3.4.14

E quanto a líderes da social-democracia europeia...



Manuel Loff, no Público de hoje, a propósito da nomeação de Manuel Valls como primeiro-ministro francês.

«O que têm em comum todos estes líderes da social-democracia europeia dos últimos 20 anos, os da treta do Fim da História? O buraco que cavaram dentro si próprios ao decretar o fim das ideologias (Valls acha que o adjetivo socialista “é datado, já não significa nada”, e por isso publicou em 2008 o livro Pour en finir avec le vieux socialisme... et être enfin de gauche!) é habitualmente coberto por uma ambição pessoal desmedida, que, curiosamente, é tida pelos seus apoiantes como uma garantia de determinação e empenho. Passaram pelos movimentos estudantis (umas vezes vindos da extrema-esquerda, outras, como Blair e Sócrates, da própria direita), dali foram diretamente para cargos partidários, deputados, assessores. Nos países do Sul, viraram maçons. Apostaram na comunicação. Seduzir jornalistas está-lhes no sangue. Quando não conseguem, movem cordelinhos para os reduzir a pó. Nunca vêm, isso não, do mundo do trabalho, ao contrário de muitos dos seus antecessores até aos anos 70, sobretudo na Europa do Norte. (...)

Admitem publicamente que não partilham quase nada da cultura histórica da esquerda: as revoluções – francesa, russa, portuguesa – parecem-lhes totalitárias, eram jovens de mais para terem feito alguma coisa em 1968 (ou em 1974), e quando olham para a guerra do Vietname, Che Guevara e a descolonização só vêem o que chamam geopolítica e desprezam a emoção emancipadora que atravessou o mundo. Podem hoje papaguear umas coisas sobre Mandela, às vezes Gandhi, mas sabem tanto deles quanto sabem da vida de uma operária têxtil que perde o emprego.» 
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4 comments:

Niet disse...

Manuel Loff tem as melhores intenções do mundo, uma ratio humanista e um desejo de representação muito exagerado sobre o perfil do politico profissional nos conturbados tempos que correm...Ele lá sabe porquê!!! Valls é tudo menos um aparatchik, como é evidente, ao contrário dessa famigerada dupla simiesca e degenerada constituida por Passos & Sócrates... Se o fosse não tinha de modo algum integrado o staff de Michel Rocard em Matignon, na sede da presidência do Conselho de Ministros, que Rocard dirigiu durante mais ou menos 1000 fabulosos dias. No Le Monde de ontem, dia 3/4, há um " papier " notável sobre as ideias e os valores do novo PM. Gérard Grumbach, sociologo emérito do CNRS,frisa que os três anos que Manuel Valls passou no gabinete de Rocard, PM de 1988 a 1991, foram " essenciais na sua formação ". " Valls é um rocardiano, isto é, um realista, um adepto do " falar verdade ". Como Rocard, é antimarxista. Como ele, é um reformista que se assume como não pertencendo à ala ortodoxa do P.Socialista francês ". Salut! Niet

Joana Lopes disse...

Niet, onde já vão os anos 80! Mas vou procurar esse texto de Le Monde.

Niet disse...

Carissima Joana Lopes: O Michel Rocard mantém ainda hoje, com 83 anos, uma actividade editorial muito profunda e vasta: artigos de fundo em todas as grandes publicações regularmente, e com enorme impacto; conferências internacionais múltiplas e pelos quatro cantos do Universo; e, sobretudo, uma aura de prestigio politico intocável por todo o Mundo. Ora, Valls cresceu e "fez-se "com Rocard, aos 20 anos!O que é imenso: MR, o super-inteligente " hamster " da Esquerda francesa influenciou e usufruiu durante mais de 30 anos de uma " magistratura " singular e poderosissima no mainstream da alta politica pariseense, em particular,e mundial, em geral. O que se pode projectar/avaliar, no entanto, é se Valls " escolheu " os melhores para tentarem " reparar " o caos deixado por dois anos de " hollandismo " arrepiante e funesto!Isso estamos para ver! Salut! Niet

Porto Santo disse...

E o Hollande é socialista????

http://lutapopularonline.org/index.php/internacional/1029-francois-hollande-o-charlatao