15.8.16

O impacto das Economias Emergentes



«A proeminência global do Ocidente é historicamente recente. Durante milénios outras civilizações foram mais avançadas do que a nossa. Civilizações como a chinesa, a indiana e a egípcia foram mais sofisticadas em domínios como a ciência, a tecnologia, a cultura e a administração pública. A Europa viria a conquistar uma gradual ascendência global com a convergência entre a expansão marítima intercontinental a partir do séc. XVI, o vasto domínio colonial e a revolução industrial. Os últimos dois séculos, desde um pouco após 1800, foram caracterizados por uma economia mundial liderada pelos países ocidentais.

Contudo, factores como a globalização e a integração comercial do mundo criaram novas condições de crescimento económico nas economias mais atrasadas. Como num movimento pendular da economia global, as economias em desenvolvimento, que pareciam perpetuamente condenadas à pobreza, crescem actualmente, em média, a um ritmo muito superior ao das economias “ricas”. (…)

Essas economias não são apenas as mais conhecidas e mediatizadas pela sua dimensão (os “BRIC” - China, Índia, Brasil e Rússia) mas também um elevado número de outras, de diversas dimensões e características, nos vários continentes. Países como a Turquia, a Arábia Saudita, a Argentina, o México, a Indonésia ou a África do Sul são poderes em ascensão. Mas muitas nações de reduzida dimensão são igualmente emergentes. (…)

Contrariamente a ideias erradas que persistem, as economias emergentes ultrapassaram a mera condição de fornecedores de matérias-primas, representam agora uma elevada e crescente percentagem da produção industrial do mundo (como se vê constatando a origem dos produtos que todos compramos) e entram já, fortemente, em mercados de tecnologia muito avançada e de sofisticados serviços. (…)

As nações em desenvolvimento já não podem ser vistas simplesmente como países miseráveis, pobres e atrasados. Nos próximos anos essas nações avolumar-se-ão diante de nós como impressionantes competidores, como poderosos consumidores e como detentores das mais avançadas tecnologias. Por outras palavras, terão, perante nós, um grande poder. Novas marcas originárias desses países tornar-se-ão globais. As empresas portuguesas terão que enfrentar novos competidores provenientes desses países, mas neles terá também novos mercados potenciais.

Enquanto a Europa se desvanece consigo própria o mundo transforma-se e o centro de gravidade do poder global afasta-se. Muito na nova estratégia dos europeus deve recentrar-se considerando a nova realidade económica das nações emergentes.»

Pedro Jordão
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