30.11.13

«Attenzione protistute»



... vê-se, em 2013, em Itália.


No Sri Lanka, só se avisa que há perigo de encontrar crocodilos.


Há algumas décadas, em restaurantes da Bélgica, era corrente ler-se: «Ni chiens, ni soldats».
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Importa-se de repetir, dr. Mário Sores?



«Graças à intervenção do PS, depois do 25 de Abril, a Igreja portuguesa tornou-se muito aberta , com o patriarca D. António Ribeiro, e progressista (...). Mas parece que, com o novo patriarca português, tudo está a mudar, o que é péssimo e triste para o futuro.
Porquê? Porque a Igreja portuguesa tem mantido um silêncio inaceitável, tal como o actual patriarca, em relação ao Papa. Parece que não gosta dele ou mesmo que o detesta.»


1 – Dizer que o cardeal António Ribeiro era mais progressista do que Manuel Clemente é assim a modos que afirmar que «OMO lava mais branco». Porque sim. E porque se sabe que a memória de muitos é curta, a de outros inexistente, e a de MS selectiva.

2 – Sobre o contributo de MS para o «progressismo» do cardeal de Lisboa em 1975, recordo parte de uma entrevista que concedeu ao «i» em Novembro de 2011 (com link agora indisponível): 

«Nessa altura conversei algumas vezes com o patriarca [António Ribeiro]. Antes do 25 de Novembro estávamos à beira da guerra civil e resolvemos fazer uma grande manifestação na Fonte Luminosa, que foi a maior manifestação de sempre em Portugal. Fui falar com o cardeal, por intermédio da Maria de Lourdes Pintasilgo, que nessa altura estava totalmente comigo. Aliás, esteve quase sempre. Só houve alguma rivalidade quando foi candidata à presidência. Mas deu-me muito jeito, porque teve 7%. Se não fosse isso, talvez não tivesse chegado a número dois. Nessa altura disse a Maria de Lourdes Pintasilgo que precisava de falar com o cardeal. (…) Estivemos uma hora a conversar. Disse: “Senhor cardeal, se nos quer ajudar, tem uma maneira. Diga aos padres da área de Lisboa que no final das missas vão à Fonte Luminosa.” E foram. Uma boa parte da gente que estava na Fonte Luminosa era católica.» (Realce meu.)

Entendidos?

(Foto: Protesto no Patriarcado, em 18 de Junho de 1975, contra a administração da Rádio Renascença, com contramanifestantes que se refugiaram no átrio – apoiantes do Patriarcado, com os quais o PS viria a solidarizar-se por comunicado.) 
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O Paulinho das exportações



«Portas tem um novo amor: as exportações. Temos mais uma versão do líder do PP. Agora, é o Paulinho das Feiras Internacionais. Esta semana, questionado sobre as "invasões dos Ministérios" disse: "Uns dedicam-se às exportações e outros a manifestarem-se". Acho que uma coisa não exclui a a outra. A verdade é que, no governo, Portas dedicou-se a ambas e com conhecido sucesso.

Portas tem um novo discurso. Depois da epopeia que foi parir a "reforma do estado", o vice-PM continua a usar metáforas e compara os Exportadores Portugueses aos Navegadores dos Descobrimentos. - "Costumo dizer que o Portugal exportador é uma boa continuação do Portugal navegador - diz (a reportagem da TSF) que "no passado eram as caravelas e na actualidade levam apenas os passaportes, os tablets, a competência e o know how" - e problemas de próstata em vez de escorbuto, acrescentaria eu, que adoro metáforas com os Descobrimentos. (...)

Portas quer escrever Os Lusíadas das Exportações. Espero que não seja no mesmo tamanho de letra que o guião da reforma do Estado, senão não cabe na Torre do Tombo. Para nosso bem, esperemos que ele não esteja a contar com Passos Coelho para o "Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte." Digo, para nosso bem, e nem é pelo "engenho e arte". »

João Quadros

29.11.13

Mark Blyth e a austeridade



Mark Blyth, autor do livro Austeridade - Uma ideia perigosa, recentemente publicado em Portugal, participa hoje numa conferência em Lisboa e deu uma entrevista à TSF (que pode ser ouvida aqui com tradução em português), na qual afirma que «no caso português, o país tem um caminho duro pela frente, mas que pode aplicar uma ideia simples quanto antes: parar com os cortes».

Numa outra entrevista, dada ao Negócios, quando confrontado com o aparente sucesso da recuperação de países bálticos integrados no euro, que «regressaram ao crescimento e recuperaram a sua credibilidade nos mercados», MB responde: «Se esse é o objectivo último destes programas então vamos abandonar a democracia e deixar de fingir que nos preocupamos com o bem-estar da população. Porque a forma como a Letónia resolveu os seus problemas foi permitir que 13% da sua população activa emigrasse. Vamos imaginar que 13% dos italianos iam procurar um emprego na Alemanha. Como acha que isso acabaria?»

E afirma também: «Os políticos europeus usam a palavra competitividade como os americanos usam a palavra liberdade. Não significa nada e é muito difícil estar contra. Não podemos ser todos mais competitivos ao mesmo tempo pois esse é um conceito relativo. E se a competitividade for medida por salários em queda dentro da mesma zona monetária, o único resultado é um colapso na procura, o que piora a situação económica.»

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Na idade da inocência


Este sigle foi lançado há 50 anos, em 29/11/1963.


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10 Perguntas Frequentes sobre a Dívida



A IAC acaba de publicar um folheto com perguntas e respostas sobre a dívida, que pode ser lido e descarregado a partir DAQUI. Leitura altamente recomendada. 
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28.11.13

O Presidente



Na Visão de hoje, uma pérola de Ricardo Araújo Pereira sobre Cavaco Silva.

«A Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva continua a adiar o tributo ao homem que, juntamente com o naperon sobre o televisor e os cães de loiça, mais fez pela decoração lusa. (...)
A recusa, tão injusta quanto obstinada de reconhecer o mérito do actual Presidente, manifesta-se no pedido absurdo para que Cavaco Silva se demita. Cavaco Silva tem-se demitido quase todos os dias, desde que foi eleito.»

Na íntegra AQUI.
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Por supuesto


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Cogumelos



«O Governo come cogumelos mágicos colhidos nos campos do FMI e da Alemanha e acredita que são cogumelos brancos feitos numa estufa controlada por computador. Daí o delírio a que tem sujeitado os portugueses em nome do combate à dívida e ao défice.

O purgatório vai cada vez mais no adro, sem rumo à vista. A resposta já não consegue ser dada pelo Governo nem por uma oposição que espera que o poder lhe caia nas mãos para fazer o mesmo que este executivo. A chave do inferno ou do paraíso está nas mãos da Europa. E esse é, neste momento, o nosso terrível destino. Se não fazemos o que nos mandam os iluminados da troika, não temos dinheiro. Se fazemos, a pobreza será cada vez maior.»

Fernando Sobral, no Negócios de ontem.
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27.11.13

De cortar a respiração



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O papa condena o «capitalismo»?



O papa Francisco publicou uma longa Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium, e a imprensa portuguesa (e não só) apressou-se a dizer que, na mesma, ele condena o «capitalismo selvagem» (citações com aspas e tudo...). Apesar de todas as esperanças sebastiânicas depositadas no novo inquilino do Vaticano, estranhei que usasse, preto no branco, a palavra «capitalismo». E não usa, o termo nem uma vez é citado no texto – testei na versão do documento em três línguas. O que é abordado no capítulo II – «Na crise do compromisso comunitário» – contém críticas severas, merecedoras de aplauso? Certamente. Mas não é bem a mesma coisa, não é bem a mesma coisa ...

Um excerto da versão em espanhol (realces meus.)

52. La humanidad vive en este momento un giro histórico, que podemos ver en los adelantos que se producen en diversos campos. Son de alabar los avances que contribuyen al bienestar de la gente, como, por ejemplo, en el ámbito de la salud, de la educación y de la comunicación. Sin embargo, no podemos olvidar que la mayoría de los hombres y mujeres de nuestro tiempo vive precariamente el día a día, con consecuencias funestas. Algunas patologías van en aumento. El miedo y la desesperación se apoderan del corazón de numerosas personas, incluso en los llamados países ricos. La alegría de vivir frecuentemente se apaga, la falta de respeto y la violencia crecen, la inequidad es cada vez más patente. Hay que luchar para vivir y, a menudo, para vivir con poca dignidad. Este cambio de época se ha generado por los enormes saltos cualitativos, cuantitativos, acelerados y acumulativos que se dan en el desarrollo científico, en las innovaciones tecnológicas y en sus veloces aplicaciones en distintos campos de la naturaleza y de la vida. Estamos en la era del conocimiento y la información, fuente de nuevas formas de un poder muchas veces anónimo.

No a una economía de la exclusión 

53. Así como el mandamiento de «no matar» pone un límite claro para asegurar el valor de la vida humana, hoy tenemos que decir «no a una economía de la exclusión y la inequidad». Esa economía mata. No puede ser que no sea noticia que muere de frío un anciano en situación de calle y que sí lo sea una caída de dos puntos en la bolsa. Eso es exclusión. No se puede tolerar más que se tire comida cuando hay gente que pasa hambre. Eso es inequidad. Hoy todo entra dentro del juego de la competitividad y de la ley del más fuerte, donde el poderoso se come al más débil. Como consecuencia de esta situación, grandes masas de la población se ven excluidas y marginadas: sin trabajo, sin horizontes, sin salida. Se considera al ser humano en sí mismo como un bien de consumo, que se puede usar y luego tirar. Hemos dado inicio a la cultura del «descarte» que, además, se promueve. Ya no se trata simplemente del fenómeno de la explotación y de la opresión, sino de algo nuevo: con la exclusión queda afectada en su misma raíz la pertenencia a la sociedad en la que se vive, pues ya no se está en ella abajo, en la periferia, o sin poder, sino que se está fuera. Los excluidos no son «explotados» sino desechos, «sobrantes». 
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Segurança para S. Bento?



Se cada ministério vai ter 20 polícias por causa das ocupações de ontem por umas dezenas de sindicalistas, quem passará a guardar a sacrossanta escadaria de S. Bento contra vários milhares de polícias? Será tarefa obrigatória para quem receba subsídio de desemprego ou RSI? Professores contratados com horário zero? E quantos serão esses «novos agentes»? 1000, 5000?
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26.11.13

Plano B

Ontem, nem todos estiveram com Eanes



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Convergem na botija



Bem podem Cavaco, as troikas, os cínicos porta-vozes do governo e um batalhão de comentadores falar da necessidade de consensos e de convergências. Tal como o algodão, há números que não enganam.

Está a ser votado neste momento um Orçamento para o qual a oposição apresentou 375 propostas de alteração, das quais apenas terão passado 6 (quando foram introduzidas quase todas as da maioria).

Um das 6 aprovadas, do PS, diz respeito à aproximação entre o preço do gás natural e do gás de botija, actualmente muito mais alto. A maioria aceitou-a, certamente com a esperança de que escape ao olho vigilante dos mercados.

(Fonte)

25.11.13

Houve alguém aqui que se enganou



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Inconstitucional? Claro que sim



«O Orçamento do Estado para 2014 terá normas inconstitucionais? Sim. Esta é a resposta que eu dou, que dará o tribunal Constitucional e que até os membros do Governo, se puderem falar sem serem escutados, diriam. Todos sabem que há normas inconstitucionais neste Orçamento e que terão o respectivo chumbo por parte do Tribunal Constitucional.

Se é assim tão óbvio por que razão o Governo decidiu incluir neste Orçamento do Estado normas semelhantes a outras já consideradas inconstitucionais recentemente? Uma das razões é que a relação entre o Governo e o Tribunal Constitucional tornou-se de guerrilha. Um autêntico braço de ferro em que ninguém quer ficar fragilizado aos olhos da opinião pública. (...)

Não sejamos ingénuos. A Troika também o sabe. E, apesar de ter dito que Portugal tem medidas alternativas em caso do chumbo de algumas medidas por parte do Tribunal Constitucional, a Troika sabe que essas medidas serão insuficientes e algumas impossíveis de implementar. Mas, à luz dos mercados financeiros, acaba por ser ilibada da responsabilidade dessa falha de cumprimento do défice orçamental. Aliás, devido a essas questões, Portugal tem falhado no cumprimento dos défices acordados e isso não tem impedido de continuar a receber as "tranches" da Troika nem de ver os juros da dívida pública no mercado secundário a baixar.

Estranho mundo este em que vivemos em que até o Orçamento de Estado tem que viver mais das aparências do que virá a ser na realidade. Um mundo de compromissos dirão alguns. Um mundo de ilusões, dirão outros. O nosso mundo, acrescentarei eu.» (Os realces são meus.)

Ulisses Pereira
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Apertar o cinto


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A grande mentira do 25 de Novembro…



…e ainda o seu aproveitamento por quem detesta a Revolução.

Manuel Duran Clemente deixou há dois dias este texto no meu mural do Facebook e, com a sua autorização, publico-o também aqui. Muitos leitores, provavelmente a maioria, discordarão do conteúdo e da forma peculiar e truculenta usada pelo autor. Mas é o que pensa hoje um dos ícones do (não) 25 do Novembro, aquele que ouvíamos naquela noite em nossas casas e a que foi retirada abruptamente a palavra, e faço questão de lhe «devolver» a voz.

Finalmente foram precisos mais de 38 anos para hoje toda a gente ou a sua maioria concluir que não houve nenhum golpe de esquerda...mas sim um razoável golpelho de "medrosos" (duma direita merdosa) a maior parte deles representando, conscientemente ou não, os que tinham perdido privilégios no 25 de Abril de1974 e aos quais os meus camaradas, pouco cultivados nestas coisas da política, incluindo Costa Gomes e outros experts - com Melo Antunes [a comandar os "nove"], que não sabia de politica mais do que eu - se associaram, não com medo do Partido Comunista nem dum guerra civil, mas sim com medo dos poderosos americanos , suas CIA e FBIs, que a pronto mataram J. Kennedy e Robert Kennedy, Luther King...Allende no Chile, Amilcar Cabral em Conakry, Mondelane em Moçambique, estudantes no México, o Black Power,...e toda a réstia de esperança dum ano de 1968 e de um Maio de 1968...E aqui na lusa pátria das lutas de 1962, 1969 e 1973.....e dos heróis mortos, feridos e presos do PCP...e dos de outras cores, católicos progressistas ou sociais-democratas, ditos socialistas, exilados ou refractários por Franças, Bélgicas, Alemanhas, Suiças, Holandas ou Escandinávias...terras das sereias.

No Portugal minimamente consciente…nunca ninguém teve medo do PCP, nem de Vasco Gonçalves, nem do MFA...mas toda a gente sofreu e teve horror ao fascismo, aos maus acólitos da igreja e aos nefastos caciques locais que hoje ainda perduram...na direita, na igreja e nas localidades...

Por isso Melo Antunes após este episódio fratricida de 25 de Novembro de 1975, que umas bestas pretendem ainda comemorar, debaixo do chapéu de chuva de R.Eanes...dizia (a meu ver, eu suspeitíssimo) para salvar a sua pele e a dos seus "alienados medrosos"... a democracia tem que contar com o PCP...que o mesmo era dizer a democracia tem de contar com todos nós que fizemos REVOLUÇÃO...que ele, como eu, fizemos...só com a diferença (por eu ser comunista deste os 30 anos..ou desde que nasci) não tenho a Medalha da Liberdade..(sendo dos primeiros dez a conspirar para o 25 de Abril). Coisa formal na qual me estou nas tintas… só nas tintas não. Completamente nas tintas...mas por mor dos meus pecados [acho que S.Pedro ma vai entregar à entrada do Purgatório...].

Com a incultura destes militares adeptos de Melo Antunes e de Vasco Lourenço e com pontas da lança dos EUA (desconhecidos destes e de outros genuínos capitães de Abril) (CIAs, FBIs E CARLUCCIs) infiltrados desde sempre no MFA e que me dispenso de nomear...até porque alguns jazem mortos ...que é que se poderia esperar deste saloio rectangulozinho à beira-mar plantado...??? As promessas europeias dessa outra figura "ignorante" (ignorante como revolucionário, sim...)??? Refiro-me a Mário Soares. É um intuitivo diletante que esteve sempre atrás do biombo da Revolução...como hoje está ...!!!

A diferença é esta...a esquerda "derrotada" estava e está com a Revolução...a dita "esquerda" vencedora está com o 25 de Abril...mascarada de 25 de Novembro.

Como não há 25 de Abril sem REVOLUÇÃO...para que serve o 25 de Novembro? Para, num momento destes, um dos mais graves da vida nacional, uns espertalhaços que ficaram adormecidos com os louros dos 25 de Abril/Novembro, conquistados por nós, se outorguem em dar força à direita e aos inimigos do povo português...

Ramalho Eanes....um andrógeno do 25 de Abril e da REVOLUÇÃO... teve o desplante [nesta era (hoje) sob resgate da troika] de aceitar ser homenageado no dia 25 de Novembro..Se fosse um homem genuíno, do 25 de Abril, devia ter dito que NÃO, redondamente e sem equívocos. Mas não..ao terceiro terço dos mistérios dolorosos, da santa madre igreja, após salvé rainhas...de oh clemente e oh piedoso.. que nem sei quem sois ..declarou aceitar a homenagem fracturante. Mas como tem uma missa em Alcains...(terra do meu apreço pelo belo cabrito que lá se esfola..) à qual prometeu não faltar...vai mandar a mulher (D.M.Portugal) e sua filha, alimentar, no dito jantar, a gula dos vampiros da nossa democracia...dos alegres e tristes algozes deste nosso burgo.

Mas sabem no fim disto tudo o que está em causa... é que alguns de nós que nascemos para chatear os malandros (de vários níveis) andamos para aí a espalhar que a culpa do que está a acontecer tem muito (quase tudo ou quase nada, ou qualquer coisa) a ver com uma certa data de um Outono de 1975....em que as nossas mais gloriosas esperanças (ao contrário dos dolorosos mistérios do terço da Virgem Maria) foram decapitadas por inconscientes medrosos ou por conscientes ao serviço do estrangeiro.

E, ao lado desse desígnio, militares, como Melo Antunes, (chefe dos "nove") que passando por Bissau em Agosto de 1974 ,transpirava (vulgo: suava) ao ter de enfrentar seus jovens Duran Clementes, Jorge Golias, Faria Paulinos, Bouça Serranos, Jorge Alves, Barros Mouras, Celsos Cruzeiros, Sousa Pintos, Matos Gomes e outros nobres capitães ou militares de ABRIL ..."assessores" ou "adjuntos" dum homem digno Carlos Fabião...Eu estava junto de Fabião que de Bissau mandou o General Spínola dar uma volta ao bilhar grande. Meus amigos, fui eu que traduzi, ao telefone, em Julho de 1973... Isto porque o general do monóculo queria teimoso aterrar em Bissalanca com as suas 27.000 fotografias para organizar mais um teatral e “falso” congresso do povo guineense…numa última tentativa de abafara descolonização e evitar o inevitável: a já declarada e reconhecida, por quase 100 países, independência da Guiné-Bissau!!! Nessa ocasião pasme-se Melo Antunes ainda andava indeciso com a problemática descolonização. Por isso, antes de morrer, declarou que ela tinha sido uma tragédia. Espero que tivesse, no seu íntimo, responsabilizado essa “proclamada desventura” a António Salazar, a Marcelo Caetano e à ditadura fascista.

Um exemplo da ética de Ramalho Eanes.
Mas ainda hoje se fala aos quatro ventos da ética de Ramalho Eanes. Pois bem, vou-vos contar este acontecimento. Em 1977 o Conselho da Revolução (CR) para apaziguar os militares resolveu promover a publicação dum Decreto-Lei que reintegrava todos os militares “expulsos” das Forças Armadas em consequência dos eventos do 11 de Março e do 25 de Novembro. A coisa foi noticiada em caixa alta nos jornais. Só que esta aparente generosidade de Eanes e dos seus membros do CR estava eivada dum manhoso subterfúgio. Os militares do 25 de Novembro não tinham sido formalmente expulsos, logo a lei não iria aplicar-se a eles.. Depois de termos dado conta disso avisou-se Vasco Lourenço (eu mesmo escrevi uma carta a Melo Antunes) inquirindo-os se tinham consciência do logro. Estes discutiram o facto com Eanes. Afinal a lei não contemplava os militares injustamente acusados de golpe no 25 de Novembro. Viemos a saber que a ética de Ramalho Eanes impediu que o texto da lei fosse adaptado e nos contemplasse. Éticas e manhas. Manhas e lógicas de medo e de falta de saber!!! Como hoje...

Continuarei ...se não houver problemas técnicos...há mais para contar!!!

Manuel Duran Clemente
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24.11.13

Ontem, com 89 anos



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Eles não sabem, nem sonham



Rómulo de Carvalho / António Gedeão nasceu num 24 de Novembro – de 1906. Professor de Química, que os seus alunos do Liceu Liceu Pedro Nunes e do Liceu Camões nunca esqueceram, estudioso e grande divulgador da História da Ciência, razão pela qual se celebra hoje, data do seu nascimento, o Dia Nacional da Cultura Científica.

Também poeta, autor de numerosos livros e do texto que deu vida à inesquecível canção Pedra Filosofal, que continua a atravessar gerações. Um pretexto como qualquer outro para a ouvir de novo, com a beleza de sempre e oportuna hoje como em 1969, quando Manuel Freire musicou o poema publicado em Movimento Perpétuo (1956).


Fica também este manuscrito com parte do poema «Como será estar contente», publicado em Máquina de Fogo, 1960:


Lançar os olhos em volta, / moderado e complacente, / e tratar com toda a gente / sem tristeza nem revolta? / Sentir-se um homem feliz, / satisfeito com o que sente, / com o que pensa e com o que diz? / Como será estar contente?

Deve haver qualquer mecânica, / qualquer retesada mola / que se solta e desenrola / no próprio instante preciso, / para que um homem de carne, / de olhos pregados no rosto, / possa olhar e rir com gosto / sem estranhar o som do riso. (...)
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Também subiram a escadaria


... mas a polícia não foi mansa. Faz hoje 20 anos, durante a luta anti-propinas.


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Apenas incompetente e ignorante



«Depois de ter promovido várias nacionalizações de empresas portuguesas por Estados estrangeiros, EDP e REN por exemplo, o Governo decidiu dar um outro passo no caminho da colectivização dos meios de produção. A estratégia consiste em criar um banco público que ajude, nas palavras do Governo, as empresas. (...) Diz que é um Governo liberal. Mas é mais um Governo que se comporta como um bombeiro pirómano: vai tentar salvar as empresas que ele próprio se encarregou de incendiar. (...)

O Governo não é nem liberal, nem social-democrata, nem nada. É apenas incompetente e ignorante. O pior é que essa incompetência e ignorância está a transformar o país num lugar em que apoiar as empresas é pôr o Estado a financiá-las e a geri-las e os apoios sociais acabarão por ser apenas sopas para os pobres.»

Pedro Marques Lopes