Com pouco tempo para ler notícias, percebo no entanto que os espíritos andam cada vez mais cinzentos e que o fantasma do FMI se aproxima na opinião de quase todos, com a Irlanda por aí tão perto. (Quase todos, claro, porque o nosso PM continua inabalavelmente
esperançoso e confiante.)
A distância torna-me optimista: estou num país que viveu uma crise colossal há apenas dez anos, que teve por cá o dito FMI, sofreu muito mas não desapareceu do mapa. Pelo contrário: é hoje próspero (embora não tanto como poderia, segundo leio), Buenos Aires tem uma enorme vitalidade e deixa Lisboa a quilómetros de distância em termos de qualidade urbana. Puerto Madero (antigas docas) cresceu muito nos últimos anos, tem agora três quilómetros de restaurantes e habitações de luxo, uma marina, hotéis dos melhores arquitectos do mundo – claros sinais exteriores de riqueza, portanto, e de saída da fatídica «crise».
Claro que os condicionalismos são diferentes, aqui não havia pelo meio o complicómetro de Bruxelas nem os interesses da senhora Merkel, mas existiam outros problemas bem graves.
Quero dizer com isto que desejo a entrada do FMI? Não: apenas lembrar que o mundo não vai acabar por aí amanhã, sem FMI ou com ele, embora se tenha um pouco a sensação contrária quando, a distância, se dá uma volta pelas gordas dos jornais e por alguma blogosfera…
(Foto: Puerto Madero, onde vou agora jantar…)
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