29.10.18

O que digo aos brasileiros de cá



«"Lembro-me que, no último dia de março, domingo, o estádio José Alvalade encheu-se para jogo contra o grade rival. Dez minutos antes de o árbitro apitar, a multidão virou-se para a tribuna de honra, onde um homem se destacou e abriu os braços: ovação. Marcelo Caetano sorriu. Não sabia que era a sua última apoteose." Eu não vi a apoteose porque em setembro de 1969 atravessei o rio Minho num batel, passei 5 anos como exilado político e só regressei com a liberdade. (…)

Eu sei, mas eles não sabem, que no domingo passado, ontem, eles estiveram como os portugueses, num domingo de março longínquo, aplaudindo a tribuna errada. Três semanas depois, a maioria dos portugueses do estádio de Alvalade virou o bico ao prego e precisei deles nas manifestações democráticas. Os brasileiros de Lisboa vão precisar de mais tempo para perceber quem é Jair Bolsonaro.»

Ferreira Fernandes
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