12.5.18

Há também o futebol


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Eutanásia?



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O Rei parece vestido



José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«Custa-me acrescentar mais água ao mar de palavras que as entrevistas e intervenções do Presidente da República têm suscitado, porque, com toda a franqueza, não me parece terem nada de relevante. Talvez porque não haja muito sobre o que falar.

Comecemos pelo princípio: por que razão o Presidente, que já fala muito todos os dias e produz um metadiscurso quotidiano sobre tudo o que acontece, resolveu dar uma série de longas entrevistas a vários órgãos de comunicação social? Aconteceu algum drama político, existe uma qualquer crise previsível a curto prazo, há alguma tensão escondida nalgum lado que precise da sua palavra para deixar de ser tensão? Não e não e não.

Talvez porque, como a sua natureza de comentador tenha horror ao vácuo, ele perceba que está a mergulhar nele, com a continuidade de um ciclo político no qual o seu papel acaba por se centrar nas questões “fracturantes”, um pouco como o Bloco de Esquerda. Talvez porque desde os incêndios ele não tem estado no centro dos acontecimentos por muito que fale. E talvez seja por isso mesmo que recorrentemente volta a falar dos incêndios, acabando por produzir numa das entrevistas a mais absurda das afirmações, a de que não se recandidataria, caso se repetisse o que aconteceu nos grandes incêndios do ano passado. O que é que tem uma coisa que ver com a outra? Para além de que é muito pouco provável que se repita a tragédia do ano passado — ou seja, o Presidente vai-se recandidatar —, significa a frase que considera nula a sua influência sobre o Governo, que não faz nada do que o Presidente pediu, ou considera que, como procedeu nesses meses todos como se fosse ele o chefe do Governo, assumiria a responsabilidade pessoal pela repetição da tragédia? Não se percebe.

Como também não se percebe o seu discurso sobre os perigos do populismo, um pouco out of the blue. Sim, sem dúvida que os riscos do populismo estão a crescer em toda a Europa, mas em Portugal o populismo nunca conseguiu ter um rosto e um movimento que penetrasse no escudo partidário, em que as fraquezas dos partidos são também uma força. Aliás, a maioria das prevenções que fez, aplicar-se-iam em primeiro lugar a ele próprio, que é o único que em Portugal está numa posição de popularidade com base pessoal, e no exercício “afectivo” que tem feito da Presidência, isso, sim, típico do populismo. Para além disso, o Presidente tem uma longa história de, em determinadas matérias, ter sido sempre um defensor de posições populistas em matéria de sistema político, desde quando era comentador. Uma dessas matérias é perigosíssima e diz respeito às questões de Justiça, em que o Presidente não está muito longe do CDS quanto à celeridade da Justiça à custa dos direitos dos acusados, nem do Bloco de Esquerda, quanto ao segredo bancário e à inversão do ónus da prova.

Por último, no meio de dezenas de frases, vieram os habituais recados aqui transmitidos pela imprensa, mas que o Presidente não se tem coibido de dar a toda a gente com quem fala. Um é de que se o Orçamento do Estado não for aprovado nem à esquerda, nem à direita, convocará eleições. Claro que sim, é natural que o faça, porque isso significa que o acordo político no qual assenta o Governo, em que essa é uma obrigação de todos os partidos que o subscreveram, perdeu a sustentação parlamentar. No momento em que o Orçamento for chumbado, há um ou mais partidos que não querem este Governo e ele terá de se ir embora para novas eleições. O Presidente não tem alternativa.

Neste contexto, António Costa respondeu sempre bem ao Presidente, o que nem sempre é fácil, visto que neste combate verbal o Presidente sabe-a toda. Mas Costa disse duas coisas mortíferas para esta logomaquia presidencial e que não tenho dúvidas deixaram o Presidente mais furioso do que o habitual. Uma de que “é muito difícil interpretar a arte moderna e nem sempre é possível interpretar os discursos modernos”. Esta foi no alvo e era menos tradicional. A outra, mais comum e menos original, mas que também é má para o Presidente, é a de que “o Presidente da República não manda recados pela imprensa”. Claro que manda por todos meios.

O Presidente é muito narcisista, como todos sabemos, e suspeita que Costa se possa sair melhor destes tempos do que ele. E sabe melhor do que ninguém que os “afectos” não duram muito e não ficam na história. Por isso, responde à ameaça de vazio da única maneira que conhece: falando. Só que a fala gasta-se.»
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11.5.18

Vem aí o 13 de Maio




(Hugo van der Ding no Facebook)
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Uma rua para os assassinados pela Pide em 25 de Abril de 74



João Arruda, 20 anos, estudante açoriano a viver na capital. Fernando Gesteiro, 18 anos, transmontano empregado num escritório. Fernando dos Reis, 24 anos, soldado da primeira companhia de Penamacor, de licença em Lisboa. José Barnetto, 37 anos, natural de Vendas Novas.

Os quatro foram assassinados pela PIDE no dia 25 de Abril de 1974. Os quatro deveriam fazer parte do nosso dédalo de ruas, travessas e praças, resgatando-os ao silêncio e à indiferença por onde a cidade os leva há demasiados anos. Levados pelo entusiasmo do "dia inicial inteiro e limpo", rumaram entre dezenas de outros populares à Rua António Maria Cardoso, topónimo de péssimas memórias e esperanças de sobra. Naquele dia, sacrificaram as vidas à liberdade que então começava, abatidos por gente acossada e sem futuro. Uma revolução de cravos no lugar das balas, e no entanto.

44 anos depois, os abaixo-assinados põem à consideração da Câmara Municipal de Lisboa, e respectiva comissão de toponímia. a proposta de atribuir os nomes de João Arruda, Fernando Gesteiro, Fernando dos Reis e José Barnetto a um arruamento ou lugar da capital. Por dever de memória para com aqueles que viveram a liberdade durante apenas algumas horas e que podem ajudar-nos a dar a essa palavra um significado maior. São eles os heróis improváveis da revolução. Não permitamos que se lhes junte o adjectivo "esquecidos".

Pedem deferimento, os abaixo-assinados:

Adília Rivotti, antropóloga / Afonso Gonçalves, desenhador / Afonso Moreira, médico / Agostinho A. Gaspar Gralheiro, reformado / Albertina Costa, assistente social / Alda Barreto, reformada / Alda Rocha, comunicadora de ciência / Alexandra Silvestre Coimbra, psicóloga / Alexandre Abreu, economista / Alexandre Café, operário / Alexandre Martins, jornalista / Alfredo Poeiras, mestre vidreiro / Alice Carvalho, professora / Alice Vieira, escritora / Alina Silva, assistente social / Álvaro de Abreu, operário fabril e militante comunista / Amadeu Baptista, escritor / Amaro Franco, alfarrabista / Ana Amélia Bouça Monteiro, bancária reformada / Ana Benavente, professora / Ana Berkeley Cotter, tradutora / Ana Catarino, antropóloga / Ana Deus, psicóloga / Ana Luísa Rodrigues, jornalista / Ana Mafalda Pires, arquitecta / Ana Margarida de Carvalho, escritora / Ana Maria Monteiro, trabalhadora independente / Ana Matos Pires, médica psiquiatra / Ana Moreira, designer / Ana Neves, psicóloga / Ana Nunes, professora / Ana Nunes Cordeiro, jornalista / Ana Paula Meneses, técnica de teatro na reforma / Ana Ramos, animadora socio-cultural / Ana Reis Saramago Matos, galerista e curadora / Ana Sofia Costa, antropóloga / Ana Sofia Fonseca, jornalista / Anabela Aguiar, professora / Anabela Mota Ribeiro, jornalista / André Abreu, estudante/livreiro / André E. Teodósio, actor / Andreia Azevedo Moreira, funcionária pública / António Alberto Alves, livreiro e sociólogo / António Bettencourt, professor bibliotecário / António Cabrita, escritor / António Castanheira, biscateiro / António Diogo d’Orey Capucho, arquitecto / António Gamboa, maquinista ferroviário / António Gouveia, contador de histórias / António Mariano, estivador / António Neto Brandão, advogado / António Rosado da Luz, economista e coronel reformado / António Sérgio Curvelo Garcia, engenheiro químico / Armanda Paula Silva, técnica de farmácia /Augusto Brito, funcionário público / Barbara Baldaia, jornalista / Bárbara Reis, jornalista / Belandina Vaz, professora / Bernardo Mendonça, jornalista / Bruno Carapinha, funcionário público / Bruno Rebelo, técnico comercial / Bruno Simões Castanheira, fotojornalista / Carla Barroso, professora e tradutora / Carla Dias, educadora artística / Carla Fonseca, doméstica / Carlos Mendes de Sousa, professor / Carlos Moreira, reformado / Catarina Coutinho, professora / Catarina Félix, técnica superior de história / Catarina Homem Marques, assistente editorial / Catarina Rodrigues, psicóloga / Catarina Vieira e Castro, professora / Célia Costa, produtora cultural / César Laia, investigador / Céu Ribeiro, professora / Clara Farracho, socióloga / Cláudia Diogo, livreira / Cláudia Marques, designer / Claudia Martins, professora / Cláudia Santos Silva, arquitecta / Cristina Aragão Teixeira, consultora de Comunicação / Cristina Basílio, professora / Cristina Gameiro, arqueóloga / Cristina Paiva, actriz / Daniel Filipe Martins, consultor estratégico / Daniel Martins, arquitecto / Dário Duarte, informático / David Almeida, actor / David Crisóstomo, estudante / Denise Pereira, poeta / Diana Barbosa, gestora de comunicação / Diogo Coimbra, chef de cozinha / Duarte Pereira, livreiro / Duarte Rocha Martins, arquitecto / Edgar Medina, argumentista / Eduarda N. Pinto Basto, reformada / Eduardo Antunes, técnico de formação / Eduardo Viana, arquitecto / Eliana Tomaz, designer / Elisa Seixas, professora / Elsa Ligeiro, editora / Emiliana Silva, professora / Eugénia M. Pires, economista / Fábio Duarte, estudante / Fátima Pina Cabral, médica / Fernanda Neves, actriz / Fernanda Riflet, professora ensino secundário, reformada / Fernando Guimarães, professor / Fernando Pereira, artista /Filipa Alves Coelho, urbanista / Filipe Correia, professor / Filipe Homem Fonseca, guionista / Filipe Prior, técnico de informática / Filipe Rodrigues, alfabarrabista / Filipe Rosas, médico / Filomena Tavares, trabalhadora independente / Francisco Craveiro, estudante / Francisco Belard, jornalista / Francisco Pedroso, engenheiro / Francisco Rebelo, assistente técnico / Francisco Ribeiro, bancário / Gabriela Lourenço, jornalista / Gabriela Ruivo Trindade, escritora / Gaspar Matos, bibliotecário / Glória Franco, educadora de infância / Gonçalo Calado, professor / Gonçalo Frota, jornalista / Gonçalo Mira, editor / Gonçalo Santana, director criativo e autor / Guilherme Pires, editor e tradutor / Hélder Beja, jornalista / Hélder Gomes, jornalista / Helena Abreu, professora reformada / Helena Ales Pereira, assessora de comunicação / Helena Alves, Gestora / Helena Alves Velho, psicóloga clínica / Helena Araújo, engenheira química / Helena Dias, jurista / Helena Mendes, pintora / Helena Romão, musicóloga / Henrique Dória, escritor / Humberto Rocha, escritor / Hugo de Sá Nogueira, operador de som / Ilda Roquete, actriz / Inês Bernardo, produtora / Inês Castro, professora / Inês Lago, antropóloga / Inês Meneses, desempregada / Inês Pinto, estudante / Inês Rodrigues, professora e revisora / Inês Subtil, jornalista / Irene Alexandra da Silva Duarte, técnica de vendas / Irene Flunser Pimentel, historiadora / Isabel A. Ferreira Gould, investigadora / Isabel Caldeira, professora / Isabel Godinho, professora / Isabel Leiria, professora universitária aposentada / Isabel Minhós Martins, editora / Isabel Sofia Carreira, advogada / Isabel Vasconcelos Ferreira, professora aposentada / Isaura Lobo, produtora cultural / Jaime Rocha, escritor / Joana Lobo Antunes, comunicadora de ciência / Joana Lopes, gestora reformada / Joana Manuel, actriz / Joana Oliveira, psicóloga / Joana Teixeira Silva, trabalhadora independente / João Albuquerque, investigador / João Almeida, químico / João Bacelo, biólogo / João Branco, engenheiro / Joao Carlos Lages, advogado / João Carlos Martins, investigador / João Carvalho Pina, fotojornalista / João Costa, produtor gráfico / João Eduardo Costa, programador web / João Fazenda, ilustrador / João Freitas, empresário /João Gaspar, biólogo / João Louçã, antropólogo / João Manuel Rocha Pinheiro, trabalhador agrícola / João Miguel Louro, gestor de equipa / João Miguel Pires Ventura, professor / João Monteiro, estudante de doutoramento / João Paulo Baltazar, jornalista / João Paulo Roubuad, professor / João Pico, editor de vídeo / João Ribeiro, professor universitário / João Silvestre Lima Andrade, empresário agrícola / João Vieira, guionista / João Villalobos, consultor de comunicação / Joaquim Carreira, cidadão / Joaquim Gonçalves, livreiro / Joel Neto, escritor / Jorge Almeida e Pinho, professor / Jorge Carneiro, engenheiro informático / Jorge Carvalho, funcionário público / Jorge Freitas, professor / Jorge Martins Rosa, docente universitário / Jorge Morais, professor universitário / Jorge Pinto, engenheiro e utopista / José Alexandre Ramos, técnico administrativo financeiro / José Armando Mendonça Carmo, aposentado / José Bandeira, cartoonista / José Carlos Tavares, jardineiro / José Júlio Curado, árbitro, professor e organizador de torneios de bridge / José Luís Cardoso, instrutor / José M. Carvalho, professor / José Manuel Duarte Fernandes, professor do ensino secundário / José Manuel Ferreira dos Santos, empregado de escritório / José Manuel Marques da Silva Tavares, designer e cenógrafo / José Mário Silva, jornalista / José Nuno Pimentel, jornalista freelancer / José Rui Ferreira, engenheiro electrotécnico / José Silva Pinto, jornalista / José Vale, museólogo / José Viana, vendedor / Judite Lopes, desempregada / Juliana Maar, fotógrafa / Laura Faia, assistente editorial / Laura Ramos, jornalista / Lena d'Água, cantora / Leonardo Conceiçao, psicólogo / Leonor Cintra Gomes, arquitecta / Lígia Esteves dos Santos, professora / Liliana Pacheco, coordenadora editorial / Lina de Lonet Delgado, jornalista / Luís Bernardo, técnico de projectos / Luís Brântuas, contabilista / Luis Carlos Tavares Severo, arquitecto / Luis Ferreira, designer gráfico / Luis Filipe Cardoso, empresário / Luís Gomes, mediador de seguros / Luís Gomes, marinheiro e jornalista / Luís Graça, linguista e professor / Luís Guerra, jardineiro de livros / Luís Januário, médico pediatra / Luís Leiria, jornalista / Luis Manuel Santos Silvestre, reformado / Luís Martins Pote, psicólogo clínico / Luis Miguel Oliveira, crítico e programador de cinema / Luís Pimenta Lopes, professor/investigador / Luisa Borges, professora e investigadora / Luisa Lobão Moniz, professora / Luísa Sol, arquitecta e investigadora / Lutz Bruckelmann, arquitecto / Madalena Silva, funcionária pública / Mailis Gomes Rodrigues, investigadora / Manuel Barbosa, comercial / Manuel Cruz, reformado / Manuel Graça Dias, arquitecto / Manuel Henriques, arquitecto / Manuel Lourenço de Castro Rodrigues, director comercial / Manuel Marcelo Curto, embaixador jubilado / Manuel Vieira, assistente social / Manuela Brito e Silva, reformada / Manuela Carvalho, professora aposentada / Manuela Correia, psiquiatra / Manuela Rombo, farmacêutica / Márcio Mendes, arquitecto / Marco Dias, director de arte e artista / Margarida Belchior, professora / Margarida Duarte, documentalista / Margarida Ferra, assessora de comunicação / Margarida Louro, professora / Margarida Pino, bibliotecária / Margarida Rendeiro, professora e investigadora / Margarida Salema, investigadora química, reformada / Margarida Varela, professora / Maria Abranches, advogada / Maria Adelina Alves Coelho, reformada / Maria Catarina Horta Salgueiro, tradutora / Maria da Graça Moreira, comerciante / Maria de Lourdes Baginha, professora / Maria de Lourdes Delgado Raínho, dona de casa / Maria de Lurdes Guerra, professora / Maria do Rosário Pedreira, editora / Maria Estudante, terapeuta / Maria Eugénia Alves, professora / Maria Helena Pato, professora / Maria Inês Gameiro, investigadora / Maria João António, pós-produção de filmes / Maria João Luis, actriz / Maria João Pessoa, advogada / Maria Jorgete Teixeira, professora / Maria João Carvalho, professora / Maria João de Sousa Caetano, jornalista / Maria José Almeida, guia intérprete / Maria José Vitorino, professora e bibliotecária / Maria Leonor Castro Nunes, criativa / Maria Leonor Lourenço da Costa, publicitária / Maria Leonor Pereira, gestora / Maria da Natividade Esteves, professora / Maria Manuel Viana, escritora / Maria Manuela Ramos, professora / Maria Ofélia Janeiro, gestora de reclamações / Maria Otília Teixeira Barbosa, psicóloga / Maria Ribeiro, professora / Maria Rosa Pinto, assessora de imprensa / Maria Soledade Alves, reformada e avó / Maria Teresa Dias Pereira, escritora / Maria Tomaz, assistente social / Mariana Avelãs, tradutora / Mariana Garcia, guionista / Mariana Pinto dos Santos, historiadora de arte / Mário Cunha, argumentista / Marisa Filipe, empresária / Markus Almeida, jornalista / Marta Carreiras, cenógrafa e figurinista / Marta Martins, gestora cultural / Marta Rema, produtora / Marta Romana, gestora de formação / Marta Serra, marketing / Miguel Barros, técnico especialista no gabinete MAI / Miguel Gonçalves Mendes, realizador / Miguel Lima, sonoplasta/técnico de som / Miguel Marujo, jornalista / Miguel Morais, desempregado / Mónica Pereira, jurista / Nelson Almeida, customer service manager / Nelson José Paiva, músico / Noélia Oliveira, jornalista / Nuno Artur Silva, autor / Nuno Félix, consultor / Nuno Filipe Ribeiro, bancário / Nuno F. Coelho, consultor de comunicação / Nuno Garcia, knowledge manager / Nuno Martins Ferreira, Professor / Nuno Miguel Guedes, jornalista / Nuno Miguel Madeira Beato Alves, técnico superior jurista / Nuno Oliveira, agricultor / Nuno Rapaz, engenheiro / Nuno Rendeiro, engenheiro civil / Nuno Saraiva, ilustrador / Nuno Serra, geógrafo / Pamela Peres Cabreira, historiadora e investigadora / Patrícia Gonçalves, cientista / Paula Cabeçadas, técnica de Informação / Paula Godinho, professora universitária / Paula Pereira, investigadora científica reformada / Paula Vasconcelos Machado, advogada / Paulo Ferreira, consultor / Paulo Galindro, ilustrador / Paulo Garcia, arquitecto / Paulo Gil, docente universitário / Paulo Granjo, antropólogo / Paulo Jorge de Jesus Topa, professor / Paulo Jorge de Sousa Pinto, historiador / Pedro Baptista-Bastos, advogado / Pedro Diniz de Sousa, técnico de informática / Pedro Filipe Oliveira, actor / Pedro Fiuza, escritor e encenador / Pedro Lascasas, jurista / Pedro Mendonça, dirigente do LIVRE / Pedro Miguel Caetano Martins, psicólogo / Pedro Miguel Esteves Fernandes, professor / Pedro Miguel Pereira, psicólogo / Pedro Miguel Silva, consultor / Pedro Miguel Silva, jornalista e promotor de eventos / Pedro Sérgio Marques Álvares Pereira, professor / Pedro Sousa, publicitário / Pedro Ventura, historiador / Pedro Vieira, guionista e ilustrador / Prazeres Filipe, administrativa / Raquel Gonçalves, jornalista / Raquel Misarela, conservadora-restauradora / Raquel Patriarca, bibliotecária / Raquel Ribeiro, professora e jornalista / Raquel Rocha, estudante / Raquel Simões, designer / Raquel Sofia Moutinho Magalhães, professora /Raquel Varela, historiadora / Renato Costa, advogado / Ricardo Alves, sem profissão / Ricardo Duarte, jornalista / Ricardo Espírito Santo, realizador / Ricardo Fernandes dos Santos, arquitecto / Ricardo Gonçalves, editor/realizador/argumentista / Ricardo J Rodrigues, jornalista / Ricardo Paulino, arquitecto / Ricardo Santos Morte, empresário / Rita Bettencourt Rodrigues, livreira / Rita Correia, psicóloga / Rita Brutt, actriz / Rita Sá Marques, antropóloga / Rita Tomás, assessora de comunicação / Rita Veloso, linguista e professora / Rosa Azevedo, produtora / Rosa Barreto, bibliotecária / Rosa Rebelo, professora aposentada / Rosa Ruela, jornalista / Rosário Freitas Paiva, administrativa / Rosário Melo, produtora de eventos / Rui Alves de Sousa, blogger e podcaster / Rui Anselmo, livreiro / Rui Almeida, auxiliar administrativo / Rui Cardoso Martins, escritor / Rui M. Pereira, antropólogo / Rui Tavares, historiador / Rui Zink, professor universitário / Rute Coelho, advogada / Safaa Dib, dirigente do LIVRE / Samuel Alcobia, arquitecto paisagista / Sandra Alvarez, tradutora / Sandra Barreira, advogada / Sandra Borges, produtora / Sandra Gonçalves, jornalista / Sandra Monteiro, jornalista / Sandra Rocha, fotógrafa / Sara Figueiredo Costa, jornalista / Sara Gamito, advogada / Sara M. Barbosa, professora / Sara Rodi, escritora / Sérgio Lemos, médico / Sérgio Letria, programador cultural / Silvia Alves, designer / Silvia Bentes, farmacêutica / Sílvia Margarida de Leão Borges, enfermeira / Sílvia Moldes Matias, administrativa / Sofia Henriques Cardoso, professora ensino secundário / Sofia Lorena, jornalista / Sónia Oliveira, tradutora /Sónia Marques da Silva, livreira / Soraia Martins, tradutora / Susana André, jornalista / Susana Carvalhinhos, ilustradora / Susana Duarte, programadora cultural / Susana Saraiva, professora / Susana Verde, guionista / Tânia Raposo, consultora editorial / Teresa Nicolau, jornalista / Teresa Sampaio, editora / Teresa Sousa de Almeida, professora universitária aposentada / Tiago Mota Saraiva, arquitecto / Tiago Patrício, tarefeiro / Tiago Reis, estudante / Tiago Rodrigues, encenador / Tiago Simões, arquitecto / Vanda Baltazar, empregada bancária / Vanessa Almeida, investigadora / Vanessa Filipe, arqueóloga / Vânia Maia, jornalista / Vera Silva, alfarrabista / Victor Barros, livreiro / Vítor de Sousa, investigador / Vitor Rodrigues, livreiro / Vitor Sérgio Ferreira, sociólogo
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José Mário Branco



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Sócrates sem Rato



«Na passada semana, o Partido Socialista recebeu uma carta de José Sócrates, juntamente com o seu cartão de militante, e a justificação foi: "chegou o momento de pôr fim ao embaraço mútuo". Houve algum espanto na sede do PS, mas também algum descanso por ser uma carta normal e não um postal enviado das Bahamas.

Obviamente, o espanto do PS é um manifesto exagero. Depois de vários socialistas e defensores do ex-PM virem a público falar da "vergonha" para o PS por aquilo de que é acusado Sócrates, e conhecendo bem o partido a forma de reagir do engenheiro, custa-me acreditar que tenha havido espanto. Pelo contrário, acredito que a carta tenha sido aberta em ambiente protegido e com António Costa vestido com o fato "anti-antraz".

É uma carta que, de certa forma, dá jeito ao PS, uns dias do congresso do partido. Assim, o engenheiro Pinto Monteiro já nem pertence ao PS. Melhor só se, entretanto, Sócrates se inscrevesse no PSD. Isso era ouro sobre azul. Não nos podemos esquecer que Sócrates veio da JSD. Talvez fosse possível, durante o congresso, António Costa atribuir todo este comportamento de Sócrates a uma passagem pela Universidade de Verão do PSD.

Chego à conclusão de que, nisto das amizades, Sócrates devia estar no Guinness Book - tão depressa tem um super-amigo que o ama tanto que dedica uma vida a ganhar dinheiro para ele, como tem hiper-amigos que aproveitaram bem a amizade na altura que lhes deu mais jeito e desmarcaram-se quando já só servia para dar chutos no morto.

Sinto-me dividido com esta queima do Sócrates. Sinto tanta vergonha de alguns que agora levam isto ao Parlamento, dizendo "toda a gente já tinha topado, porque só agora falam", como dos que só agora deram por isso e se escandalizam. Muitos dos tais que só agora dizem "que vergonha", ainda não deram por nada no BPN, nos Submarinos, Macedos e Vistos, no Banif, na PT, na mercearia da esquina do Capelo Leite. Em todos os casos, são pessoas que vêem bem ao longe mas mal ao perto.

O meu receio é que isto faça de Sócrates aquilo que ele sempre quis ser. Não, não é ser sexy platina do Correio da Manhã, é ser uma vítima. Se ele quiser, até os Verdes ficam mal vistos por deixarem o PS tratar assim um animal político como o Sócrates, e nem um protesto. Peço desculpa pelo trocadilho, mas deixei-me levar pela maré, e até eu me sinto capaz de esquecer os meus princípios.

Claro que, como mete Sócrates, este movimento político tinha de dar em almoço. A cinco dias do congresso do PS, foi agendado um almoço de solidariedade organizado pelo Movimento Cívico "José Sócrates, Sempre". Se é Sempre, ou seja, até à eternidade, não é um movimento cívico, é uma religião.

Segundo entendi, a razão principal deste almoço de homenagem tem que ver com o facto de o ex-PM estar agora a ser maltratado e traído pelo seus colegas no PS. Acho bonito, mas se é para organizar uma festa a quem foi maltratado pelo próprio partido, relembro que nem um brunch de solidariedade pelo Tó Zé Seguro foi organizado.»

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10.5.18

Dica (759)




«O espírito de 68 é uma bebida poderosa, uma mistura picante e desejável, um cocktail explosivo composto por vários ingredientes. Um dos seus componentes - e não menos importante - é o romantismo revolucionário, isto é, um protesto cultural contra os alicerces da civilização industrial / capitalista moderna, o seu produtivismo e consumismo, e uma associação singular, única no seu género, entre subjetividade, desejo e utopia.»
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10.05.1958 – Humberto Delgado: «Obviamente demito-o!»




Durante a conferência de imprensa de lançamento da sua campanha para as eleições presidenciais, no Café Chave d’Ouro em Lisboa, Humberto Delgado proferiu uma frase que viria a ficar célebre: «Obviamente, demito-o!»

Interessa o seu significado, independentemente das outras versões da frase em questão, que foram sendo reivindicadas.

«A 10 de maio de 1958, no café Chave d` Ouro, no número 38 do Rossio, em Lisboa, o candidato da oposição às presidenciais deu a conferência de imprensa em que o correspondente em Lisboa da agência noticiosa France Presse (AFP), Lindorfe Pinto Basto, fez a pergunta.
"Senhor general, se for eleito Presidente da República, que fará do senhor Presidente do conselho?", perguntou, depois de ter notado que, num país que vivia em ditadura, os jornalistas "estavam todos `nas encolhas`".
"Vi que os meus colegas estavam todos nas encolhas. Eles não podiam falar. Eu pertencia à France Presse. Fiz a pergunta. Tinha de a fazer. O general parecia que estava à espera", lembrou Lindorfe Pinto Basto numa conversa com Iva Delgado, filha do general que "perdeu" as eleições para o candidato do regime, Américo Thomaz, no meio de acusações de fraude.
"Obviamente demito-o!" foi a resposta usada pelos jornalistas, mas, mesmo passado meio século, as versões não são todas coincidentes, como descreve o neto do general, Frederico Delgado Rocha, no livro "Humberto Delgado - Biografia do General sem Medo" (Esfera dos Livros), agora reeditado por ocasião dos 50 anos do seu assassinato.
A frase, lê-se no livro, foi registada com "nuances" pelos diferentes jornalistas desde a pontuação ao tempo verbal e à própria ordem das palavras.
As duas variações assinaladas no livro são: "Demito-o, obviamente" e "mas obviamente demito-o".
Em 1998, numa conversa com Iva Delgado, Pinto Basto, que era correspondente da AFP desde 1948, registou outra frase: "Demito-o, é óbvio".»

(Fonte)
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CDS e Eutanásia


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Queridos fiéis de Cristas, que se julgam eternos: olhem que a Vida mata muito mais! Não lhes ensinam isso na catequese?
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Histórias do fim



«O coro das carpideiras, o direito à indignação dos enganados e os suspiros de tenor dos que se consideram apenas envergonhados, não devem distrair da tarefa principal que é a identificação dos dispositivos e dos factores que geram e encobrem a compra e venda de decisões políticas. É uma tarefa necessária, para que não tenha de se ficar à espera até chegar ao ponto em que será a incompetência dos protagonistas, a sua imprudência ou o seu desplante, o que vai revelar como se serviram do poder que lhes foi atribuído, iluminando então o corpo dos interesses que estava encoberto pelas sombras das ideologias. A compra e venda de decisões políticas não é de direita ou de esquerda, é a política no mercado.

Mas é uma tarefa obrigatória na política portuguesa, porque o que se encontra hoje é o que já se conhecia de outros períodos no passado, em processos que se repetem até chegarem à configuração do fim-de-regime. Foi assim com o liberalismo de 1820 e da Constituição de 1822, da perda do Brasil e da venda dos bens da Igreja, que depois, esgotadas as receitas das vendas, evoluiu até ao fontismo das obras públicas financiadas com dívida, que conduziu à bancarrota de 1891, à subordinação aos credores externos e ao fim do regime da monarquia. Foi assim com a República de 1910, que termina logo a seguir à prisão de Alves dos Reis, em Dezembro de 1925, explorando a propriedade do partido do regime, o partido de Afonso Costa, aquele que tinha de estar sempre no poder. Foi assim com a República do Estado Novo, que caiu nos abismos da descolonização e da nacionalização dos centros empresariais, para ficar dependente do destino que lhe for permitido pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu. Volta a ser assim com a democracia pluralista estruturada pela Constituição de 1976 e organizada por um sistema partidário que reproduz o padrão dos partidos-de-regime, aqueles que abrem os escritórios de compra e venda de decisões políticas.

Só não viu quem quis continuar iludido. O caminho provável do PS é o caminho do regime, o fim de um será o fim do outro. Para renascerem logo a seguir, como se fossem novos. Não se esquece nada e não se aprende nada.»

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9.5.18

Estado da arte


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Dica (758)



Um corporativismo à Alves dos Reis (Viriato Soromenho Marques) 

«À justiça cabe apurar, neste denso novelo, os crimes e os criminosos. Mas à política cabe saber quem é que faz parte deste governo-sombra que empurrou Portugal até à beira do precipício onde ainda vacilamos. Para que o caso JS fosse possível bastou a distração cúmplice dos seus próximos. Para que o corporativismo de contrafação continue será necessário o consentimento bovino de uma nação inteira. Revelar quem são os grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos é, por isso, um imperativo ato de higiene pública.»
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Dia da Europa?



O problema é mesmo este: a UE.

Um drama, um vício e um elefante na sala



Francisco Louçã, no Expresso diário de 08.05.2018:

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8.5.18

Sabemos que somos burros


… mas só eu é que acho isto uma ofensa, num país com 12 anos de escolaridade obrigatória?
Já agora, podiam pôr na factura 5000 desenhos de garrafas de litro. Ainda era mais fácil.

(Expresso diário de 08.05.2018)
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Dica (757)




«Systemic contradictions of capitalism have only intensified in the neoliberal era. Structural unemployment, a phenomenon directly related to capitalist modes of production, has continued unabated, creating a massive and ever-growing "reserve army of labor" that has been disenfranchised on an unprecedented scale. (…)
The twentieth-century liberal experiment has failed, bringing down with it the delusional hopes of constructing a manageable and benevolent form of capitalism. The ripple effects of capitalism's structural failures, intensified by modern forms of government-facilitated debt slavery, job markets that can no longer keep pace with wage demands, and interrelated housing insecurity and displacement, have pushed us into a twenty-first-century serfdom. We are left wondering how long this balancing act can last.»
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Quem manda na sombra


«É uma pedra no sapato do Banco de Portugal. A empresa de investimentos BlackRock faz parte de um consórcio da mais alta finança mundial que ameaça boicotar o país por conta da transferência de 2000 milhões de euros de dívida que vinha do antigo BES e que passou do Novo Banco para o "banco mau". Mas, como relata o jornalista Paulo Pena em dois artigos recentes no "Público", esta não é a única ligação do BlackRock ao banco de Ricardo Salgado e à economia portuguesa. (…)

Não é um banco, nem está obrigado às regras de regulação e supervisão do sistema bancário. Mas gere, sozinho, 5,2 milhões de milhões de euros, ou seja, 26 vezes o PIB português. Seja por sua conta ou por conta da gestão de dinheiro de clientes, a BlackRock detém participações em 17 mil das maiores empresas mundiais.»

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O charme discreto da presunção da inocência



«Foi em Março, mas podia ter sido ou poderá ser num qualquer mês dos últimos anos ou dos vindouros. Tinha vários jornais comigo e num deles li o obituário da atriz Stéphane Audran. Nesse dia, já tinha lido outras coisas, entre elas várias notícias e opiniões sobre casos de justiça, e numa ou noutra questionava-se como é que alguém suspeito de qualquer coisa ainda estava numa certa função. Li e passei adiante, mas ao ler o obituário da atriz lembrei-me de um dos filmes que ela protagonizou e de como a presunção da inocência é entre nós - pelo menos fora dos tribunais, um dia direi como é lá dentro - como o jantar daquele mesmo filme: um jantar esperado, desejado e celebrado, mas que não acontece. Os mais cinéfilos já perceberam que me refiro ao filme de Luis Buñuel "O Charme Discreto da Burguesia".

A presunção da inocência, pura e simplesmente, não existe na esfera pública. Talvez nunca tenha realmente existido, talvez sempre tenha sido, apenas e só, um desejo e um comando do legislador para que se ficcionasse a sua existência (como escrevi num livrinho há quase já vinte anos). Mas, até certo ponto da nossa História, esse comando era mais ou menos cumprido na esfera pública, como se fosse uma convenção de boas maneiras. No seu íntimo, cada qual presumia (ou tinha mesmo a certeza) do que lhe parecia, mas havia um certo cuidado no discurso e nas manifestações públicas, sobretudo de quem tinha mais responsabilidades (de autoridade, formativas, informativas ou outras). Era, por exemplo, como aquelas convenções sobre o que pode ou não fazer à mesa, sobretudo na presença de visitas. Até porque a presunção da inocência sempre é uma coisa importante, até está na Constituição, e eu até arriscaria dizer (mesmo que, para além das suspeitas do costume, fiquem a olhar para mim como se fosse um espécime de museu de História Natural) que é uma trave mestra do Estado de Direito.

Mas tudo isso acabou, está morto e enterrado. Como ao grupo de convivas do filme de Buñuel, tudo correu mal à presunção da inocência na esfera pública, e quem se atreve a invocar esse comandozinho constitucional ou é parvo ou então é logo suspeito de péssimas intenções e ainda piores interesses e agendas. Às vezes, há quem, ao mesmo tempo que discorre sobre a profunda culpa de alguém que ainda não foi julgado (ou sequer acusado), diz com ares de cuidado: "Mas atenção, há a presunção de inocência, eu não sei, veremos." E eu, quando ouço isso, lembro-me logo das crianças e dos adultos descuidados que, depois de serem surpreendidos por um flato embaraçoso, tossem para disfarçar.

Assumamos as coisas como elas são, e marchemos para o velório da presunção da inocência. Desde que certos processos, por tantas razões (que justificam uma biblioteca), se tornaram tema de interesse primordial e, ao mesmo tempo, tema de espetáculo quotidiano, qualquer crença de que a presunção da inocência pode ter lugar ou vida no espaço público é pura ilusão. E não venham já as carpideiras habituais e os guardiões da moral republicana de almanaque acusar-me de interesses e propósitos obscuros, até porque não estou ainda (aqui) a valorar o fenómeno, muito menos a querer colocar travão à discussão ou ao escrutínio público das coisas. Estou, agora e aqui, apenas a constatar e a dizer o óbvio - um óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. Acreditar hoje na presunção da inocência em processos que estão no espaço público é como acreditar no Pai Natal. E, por favor, não tussam para disfarçar.»

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7.5.18

Robôs de todo o mundo, uni-vos?




Um texto a ler muito atentamente. O que virá a acontecer é questão para um milhão de dólares, mas quanto a saber que aquilo que a China quer é isto não há nenhuma dúvida.
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07.05.1974 – A absolvição das três Marias



Não tivessem os capitães acabado com a ditadura duas semanas antes e Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta teriam vivido um desfecho bem diferente do julgamento que decorria no Tribunal da Boa-Hora, em que eram rés, e que terminou em 7 de Maio de 1974 com a absolvição das três.

Continuar a ler AQUI.
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Marcelo: ele é que é o Presidente da Junta




Tanto faz, não é, é igual ao litro, desde que ele fique bem na selfie?

P - Para o Presidente, tanto faz que o próximo OE seja viabilizado de uma maneira ou de outra?
R - A posição do Presidente é que é fundamental para o país que haja orçamento aprovado, de modo a entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2019.

Público de 07.05.2018
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07.05.1925 - Luiz Pacheco



Faria hoje 93 anos e, se ainda por cá andasse, o Luiz Pacheco seria certamente tão irreverente como sempre foi – o que daria muito jeito.

Para compreender melhor a sua pessoa e a sua obra, a leitura de Puta que os pariu! – A biografia de Luiz Pacheco, de João Pedro George, é absolutamente obrigatória.



Texto de uma intervenção pública de Luiz Pacheco:

O QUE É O NEO-ABJECCIONISMO

Chamo-me Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco, ou só Luiz Pacheco, se preferem. Tenho trinta e sete anos, casado, lisboeta, português. Estou na cama de uma camarata, a seis paus a dormida. É asseado, mas não recebo visitas. Também não me apetece fazer visitas. A Ninguém. Estou bastante só. Perdi muito. Perdi quase tudo.

Perdi mãe e perdi pai, que estão no cemitério de Bucelas. Perdi três filhos – a Maria Luísa, o João Miguel, o Fernando António –, que estão vivos, mas me desprezam (e eu dou-lhes razão). Perdi amigos. Perdi o Lisboa; a mulher, a Amada, nunca mais a vi. Perdi os meus livros todos! Perdi muito tempo, já. Se querem saber mais, perdi o gosto da virilidade; se querem saber tudo, perdi a honra. Roubei. Sou o que se chama, na mais profunda baixeza da palavra, um desgraçado. Sou, e sei que sou.

Mas, alto lá! sou um tipo livre, intensamente livre, livre até ser libertino (que é uma forma real e corporal de liberdade), livre até à abjecção, que é o resultado de querer ser livre em português.

Até aos trinta e sete anos, até há bem pouco tempo ainda, portanto, julguei que podia, era possível, ser livre e salvar-me sozinho, no meio de gente que perdeu a força de ser (livre e sozinha), e já não quer (ou mui pouca quer) salvar-se de maneira nenhuma. Julgava isto, creiam, e joguei-me todo e joguei tudo nisto. Enganava-me. Estou arrependido. Fui duro, fui cruel, fui audaz, fui desumano. Fui pior, porque fui (muitas vezes) injusto e nem sei bem ao certo quando o fui. Fui, o que vulgarmente se chama, um tipo bera, um sacana. Não peço que me perdoem. Não quero que me perdoem nada. Aconteceu assim.

Eu para mim já não quero nada, não desejo nada. Tenho tido quase tudo que tenho querido, lutei por isso (talvez o merecesse). Agora, já não quero nada, nada. Já tudo, tanto me faz; tanto faz.

Agora, oiçam: tenho dois filhos pequenos, o Luis José, que é o meu nome, e a Adelina Maria, que era o nome de minha Mãe. O mais velho tem 4, a pequenita dois, feitos em Fevereiro, a 8. Durmo com uma rapariga de 15 anos, grávida de sete meses, e sei que ela passa fome. É natural que alguns de vocês tenham filhos. Que haja, talvez, talvez por certo, mães e pais nesta sala. Não sei se já ouviram os vossos filhos dizerem, a sério, que estão com fome. É natural que não. Mas eu digo-lhes: é essa uma música horrível, uma música que nos entra pelos ouvidos e me endoidece. Crianças que pedem pão (pão sem literatura, ó senhores!) pão, pãozinho, pão seco ou duro, mas pão, senhores do surrealismo, e do abjeccionismo, e do neo-realismo e mesmo do abstraccionismo! Este mês de Março que vai acabar ou já acabou, pela primeira vez, eu ouvi os meus filhos com fome. E pela primeira vez, não tive que lhes dar. Perdi a cabeça, para lhes dar pão (ainda esta semana). Já não tenho que vender, empenhei dois cobertores, e um nem era meu. Tenho uma máquina de escrever, que é a minha charrua, e não a posso empenhar porque não a paguei; e tenho uma samarra, que no prego não aceitam porque agora vai haver calor e a traça também vai ao prego… Já não tenho mais nada. Tenho pedido trabalho a amigos e a inimigos. Humilhei-me, fiz sorrisos. Senti na face, expelido com boas palavras e sorrisos, o bafo da esperança, da venenosa esperança; promessas; risinhos pelas costas. Pedi trabalho aos meus amigos: Luís Amaro, da Portugália Editora; Rogério Fernandes, de Livros do Brasil; Artur Ramos; Eduardo Salgueiro, da Inquérito; dr. Magalhães, da Ulisseia; e Bruno da Ponte, da Minotauro, aqui presente, decerto. Alguns têm-me ajudado; mas tão devagarinho! tão poucochinho!

Sim, porque eu não faço (já agora, na minha idade!) todos os trabalhos que vocês querem! Só faço, já agora, coisas que sei e gosto: escrever umas larachas; traduzir o melhor que posso; mexer em livros, a vendê-los ou a fazê-los.

Nem quero vê-los a vocês, todos os dias! Ah! Não! Era o que me faltava! Vocês têm uma caras! Meu Deus, que caras que nós temos! Conhecem a minha? Vão vê-la ali ao canto, na folha rasgada do meu passaporte (sim, porque viagens ao estrangeiro (uma…) também já por cá passaram…) Viram? É horrível!… A mim, mete-me medo! Mas é uma cara de gente. E isso não é fácil.

Dizia eu: eu quero trabalhar na minha máquina, sozinho, ou rodeado da minha Tribo: os miúdos, uma mulher-criança, grávida. E, às tardes, ir passear pela Avenida Luísa Todi ou na ribeira do Sado. Acho que nem era pedir muito. E para mim, é tudo.

Já pedi trabalho a tanta gente, que já não me custa (envergonha) pedir esmola. Confesso-lhes: até já o fiz, estendi a mão à caridade pública, recebi tostões de mãos desconhecidas, de gente talvez pobre. E tenho pedido emprestado, com a convicção feita que não o poderei pagar. É assim.

Eu para o Luiz Pacheco, repito, não quero nada, não desejo nada, não preciso de nada; mas para os bambinos! E para o bebé que vai nascer! Roupas; leite; pão; um brinquedo velho… Dêem-me trabalho! Ou: dêem-me mais trabalho.

E para findar esta Comunicação, remato já depressa:

Peço uma esmola.
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6.5.18

Dica (756)




«India’s economy has a lot going for it: it's already huge, and still growing relatively fast, at 7.2%, surpassing even China's 6.8%. It has a young, working-age population; and a public that craves new technology. In the last three years, foreign investors poured in $209 billion, while multinational companies are expanding their Indian operations or starting new ones. In 10 years, economic forecasters predict that India’s economy will climb to the third largest in the world, behind only the U.S. and China.»
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Vital Moreira nos seus labirintos




Não conheço Vital Moreira a não ser como figura pública, mas há muitos anos que sigo o seu percurso. Confesso que é uma das pessoas cuja «evolução» (entre aspas, sim…) me custa mais compreender, embora não seja caso totalmente isolado na nossa praça. Este texto é todo ele extraordinário, mas o ponto 5 é um primor (viva o chumbo do PEC4!).
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E nem os meus bisnetos verão um pequeno TGV em Portugal…



Ferrovias automatizadas entram em fase de testes em Beijing.
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06.05.1968 – Barricadas em Paris



Na segunda-feira, 6 de Maio, começou a semana das barricadas. A partir das 15:00 horas, registaram-se muitos e graves confrontos entre estudantes e polícia. Um bom resumo neste vídeo:



Na véspera, 5 de Maio, Cohn-Bendit, fizera a seguinte declaração: «Nous disons que l'État est partie prenante de l'antagonisme de classe, que l'État représente une classe. La bourgeoisie cherche à préserver une partie des étudiants, futurs cadres de la société. Le pouvoir possède la radio et la télévision, et un parlement à sa main. Nous allons nous expliquer directement dans la rue, nous allons pratiquer une politique de démocratie directe.»
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