3.4.20

Índia, a tal tragédia inevitável




«Num artigo de opinião no The New York Times, o economista e epidemiologista Ramanan Laxminarayan, vice-presidente para a Investigação e Políticas da Fundação de Saúde Pública da Índia, admitia, citando “estimativas iniciais”, que entre 300 a 500 milhões de indianos pudessem vir a ficar infectados até ao final de Julho.

Mesmo considerando que “a maioria dos casos não teria sintomas ou teria apenas infecções ligeiras”, os números apontavam para que entre 30 a 50 milhões pudessem ter sintomas mais graves. (…)

Numa entrevista ao Nouvel Obs, a escritora indiana Arundhati Roy reforça a ideia: “Não temos um sistema de saúde como deve ser para os pobres, nem sequer para a classe média. Imaginem o que é falar de distanciamento social, de gel hidro-alcoólico, de confinamento e mesmo de lavagem de mãos a pessoas que vivem em bairros de lata, nas ruas, em campos de refugiados, pessoas cujas casas foram queimadas na onda de violência anti-muçulmana poucos dias antes do início da epidemia… não tem qualquer sentido.”

Um exemplo da abissal diferença de universos é, segundo a escritora, o facto de o primeiro-ministro Modi ter apelado a que as pessoas fossem às varandas bater as palmas contra o coronavírus. Mas “quantas pessoas têm varandas na Índia”? É por isso que, alerta Arundhati Roy, “se o coronavírus atacar a Índia como atacou a Europa, será um cataclismo”.»
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