7.4.18

Os golpistas não terão a última palavra


«Não se trata, no momento, de saber o que cada um pensa dos mandatos do PT, das alianças espúrias que fez com os representantes de interesses poderosos (dos patrões do agronegócio aos evangélicos conservadores), dos tiros no pé que deu, dos esquemas que alimentou. Neste momento, a etapa é outra e é nova. Há no Brasil um neofascismo com expressão popular, que faz do anti-petismo o seu mantra, tem as suas redes de comunicação, os seus candidatos, os seus militares, as suas milícias, que não se inibe de recorrer à violência política pura e dura, que tem saudades da ditadura militar – e que tem feito os seus mortos. Contra ele, há um campo que se organiza para resistir ao duríssimo golpe que foi ontem dado contra a democracia, contra a Constituição, contra as vozes que podem pôr em causa o sinistro processo iniciado com o impeachment. Nesse campo, cabem muitos, mais críticos ou menos críticos do ex-presidente. Cabem, na verdade, todos os democratas.»

José Soeiro
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Lula da Silva




Pense-se o que se quiser. Mas nem em pesadelos pessimistas, imaginei alguma vez assistir, em directo, ao adeus de Lula para entrar numa prisão.


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Sporting



Calma! Isto resolve-se.
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O destino de Lisboa



«Pode parecer um exercício de saudade, mas é mais de realismo. Lisboa era uma cidade típica, sem ser moderna. Décadas depois, ainda não conseguiu ser moderna, e arrisca-se a deixar de ser típica. Lisboa desinvestiu dos bairros e não investiu numa estratégia visionária que a fizesse moderna sem achincalhar o passado alfacinha e sem ignorar a riqueza cultural que a emigração lhe trouxe. A questão é que Lisboa continua sem ter direito a uma visão criativa por parte de alguém que a tente transformar naquilo que deve ser: uma cidade cosmopolita, mas agradável para viver, trabalhar e passear. Duas décadas depois da Expo'98 Lisboa definha, porque está a perder a sua alma, que o número de turistas não substitui.

A pressão imobiliária está a transformar Lisboa numa cidade sem habitantes que lhe dêem espírito. Todos os dias agentes de fundos imobiliários e de agências tocam às campainhas de casas e fotografam prédios, causando uma pressão inimaginável sobre os que resistem e ainda tentam habitar na zona mais central da capital. Face a isto, que faz a CML? Olha, impávida e serena, porque no fundo foi essa a estratégia de Manuel Salgado desde que chegou à CML. Há hoje uma Lisboa desertificada no seu centro, onde as pessoas deixaram de viver. Os serviços públicos foram saindo do centro para edifícios gigantescos e, com isso, enterrou-se todo o pequeno comércio que dele dependia e a vida própria que eles garantiam. Foram as decisões políticas que arruinaram de vez a Baixa. Sem a vida de pessoas novas, com empregos criativos, será difícil que o centro de Lisboa atraia mais turistas e gere riqueza. Riqueza intelectual, cultural e económica. Só isso permitirá uma Lisboa diferenciada e não falsa, pejada apenas de cadeias internacionais semelhantes a todas as cidades. Elas são desejáveis, mas deve haver um equilíbrio.

Lisboa precisa de ser autêntica, na sua fascinante diversidade. Não pode fingir que é cosmopolita, correndo com os sem-abrigo da Baixa, para que os turistas os não vejam. E isso tem sido feito, de forma silenciosa, fazendo com que eles vão "subindo" para outras áreas de Lisboa. Não se resolve o problema: esconde-se, tal como se faz quanto ao imobiliário, às "lojas históricas" e aos idosos corridos a pontapé das suas casas por gente sem escrúpulos. Sobre isto, a CML diz nada.

Há muito para discutir sobre Lisboa. Mas, sobretudo, a discussão deveria deixar de se centrar na Lisboa menina e moça e passar a fazer-se sobre a Lisboa adulta, culturalmente diversificada, e que é fruto de um país de serviços e não de criação de riqueza como é Portugal. Lisboa tem de ser criativa e não apenas ficar hipnotizada pela riqueza rápida que o turismo trouxe. Lisboa é o maior postal ilustrado de Portugal, basta aterrar de avião aqui, olhando a cidade banhada pelo sol, para perceber isso. Deveria ser magnífica.» 

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6.4.18

Dica (740)

E Lisboa a parecer-se com Pequim – essa é que é essa!



Por cá, ainda dá para refilar. Mas no fim do dia...
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«"Tenho 79 anos. Nasci na casa onde sempre vivi, em Alfama. Foi preciso vir uma miúda com vinte e tal anos para me expulsar. Pois eu dali só saio morta!" Chama-se Felicidade Silva mas o seu rosto idoso e cansado não mostra o estado de alma do nome.»

Somos todos Ronaldo



«O golo de pontapé de bicicleta de Cristiano Ronaldo no triunfo (3-0) do Real Madrid sobre a Juventus, nos quartos de final da Liga dos Campeões, tornou-se em poucos minutos, até graficamente, um ícone do futebol mundial. É um momento histórico. Afinal, Portugal tem meios aéreos que ninguém supunha. O golo foi de tal modo extraordinário que já há quem chame a Cristiano Ronaldo o Centeno da UEFA.

Confesso que ainda esperei pelo final do jogo e pelas análises "antidoping" porque estamos habituados a que sempre que alguém consegue um grande feito de bicicleta é porque estava dopado.

Como não tenho memória curta, não considero que este tenha sido o maior momento na carreira de Ronaldo, não nos podemos esquecer do que ele fez durante o último Europeu de Futebol. Aquela atitude, do nosso capitão, de atirar o microfone da CMTV para o lago foi uma obra-prima. Na altura, pensei: mesmo que CR não ganhe este ano a Bola de Ouro (ganhou), o Pulitzer do jornalismo já não lhe escapa. Para mim, Cristiano é a verdadeira biblioteca de livros de auto-ajuda. Vale por mil palestras de empreendedorismo e motivação. Há quem viva da teoria do "bate punho" e há os que a praticam.

É muito estranha a relação de alguns portugueses com o Cristiano. Convivem mal com o sucesso do rapaz. Muitas vezes, pergunto-me: será que gostam mais do Messi porque julgam que ele é do Entroncamento? Há uma má vontade para com Ronaldo de alguns portugueses. Lembro-me de que quando CR andava com a Irina, nos programas de bola chegaram ao ponto de dizer que a miúda não era nada de especial. Só faltou dizer que era um bocado gorda e tinha mau hálito.

Uma das frases que mais vezes oiço é: "Eu não gosto do Ronaldo porque ele é um bocado bimbo" - e normalmente isto é dito por um indivíduo com calças de corsário, camisola de alças, óculos escuros no topo da cabeça e com "headphones" dourados nos ouvidos a ouvir D.A.M.A.

Tenho enorme orgulho no Cristiano, gostava de lhe dar um abraço, mas imagina que o despenteava?! Estava tramado, nunca mais teria dinheiro que chegasse para lhe pagar um penteado novo.

Já me questionei, independentemente do facto de ser português e, mais importante, sportinguista, qual é o melhor jogador do mundo. Cristiano ou Messi? A minha resposta é simples. A ter de viver num mundo em que só um deles exista, claramente optava por ter estado vivo para ver jogar Ronaldo. Por tudo o que significa e que vai muito além do futebol e da possibilidade de ver fotos das namoradas. Por mim, está resolvido o problema do dinheiro para as artes, vai tudo para o Cristiano.»

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5.4.18

Dica (739)




«A Internet of Things (IoT) na conceção do produto, um modelo de negócio centrado no serviço por parte dos fabricantes e a impressão em três dimensões 3D – ou manufatura aditiva – são, de acordo com a IFS, uma empresa de consultoria global, os fatores mais relevantes para o setor da produção e da indústria no futuro próximo.»
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05.04.1976 - Repressão policial na Praça Tiananmen



Bem antes de 1989, em 5 de Abril de 1976, a célebre praça de Pequim foi palco de uma forte repressão policial, para impedir comemorações em honra de Zhou Enlai que morrera poucos meses antes.

Em Cisnes Selvagens, Jung Chang refere assim os incidentes:

«A 8 de Janeiro de 1976, faleceu o primeiro-ministro Zhou Enlai. Para mim e para muitos outros chineses, Zhou representara um governo relativamente liberal e são de espírito que se esforçava por fazer o país funcionar. Nos anos negros da revolução Cultural, Zhou tinha sido a nossa única e débil esperança. (…)
[Na Primavera] Em Beijing, centenas de milhares de cidadãos reuniram-se na Praça de Tiananmen durante dias seguidos, para honrar Zhou com coroas de flores especialmente preparadas, leitura de versos apaixonados e discursos. Através de simbolismos e numa linguagem que, apesar de codificada, toda a gente compreendia, deram largas ao seu ódio contra o Bando dos Quatro, e até contra Mao. Os protestos foram esmagados na noite de 5 de Abril, quando a polícia atacou a multidão, prendendo centenas de pessoas. Mao e o Bando dos quatro chamaram a este movimento “um levantamento contra-revolucionário do tipo húngaro”».

13 anos mais tarde, foi o que se sabe.
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Diálogos culturais


Num pequeno restaurante, na mesa ao lado da minha, um casal bem-apessoado planeia uma viagem.

- Florença?
- Mas o que há a ver em Florença?
- Sei lá! Esparguete? Pizas?

Abençoados!
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A indiferença frente às prisões políticas em Espanha



«Não me estranha, como péssimo sinal de indiferença cívica, o pouco ou quase nada que os portugueses têm feito em solidariedade com as prisões políticas na Catalunha. Com excepção de um pequeno grupo de personalidades da esquerda, há um silêncio avassalador em todas as áreas da vida política, com relevo para o PS e o PSD. Fazem mal porque é responsabilidade de todos nós que aqui ao lado se façam perseguições políticas a eleitos numas eleições convocadas pelo próprio Estado espanhol, sendo que se apresentaram às urnas nessas eleições com um programa claramente independentista. O que é que se espera que defendam?

Há dois factores graves no que se passa. O primeiro, é que se pode e deve solidariedade com presos políticos na democrática Europa, sem necessariamente concordar com a sua causa. O segundo, é que uma coisa são posições governamentais, presas por acordos e compromissos e pela realpolitik europeia antidemocrática dos últimos anos, outra as posições de partidos políticos que deveriam ter autonomia para intervirem civicamente na sociedade sem a coacção das obrigações que, muitas vezes erradamente, tolhem governos e estados.

Temos relações diplomáticas com a Rússia e isso significa que não nos podemos manifestar contra o carácter fictício do seu processo eleitoral e a perseguição aos opositores de Putin? Só faltava. E não podemos fazer o mesmo com Espanha? Só faltava.

Só faltava que Espanha se somasse a Angola nas causas de que não se pode falar, porque prejudica os "interesses portugueses", como nos dizem ser a razão dos silêncios incomodados com que temos assistido a contínuas violações dos direitos humanos em pseudodemocracias como é Angola e a Espanha vai a caminho.

A política de repressão seguida pelo Estado espanhol na Catalunha exige o nosso protesto. Ponto. Sob pena de começarmos a olhar com medo para um vizinho país amigo em que o "espanholismo" como sempre na história dos últimos séculos é uma das faces mais agressivas. Contra a Catalunha e historicamente contra Portugal.» 

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4.4.18

Centeno, o herói



«O cândido ministro da Saúde, num momento de romantismo exacerbado, veio garantir que no Governo actual "todos são Centeno". Ou seja, o seu coração não toma decisões.

Depois de emocionalmente ter decidido que haveria todas as razões plausíveis para dar dinheiro a algo, olha para as mãos e sente-se um replicante de Eduardo Mãos de Tesoura. Sabe-se que o dinheiro é escasso e tem de estar guardado para ir dando de alimento aos glutões bancários, e que é preciso pagar aos credores e estar nas boas graças de Bruxelas, mas a afirmação de Adalberto Campos Fernandes é mais vasta. Diz-nos, sem luvas de pelica, que as finanças são a ideologia do Governo. Tudo o resto são "paixões" (a educação, a cultura, e tantas outras coisas), e estas, como se sabe e vê, giram ao sabor do vento. Da mesma forma que a "austeridade" não desapareceu, apenas se transformou de sólida em gasosa. Campos Fernandes foi o megafone de uma política de melancia: por fora tudo é verdinho e promete doce, mas por dentro tudo sabe a dinheiro e é amargo.

Este fascínio por Mário Centeno estendeu-se até a Ana Catarina Mendes, que o quer com lugar cativo (eu cativo, tu cativas, ele cativa…) num próximo Governo. Não admira: Centeno é o herói stakanovista deste executivo. Com o seu lápis atrás da orelha e o papel pardo onde vai escrevendo os deves e os haveres, ele é o dono da solidez económica da mercearia. Sem ele, e com o apetite do PCP e do BE à solta, este modelo de governação teria implodido à primeira vicissitude. Centeno é um homem do aparelho do Banco de Portugal e fala a linguagem dos mestres do rigor de Bruxelas e Frankfurt. Não discute emoções: faz equações e somas de sumir e subtrair. Centeno é a guarda pretoriana de António Costa. E por isso tanta reverência, tanto amor, tanta devoção a um mestre das Finanças. Nada que surpreenda. Portugal parece gostar, há muito, de quem cuide das finanças. Porque vê, demasiadas vezes, demasiadas mãos largas a lidar com o dinheiro público.»

Fernando Sobral
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Ronaldo



Bem explorado, o golo do Ronaldo pode durar até ao Verão, apagar todas as tristezas, fazer baixar o défice, calar os artistas e pôr todos os portugueses a cantar que são Centenos.
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50 anos sem Luther King



Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de Abril de 1968.

Um mês depois, em 4 de Maio, devia ter tido lugar, no salão de uma igreja de Lisboa, uma sessão em sua homenagem. Estava planeada a projecção do filme «Marcha em Washington», seguida de um debate orientado, entre outros, por Luís Lindley Cintra e José Carlos Megre. 

Na véspera, a PIDE proibiu a sessão. Mas à hora marcada concentraram-se centenas de pessoas em frente da igreja de portas fechadas. Como em muitas outras ocasiões, tudo acabou com dispersão, à força, desta vez por agentes da polícia à paisana. 

Foi depois elaborado, e amplamente distribuído, um folheto intitulado «Porquê?» com um breve relato dos acontecimentos. Terminava com uma citação do próprio Luther King: 

Não vos posso prometer que não vos batam, 
Não vos posso prometer que não vos assaltem a casa, 
Não vos posso prometer que não vos magoem um pouco. 
Apesar disso, temos que continuar a lutar pelo que é justo.




Era assim que vivíamos / tentávamos viver os grandes acontecimentos da História.
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3.4.18

Dica (738)




«Only one country seems eager to deal with the ramifications of China’s rise: India. Across dozens of world capitals, confidence is repeatedly expressed that India will seek, in the decades to come, to balance China. And in no capital is this sentiment expressed more loudly than India’s own.»
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02.04.1976 - a primeira Constituição depois de Abril



A Constituição da República Portuguesa foi aprovada em 02.04.1976 por todos os partidos, à excepção do CDS: os seus 16 deputados votaram contra. Uma espinha espetada na garganta de muitos, que, apesar de todas as revisões que já tiveram lugar, gostariam de apagar muito daquilo que se conseguiu salvaguardar até hoje.

Nesse mesmo dia teve início a campanha para a primeira eleição de deputados à Assembleia da República, que viria a ter lugar a 25 de Abril.


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Bem a propósito de tantas coisas...


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A opção cultural



«"Les Demoiselles d'Avignon", de Picasso, inaugurou o modernismo na pintura há pouco mais de um século. O quadro de Picasso foi uma ruptura entre o passado e o presente. O modernismo foi, nas artes, a vitória da forma sobre o conteúdo. Inspirou, sem o saber, o olhar da política nacional sobre a cultura. Tudo é forma, nada é conteúdo. Os resultados dos apoios da DG Artes à área do teatro exemplificam como funciona o pronto-a-vestir em que se transformou o arbítrio do gosto aliado à celebrada burocracia bafienta que costuma decidir as propostas. O amor à cultura, que sucessivos políticos professam antes das eleições, esbate-se rapidamente com o tempo. Até porque a cultura deixou de garantir conforto moral a quem quer liderar um país. Uma "selfie" ao lado de um craque de futebol garante mais exposição mediática do que uma foto com os melhores actores ou dramaturgos nacionais. A cultura é, há muito, um sector desvalorizado em Portugal. É quase uma nostalgia pouco perdoável. A culpa não é só dos políticos: é de toda a sociedade. Basta olhar para a comunicação social portuguesa e ver que espaço se dá à cultura. A cultura tornou-se um fóssil.

Agora é recordada porque os monumentos maltratados atraem turistas. E o turismo, sabe-se, é agora o Harry Potter do país. Ninguém parece pensar que a criação cultural interligada com o património existente funciona como as duas faces da moeda de desenvolvimento e modernidade de uma nação. São locomotivas de uma sociedade mais criativa e, por isso, capaz de abrir novas avenidas sociais e económicas. Custa a perceber, no meio desta transformação da cultura num parque temático decadente, o que ainda motiva o ministro da Cultura a manter-se no cargo. A não ser que goste de ser uma versão nacional de um modelo do museu de cera de Madame Tussauds. Mas cada um escolhe o seu lugar no mundo. A opção cultural há muito que desapareceu de uma sociedade portuguesa que empobreceu na sua alma. As decisões da DG Artes são apenas o triste epílogo de tudo isso.»

Fernando Sobral
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2.4.18

Xangai e «the end»



Já em Lisboa, resumo a última etapa da viagem. Acabei por rever pouco Xangai, porque o nevoeiro atrasou muito significativamente o desembarque, já que o porto esteve fechado durante longas horas. Mas deu para perceber que não só em Pequim se deu uma explosão., em termos de número de arranha-céus e não só. Talvez não tão espectacular como na capital ou eu é que já não estava preparada para outra surpresa.

Pudong lá está com a sua Oriental Pearl TV Tower e muitos outros imponentes edifícios, mas confesso que não aprecio muito o tipo de iluminação multicolor adoptado, um pouco estilo Las Vegas… Multidões em todas as ruas, durante o dia e a noite, um mar de gente. Incrível!

Como qualquer segunda cidade de um país, que se preze, Xangai diz-se melhor, maior, mais bonita, mais habitada e com mais futuro que Pequim. Mas queixa-se dos mesmos males: preços a subir, sobretudo em termos de habitação: viver no centro passou a ser proibitivo excepto para uma reduzida minoria, o que atrasa ou impossibilita o casamento de jovens, já que se mantém a tradição de ser o noivo a ter de comprar ou alugar um apartamento e de os pais da noiva serem muito relutantes a «conceder» a filha se o futuro marido não tiver já o dito apartamento em carteira. As pequenas velhas casas do centro já foram ou estão a ser demolidas e os moradores realojados, em melhores condições mas longe e nem sempre com transportes públicos para a cidade. Entretanto, o número de ricos aumenta em flecha. (Pequeno apontamento: no avião em que vim, a 1ª Classe vinha inteiramente ocupada por chineses, os ocidentais vinham (poucos) na Business, a grande maioria na Económica.)

Enfim, venho do «país, dois sistemas», sem perceber o que resta do primeiro. Tudo aquilo parece capitalismo puro e duro. «Sui generis», com concorrência feroz, sem ponta de democracia e com a «virtude» de estar a tirar milhões da miséria (embora a maioria esmagadora nela continue). Mas «comunista»?





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