2.5.20

Carta aberta e esperançosa às gerações mais velhas


«Espero que sejamos capazes de tratar-vos como iguais, usando de compaixão, mas não de condescendência. Isso significa termos consciência de que entre vós estão muitas pessoas que contribuíram para as profundas desigualdades sociais e a precariedade laboral com que ainda se debate a nossa sociedade, flagelos como a violência doméstica e o racismo sistémico, ou a crise climática em que está mergulhado o planeta. No entanto, entre vós estão também as pessoas que construíram a democracia em que vivemos; que conquistaram a liberdade de que agora beneficiamos; que foram perseguidas, presas e torturadas pela ditadura fascista em nome dos direitos que hoje nos são garantidos; que construíram o Sistema Nacional de Saúde que hoje vem em nosso socorro; que se bateram pela igualdade e pela justiça; que pesquisaram e puseram a ciência ao serviço do nosso bem-estar; que trabalharam a terra e desenvolveram as indústrias; que criaram as obras artísticas a que hoje chamamos o nosso património cultural; que se sacrificaram, com um sorriso, em nome das gerações futuras, migrando, trabalhando, educando, pesquisando, semeando, defendendo, criando, cuidando de um futuro que agora é o nosso presente. Estar na vossa presença é estar em face da substância das pessoas e do povo que somos. Devíamos cuidar melhor do que fizeram por nós.»
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