23.3.19

Saúde: Marcelo versus Costa



Senhor presidente, nós não nascemos ontem... Sabe que, nesta legislatura, a Lei será aprovada pela esquerda na AR, não é?


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Cidades mais populosas: 1950 - 2035



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Moçambique: ajudar ou indemnizar?



«Países como Moçambique não contribuíram para o aquecimento global. Não têm indústria, não têm agricultura intensiva, etc. Acho que com países como os EUA ou a China não se põe a questão de ajudar Moçambique; é quase uma indemnização. Esses países têm obrigação de reparar o que fizeram. Moçambique é uma vítima neste contexto, uma vítima absoluta. Isto tem de ser parte da discussão. Não estamos a falar de ajuda. Portugal não faz o favor de ajudar Moçambique. Portugal tem obrigação de reparar os danos que causou. Mas muito mais obrigação tem a China, que até está presente em Moçambique.»

Eduardo Agualusa
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Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele



José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«A direita portuguesa anda outra vez em grandes manobras. Não é nada de novo. Por exemplo, Paulo Portas criou o PP na área do CDS, e o projecto político do Observador tinha (e tem) como objectivo dar expressão a uma direita alt-right à portuguesa. Mas hoje essas manobras fazem-se no contexto da revolução política que foi a existência de um governo que, pela primeira vez desde o 25 de Abril, junta o PS com o PCP e o BE e que criou um ponto sem retorno na vida política portuguesa. Se não tivermos ilusões sobre o que significam estas manobras, elas são bem-vindas, têm um efeito clarificador e beneficiam o debate político.

Comecemos pelo princípio: estas manobras têm como origem a “perda” do PSD por esta direita mais radical, uma orfandade de votos que o PSD trazia e que ela nunca conseguiu ter. Daí a forte nostalgia dos tempos da troika-Passos-Portas, cujo projecto e prática política foi o maior atentado ao carácter social-democrata do PSD e destruiu a identidade histórica do partido. Não sei se esta “perda” é consolidada ou temporária, suspeito, aliás, que possa ser conjuntural, mas, como já aconteceu no passado, é o PSD o alvo destas manobras e não o Governo da “geringonça”. Foi assim com o PP de Portas, filho do Independente, cujo objectivo era combater o “cavaquismo”, era esta a intenção do Observador, entre grupo de pressão contra o PSD social-democrata e órgão de defesa do “passismo” e do “ajustamento” da troika. Esta é a primeira ilusão que convém evitar: apesar da aparente fúria com o “socialismo” do Governo Costa, é o PSD de Rio o alvo.

A segunda coisa que convém evitar é aceitar como boa a análise que fazem do actual Governo como sendo uma espécie de governo comunista disfarçado. Um governo “esquerdíssimo” que tem um projecto ditatorial de poder. Isto não tem nenhum sentido, mas está escrito e é repetido em diferentes versões. Só que não é verdade e revela um dos grandes problemas desta direita: é que defronta um governo que em matéria de finanças e de economia mantém uma continuidade com as políticas da troika, em nome das “regras europeias”, com a obsessão do défice e boas notas das mesmas instituições que deram cobertura internacional ao Governo da troika-Passos-Portas. Mais do que um governo “esquerdíssimo”, é um governo do centro-esquerda no máximo. Com dificuldade em demarcar-se do Governo Costa no núcleo duro das finanças e mesmo na performance económica, a direita radical concentra-se nas “reversões”, sem ter a coragem de dizer que se for governo as “reverte” de novo (veja-se o caso dos passes dos transportes), ou numa “guerra cultural” que por si só justifica um tratamento à parte. Quanto à referência a um “projecto de poder” nas margens da ilegalidade é apenas uma constatação da ineficácia da oposição e, para além disso, irónico por parte de quem defendeu um governo que, mais do que nenhum outro nos anos recentes, violou reiteradamente a Constituição e punha em causa o Tribunal Constitucional.

A terceira coisa relevante nestas manobras, e talvez a mais perigosa para a democracia, é o namoro com o populismo. Pode ser instrumental, mas é namoro. O centro desse namoro é o habitual, a corrupção. Só que a análise da corrupção é ideologicamente motivada, ou seja, está cheia de silêncios, uns mais incomodados que outros, e é historicamente deturpada. É verdade que o PS tem uma história negra de corrupção e de uso do Estado para fins ilícitos, mas em muitos dos mecanismos de corrupção ela só foi possível pela participação do PSD e do CDS. Tratar o par Salgado-Sócrates como centro da corrupção nacional esconde demasiadas coisas. Uma delas é reduzir o BES ao banco do “socialismo” no poder, o que não é verdade. O BES foi o banco de toda a oligarquia política, durante muitos anos e não só do PS.

Quanto a Sócrates, estão cheios de razão, mas convém não esquecer que a maioria dos críticos actuais desse homem sinistro são-no depois de ele perder o poder e não antes. Eu sei muito bem o que era atacar a corrupção de Sócrates e dos seus, quando ele tinha poder e contava com a protecção de Passos e de Relvas envolvidos na luta contra Manuela Ferreira Leite, que consideravam “excessiva” contra Sócrates. E sei muito bem como, com raras excepções, a corte de Sócrates contava com muitos ardorosos apoiantes e financiadores das actuais manobras da direita.

Na verdade, a corrupção em Portugal sempre esteve centrada no acesso ao poder do PS e do PSD, com alguns restos vultuosos para o partido do “Jacinto Leite Capelo Rego”, e é um problema estrutural da nossa democracia que tem que ver – pareço concordar com os nossos antiestatistas – com o peso do Estado na economia. É verdade, mas o “pareço” é para acrescentar que uma parte considerável dessa corrupção tem que ver com os privados, a começar pela história ainda não escrita das privatizações e das PPP nos governos Sócrates e da troika-Passos-Portas. É verdade também que partidos como o PS, o PSD e o CDS têm diferentes modos de lidar com a corrupção. O PS precisa do poder do Estado para fazer negócios e os outros partidos mantêm uma relação mais “orgânica” com os interesses. Daí uma maior exposição pública dos socialistas à corrupção que praticam com muita “fome”, enquanto nos salões da banca europeia, nos offshores e nas grandes sociedade de advogados as coisas se fazem com menos risco e mais protecções.

Estas manobras da direita portuguesa não são alheias às reconfigurações do espaço conservador europeu. A diferença principal destas manobras, com outras ocorridas na Europa, é a posição face à União Europeia, mas será interessante ver como se vão dar as fracturas. Suspeito que será com as questões dos refugiados e imigração. Mas este é um processo em curso e presumo que Steve Bannon estará atento aos críticos virulentos do “único governo comunista” da Europa. De facto, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.»
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22.3.19

Mulheres da Nova Zelândia





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Mia Couto


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Jacinda Ardern



«Sexta-feira passada, um terrorista — australiano, supremacista branco, 28 anos — atacou duas mesquitas na Nova Zelândia, durante a oração principal da semana, emitindo em directo para o mundo. Cinquenta pessoas morreram.

Foi o ataque mais brutal alguma vez na Nova Zelândia. O país ficou em choque. Mas a Nova Zelândia tem uma primeira-ministra que fez a diferença no mundo. Jacinda Ardern disse que aquelas pessoas atacadas — os muçulmanos — eram “nós”. Foi abraçá-las. Disse que nunca diria o nome do terrorista, que tanto quis notoriedade que matou em directo. E antes de o ataque fazer uma semana, Jacinda Ardern anunciou que ia banir as armas semi-automáticas.

Jacinda é a mais jovem mulher chefe de governo do mundo, tem 38 anos. Filha de uma família da classe trabalhadora, e politicamente trabalhista, foi levada para a política pela tia. Estudou comunicação, foi voluntária numa sopa de pobres em Nova Iorque, viveu em Londres, fazia parte de um painel de 80 pessoas, espécie de orgão de consulta de Tony Blair. Nunca esteve cara a cara com o então líder britânico em Londres, mas questionou-o depois na Nova Zelândia sobre a invasão do Iraque.

No ano passado, Jacinda foi mãe enquanto primeiro ministro em funções e levou o bebé, com três meses, para a Assembleia Geral da ONU. Inédito, histórico.

Foi esta a mulher a quem, há uma semana, coube responder no momento em que o seu país viveu o mais brutal ataque de sempre. E foi esta a mulher que, na sua resposta, não só emocionou o seu país, e convenceu adversários políticos, mesmo, como emocionou o mundo e deu-lhe um espelho onde ver a diferença. O que a distingue de pesadelos como Trump.

Nos jornais estado unidenses sucedem-se os textos sobre como Jacinda Ardern, a líder daquele remoto país, está a mostrar à maior potência do mundo como lidar com tiroteios em massa, com licença de armas e a sua multiplicação, com ataques terroristas, com os autores dessse ataques e com as suas vítimas.

Mais, está a mostrar ao mundo como lidar com o racismo, e como o terrorismo pode vir de qualquer lado, está a vir do supremacismo branco, dos racistas que se sentiram tão encorajados por Trump, e nele votaram.

A Nova Zelândia é o antípoda para quem está na Europa ocidental. Mas Jacinda mostrou que a Nova Zelândia é um eixo do mundo, um centro para onde líderes políticos das ditas potências devem olhar, para aprender. Ela é, na verdade, o antípoda de Trump ou Bolsonaro, dos xenófobos na Hungria ou na Itália. E como precisamos de antípodas assim.»

Alexandra Lucas Coelho

Ouvir AQUI.
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«Um tipo branco, normal»



«Desta vez, o assassino tem mesmo razão: o australiano que matou a tiro 50 pessoas numa mesquita neozelandesa — eu farei como Jacinda Arden, a PM da Nova Zelândia: se é notoriedade que ele quer, nem o nome dele aqui inscreverei! — apresentou-se como “simplesmente um tipo branco, normal, de uma família normal”, “etnonacionalista” e “fascista”. É o que ele é. Ao dizê-lo, foi muito mais sincero que a generalidade dos racistas e fascistas que por aí pululam mas que negam sê-lo.

Num documento de 74 páginas que publicou na Internet, o assassino desenvolve a velha cantilena racista da “Grande Substituição” e junta-se aos conspiracionistas que vêem “genocídio dos brancos” na imigração chegada ao Ocidente do muito Sul que ele próprio invadiu e colonizou há pelo menos 150 anos, e que explora ainda hoje. Para salvar “a Europa” — a Austrália, diz ele, “não é mais que um ramo da Europa” - é preciso “esmagar a imigração e deportar os invasores que vivem já na nossa terra”.

O pior de mais este massacre racista não é simplesmente, e tragicamente, as vidas que ceifou. O pior é que o caldo de cultura em que o assassino cresceu é o mesmo em que vivemos quase todos no Ocidente. Portugal incluído, não duvidem. Essa cultura não é somente, ou só especificamente, a islamofobia, o preconceito contra os muçulmanos. Ela é o racismo, um dos mais persistentes motores de preconceito da história social. Engana-se quem julga que ao nos concentrarmos no combate antirracista perdemos o norte do combate democrático: o racismo, ainda que sob a roupagem do culturalismo, é hoje o cimento que cola a ampla frente neofascista e antidemocrática que avança de um e outro lado do Atlântico.

Repetem-se os massacres, não cessa a violência praticada contra minorias políticas, étnicas e religiosas, ou de orientação sexual, ou contra as mulheres, contra todos aqueles que séculos de uma cultura racista, patriarcal e autoritária definiram como inimigos e/ou e inferiores. O guião dos dias seguintes é o de sempre: lamento institucional pelas mortes, condenação do perpetrador, insistência em o considerar como caso isolado, recusa de contextualizar o seu ato num caldo de cultura que o explica. O importante é negar que o perpetrador matou em nome de princípios, narrativas e mitos que são partilhados pela maioria.

Mas são. Esta violência é o resultado de uma cultura racista, agora mais islamofóbica do que já era, que segue o processo prototípico da construção social do desprezo, do medo e do ódio que a legitima: normalizar a tese de que o outro é inassimilável e, por isso, não merece viver connosco (presumindo que só podemos viver com quem se nos assemelha); desumanizar os membros das minorias, entendê-los como invasores; o que se descreve ser diferença entendida como uma ofensa ao nosso modo de vida (como se todos nós tivéssemos um modo único de vida); essencializar comportamentos e práticas culturais e sociais, imaginando um mundo em que cada um é portador de uma identidade aquirida e não construída, e a que se deve permanecer fiel (daí antirracistas, comunistas, feministas, homossexuais, entre muitos outros, serem descritos como traidores do Ocidente por negarem características centrais do que se acha ser essa identidade).

Ao contrário do que o discurso oficial sustenta, uma grande parte dos ocidentais acredita, em maior ou menor medida, em tudo isto. Resignou-se mal ao fim da dominação colonial, mas continua a naturalizar a desigualdade e a achar que a acumulação de riqueza no Norte do mundo é a demonstração da superioridade deste – da mesma forma que aceita ser o nível de riqueza individual, em cada sociedade, um índice de dignidade social e política. Desde 1945, desde Auschwitz, que prefere não assumir-se abertamente como racista ou partidário da supremacia branca, mas há 40 anos que denuncia o antirracismo, o antifascismo, o anticolonialismo, o feminismo e a laicidade como uma “ditadura cultural” da esquerda e do “politicamente correto”. Mais recentemente sentiu-se vingada com homens como Trump ou Bolsonaro – mas há muitos anos que muito do que estes dizem já o diziam Thatcher, Reagan, Berlusconi ou Bush Jr…

Como escreve Nesrine Malik, perante tamanha violência “é hora de chamar as coisas pelos nomes e não pedir desculpa por chamar racistas, oportunistas e pregadores de ódio àqueles que o são, por mais que se os acolham nas nossas publicações mais prestigiadas e que ocupem lugares de governo”.»

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21.3.19

A sério? O Bloco esquerdizou o PS?



Antes de mais e para que fique claro: eu levo a sério este Movimento 5 de Julho, venha ou não a ter efeitos práticos, a curto ou médio prazo.

Mas já ganhei a tarde, e ri-me com gosto, ao ouvir isto da boca do principal impulsionador do dito Movimento: «Nós tivemos uma aceleração da ascensão cultural do BE, que é inegável. (…) O BE, que iniciou uma guerra cultural contra o PS moderado dos anos 80, venceu essa guerra, houve uma esquerdização do PS.»

Ouvir / ler AQUI.
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Astana? Já não, já não




Isto só num país como o Cazaquistão ou alguns vizinhos! A bela cidade de Astana, palavra que significa pura e simplesmente «Capital», e que passou a ter este nome precisamente quando assumiu tal função no país, vai agora chamar-se «Nursultan», em honra do ex-presidente que ficou 30 anos no cargo.

(Também podemos substituir «Lisboa» por «Afonso Henriques», antes que alguma próxima futura all-right se lembre de «Salazar»…)
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Dia da Poesia - Moçambique


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21 de março o que é?



«Em Portugal a esmagadora maioria das pessoas não sabe o que se comemora no dia 21 de março. Essa ignorância reflete a atenção que, como sociedade, damos ao tema que nessa data se assinala. As autoridades centrais e locais não lhe dão centralidade, os principais partidos e organizações da sociedade civil ignoram-no e apenas os próprios interessados o tentam puxar para a discussão pública perante as barreiras que parte da comunicação social ergue à abordagem do assunto.

Nos idos 1960 na África do Sul, então ainda sob o regime do apartheid, milhares de negros manifestaram-se pacificamente, no dia 21 de março, contra a Lei do Passe que lhes impedia a liberdade de movimentos na sua própria terra e lhes impunha a necessidade de ter uma autorização especial para entrar na zona exclusiva dos brancos. A polícia abriu fogo matando dezenas de pessoas e ferindo centenas. Este acontecimento ficou conhecido por Massacre de Sharpeville.

Em 1966 a Organização das Nações Unidas (ONU), recordando o massacre instituiu o 21 de março como o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. Hoje é celebrado em todo o mundo. Todo o mundo? Não. Um pequeno país no ocidente europeu, resiste a reconhecer o racismo no seu território e a combatê-lo com denodo. Adivinham então qual será esse país? Uma pista. Fica mesmo ao lado da Espanha.

Contudo um ainda tímido, multifacetado e desorganizado movimento dos direitos cívicos das comunidades racializadas começa a emergir com força em Portugal, clamando justiça e o fim do racismo institucional no nosso país. O tempo de agir é agora.

Urge abandonar o negacionismo e encetar um diálogo social com as organizações antirracistas que leve à criação de políticas de ação afirmativa e anti discriminação em Portugal.

Para que não continue a ser a comunidade a que se pertence a definir a posição social no nosso país, para que os negros e ciganos não sejam condenados ao insucesso escolar, para que não sejam empurrados para bairros segregados e sem condições, para que a polícia trate todos por igual e nenhum com violência, para que o sistema de estatísticas nacionais permita detetar os problemas e delinear políticas públicas, para que a nacionalidade não seja negada a quem nasce no nosso país, para que os manuais escolares não reproduzam errados estereótipos negativos de certos grupos, para que toda uma agenda antirracista possa ser discutida e aprovada.

Este ano um grupo muito alargado de organizações, coletivos e indivíduos, entre eles o SOS Racismo, a Consciência Negra, a Femafro, e outras, convocou para as 18 horas no Largo de São Domingos em Lisboa uma concentração para assinalar o dia 21 de março.

Trata-se de mais um passo na afirmação desse movimento de direitos cívicos que emerge com energia da sociedade civil. Todos podem participar. Eu lá estarei.»

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20.3.19

Ela aí está



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Ajuda a Moçambique – é por aqui



Forma mais fácil: Pagamento de Serviços
Entidade: 20999
Referência: 999 999 999
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Nova Zelândia




Não foi por acaso que eu gostei tanto deste país! Gente civilizada.
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E que tal uma outro «Abraço» a Moçambique?



Onde estão estes (e outros) cantautores que fizeram isto em 1985?





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Como treinar um Bolsominion



«A estratégia Trump e a de Bolsonaro foram muito parecidas e não só na tecnologia da reprodução intensiva de mensagens robotizadas: o alvo é o mesmo (fanatizar alguns grupos dominantes, assustar o adversário, mobilizar os deserdados), a abordagem é semelhante (gerar bolsas de ódio) e até os temas são copiados (queremos andar armados, a família está sob ataque por uma “ideologia de género” e os imigrantes ficam com o nosso dinheiro). Desde há muito que eram evidentes estas conexões, que configuram a política suja, e que se nota que a direita portuguesa está fascinada pelo sucesso destas técnicas. Estão agora à vista os primeiros ensaios lusos desta estranha forma de política. Mais, não será André Ventura o mais destacado protagonista da aventura, mesmo que a queira representar, visto que os mais perigosos dos seus praticantes serão gente dos partidos tradicionais da direita.

O primeiro exemplo, mas dele não cuidarei hoje em detalhe, é Nuno Melo a verberar uma transposição de diretiva europeia que limita a posse de armas por particulares. Que alguém não possa ter mais do que 25 armas é uma “grave restrição à liberdade individual e ao direito de propriedade”, diz ele, acrescentando um vicioso e algo estranho ataque às polícias que, segundo o candidato do CDS, “sabem bem onde estão as armas ilegais” (e presumivelmente nada fazem para as capturar). Não é preciso um desenho para se perceber que quer namorar os caçadores para obter votos, mas a escolha de um timing tão funesto para esta defesa da multiplicação das armas – e já há um milhão e meio de armas nas mãos de particulares – só pode parecer de alto risco. O que querem é um tema Bolsonaro e ao candidato falta-lhe pimenta.

O meu segundo exemplo fala por si mas merece mais algum detalhe. É o de Bruno Vitorino, deputado do PSD, que seguiu a cartilha do tema “ideologia de género” como um perfeito Bolsominion, o carinhoso nome dado no Brasil a estas figuras. Primeiro passo: a provocação. Uma sessão de técnicos da Rede ExAequo a convite de uma escola do Barreiro, contra o bullying nas escolas, é uma “PORCARIA”, escreveu.

A coisa teria ficado pelas letras garrafais, mas teve a sorte de duas deputadas do Bloco terem caído na esparrela e, em vez de o criticarem usando o sarcasmo, terem anunciado uma queixa à Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género contra a ofensa.

Antes disso, tudo desfazia a tese da “porcaria”. Este programa de informação já vem do tempo do governo PSD-CDS, a associação em causa é apoiada pelo Conselho da Europa, a escola e os pais gostam das sessões e do cuidado da informação.

Mas haver alvos políticos permitiu ao Bolsominion passar à segunda etapa do plano e subir para o patamar superior, com a tese segundo a qual uma certa “ideologia de género”, uma misteriosa conspiração mundial que estabelece o predomínio das mulheres ou que quer transformar toda a gente em homossexual, segundo as versões (no Brasil, Bolsonaro chamava-lhe o “kit gay”), está a perseguir o coitado do Vitorino. A partir daí, foi descabelado: ele, que até tem amigos gays (não têm sempre?) estava a ser atacado por um “protofascismo”, tendo saído em sua defesa um surpreendentemente esbracejante Fernando Negrão, que chegou ao ponto de pedir uma conferência de líderes parlamentares para proteger a nação desta evidente “morte da democracia”.

Mesmo Pedro Duarte, normalmente elegante, foi a um programa de televisão ensaiar uma conversa sobre a “ideologia de género”, essa porcaria que, pelos vistos, contaminaria as nossas crianças com o vírus gay. Até um ex-diretor de jornal sério se misturou com a campanha acerca desta sinistra conspiração planetária da “ideologia de género”. No PSD, há uma espécie de corrida à “porcaria”, treinando os Bolsominions disponíveis para se porem na grelha de partida destes temas fascinantes. É que há um “ataque à família”, sentenciou aqui no Expresso o indignado Vitorino.

A agenda tem, no entanto, dois problemas. O primeiro é que é preciso que o povo e o eleitorado estejam dispostos a estes laivos de excitação. Se estivessem, esta agenda mudaria a política, e a direita precisa mesmo de deslocar a agenda, pois sabe que a discussão sobre pensões, salários, ajudas à banca, saúde e habitação não a leva a lado nenhum. Mas, se as pessoas não estiverem para estas trovoadas de medo, a conversa é só ridícula — e ser ridículo não convém nada a um candidato.

Depois, há ainda um segundo problema, o pior, que é o mal da precipitação e, aí, não perceberam a arte do mestre Bolsonaro. É que é preciso que o medo amadureça, é preciso meses, anos de medo, é preciso muito ódio para que o ódio se torne uma voz. E isto foi tudo feito à pressa, não foi? Esgrimir a “defesa da família” para tentar um voto religioso, sugerindo o missal e o confessionário para proteger a família em tempos em que Papa Francisco reúne os cardeais no Vaticano para combater a epidemia de casos de pedofilia na Igreja Católica, é simplesmente tosco. E inventar o perigo de uma “ideologia de género” para criminalizar o feminismo ou o combate à homofobia, logo depois de três semanas de show eletrizante de Neto de Moura, com a moca de pregos, a lapidação ancestral das mulheres indignas, os cem mil euros exigidos a cada humorista que o criticou e tudo o mais a impor-se no noticiário nacional e a revoltar Portugal, não é só tosco, é mesmo pateta.

O Bolsominion Vitorino estava treinado no tema, sabia a música e decorou o refrão, estudou como se faz, os comparsas até tentaram salvar o roteiro, mas quanto mais fizeram mais demonstraram o descompasso entre a gritaria e a total indiferença do país perante esta “porcaria”. No entanto, a quem se ri com este fracasso, deixo o alerta: isto vai voltar, com Bolsominions mais habilidosos, mais persistentes, com patranhas mais saborosas, com medos mais medrosos. Bruno Vitorino só mostrou a excitação que vai naquela gente e pôs-se demasiado em bicos de pés. Virão outros e serão mais perigosos.»

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19.3.19

Poupança: 2 em 1


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É o nosso mundo que está a desafinar



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Racistas, nós?



(Facebook, 19.03.2019)
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Greve pelo clima: foram só flores?



«Na última sexta-feira houve greve e manifestações de estudantes por todo o país. Mais do que isso, foi uma greve global. A greve de estudantes pelo clima começou num ato individual de uma adolescente de 15 anos, Greta Thunberg. Descobriu na infância, porque lhe explicaram o que andávamos nós, os adultos, a fazer ao planeta onde ela terá de viver toda a sua vida. O ano passado, nas vésperas das eleições suecas, decidiu sentar-se todos os dias nas escadas do Parlamento durante o horário escolar para pressionar o Governo a adotar uma atitude mais radical no combate às alterações climáticas. Depois das eleições continuou o protesto apenas às sextas-feiras. Acabou a falar na Cimeira do Clima e a inspirar milhões de jovens. Fez um curto discurso totalmente político e bem agressivo. Devem OUVIR.

Ver milhares de secundaristas portugueses manifestarem-se é uma dose de vitaminas, para mim. Tenho quase cinquenta anos e a última vez que houve um movimento estudantil digno de nota eu estava na Faculdade. Saber que o fazem por causas que transcendem o seu ganho imediato ainda me deixa mais esperançoso. Claro que o combate a uma prova que selecionava a entrada dos alunos no ensino superior pela cultura geral que tinham ganho em casa ou a propinas que se anunciaram simbólicas e já se sabia que não o seriam ultrapassava os interesses individuais. Falava-se de democratização de acesso ao ensino superior e de igualdade de oportunidades. Mas não deixavam de ser ganhos ou perdas próximas para os envolvidos. Aquilo pelo qual se manifestaram estes jovens ultrapassa o que pode acontecer esta semana, este mês, este ano, nas suas vidas. E isso exige uma consciência política mais sofisticada.

Nunca comprei a tese de que esta geração tinha menos sentido cívico do que as anteriores. Nunca comprei, aliás, esse tese sobre qualquer geração. Em todas as gerações mudam as causas e mudam condições para agir. No caso desta, as redes sociais permitem movimentos mais inorgânicos e repentinos. Mas também criam uma maior atomização das pessoas. Libertam dos constrangimentos de quem precisava de organizações políticas, mas também impedem a construção de um conjunto de propostas coerentes. Seja como for, não imagino causa mais poderosa do que esta. Ela é, na realidade, condição para todas as outras. Como vários manifestantes escreveram nos seus cartazes, “não há planeta B”.

“Se há coisa que me irrita são velhos que quiseram mudar o mundo quando eram putos a dizerem mal de putos que querem mudar o mundo antes de chegarem a velhos” O twit é do humorista “Jel” e resume muitíssimo bem a irritação que me causou algum paternalismo que fui vendo em relação a este movimento. Houve três tipos de paternalismos. O primeiro foi o que se apressou a zurzir nos meninos que em vez de estarem nas aulas se baldam para ir à manif. Se dependermos de gente que pensa assim bem podemos desistir da democracia. Para eles a cidadania é coisa que se faz nas horas vagas, jovens responsáveis são os que se pensam na sua carreira e se estão nas tintas para a comunidade, a humanidade e o planeta.



18.3.19

Direitos humanos?


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Democracia na Coreia do Norte? É uma questão de opinião…



Isto é o que diz a Wikipedia (para não ir mais longe). Mas sei lá! Se calhar é só uma opinião… «Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.»




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Autonomia das Escolas e Direitos Humanos (LGBTI)


O meu amigo Paulo Trigo Pereira sabe do que fala.

«Há palavras que apenas desmerecem e qualificam quem as profere. Chamar “porcaria” a uma acção de formação numa escola sobre “diferentes orientações sexuais” em que os alunos participam voluntariamente, e qualificar de “qualidade duvidosa” uma respeitável associação de jovens, demonstra preconceito, homofobia e ignorância. Afirmações destas proferidas por um obscuro cibernauta, não nos admiraria, mas por um deputado da nação já surpreende e choca. A questão ganha foros de cidade, quando o partido desse deputado, PPD-PSD, dá cobertura a esse desvario, em carta ao Presidente da Assembleia da República, embora a pretexto de uma questão conexa, mas colateral – a queixa apresentada por duas deputadas do Bloco de Esquerda contra esse deputado. Ou quando o CDS faz uma questão ao governo para saber se a Escola “cumpriu os referenciais do Ministério da Educação, que incluem os temas da igualdade de género e de sensibilização da diversidade de orientações sexuais, ou se extravasou as suas competências nesta matéria”. (…)

Ao contrário do deputado do PSD conheço bem a rede ex aequo. Basta consultar o meu registo de interesses na AR para ver que fui presidente da Assembleia Geral de uma Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género. Fundámos a AMPLOS há dez anos e a minha mulher é, desde essa data, presidente da sua direção (declaração de interesses feita). Porque o fizemos? É também muito simples. Temos duas filhas, uma lésbica, e não admitimos que nem ela, nem ninguém, seja discriminado. A não discriminação de pessoas LGBTI insere-se num campo mais vasto de luta contra todas as formas de discriminação: que inclui discriminação por género, raça, pessoas com deficiência, entre outras. (…) A nossa filha Catarina vive em Berlim e um dos primeiros comentários que lhe ouvimos, desde que lá está, foi: “ao contrário de Portugal, aqui na Alemanha não sinto reprovação social por ser quem sou.”. É por isso, e por todos os jovens que sofrem a discriminação e o preconceito que, ano após ano, vamos num fim de tarde de verão ao acampamento da rede ex aequo. Sentamo-nos em roda, com dezenas de jovens, e conversamos. Todos os anos vemos lágrimas que correm pelas faces de muitos que ainda não tiveram a coragem de contar aos pais aquilo que são.»

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A origem do mal



«Primeiro, incredulidade. Vê-se o cano da arma, a disparar sem descanso, como se fosse tudo de brincar. Lá em casa há jogos assim. O jogador adivinha-se, não se vê, faz-nos deixar adivinhar. Pode ser qualquer um por detrás daquele metralhar. São jogos, têm nomes, e há sempre uma guerra no jogo onde se mata sem se sentir e uma guerra fora do jogo, entre pais e filhos, a limitar e a ceder para voltar a limitar e a ceder.

Depois o horror. Aquela matança em direto nas redes sociais não é de brincar. É um fanático que prime o gatilho, em imagens sucessivas de gritos de morte e de pessoas-pessoas a caírem. E a arma carrega uma e outra vez. Sangue verdadeiro. Loucura verdadeira, a trazer à memória essa outra matança numa escola brasileira, de motivações diferentes, ambas de um mundo ensandecido que não conseguimos compreender.

Mas temos de tentar. A começar no papel dos media, que está sempre a ser questionado, dentro e fora das redações. É exatamente aqui que o papel da mediação e do escrutínio deve ser valorizado. O vídeo do atirador da Nova Zelândia esteve horas online em várias plataformas. Sem filtros, sem edição, sem contexto. Como se fosse o ambiente de jogo em streaming em que atualmente milhões de crianças e jovens em todo o Mundo jogam. Foi num desses jogos que o terrorista diz ter aprendido o nacionalismo étnico.

O papel dos media não é ignorar essa realidade. Mas é ter sentido de responsabilidade na informação que publicam. Editando, cortando o que deve ser cortado, explicando o que deve ser explicado. Contribuindo para uma leitura crítica do contexto em que o ódio germina, não para a sua exibição voyeurista.

Sobra a origem do mal. As motivações raciais e religiosas. No manifesto publicado online pelos terroristas percebem-se as referências alusivas a outros ataques e a mensagem anti-imigração não podia ser mais clara. E essa é uma reflexão que, não sendo nova, nos é muito cara e próxima. A Nova Zelândia é considerada uma das nações mais seguras do Mundo. O que potencia a mensagem de que não há espaços seguros. O extremismo e a intolerância crescem em diferentes geografias, temos tido demasiados exemplos disso. E num momento tão relevante para a Europa, em que vamos ter eleições e desafios como o Brexit, não podemos desviar-nos das batalhas que realmente importam.»

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17.3.19

Cantar pelo clima



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17.03.1945, Elis Regina



Elis Regina faria hoje 74 anos e morreu com apenas 36. Nestes dias terríveis para o seu país, lembrá-la e ouvi-la em jeito de homenagem.

Viveu os «Anos de chumbo» da ditadura brasileira e não lhes passou ao lado, participando em vários movimentos culturais e políticos. Uma das suas canções – «O bêbado e o equilibrista» – funcionou como uma espécie de hino pela amnistia de exilados brasileiros. Notável também, nessa mesma linha, «Aos nossos filhos».







E, como não podia deixar de ser, o seu ícone:

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Assim vai o Brasil



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Guterres falou



… bem como vários líderes de alguns países. O nosso governo primou por um silêncio de chumbo: nem uma palavra de apreço ou de esperança para os jovens portugueses.


«Dezenas de milhares de jovens foram nesta sexta-feira às ruas com uma clara mensagem para os líderes mundiais: atuem agora para salvar o nosso planeta e o nosso futuro da emergência climática. Estes estudantes aprenderam algo que muitas pessoas mais velhas parecem não entender: estamos a correr em contrarrelógio pelas nossas vidas e estamos a perder. A janela de oportunidade está a fechar-se e não nos podemos dar ao luxo de perder mais tempo. Atrasar a ação climática é quase tão perigoso quanto negar a existência de alterações no clima.

A minha geração não conseguiu responder adequadamente ao dramático desafio das alterações climáticas e tal é profundamente sentido pelos jovens. Não admira que estejam zangados. (…)

Hoje, muitos de vocês estão ansiosos e com medo do futuro, e eu entendo as vossas preocupações e raiva. No entanto, sei também que a humanidade é capaz de enormes conquistas. As vossas vozes dão-me esperança.

Quanto mais me apercebo do vosso compromisso e ativismo, mais confiança tenho de que vamos ganhar. Juntos, com a vossa ajuda e graças aos vossos esforços, podemos e devemos superar esta ameaça e criar um mundo mais limpo, mais seguro e mais verde para todos.»
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Este terrorismo



«Terrorismo é terrorismo, no Médio Oriente ou nos nossos antípodas. Não lhes chamem loucos, não os tratem por atiradores, chamem-nos terroristas, tratem-nos por assassinos. Mas saibamos medir o nosso tremor europeu à sua real escala e perceber como à medida que o Daesh perde força os ataques de extrema-direita aumentam. Como ontem na Nova Zelândia.

Os números são assustadores e os relatos medonhos. 49 mortos contados à hora do almoço cá, noite lá, quando à porta do hospital se amontoavam familiares em angústia sem saberem se os corpos dos seus se encontravam entre os cadáveres desfeitos por outros. Sincopadamente, na praça de espera, alguém cortava o silêncio com um grito. A má notícia chegava, uma de cada vez.

Um terrorista de extrema-direita assassinou dezenas de muçulmanos.

O seu manifesto, que os jornais não publicaram para não servir os intentos propagandistas dos perpetradores, é claro nisso: no ódio aos imigrantes, na xenofobia, na apologia do que os anglo-saxónicos chamam supremacismo branco. Na arma de fogo estavam escritos os nomes de outros assassinos de muçulmanos, de migrantes. Nomes de neonazis.

Talvez nos tenhamos habituado à sucessão de tragédias no mundo e tenhamos perdido a escala. O número de ataques e de vítimas mortais está em queda, depois do pico de quase 33 mil mortes no mundo em 2014. Foram 19 mil em 2017. Desses, mais de quatro mil no Afeganistão como no Iraque, mais de mil na Nigéria, na Somália como na Síria. Todos países envolvidos em conflitos armados. É no Médio Oriente e no Norte África que se concentram mais ataques, com muçulmanos a sofrer com o fanatismo de outros muçulmanos. Na Europa, houve 204 vítimas mortais (Portugal é um dos quatro países onde não houve vítimas mortais de terrorismo nos últimos 20 anos, juntando-se a Chipre, Islândia e Suíça). Nos Estados Unidos e no Canadá morreram 85.

Todos estes dados constam do relatório do Índice Global de Terrorismo 2018, que mostra as razões mas também as diferenças. E é lá que já estava escrito que há um fenómeno a emergir, o da extrema-direita. Na América do Norte e na Europa Ocidental não há guerras e o terrorismo não tem a dimensão do que sucede noutras regiões, sendo aqui motivado sobretudo por razões de radicalização religiosa, por alienação social e por desigualdades económicas. Mas é aqui, no Ocidente, e em países maioritariamente brancos, como a Nova Zelândia é, que ataques de terroristas de extrema-direita nos surpreendem.

A política é tanto parte da causa como parte da consequência deste terrorismo. Porque os discursos securitários e as políticas nacionalistas, as decisões xenófobas e a palavra populista criam espaço para si mesmos. O ódio alimenta-se do medo. Trump não é um fantoche, Putin não é uma flor e na Europa que ambos querem entalar e enlatar a extrema-direita ganha votos e os antieuropeístas ganham lugares. Se a União Europeia se cinde, se os extremistas a tomam a cavalo de Troia, não vamos desta para melhor, mas vamos disto para pior.»

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