Manuel António Pina comenta hoje uma afirmação da Comissão Europeia, veiculada há dois dias pelo Jornal de Negócios, segundo a qual Portugal é o único, entre os países europeus mais afectados pela crise, onde as medidas de austeridade afectam mais os pobres do que os ricos.
Pergunta se «não se justificaria que a austeridade incidisse fortemente sobre os ricos até fazer deles pobres» e acrescenta: «Democratizando a pobreza ao mesmo tempo que democratiza a economia, o Governo realizaria o suave e patriótico milagre da multiplicação dos pobres mais eficazmente do que limitando-se a empobrecer ainda mais os pobres que já são pobres.»
Por outras palavras: se empobrecer mais os pobres não parece estar a resultar para tirar Portugal da crise, não terá chegado o momento de tentar empobrecer também os não pobres? Não é bem um raciocínio pelo absurdo mas quase, mas quando os instrumentos lógicos clássicos já não são suficientes para demonstrar o que quer que seja, há que recorrer a outros menos ortodoxos mas talvez mais eficazes.
P.S. – Mais ou menos a propósito, ler: Aprender com Bismarck.
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1 comments:
Mas eles já estão atentá-lo só que se fixaram para já nos menos, menos ricos que os ricos...Só depois nos menos quase ricos e depois, mas muito depois -só lá para o ano 3000-, poderão tentar atingir os realmente ricos...Até lá estarão todos na Holanda!
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