14.10.16

O pipi dele



«As eleições nos EUA estão na recta final e esta semana ficou marcada pelo segundo, e penúltimo, debate entre os candidatos e a divulgação de um vídeo, com 10 anos, onde, resumindo, Donald Trump diz que não aguenta ver mulheres bonitas e que as pode beijar e "grab them by the pussy", mesmo contra a sua vontade, só porque é uma celebridade. Falando por mim, garanto-vos que não é assim.

Trump confunde conversa de balneário com paleio de sarjeta. Vê-se bem que ele está gordo e não faz desporto. Nos nossos dias, a conversa de balneário é sobre quem levanta mais peso, tomou proteína ou fez flexões em menos tempo. A conversa de Trump não é de quem anda de fato de treino a malhar no ginásio, é de quem anda de gabardina no apalpanço nos transportes públicos.

De repente, Trump vê-se abandonado, em parte, pelo Partido Republicano, por dizer, em privado (numa gravação de dois minutos), que é um cão de Pavlov com mãos de gorila e cérebro de coelho quando há mulheres giras por perto. Percebo o choque, mas este é o mesmo Trump que falou sobre expulsar todos os muçulmanos, sobre o uso de bombas nucleares contra países, sobre como todos os mexicanos são violadores e ladrões e a maioria dos negros criminosos. É o mesmo Trump que falou sobre torturar prisioneiros. Tudo isto foi dito, não como conversa de balneário mas como discurso e ideias para o futuro da maior potência mundial. A moral do partido republicano é muito estranha. É como aquelas pessoas que adoram cozido à portuguesa mas toucinho, nem pensar! Que nojo! (…)

O debate não foi o banho de sangue que todos esperavam. Hillary acabou por quase deixar empatar um jogo que, antes de começar, já vencia por 7-0. Quando vejo Hillary e Trump, lembro-me daquelas eleições no meu SCP onde tinha de escolher, respectivamente, entre o Bettencourt e o Paulo Pereira Cristóvão. Na altura, não votei mas é evidente que uma pessoa no seu perfeito juízo, e apesar de tudo o que representa Hillary, tem de votar contra Trump. Neste caso, é mesmo uma questão de vida ou de morte.»

João Quadros

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