1.2.20

André Ventura e a repetição da História


Foi preciso chegar ao Observador para encontrar um texto conciso e certeiro sobre o tema dos dias que passam. Muito mais útil, na minha opinião, do que gritar o currículo de x ou exigir pedidos de desculpa de y.

«Afinal, a esquerda tinha razão. Há mesmo um racismo estrutural na sociedade portuguesa. E eu, antes céptico, tenho que me render à evidência – convertido não por Joacine, mas por Ventura.

Em tempos normais, nada disto teria grande importância. A piadola morreria nas redes sociais ou nos cafés da claque. Acontece que não vivemos tempos normais. Na Europa e na América, as direitas conservadora, liberal e democrata-cristã, que no século passado combateram os totalitarismos e fizeram a União Europeia, sucumbem hoje ao vírus do populismo. Durante demasiado tempo, acreditámos que Portugal estaria imune. A eleição de Ventura para o Parlamento lançou as primeiras dúvidas. Os casos que se foram multiplicando com o Chega, da saudação nazi nos comícios aos filiados provenientes da extrema-direita, adensaram-nas. O post contra Joacine confirmou-as. A partir de agora, há um antes e um depois. Ninguém pode alegar que não viu, que não sabia, que não deu por nada, como muitos disseram não ter visto, não ter sabido, não ter dado por nada nos anos 30. É impossível ser neutro perante o racismo. Aqueles que não estão contra, são cúmplices.»

Pedro Picoito
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