6.4.14

As liberdades contra a ditadura e o liberalismo



Acaba de sair o número de Abril de Le Monde Diplomatique (edição portuguesa), que comemora o 40º aniversário da Revolução e o 15º do jornal no nosso país. Para além de muitos outros textos, inclui um vasto dossier sobre as Liberdades Constitucionais (*).

Excertos do texto de Sandra Monteiro «Liberdades contra liberalismo».

«A história da democracia portuguesa, a partir de 1974, é em grande medida a história do confronto entre, por um lado, os valores da igualdade, proporcionalidade, protecção da confiança e dignidade da pessoa humana, que a Constituição protege, e, por outro lado, os valores liberais (em fase neoliberal ou ultraliberal) que cultivam o individualismo sentenciando à pobreza a maioria dos indivíduos, e que enaltecem a liberdade de escolha destruindo a autonomia substantiva dos cidadãos. O projecto liberal traz sempre a liberdade na ponta da língua, mas a sociedade que pretende criar, que está a criar, visa substituir as comunidades por sociedades de seres atomizados, entregues à sua sorte (ou à lotaria da classe em que nasceram). (...)

Hoje, o medo e o desespero que a realidade impõe só podem ser combatidos pela audácia de uma acção colectiva que recuse a liberdade totalitária dos credores, da armadilha da dívida, da Europa monetarista do Tratado Orçamental. São estas alavancas que podem evitar políticas de empobrecimento duradouro, seja por via da redução do poder de compra, seja por via da destruição do Estado social.

As liberdades que precisamos de ocupar, com a nossa presença e acção empenhadas, têm também de estilhaçar, tornando-o plural, o espaço que o liberalismo sequestrou para a sua narrativa do «natural», da «mudança impossível», da «inexistência de alternativas». O campo económico e o dos media são bons exemplos desse regime de quase-monopólio que os liberais querem impor a toda a sociedade, como se sonhassem com uma só lógica económica (a empresarial) e uma só lógica mediática (a da reprodução das narrativas dominantes).»

Na íntegra AQUI.

(*) Também contribuí com um texto sobre «Liberdade de expressão e informação», que divulgarei aqui oportunamente. 
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