concordo com tudo o que escreve sobre os malefícios do último governo do PS, há um aspecto em que insiste e que, desde a noite da passada quarta-feira, não consigo deixar de ter presente: só o estado de «orfandade» em que o país se encontra e o desejo de que aconteça «qualquer coisa» ou apareça «alguém» podem justificar o entusiasmo – e esperança – que se espalhou, até onde menos seria de esperar, e que foi especialmente visível nas redes sociais. De repente, um simples ajuste de contas de um dos primeiros-ministros mais odiados da democracia (talvez ex aequo com Vasco Gonçalves) agigantou-o e tudo, ou quase tudo, foi esquecido e lhe foi perdoado. Simplesmente porque reapareceu – como partiu, igual a si próprio, tonitruante, sem que nem dois anos, nem Paris, tenham deixado marcas de salutar acalmia e distância.

Não vou ao ponto de dizer, como JPP, que Sócrates pode ser «o populista ideal», a surgir de uma qualquer esquina do poder ou da falta dele, mas partilho um certo sentimento de perigo, indefinido mas nem por isso inexistente, neste seu regresso à nossa cena política, neste momento tão complexa e tão frágil. Aguardemos porque o futuro próximo esclarecerá inevitavelmente um certo número de coisas.

O texto na íntegra, com alguns realces meus:

Cinco minutos – a não perder.




Sessão de homenagem a Álvaro Cunhal, por ocasião do centenário do seu nascimento.
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Hollande e a «Douce France»



A entrevista que François Hollande deu anteontem a France 2 continua a provocar ondas de choque e reacções em cadeia.

O jornal Libération publica uma análise, significativamente intitulada «Hollande est-il encore de gauche?», na qual se sublinha que o presidente teve «um cuidado escrupuloso em despolitizar o discurso», reduzindo a sua política a «uma simples caixa de ferramentas». (Mas onde é que já ouvimos isto?...)

A sua frase-choque – «je ne suis plus un président socialiste» (*) – anuncia uma viragem na orientação do governo ou é uma simples constatação de facto de uma política que a esquerda da esquerda não se cansa de condenar como «neta» do sarkozismo? Hollande ainda é de esquerda, perguntam os comentadores?

(*) Afirmação tirada deste contexto, note-se, mas que não deixa de ser estranha e significativa: «C’est mon rôle, non pas parce que je suis un président socialiste, d’ailleurs je ne suis maintenant plus un président socialiste, je suis le président de tous les Français, je suis le président de la France.»

Um excerto da entrevista:


A ler: Mélenchon attaque un Hollande «désincarné, presque déshumanisé»

29.3.13

Um triste Presidente



Cavaco Silva divulgou no Facebook as seguintes afirmações, adequadamente ilustradas por esta «composição fotográfica» (que fala por si...):
«Nas últimas três semanas visitei seis empresas: Cerealis, em Lisboa, Sousacamp em Vila Flor, Frucar, em Carrazeda de Ansiães, Leica, em Vila Nova de Famalicão, Symington, em Vila Nova de Gaia e Gelpeixe, em Loures. Empresas que investem, inovam, apostam na qualidade e criam emprego. Empresários com espírito de iniciativa e confiantes no futuro do País.
Trabalhadores motivados e empenhados na criação de valor para a empresa e de riqueza para o País.
É estimulando, apoiando e dando visibilidade a empresas como estas, e não através de uma retórica inflamada e vazia de conteúdo, que se defende o interesse nacional e se contribui para a recuperação económica e para o combate ao desemprego.
Devemos apoiar o empreendedorismo, valorizar a iniciativa empresarial e reconhecer o valor daqueles que tem mérito, talento e conhecimento. Esse é um caminho decisivo para enfrentar a situação dramática que é o desemprego de tantos milhares de portugueses e abrir uma janela de esperança para os nossos jovens.»

Em texto de opinião hoje publicado no JN, Pedro Bacelar de Vasconcelos acerta «na mouche»: 

«No mesmo dia em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates "tomava a palavra" nos ecrãs da RTP, após quase dois anos de rigorosa abstinência, o Presidente da República entendeu oportuno destacar a importância da iniciativa privada para a resolução dos problemas do país, e proclamou que "quase tudo o resto é fantasia", condenando a "retórica inflamada e sem conteúdo, as intrigas e jogadas político-partidárias que não acrescentam um cêntimo à produção nacional e não criam emprego".
Estranha democracia, esta, de empresários de sucesso, sem debates, sem paixões, sem intrigas, sem partidos.» (O realce é meu.)

Tudo isto é grave e triste, tristíssimo!...
Roubo mais uma frase a PBV: «E desta forma prossegue a inevitável degradação da República, do Estado de Direito, da prestação de contas e da representação democrática.» 
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Que não se criem expectativas!



Quem diz amigos no Facebook, diz visitantes de blogue... 
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Aposentados, pensionistas e reformados - A nossa história não acaba assim…



Texto de uma carta enviada pela APRe! ao Expresso e que não foi publicada (recebido por mail, através da direcção da Associação).

Os aposentados, pensionistas e reformados têm uma história, da qual se devem orgulhar. Infelizmente estão a ser desrespeitados pelos seus próprios filhos. Por isso convém recordar o ponto de partida, antes de chegarmos ao ponto actual.

Com efeito, os actuais pensionistas portugueses nasceram antes, durante ou pouco depois da segunda Guerra Mundial, em pleno regime fascista, numa sociedade essencialmente agrícola, com um elevadíssimo índice de analfabetismo. Mais tarde enfrentaram uma guerra colonial, em quatro frentes: Timor, Angola, Moçambique e Guiné. Quis o destino que a nossa vida fosse consumida a «matar» o fascismo, a implantar a democracia e a realizar a descolonização, graças aos jovens militares de Abril; a construir a sociedade industrial e depois a sociedade de serviços; a transformar o analfabetismo em conhecimento e ciência, substituindo os quartéis militares por universidades e politécnicos, dispersos pelo país. O prémio de todo o nosso esforço parecia estar na adesão à então CEE, actual União Europeia, com uma tal energia e entusiasmo que integrámos o pelotão da frente da moeda única, o euro.

Quando hoje se diz que a actual geração jovem do país é a melhor preparada de sempre, está-se a dizer que nunca antes os pais preparam a sociedade e investiram tanto nos filhos, para lhes dar um futuro que os próprios pais não tiveram.

Quando os jovens se queixam de pagar impostos e a segurança social para pagarem as pensões dos actuais pensionistas, esquecem-se que os pais podiam não ter investido neles e egoisticamente terem poupando para a sua reforma.

Quando hoje uns senhores de ideologia liberal dizem que o Estado não produz riqueza para pagar as reformas, estão a dizer que não querem pagar impostos para gente que não produz, constituindo uma espécie de resíduo social, esquecendo-se dos benefícios que usufruem, em consequência das transformações sociais que levamos a efeito.

Quando hoje se diz que para atingir as metas orçamentais impostas pela TROIKA, sob caução do Governo, tem de se cortar na despesa social, esquecem-se que a despesa social e os vínculos legalmente constituídos já existiam quando tomaram a decisão de atingir tais metas. Governantes sérios e honestos não podem decidir e assumir compromissos com terceiros que não possam cumprir. Os governantes não são proprietários do poder, desses tratámos nós, os governos governam em nome do povo, por isso se canta: «o povo é quem mais ordena.»

Quando hoje se fala no pós TROIKA está-se a falar no pacto orçamental que obriga a reduzir o défice orçamental, estrutural, para meio ponto percentual, Será legitimo, sério e justo que se assuma um compromisso destes, tão irrealista como as previsões do Dr. Victor Gaspar, à custa de cortes de direitos dos aposentados, pensionistas e reformados? Ou de outras prestações sociais?

É lamentável a máquina que está montada na comunicação social contra os reformados, pobres ou da classe média. Jornalistas, analistas e comentadores apelando a cortes sobre cortes, achincalhando a Constituição (que também já existia antes de assumirem compromissos irrealistas), implorando à sua violação, esquecem-se que estão a «cavar a sua própria sepultura». Um Estado, integrado na União Europeia, é obrigado a agir de boa fé, como uma pessoa de bem. Um Estado que agora viola princípios e desrespeita direitos, passa a violar sempre e a desrespeitar sempre que isso lhe convém.

Nós não admitiremos que governantes inexperientes, idealistas e manipuladores políticos desrespeitem os nossos direitos, conquistados ao longo duma vida de trabalho e de transformação social. Seremos coerentes com a nossa história, seria triste, muito triste, se ela acabasse assim.

Maria do Rosário Gama, Presidente da Direcção da Apre!
Carlos Frade, Presidente do Conselho Fiscal da Apre! 
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Nunca mais param!



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28.3.13

Grandes árvores (5)



Esta árvore não é tão especatcular como outras que já aqui publiquei, mas fica mesmo à porta da minha casa.

(Benfica, Lisboa, Março de 2013)

(Para ver a série, clicar na Label: ÁRVORES)
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Comentadores



Mais uma crónica de Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje – sobre o tema do dia. 

«O Passos Coelho do passado e o Sócrates do presente têm tudo para ser excelentes comentadores. Infelizmente, o Passos Coelho do presente e o Sócrates do passado são primeiros-ministros muito maus. O que perdemos como cidadãos, ganhamos como espectadores.»

Na íntegra AQUI.

E não houve nenhum Robim dos Bosques que intersectasse a operação pelo caminho?



... para distribuir o bolo por todos os países «troikados»?


«El BCE ha planificado en un festivo la reapertura y ha fletado un barco con dinero fresco que atracó anoche en el puerto chipriota de Larnaca y que ha realizado el resto del camino en camiones hasta instalaciones expresamente preparadas por el Banco Central de Chipre». 
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Regressou, mas...


@Gui Castro Felga

No início da entrevista que ontem concedeu à RTP, Sócrates disse que vinha para gozar de um direito – o de se defender – e para cumprir um dever – o de contribuir com um ponto de vista diferente para a «narrativa» actual. Na prática, limitou-se à primeira parte, numa detalhada justificação do seu legado e num ataque (mais do que justificado, diga-se) ao presidente da República.

Regressou como partiu. Para o bem e para o mal, não parece que os dois últimos anos tenham operado qualquer mudança significativa em relação ao passado, nem quanto ao conteúdo, nem quanto à forma de intervenção.
O chumbo do PEC IV continua a ser o ómega de um tempo de prosperidade e o alfa de todos os males, aquém e além fronteiras (sabe-se lá se até em Chipre...). Sem esse chumbo, e com Sócrates, não teríamos cá a troika e os juízes do Tribunal Constitucional teriam uma vida bem mais tranquila. História virtual em todo o seu esplendor – acredite quem quiser.

Não tinha ele todo o direito a esta defesa? Certamente que sim. Mas, se é só a isso que vem, é muito pouco e, no estado crucial da nossa realidade, não me parece que se trate de grande ajuda, porque é o presente e o futuro próximo que verdadeiramente interessam.
Para além de arrumar o PS de Seguro a um canto (se era isso que pretendia, acertou em cheio), lançou uma enorme confusão nas diferentes hostes, como foi cristalinamente evidente nas redes sociais, das quais dificilmente nascerá qualquer luz e só poderão crescer falsas esperanças.

Enfim: regressou o político mais do que habilidoso, sem dúvida o tal «animal feroz» que ganha aos pontos qualquer combate com muitos outros. Mas não o verdadeiro estadista – que ele nunca foi nem será. 
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E com esta capa...



... começa o primeiro dia da era pré ou (definitivamente) pós-socrática – ainda não se percebe bem. 
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27.3.13

Sócrates: a única prenda para Seguro



«A atitude do PS deixou que os meus opositores me atacassem.»
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A nossa família



Este texto de Miguel Esteves Cardoso já tem uns dias, mas merece ser lido por quem não o conheça e por isso aqui fica. As histórias contadas na primeira pessoa têm por vezes mais força do que cem digressões genéricas.

«Se não fosse o NHS – o sistema de saúde do Reino Unido, onde nasceram, muito prematuramente, as minhas filhas – elas não teriam sobrevivido. Elas devem a vida ao NHS. E eu devo-lhe o amor e a alegria de conhecer a Sara e a Tristana, para não falar no meu neto, António, igualmente devedor, mais as netas e netos que aí vêm.

Se não fosse o SNS (Serviço Nacional de Saúde) eu teria morrido em 2005, com uma hepatite alcoólica causada unicamente por culpa minha. Seria também coxo, quando me deram uma prótese para anca.
E, sobretudo, teria morrido, se o SNS não me tivesse dado o antibiótico caríssimo (Linozelida) que me salvou do MRSA assassino que me infectou durante a operação.

Se não fosse o SNS, a Maria João, o meu amor, estaria morta. Se não fossem o IPO e o Hospital de Santa Maria, pagos pelo SNS, ela não estaria viva, por duas vezes.

Sem a NHS e o SNS, eu seria um morto, sem mulher, filhas ou netos. Estaríamos todos mortos ou condenados à inexistência.

Não é difícil chegar à conclusão, atingida desde os meus dezanove anos, de que as melhores ideias de todas são a social-democracia e o Estado-providência: não tanto no sentido ideológico como na prática.

A nossa família e as nossas famílias só existem e podem existir se não tiverem morrido. Damos graças aos serviços nacionais de saúde – a esse empenho ideológico e caríssimo – que nos tratam como se fizéssemos parte deles.

Devemos as nossas vidas a decisões políticas tomadas por outros.»

Público, 23 de Março de 2013
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É hoje!


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E se Anne Frank ganhasse hoje o Nobel?



No quadro da comemoração do seu centenário, em 2013, a Anti-Defamation League lançou um vídeo e uma campanha com o tema: «Imagine um mundo sem ódio». Um mundo sem racismo, homofobia e anti-semitismo – um mundo em que o ódio violento que tirou a vida a Martin Luther King Jr., Anne Frank, Daniel Pearl, Matthew Shepard e outros não tivesse acontecido. Imagine o que estes indivíduos poderiam ter continuado a contribuir para a sociedade se o ódio, o fanatismo e o extremismo não tivessem tornado as suas vidas tragicamente curtas.

Depois de 100 anos a lutar contra a intolerância e a fomentar o respeito, a ADL celebra os seus sucessos e reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer para se chegar à realidade de um mundo sem ódio.

Agradece às famílias dos que são apresentados no vídeo, cujo empenho e participação nesta campanha a tornaram possível, e ao espólio de John Lennon por conceder os direitos de utilização da sua canção.



(Daqui)

O seguro morreu de velho

26.3.13

Não há escutas grátis



... como ficou provado no Diário da República de hoje.


Ou seja: um governo que não hesita em quebrar compromissos de todos os tipos, e das mais variadas maneiras, coloca zelosamente na Presidência do Conselho de Ministros alguém que saiu do serviço público por vontade própria e conveniência pessoal, sem que se espere sequer pela conclusão de um processo tão grave como aquele em que a pessoa em causa está acusada. E, sem certeza, até parece que o Estado lhe pagará, em retroactivos, os anos que esteve na Ongoing.

O governo limitou-se a aplicar uma lei, como devia? Ora... Como se isso significasse algo de concreto, nos tempos que vão correndo!
A decência regressará logo que possível.

(Diário da República)
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Está tudo maravilhoso



Excerto da crónica de José Vítor Malheiros, no Público de hoje (sem link).

«Não acha a maioria dos contribuintes que quem tem dívidas deve pagá-las depressa que se faz tarde e que as boas contas fazem os bons amigos? Não acha a maioria dos portugueses que viveu acima das suas possibilidades que a melhor maneira de ser feliz é pagar juros à troika? Não acha a maior parte dos votantes que o Estado gasta de mais e que devia gastar menos e que se deve cortar na despesa e nas funções sociais do Estado em vez de subir os impostos? Não está a maioria dos votantes de acordo com o memorando da troika? Não vai a maioria dos eleitores nas próximas eleições votar no Pedro Passos Seguro em vez de no António José Coelho ou vice-versa? Não sobe o PP de Paulo Portas nas intenções de voto só porque ele diz que se lhe perguntarem se discordou, discordou, e se lhe perguntarem se fez, fez, e se disse, disse? Quantos anos vão passar antes de percebermos que aquilo que estamos a viver é uma morte lenta e sem dignidade?»

(Imagem da página «A Portugueza» no Facebook)
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Selassie, o desapontado

Chipre – três notas



«Os que têm mais deixarão de poder investir, o que vai matar a economia. Resultado: os que têm menos vão sofrer as consequências.»

«Al mirar a Chipre, la sensación de los ahorradores italianos, portugueses y españoles es la misma que la del cochinillo cuando ve la fecha de San Martín acercarse pasito a paso por el calendario. Tanto jamón y ya no nos quedan piernas. Tantos billetes y tan poca gasolina.»

«A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e independente.»

25.3.13

Grandes árvores (4)



Estas fotografias não foram tirados por mim (tenho muitas mais), mas são de uma árvore absolutamente extraordinária que se encontra na margem do rio Limpopo, na província de Gaza, em Moçambique. Toda trabalhada com esculturas de animais, é de um artista desconhecido e terá sido descoberta por biólogos em viagem de trabalho.






O vídeo ajuda a ter uma visão mais completa:



(Para ver a série, clicar na Label: ÁRVORES)
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Cavaco: a ser vaiado desde 1987



No Diário de Lisboa de 25/3/1987, lê-se que Cavaco Silva foi recebido na véspera, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, num espectáculo com lotação esgotada, «com uma estrondosa vaia» espontânea. Quando o público se apercebeu de que o primeiro-ministro estava no camarote de honra, «virou-se então como tocado por uma mola» e «desatou a vaiar e a bater com os pés». 

Um mês mais tarde, o governo caiu na sequência de uma moção de censura apresentada pelo PRD e que contou com os votos do PS e da APU. E, sim, em Julho do mesmo ano, os eleitores deram ao PSD e a Cavaco Silva a primeira maioria absoluta de um partido em democracia.

E nós? Por cá continuamos «c'o a cabeça entre as orelhas»...
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Nem assim!




Expresso, 23/3/2013
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Chipre, Alemanha e o resto



«La decisión llegó con nocturnidad y alevosía, la noche del viernes de la semana pasada, con los ministros del euro pensando tal vez que nadie se fijaría mucho en ese rescate que ha derivado en el primer corralito del euro. Europa, aún la principal potencia comercial del mundo, cada día más tutelada por Alemania, el BCE y el FMI, y cada día más pendiente de las necesidades de los grandes bancos alemanes, traspasaba una frontera inviolable: la sacralidad de los depósitos bancarios. Cuando el euro parecía salvado y los mercados habían dejado de jugar a la montaña rusa, los socios del euro se metieron un autogol por toda la escuadra. (...)

A partir de esas llamadas a las cancillerías, los socios del euro trataron de deshacer el lío. Pero el daño ya estaba hecho: ahora se trata de limitar las consecuencias. El error Chipre “es la constatación de que el euro está en manos de aficionados que apenas entienden lo que significa una unión monetaria. Es un desastre. Porque además la decisión está contaminada por ese calvinismo que presume de la virtud en el Norte, sobre todo en Alemania, y quiere un castigo ejemplar para el Sur corrompido. (...)

De repente, media isla —la otra media es turca— con dos bases militares británicas, prácticamente colonizada por Rusia revela al mundo el fracaso de la gobernanza de la UE, y saca a la luz la ausencia de liderazgo moral y político, y ese espíritu punitivo que mueve a Alemania. (...)

Bruselas apunta que no hay margen de maniobra: los ajustes seguirán; la única duda es si se mantiene el ritmo o se suaviza. ¿Hay salida? “En el primer trimestre de 2014, el crecimiento volverá y el paro empezará a bajar”, dice un portavoz del ministro alemán Wolfgang Schäuble. Hace solo un mes, tanto Berlín como Bruselas aseguraban que los brotes verdes llegarían en verano. Tras el error de Chipre, la mejoría se retrasa. En cambio, la receta no varía: sigan esperando, confíen en nosotros, y en caso de duda hagan como hicimos los alemanes.

Na íntegra aqui.


Ler também: IT'S OFFICIAL: Banks In Europe May Now Seize Deposits To Cover Their Gambling Losses
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24.3.13

Vantagens de ser cliente da ZON



Não precisar de resistir à tentação de ver isto
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Manipulações



Há 15 anos que o russo Andrei Budayev faz manipulações de quadros célebres com colagens de fotografias de políticos, o que lhe valeu já alguns dissabores e exposições proibidas no seu país.

Esta é magnífica e encontrei-a ontem num site grego. Lá estão Vladimir Putin, Christine Lagarde, Durão Barroso e, claro, Angela Merkel, aparentemente a ralhar com Gérard Depardieu. Atrás de Merkel, Antonis Samaras.

Mais imagens do mesmo autor:


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Um (mau) ano passou depressa



Em 24 de Março de 2012, comemorámos o 50º aniversário da Crise Académica de 1962.

Lia-se então, num grande cartaz que ocupava uma parede do hall da reitoria da Cidade Universitária de Lisboa: «Portugal era um país triste – Há 50 anos». Sem dúvida de modo diferente do que no início da década de 60, hoje também é. E está agora bem mais triste do que há um ano.

Nesse dia, mais de 400 pessoas aprovaram, por aclamação, um texto em que repudiavam cargas policiais no Chiado, ocorridas dois dias antes, «com uma violência desmedida e desproporcionada».

Creio que, em 2013, o conteúdo de uma  hipotética moção seria outro mas bem mais duro, com ou sem cargas policiais em pano de fundo. Porque o país está pior do que há um ano e continua portanto a ser válida a frase que correu então imprensa e telejornais: «Os jovens de 1962 não podem tolerar em democracia o que repudiavam em ditadura»
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Pregam um susto ao medo!