8.9.18

Sempre actual


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Dica (807)



A Matter of Survival How to Humanely Solve Europe's Migration Crisis (Nicola Abé)

«Few topics have been as divisive in Europe as the question of what to do with the flood of migrants arriving on the shores of the Mediterranean. But a moral solution is possible. DER SPIEGEL spoke with experts about how it can be found.»
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Verdade desportiva. Ah! Ah! Ah!



José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«O interessante e pouco surpreendente exercício de contenção de danos que sucessões de adeptos do Benfica, célebres, consagrados, eminentes juristas, e homens que só eles sabem quem são, fazem, com a cumplicidade activa da comunicação social reduzida a esta miséria, tem como objectivo dizer que, se houve ilegalidades, elas foram de um homem ou dois e não atingem o clube, nem essa coisa contraditória nos seus termos, chamada a “verdade desportiva”. Isto porque uma das sanções previstas, em absoluta teoria e em absoluta impossibilidade prática, inclui a proibição do clube jogar por uns meses e anos, ou ser despromovido para uma divisão inferior. A tese é que nenhum jogo foi ganho ou perdido, a célebre “verdade desportiva”, por causa de uma malfeitoria de espionagem ilegal ao sistema judicial e a várias bases de dados públicas, para obter informações sobre processos judiciais e dados sobre árbitros.

A questão é muito simples: na história da corrupção em Portugal há quatro componentes, três de cima, e uma de baixo. Completam-se como peças de um jogo, neste caso o jogo do nosso atávico atraso nacional. Nacional, português, nosso, que todos nós pagamos para alguns receberem. As três de cima são as dos grandes: a corrupção na política, nos negócios e no futebol, profundamente interligadas. A de baixo, é a pequena corrupção do dia a dia, que os portugueses praticam como quem respira e que, entre outras coisas, gera o pano de fundo para toda a corrupção, nem que seja pela fragilíssima condenação de ilegalidades quando são parecidas com as que os de baixo praticam. São tudo valentões contra a corrupção, no café e nas caixas de comentários e Facebooks, mas depois, como se vê no futebol, fecham os olhos tão forte que até dói.

O futebol é uma das máfias nacionais, aquela que mais às claras actua, até por sentimento de impunidade, que duvido, mesmo que estes processos consigam contrariar. Todos os componentes das máfias estão lá: associação de criminosos e comunidade à volta do crime consentido, se for a favor do “nosso” clube. A máfia em Itália e nos EUA também é assim, e parte o seu sucesso tem a ver com a parte comunitária: defesa da Sicília mais pobre, defesa da comunidade italiana nos EUA, protecção dos “seus”, definição de territórios, etc.

No futebol encontramos também a “emoção” da comunidade dos adeptos, do “Porto é uma nação”, ou “o Benfica é Portugal”, e no Sporting também deve haver uma variante, etc. E, por detrás disto um grupo de gente amoral, oportunista, conhecedora de todos os esquemas, vive e enriquece por conta do clube, protegendo-se por uma omertà que só é violada quando há competição pelo bolo, dando em troca aos adeptos “vitórias”. Estão todos sentados em cima de pilhas de dinheiro. Em qualquer empresa, os valores que circulam à volta da compra e venda de jogadores e treinadores no mundo igualmente mafioso dos “agentes”, seria notícia, aqui é trivial, aqui é a normalidade. Ninguém verdadeiramente se pergunta de onde vem e para onde vão estes milhões. Nem sequer aqueles que espumam quando sabem de algum alto salário nas empresas ou pequeno e médio no estado, dizem nada com os valores astronómicos que são pagos. Este dinheiro que circula por baixo da mesa, por offshores, e que dá origem em alguns países a processos de fraude e evasão fiscal, em que quase todos os jogadores e treinadores estão envolvidos, permite depois os cartões dourados, as despesas de tudo, desde os charutos à lingerie para prendas, os empregos para mulheres, primos e filhos, os carros, as mordomias, que tornam apetecível qualquer lugar no topo ou na base dos clubes de futebol.

Depois, como na máfia, há a circulação de promiscuidades entre o futebol, a política e os negócios. Nem vale a pena falar muito, porque está tudo à vista e não é pago nem por bilhetes de futebol, nem lugares VIP, nem camisolas. É uma troca de favores, que vale milhões em isenções fiscais, em fiscalidade “favorável” em autorizações para urbanizações e construções, tudo. E a tudo isto deve-se acrescentar o papel, como na máfia, de vários Consiglieri e Fixers, entre a melhor advocacia portuguesa e uma extensa rede de cumplicidades e favores na comunicação social.

E, por fim, last but not the least, os exércitos para a guerra, a violência, a defesa do território, as vinganças, e para pôr na ordem adversários e traidores, - as claques. Claques pagas com merchandising e tráfico de droga e cujos disciplinados soldados atacaram os jogadores do Sporting, e “puseram” na ordem, com algumas sovas até com mortes, ainda por esclarecer, no Porto, quem se lhes opunha ou no mundo dos negócios obscuros que controlam, da segurança à “noite”. Ai não sabem! Sabem, sabem, todos, dirigentes desportivos, jogadores, treinadores, polícias e ladrões.

Voltando à “verdade desportiva”, esse caso típico de um oximorón dialéctico, para os irritar com a intelectualidade. Então os homens queriam saber coisas sobre os árbitros, queriam saber coisas sobre as investigações sobre o clube, para quê? Para fortalecer o clube, permitir-lhe vantagens competitivas, fazer chantagem e corromper os árbitros, evitar sarilhos e garantir impunidade, e em linhas gerais aumentar o poder e o dinheiro disponível, inclusive para comprar e pagar melhores jogadores. E isso não tem nada a ver com o “relvado”? Com os jogos? Com as “vitórias”?

Eles acham que nós somos parvos e temos medo. Nem todos.»
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7.9.18

07.09.1975 – Quem se lembra dos SUV?




Os SUV (Soldados Unidos Vencerão) – uma auto-organização política de militares, clandestina, que se definia com «frente unitária anticapitalista e anti-imperialista» – apresentaram-se «embuçados por razões de segurança» numa conferência de imprensa realizada no Porto e transmitida pelo Rádio Clube Português , em 7 de Setembro de 1975.

Organizaram desfiles em várias cidades, mas julgo que nenhum teve a dimensão do de Lisboa, em 25 de Setembro, com apoio de partidos como o MES, a LCI, a UDP e o PRP. Centenas de soldados fardados, acompanhados por representantes das comissões de trabalhadores e de moradores e por uma verdadeira multidão, subiram do Terreiro do Paço até ao Parque Eduardo VII, onde teve lugar um comício. No fim deste, foram desviadas dezenas de autocarros da Carris, que levaram quem quis até ao presídio da Trafaria, de onde, pelas 2:00 da manhã, foram libertados dois militares que se encontravam detidos, precisamente por terem distribuído panfletos de propaganda da manifestação.

Para se perceber um pouco mais do que estava em causa, vale a pena ler o MANIFESTO com que os SUV se apresentaram, precisamente nesse 7 de Setembro.
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«Os mais poderosos»



O Jornal de Negócios publica todos os anos a lista do que considera serem os 50 mais «poderosos» com influência em Portugal (a nível da Economia, tanto quanto percebo).
Deixo a lista das 10 primeiros (metade não portugueses) e sublinho a ausência de Cristas na lista dos 50, da qual fazem parte os líderes de PSD, BE e PCP (curioso…)
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#1 Marcelo Rebelo de Sousa
#2 António Costa
#3 Xi Jinping
#4 Angela Merkel
#5 Mário Centeno
#6 Mario Draghi
#7 Donald Trump
#8 Pedro Soares dos Santos
#9 Paula Amorim
#10 João Lourenço

Critérios considerados: Poder da fortuna / Influência mediática / Influência empresarial / Perenidade / Influência política
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Quadratura do Círculo



Ontem à noite, uma cidadã põe som na TV por pensar que vai finalmente livrar-se de dramas futebolísticos, mas não: foram necessários 39 em 51 minutos para que as excelsas criaturas mudassem de tema e não falassem apenas de… futebol. A rentrée promete!
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O triste fim do transporte público



«Se os transportes públicos de massas avançaram a toda a velocidade na Europa na segunda metade do século XIX isso deveu-se à ampliação das cidades.

Estas passaram a atrair quem vinha dos campos à boleia da industrialização. Fora de Portugal os transportes públicos tiveram de ir atrás da dilatação do espaço urbano antigo. Já aqui, sem músculo significativo de crescimento industrial (foi preciso, por exemplo, a implantação da CUF no Barreiro para que as linhas de transporte entre Lisboa e o Sul do país se desenvolvessem), a implantação dos transportes públicos foi desordenada. Em finais do século XIX os seus utilizadores eram uma minoria que tinha dinheiro: não era para as classes populares. Em 1880, por exemplo, a média de viagens por ano era de 18. A que é que isto conduzia? A uma débil rentabilidade. Era no Verão que havia mais procura porque, nesse período, os lisboetas iam "a banhos", para as suas praias preferidas, como a Ajuda ou o Dafundo, ou então iam a Sintra "para refrescar". Só no início do século XX, com a chegada do eléctrico para substituir o "omnibus" e o "americano", o transporte público ganhou outra vitalidade: 115 viagens por ano e por habitante em 1910. Outras zonas da cidade de Lisboa passaram a ser habitáveis para quem tinha de se deslocar para o trabalho, como Campo de Ourique ou as chamadas Avenidas Novas.

A falta de espírito empresarial foi uma constante desde o início. A Carris, por exemplo, em vez de apostar nisso desde o início, preferia valer-se das influências políticas para garantir os seus lucros. Isto logo a partir de 1892. Os investimentos eram escassos: os portugueses com dinheiro preferiam investir nas bolsas de Londres e Paris e os estrangeiros, para investir aqui, impunham condições leoninas. Muita da essência da crise dos transportes públicos nasceu aqui. E, ao longo dos anos, estes sempre balançaram entre interesses políticos e investimentos pouco consistentes. A partir de certa altura a estratégia estatal foi privilegiar o transporte rodoviário face ao ferroviário ou mesmo ao público. A criação desse monstro que é a Infraestruturas de Portugal foi a cereja no topo do bolo desta estratégia que nos conduziu à degradação total da ferrovia no país. Nos últimos anos, com os cortes orçamentais, essa inacção foi ainda mais calamitosa, mas ninguém pode esquecer outros aspectos como o abandono das estações ferroviárias (há casos de polícia). Agora que a rede entrou na fase final de colapso está tudo nervoso. Há alguns milhões para comprar comboios novos que, imagine-se, estarão ao serviço lá para 2022 ou 2023. Até lá viveremos da boa vontade da Renfe espanhola, que pode ir alugando uns comboios para que os portugueses não se desloquem apenas de camioneta (alugadas a empresas privadas). Ou seja, a incompetência e a estratégia deliberada para asfixiar a rodovia tiveram sucesso. Agora é preciso começar quase tudo desde o início. Mas para isso era necessário um ministro a sério e uma administração da CP com voz forte. Lamentavelmente tudo se transformou num jogo partidário. Para ver quem coloca os seus na próxima administração da CP, da IP, da Carris, da Transtejo e tantas outras.»

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6.9.18

Turista brasileiro



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05.09.1972 - O massacre de Munique



No dia 5 de Setembro de 1972, o comando palestiniano «Setembro Negro» tomou como reféns onze membros da delegação israelita aos Jogos Olímpicos que tinham então lugar em Munique. Morreram logo dois desses reféns, mas, depois de uma intervenção de resgate falhada, levada a cabo pelas forças de segurança alemãs, acabaram por morrer mais nove atletas, cinco dos sequestradores, um polícia alemão e um piloto.



Se este foi, de longe, o mais dramáticos dos acontecimentos em Olimpíadas, não foi o único que ficou marcado por interferências políticas ou por protestos:

1896, Atenas (primeiros Jogos Olímpicos da era moderna) – Boicote da Turquia.

1936, Berlim – Os Jogos Olímpicos do nazismo.

1948, Londres – Japão e Alemanha (os dois grandes vencidos da Segunda Guerra Mundial) nem sequer são convidados.

1956, Melbourne – Boicote de Espanha, Holanda e Suíça contra a intervenção soviética em Budapeste e de Líbano e Iraque contra a posição da Austrália sobre o Médio Oriente. A China abandona os Jogos como forma de protesto contra a presença da bandeira de Taiwan.

1968, México – Power Salute

1976, Montréal – Boicote de vários países africanos como protesto contra a presença da Nova Zelândia, por esta ter disputado um desafio de rugby com a África do Sul, alguns meses antes (quando estava impedida de o fazer devido ao apartheid).

1980, Moscovo – Boicote dos Estado Unidos (seguido por 60 países) como protesto contra a intervenção soviética no Afeganistão.

1984, Los Angeles – Países do bloco soviético (excepto Roménia) e Cuba retribuem o boicote de 1980.

1988, Seul – Boicote de Coreia do Norte, Cuba, Etiópia e Nicarágua.

1992, Barcelona – Devido à guerra com a Croácia e a Bósnia-Herzegovina, a Jugoslávia não é autorizada a participar como país, mas os seus cidadãos são admitidos título individual.

(Podem faltar mais casos, evidentemente.) 
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Denegação por anáfora merencória



«Eu nunca fui obrigado a fazer a saudação fascista aos «meus superiores». Eu nunca andei fardado com um uniforme verde e amarelo de S de Salazar à cintura. Eu nunca marchei, em ordem unida, aos sábados, com outros miúdos, no meio de cânticos e brados militares. Eu nunca vi os colegas mais velhos serem levados para a «mílícia», para fazerem manejo de arma com a Mauser. Eu nunca fui arregimentado, dias e dias, para gigantescos festivais de ginástica no Estádio do Jamor. Eu nunca assisti ao histerismo generalizado em torno do «Senhor Presidente do Conselho», nem ao servilismo sabujo para com o «venerando Chefe do Estado». Eu nunca fui sujeito ao culto do «Chefe», «chefe de turma», «chefe de quina», «chefe dos contínuos», «chefe da esquadra», «chefe do Estado». Eu nunca fui obrigado a ouvir discursos sobre «Deus, Pátria e Família». Eu nunca ouvi gritar: «quem manda? Salazar, Salazar, Salazar». Eu nunca tive manuais escolares que ironizassem com «os pretos» e com «as raças inferiores». Eu nunca me apercebi do «dia da Raça». Eu nunca ouvi louvar a acção dos «Viriatos» na Guerra de Espanha. Eu nunca fui obrigado a ler textos escolares que convidassem à resignação, à pobreza e ao conformismo; Eu nunca fui pressionado para me converter ao catolicismo e me «baptizar». Eu nunca fui em grupos levar géneros a pobres, politicamente seleccionados, porque era mesmo assim. Eu nunca assisti á miséria fétida dos hospitais dos indigentes. Eu nunca vi os meus pais inquietados e em susto. Eu nunca tive que esconder livros e papéis em casa de vizinhos ou amigos. Eu nunca assisti à apreensão dos livros do meu pai. Eu nunca soube de uma cadeia escura chamada o Aljube em que os presos eram sepultados vivos em «curros». Eu nunca convivi com alguém que tivesse penado no Tarrafal. Eu nunca soube de gente pobre espancada, vilipendiada e perseguida e nunca vi gente simples do campo a ser humilhada e insultada. Eu nunca vi o meu pai preso e nunca fui impedido de o visitar durante dias a fio enquanto ele estava «no sono». Eu nunca fui interpelado e ameaçado por guardas quando olhava, de fora, para as grades da cadeia. Eu nunca fui capturado no castelo de S. Jorge por um legionário, por estar a falar inglês sem ser «intréprete oficial». Eu nunca fui conduzido à força a uma cave, no mesmo castelo, em que havia fardas verdes e cães pastores alemães. Eu nunca vi homens e mulheres a sofrer na cadeia da vila por não quererem trabalhar de sol a sol. Eu nunca soube de alentejanos presos, às ranchadas, por se encontrarem a cantar na rua. Eu nunca assisti a umas eleições falsificadas, nunca vi uma manifestação espontânea ser reprimida por cavalaria à sabrada; eu nunca senti os tiros a chicotearem pelas paredes de Lisboa, em Alfama, durante o Primeiro de Maio. Eu nunca assisti a um comício interrompido, um colóquio desconvocado, uma sessão de cinema proibida. Eu nunca presenciei a invasão dum cineclube de jovens com roubo de ficheiros, gente ameaçada, cartazes arrancados. Eu nunca soube do assalto à Sociedade Portuguesa de Escritores, da prisão dos seus dirigentes. Eu nunca soube da lei do silêncio e da damnatio memoriae que impendia sobre os mais prestigiados intelectuais do meu país. Eu nunca fui confrontado quotidianamente com propaganda do estado corporativo e nunca tive de sofrer as campanhas de mentalização de locutores, escribas e comentadores da Rádio e da Televisão. Eu nunca me dei conta de que houvesse censura à imprensa e livros proibidos. Eu nunca ouvi dizer que tinha havido gente assassinada nas ruas, nos caminhos e nas cadeias. Eu nunca baixei a voz num café, para falar com o companheiro do lado. Eu nunca tive de me preocupar com aquele homem encostado ali à esquina. Eu nunca sofri nenhuma carga policial por reclamar «autonomia» universitária. Eu nunca vi amigos e colegas de cabeça aberta pelas coronhas policiais. Eu nunca fui levado pela polícia, num autocarro, para o Governo Civil de Lisboa por indicação de um reitor celerado. Eu nunca vi o meu pai ser julgado por um tribunal de três juízes carrascos por fazer parte do «organismo das cooperativas», do PCP, com alguns comerciantes da Baixa, contabilistas, vendedores e outros tenebrosos subversivos. Eu nunca fui sistematicamente seguido por brigadas que utilizavam um certo Volkswagen verde. Eu nunca tive o meu telefone vigiado. Eu nunca fui impedido de ler o que me apetecia, falar quando me ocorria, ver os filmes e as peças de teatro que queria. Eu nunca fui proibido de viajar para o estrangeiro. Eu nunca fui expressamente bloqueado em concursos de acesso à função pública. Eu nunca vi a minha vida devassada, nem a minha correspondência apreendida. Eu nunca fui precedido pela informação de que não «oferecia garantias de colaborar na realização dos fins superiores do Estado». Eu nunca fui objecto de comunicações «a bem da nação». Eu nunca fui preso. Eu nunca tive o serviço militar ilegalmente interrompido por uma polícia civil. Eu nunca fui julgado e condenado a dois anos de cadeia por actividades que seriam perfeitamente quotidianas e normais noutro país qualquer; Eu nunca estive onze dias e onze noites, alternados, impedido de dormir, e a ser quotidianamente insultado e ameaçado. Eu nunca tive alucinações, nunca tombei de cansaço. Eu nunca conheci as prisões de Caxias e de Peniche. Eu nunca me dei conta, aí, de alguém que tivesse sido perseguido, espancado e privado do sono. Eu nunca estive destinado à Companhia Disciplinar de Penamacor. Eu nunca tive de fugir clandestinamente do país. Eu nunca vivi num regime de partido único. Eu nunca tive a infelicidade de conhecer o fascismo.»

Mário de Carvalho (escritor) no Facebook.
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Nós sem os outros



«Para os que confiaram na dialéctica da História e nos mitos do progresso eterno, o ressurgimento do nacionalismo na Europa do século XXI é uma oportunidade para fazerem um curso rápido de actualização de conhecimentos. Podem começar com Camões, que disse que todo o mundo é feito de mudança, mas acrescentou que o que mais espanta é quando já não se muda como era habitual - isto é, não se muda como se esperava que mudasse. E poderão depois continuar a sua actualização evoluindo (e mudando) até chegarem à análise multifactorial, em que a interpretação dos acontecimentos se atinge considerando um sistema de factores que se interrelacionam, não havendo uma explicação simples sustentada numa causalidade directa que explique fenómenos complexos (como também não haverá uma solução simples e única que resolva dinâmicas alimentadas por correntes de origens múltiplas).

Depois desta actualização de conhecimentos, o ressurgimento do nacionalismo na Europa não justifica a surpresa, ele aparece por razões idênticas e com formas semelhantes às que já mostrou no passado e conduzirá às mesmas consequências insustentáveis que já evidenciou no passado. Porque o nacionalismo pretende responder a um problema real (o medo e a insegurança das populações confrontadas com a mudança que ameaça os seus modos de vida habituais) com uma solução errada (o isolacionismo e o proteccionismo nacional-populista não interrompe o processo de mudança e deixa essas populações condenadas à força das coisas, que lhes será imposta pelos que se adaptaram às novas condições e usaram a força da mudança para conquistarem posições de dominação).

"Nós sem os outros" implicaria um contexto de sociedade fechada, no qual a luta distributiva se desenvolveria em função de um produto a diminuir de ano para ano, sem poder recorrer aos mercados financeiros externos para financiar novas actividades ou para assegurar os recursos necessários ao financiamento das rubricas do orçamento que concretizam as políticas públicas. "Nós sem os outros" significaria a escolha voluntária da austeridade permanente.» 

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5.9.18

Espanha soma e segue




«El número de españoles con un patrimonio declarado de más de 1,5 millones de euros ha pasado de 47.614 a 57.709 en la misma década en la que la desigualdad alcanzaba niveles de récord en el país.»
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Dica (806)



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Não foi Centeno que entrou no Eurogrupo, foi o Eurogrupo que entrou em Centeno



Marisa Matias na abertura do Fórum Socialismo 2018, no debate “A Europa da xenofobia e da austeridade tem futuro?”, que teve lugar a 31 de agosto de 2018:

«“A Europa da xenofobia e da austeridade tem futuro?”
Tem. A questão é como evitá-lo.
Não só tem futuro, como tem muitos aliados e cúmplices. Cúmplices nas políticas racistas e xenófobas, que não precisaram de ver a extrema-direita chegar ao poder para se começarem a instalar na União Europeia, na narrativa de descredibilização do sistema político e no esvaziamento democrático da União. Quando a extrema-direita começou a chegar ao poder já lá encontrou as suas políticas. Quem irresponsavelmente acusa os extremos políticos de serem iguais, legitima e naturaliza a extrema-direita como uma alternativa democrática. A tentativa de descredibilizar as forças de esquerda não é mais do que uma preciosa ajuda à extrema-direita.»

Continuar a ler AQUI.
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O milagre de Medina



«Portugal ainda hoje vive fascinado pelo Milagre das Rosas. Ninguém esquece quando a rainha Isabel transformou pães em rosas.

Menos prendado, numa entrevista ao Expresso, Fernando Medina tirou do regaço um milagre pós-moderno: propôs a redução radical do preço dos passes sociais na região da Grande Lisboa. Comparado com isso, o maná dos céus é um milagre muito menos possível. A ideia, como se imagina, abriu uma caixa de Pandora: o Porto já começou a pensar na mesma coisa e o ministro do Ambiente já pensa alargar o milagre de Medina a todo o país. Ninguém estará contra este milagre da multiplicação de passes baratos, a começar pelos cidadãos. Porque apostar no transporte público faz parte de uma sensata política ambiental e de utilização de recursos disponíveis. Mas, com a proposta, Medina aparece, com luvas de pelica, como o génio da lâmpada, pronto a garantir luz ao PS quando António Costa se reformar do cargo de primeiro-ministro.

A questão, claro, é outra. Ao propor preços populares para os passes sociais Medina transfere a discussão do colapso dos serviços públicos de transportes para o preço. É um golpe de génio. Em vez de se discutir a inexistência dos comboios da CP, o colapso do Metropolitano de Lisboa ou o eclipse de transportes céleres e normais no interior do país, Portugal vai discutir o preço. Ninguém deixará de pedir preços populares para a sua freguesia. O problema é só um: os preços populares servem para quê se os comboios não existirem, os autocarros não aparecerem ou o metro estiver sempre com "problemas técnicos"? Sabe-se que a política gira, às vezes, à volta de um princípio insalubre: a realidade impede-me de cumprir o meu programa eleitoral, dizem alguns líderes. Aqui, o pior é a criação de uma realidade paralela sob a aparência de uma medida compreensível e que agradará a todos os cidadãos. Medina não brinca aos ilusionistas: faz magia perante uma plateia que quer saber se este milagre não faz parte da sua estratégia imobiliária para Lisboa. A única que tem.»

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4.9.18

Da Lógica




(Hugo van der Ding no Facebook)
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A esquerda agradece a cretinice da direita


Saldos de IRS? Não, obrigada



«Temos apenas três certezas. Primeiro, o Governo tem escondida (apesar de pedida pelo Bloco no Parlamento) uma auditoria muito crítica feita pela Inspeção-Geral das Finanças em 2015. Segundo, é uma forma de  ."dumping fiscal" a nível internacional e uma discriminação a nível nacional. Terceiro, contribuiu para o aumento do preço do imobiliário, como sublinhava em 2014 o secretário do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, do CDS: "a função de criar condições para o mercado de turismo residencial funcionar está cumprida. Quer o regime fiscal para residentes não habituais, que é dos mais competitivos da Europa, quer as autorizações de residência, chamados vistos gold... contribuíram decisivamente para este resultado de 39 casas por dia vendidas a estrangeiros".»

Provocações



«Desde 1987 começou uma romaria nazi ao túmulo de Rudolf Hess, delegado de Hitler, em Wunsiedel, na Baviera alemã. A paróquia local decidiu não renovar a concessão do cemitério e o corpo de Hess foi exumado em 2011. Contudo, a exumação não pôs fim à romaria que continuava a organizar-se em direcção ao local onde em tempos esteve o túmulo. A população local fartou-se e, em Novembro de 2014, começou a pôr-lhe fim. Habitantes e comerciantes recolheram dez mil euros que, caso os nazis concluíssem a romaria desse ano, reverteriam a favor da organização anti-Nazi Exit Deutschland. No trajecto da romaria espalharam cartazes a agradecer a “generosidade” e a motivar os participantes na marcha como activistas involuntários da luta contra o nazismo na Alemanha. No chão pintaram metas distintas onde escreveram “parabéns, já doaram mil euros contra o nazismo” ou “obrigado pelos cinco mil euros”. Houve marchantes que não continuaram e houve outros que, ainda que a contragosto, caminharam até ao fim. Os dez mil euros recolhidos foram mesmo entregues à Exit Deutschland e a romaria nazi começou a ter o seu fim em Wunsiedel a partir de um acto de profunda provocação e de perversão do sentido da própria romaria.

Lembrei-me muito deste episódio esta semana a propósito das “caçadas colectivas” a migrantes em Chemnitz, também na Alemanha, como já me tinha lembrado em Maio aquando das manifestações de extrema-direita em Berlim. O que é que mudou na Alemanha desde 2014 até hoje? Muita coisa, seguramente, mas uma fundamental. Em Novembro de 2014, o governo de Merkel preparava a política de “portas abertas” para refugiados e o partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha) era apenas um embrião. Em 2018, Merkel já mudou a sua política de “portas abertas”, subscreveu a vergonhosa proposta de criação de centros de detenção para migrantes, numa tentativa de evitar ser afastada do poder, e o AfD converteu-se na terceira força política alemã com 92 deputados. O que mudou fundamentalmente foi, portanto, a naturalização e normalização da extrema-direita.

O problema da extrema-direita não é, obviamente, um problema alemão. É um problema europeu. O que os exemplos alemães mostram é a rapidez com que assistimos à normalização e naturalização da extrema-direita no espaço público europeu, e o quanto isso é preocupante. Quando a extrema-direita começou a chegar ao poder nos países europeus algumas das suas políticas xenófobas já lá estavam pela mão da social democracia e da democracia cristã e, evidentemente, contribuíram também para essa “normalização”, mas não deixa de ser assustador o silêncio dos cidadãos europeus face a ela. O descontentamento com as políticas e os seus representantes pode justificar uma ausência de mobilização social, mas o silêncio perante a normalização da barbárie tem razões mais profundas. Creio que na Europa já passámos todas a linhas e temos que perceber que vivemos uma profunda crise identitária. Lembro-me de Wunsiedel porque tenho saudades de um futuro onde a provocação e a desobediência à norma fazem parte da intervenção pública na vida política. Sobretudo quando a norma começa a ser a barbárie.»

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3.9.18

No reino do disparate



Terreiro do Paço vai ter um estádio para o Mundial de mini-futebol.

Estrutura com 3000 lugares vai ocupar parte da Praça do Comércio entre 23 e 29 de Setembro. Há 32 equipas nacionais à conquista do troféu na edição de estreia desta prova.



E pergunto eu: que disparate é este, não havia outro local para um evento deste tipo? E já agora: em que ministério ficarão os balneários?
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Igreja: hão-de ir longe com estas «indignações»



Concerto de rock em igreja causa indignação.

Recuam mais de 50 anos. É isto que indigna este gente?

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03.09.1940 - Eduardo Galeano


Esse grande uruguaiano nasceu em Montevideu, em 3 de Setembro de 1940, morreu há três anos, quis ser jogador de futebol mas acabou escritor com mais de 40 livros publicados. Andou a fugir de ditaduras, em 1973 foi preso depois do golpe militar no seu país e exilou-se na Argentina. Com o golpe militar de Jorge Videla, em 1976, viu o nome colocado na lista dos «esquadrões da morte», partiu para Espanha e só nove anos mais tarde regressou à cidade que o viu nascer.

Ia assim o mundo em 3 de Setembro de 1940, descrito por Galeano nesta página de Os filhos dos dias, publicado em 2012:


Dois vídeos:




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Brasil: palavras para quê



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Os nacionalistas da Europa estão em marcha



«A reunião da semana passada entre Viktor Orbán e Matteo Salvini foi mais do que apenas o começo de uma bela amizade. A parceria anti-imigração formada pelo primeiro-ministro húngaro e pelo ministro do Interior de Itália é alarmante porque pode formar o embrião de uma nova coligação.

É difícil levar a cabo golpes políticos na Europa. Há muita latência no sistema. A aritmética eleitoral do Parlamento Europeu torna impossível que qualquer um, ou mesmo dois grupos partidários, formem uma maioria. Mas, se os nacionalistas se saírem bem nas eleições do próximo ano, eles poderão acabar em posição de forjar uma coligação não oficial.

O Fidesz, de Viktor Orbán, é membro do Partido Popular Europeu, o grupo de centro-direita do Parlamento Europeu que é em grande parte pró-europeu. A Liga de Salvini faz parte do Movimento para uma Europa das Nações e da Liberdade, que inclui a rebatizada União Nacional de Marine Le Pen.

Existe um outro grupo de direita, que inclui os conservadores britânicos cessantes e o partido polaco Lei e Justiça. Estes diferentes grupos não são propriamente unidos, mas a maioria deles quer renacionalizar a política de imigração. A questão é se os nacionalistas conseguirão chamar membros do centrista PPE para a sua coligação, além de Viktor Orbán. Se o fizerem, eles podem ganhar.

Até agora têm conseguido evitar uma armadilha óbvia. Não caíram no pedido de Itália para o estabelecimento de quotas de refugiados na UE. Viktor Orbán está entre aqueles que têm bloqueado isso. Salvini e Orbán defendem assim interesses diametralmente opostos. O que os une é um objetivo estratégico abrangente: demonstrar que a UE não está a conseguir implementar uma política que funcione. Quanto mais evidente for esse fracasso, mais fácil será para eles renacionalizar a política de imigração.

O sentimento anti-imigração penetra profundamente no PPE. A mais recente crise governamental na Alemanha foi desencadeada por uma proposta para recusar certos refugiados na fronteira. Muitos deputados democratas-cristãos criticam as políticas pró-imigração de Angela Merkel.

Dentro do PPE, os chamados pró-europeus estão em maioria. Ainda resisto a caracterizar o chanceler alemão como pró-europeu, à luz da sua persistente relutância em reformar a zona euro. Mas até eu admito que ainda existe uma diferença qualitativa entre os defensores centristas do statu quo, como Merkel, e os antieuropeus, como Orbán.

Há quem, dentro do PPE, se queira livrar dele, até agora sem sucesso. Eles não se podem dar ao luxo de o perder. Depois de 2019, precisarão ainda mais dele. O PPE está a caminho de perder muitos assentos nas eleições de 2019, mas o contingente de Orbán provavelmente permanecerá forte. O seu peso relativo no bloco aumentará. O maior constituinte do PPE, os democratas-cristãos alemães, estão mais fracos do que há cinco anos. O centro-direita francês é muito menor hoje do que costumava ser e muito mais eurocético. O Forza Italia, de Silvio Berlusconi, está com menos de 10%. O Partido Popular espanhol perdeu recentemente o poder em Madrid e, como resultado, está mais fraco.

O centro-esquerda está a caminho de acabar como o maior perdedor de todos. Em França e na Holanda, os partidos de centro-esquerda implodiram nas últimas eleições. Matteo Renzi, ex-primeiro-ministro de Itália, obteve mais de 40% nas eleições europeias de 2014. O seu Partido Democrata está agora com menos de 20%. Assim como os Sociais-Democratas da Alemanha. O que se pode prever com um alto grau de certeza é que o centro-esquerda e o centro-direita não estarão mais em condições de formar uma grande coligação e definir a agenda política.

Eles serão esmagados pelos dois recém-chegados à política europeia - os nacionalistas anti-imigrantes e um novo grupo emergente de liberais pró-europeus sob a liderança de Emmanuel Macron. O presidente francês esteve numa digressão europeia na semana passada em busca de parceiros políticos. Um aliado natural é o Ciudadanos, um partido liberal e uma estrela em ascensão no cenário político espanhol. Mas ele não tem coconspiradores na Alemanha ou em Itália. As eleições de 2019 serão determinadas em grande parte pelo sucesso de Macron em liderar uma coligação de forças pró-europeias.

Os nacionalistas têm uma vantagem. Como não têm uma agenda positiva para a UE, eles são menos ciumentos uns dos outros do que os centristas. Apesar das aparências em contrário, Merkel e Macron são opositores políticos, especialmente agora que ela rejeitou praticamente todas as ideias dele para a reforma da zona euro.

O desafio colocado pelos nacionalistas é mais sério do que os seus resultados eleitorais individuais sugerem. Matteo Salvini e Viktor Orbán vão marcar a agenda. O único que define a agenda do outro lado é Emmanuel Macron. Eles são os verdadeiros adversários na política europeia atualmente. O domínio dos pró-europeus está longe de estar garantido. Os adversários estão demasiado próximos para podermos estar descansados.»

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2.9.18

Sempre ela



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Dica (805)




«Une reprise a bien eu lieu au Portugal ces dernières années, comme ailleurs en Europe. Et la gauche au pouvoir a géré le pays sans entraîner de dérive quelconque des comptes publics ou une défiance accrue de ses créanciers.
Mais l’honnêteté oblige aussi à dire que le redressement du Portugal n’a rien eu d’extraordinaire pour autant : la situation économique et sociale du pays reste très difficile à bien des égards. Et sa trajectoire économique a été en réalité très proche de celle de l’Espagne voisine, gérée jusqu’à ces dernières semaines par des conservateurs endurcis. Tour d’horizon.»
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Marcelo versão macabra



Alguém vai jantar a uma pastelaria para dizer ao mundo que está a fazê-lo na mesa em que o pai morreu? Pois foi o que o nosso PR fez, na Pastelaria Suíça.

Isto já nem dá para gozar, é simplesmente macabro.
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Como impedir os estudantes de copiar



Francisco Louçã no Expresso Economia de 01.09.2018:

«Quando não há cão caça-se com gato: durante os exames nacionais na Argélia, para impedir o copianço, a internet foi desligada durante um período que chegou a três horas e foram usados detetores de metais para impedir que entrassem telemóveis nas salas. Os 700 mil alunos e alunas que terminam o liceu são assim alvo da maior atenção para garantir a integridade do exame e, em 2016, chegou a haver repetição da prova para meio milhão. Mas as autoridades temem que seja agora ainda mais fácil copiar. A ideia é que o meio mais importante para fazer batota no exame já não é a cábula, escondida num bolso ou numa manga, mas o acesso rápido a soluções dos exames disponibilizadas nas redes sociais, para o que basta um telemóvel com internet e alguma subtileza para que os professores não detetem a atividade da transcrição das respostas.

Têm razão, é mesmo assim que se aldraba um exame no secundário. Num caso recente na Argélia, as perguntas e as respostas começaram a ser publicadas nos onlines de diversos jornais e nas redes sociais, mal o exame tinha começado. Depois, 31 pessoas foram presas, incluindo funcionários do Ministério da Educação. Por isso, em 2017 foram instalados bloqueadores de sinal em 2100 salas de exame, mas o Ministério decidiu ir mais longe e bloquear a internet em todo o país. O acesso ao Facebook foi completamente fechado durante os dias dos exames.

O caso não é inédito. Na Mauritânia, o acesso à internet foi cortado por duas horas em cada um dos dias dos exames. O mesmo tipo de medida foi adotado no Iraque, no Uzbequistão, na Síria, na Etiópia e em alguns estados da Índia. Mas o efeito é devastador: toda a atividade que se baseie na disponibilidade da comunicação por internet fica paralisada. É o que acontece com a correspondência entre pessoas, com a marcação de bilhetes de avião, com acesso a informação médica, com a atividade policial — o país fica parado. Essa é a razão pela qual esta estratégia não pode ser seguida numa economia mais forte, dado que o custo de bloquear a internet durante horas seria imenso e a infraestrutura do país seria posta em causa. Ou seja, não se sabe como impedir que a internet ajude uns alunos a enganar os exames.»
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