25.1.14
Sobre praxes, ainda
Se tiver estômago, não deixe de ver este vídeo onde são mostrados documentos que alunos da comissão de praxe da Lusófona tiveram de assinar. E muito mais.
*** A ler: um importante texto de Pacheco Pereira, no Público de hoje – A abjecção das praxes.
***A ver: PRAXIS, de Bruno Cabral, hoje, às 20:43, na RTP1.
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Um século, dois mundos
Através da Helena Araújo, cheguei a este vídeo que mostra o trânsito de San Francisco em Abril de 1906.
Um século depois chegou-se a isto, do outro lado do mundo:
Aceitam-se apostas para 2106.
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Dir-te- ei quem és
«Sem aviso prévio, a FCT reduziu substancialmente as bolsas atribuídas nos concursos de doutoramento e pós-doutoramento. Se a política de ciência fosse um ramo da doutrina militar ofensiva, o ministro Nuno Crato poderia juntar-se ao general Heinz Guderian na galeria dos criadores de operações-relâmpago, fulminantes e destrutivas. (...)
Cortar a ligação ao país de mais de um milhar de jovens cientistas - através da privação sem alternativa viável do financiamento - é mau. Mas justificar essa brutalidade com uma mudança de "paradigma" na política de ciência é ainda pior. Significa que os responsáveis por estas decisões abusam do conceito de "paradigma" (...), e ainda menos percebem que uma política pública não deve nem pode ser forjada impulsivamente, de cajado na mão. Na ciência como na política: diz-me qual o teu método, dir-te-ei quem és.» (Realces meu.)
Viriato Soromenho Marques
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24.1.14
O sonho de Futre finalmente realizado
Governo aprova estatuto que permitirá ao ensino superior atrair mais estudantes internacionais, que não pertençam à União Europeia nem à CPLP.
Paletes de estudantes chineses invadirão universidades e politécnicos e Nuno Crato acabará o seu reinado em beleza!
. Também tu, Freitas do Amaral?
Já cansa: todos os dias se cita mais um compagnon de route desta maioria (e eu também o faço...) a declarar que o rei vai nu e que este governo não serve. Só que, neste caso, não se trata apenas de «mais um» e, talvez por isso, a sua convicção me deixa mais ou menos indiferente: Freitas do Amaral foi pai e fundador da direita em Portugal e o seu percurso ziguezagueante começou cedo, muito cedo, quando ainda era estudante de Direito, quase imberbe, em tempos de marcelismo. Andou por aí, em muitos e variados poleiros (até na ONU e em governos socialistas) e, pelos vistos, ainda julga que não é tempo de parar.
Em 1974, tal com agora quer «castigar este governo», sentiu-se obrigado a dizer coisas como estas:
Sociedade sem classes? É para amanhã, dr. Freitas do Amaral!
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O discurso da falta de alternativas
De um texto de Gustavo Cardoso no Público de hoje:
«Défice e desigualdade, estas duas palavras encerram em si as causas, as explicações e, possivelmente, as soluções para a crise que vivemos actualmente em Portugal. Necessitamos não de uma “regra de ouro” mas sim de duas: uma para obrigar governos a limitar défices orçamentais e outra para os obrigar a limitar a desigualdade de rendimentos. (...)
A curiosidade do fenómeno da assertividade do “não haver alternativas” advém precisamente de a afirmação não ser produto de uma exaustiva procura e da consequente conclusão de que, efectivamente, "não podemos fazer senão o que estamos a fazer”. (...) A conclusão parece pois evidente: “não há alternativas” porque os que acham “não as haver” se encontram ideologicamente autolimitados em as procurar. (...)
Se tivéssemos de escolher um único, e simples, instrumento de gestão política para começar a equilibrar os nossos orçamentos e, ao mesmo tempo, lidar com o exagero psicológico que foi atribuir à “redução do défice” o papel de objectivo social último, esse deveria ser a inscrição em legislação nacional de um valor máximo de desigualdade que estamos dispostos a aceitar em Portugal e na Europa. (...)
Precisamos de crescimento económico junto com bem-estar e não de crescimento, desigualdade e mal-estar.» (Realces meus.)
. Sem prazo de validade
Vanessa Redgrave, aqui com 74 anos (tem agora 76), fotografada por Bruce Weber para «Vogue Italia».
. 23.1.14
Referende-se tudo
Ricardo Araújo Pereira, sobre o tem inevitável:
«Creio que devia haver um referendo à coadopção por casais de todos os tipos. (...) Os cidadãos não devem ficar só pela rama, e descobrir apenas se os pais apreciam manter relações sexuais com elementos do mesmo sexo, ou de sexos diferentes. Precisamos de saber exactamente de que tipo de sexo estamos a falar, com que frequência ocorre, em que locais, quanto tempo dura, e que género de expressões os membros do casal gritam um ao outro. A minha vizinha de cima diz ao marido certas coisas que nenhuma criança devia ouvir.»
Na íntegra AQUI.
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Always look on the bright side of life
Faz hoje três anos que Cavaco Silva foi reeleito para a Presidência da República. Já lá vão oito, só faltam dois.
. A fuga às ideologias
«Nos tempos que correm, os líderes políticos cumprem uma regra de ouro para estar no poder, a de abdicar do discurso ideológico que os fez lá chegar. O poder está transformado num exercício de despojamento das convicções, em nome desse bem maior que é governar. Argumentam estes líderes, em Portugal e lá fora, que esta metamorfose é feita em nome do interesse nacional. (...)
Urge recolocar a ideologia no centro do debate. Por duas ordens de razão. Primeiro, porque as políticas, enquanto práticas ideológicas, devem colocar-se (no mínimo) num plano de igualdade face ao poder financeiro, que se consubstancia naquela entidade etérea chamada mercados. Segundo, porque as sociedades sem debate ideológico tornam-se amorfas e acabam por desprezar os valores mais elementares da natureza humana.
A crise económica e financeira que se tem vivido em Portugal resulta, em boa parte, dessa falta de doutrina e da displicência com que se olha para o futuro. (...) O empobrecimento de Portugal também tem passado por aqui. Pela falta de ideais e de visão do futuro dos líderes que têm exercido o poder.»
Celso Filipe, no Negócios de hoje.
. 22.1.14
Lê-se, relê-se e custa a acreditar
Segundo o Público, o governo propõe um corte de 12,5% nos salários e pensões dos trabalhadores do Metro de Lisboa e da Carris para pagar complementos de reforma a mais de 5.600 aposentados e pensionistas daquelas empresas, que decidiram aceitar reformas antecipadas precisamente com base na garantia dos complementos de reforma em questão.
Ou seja: a entidade que não cumpre o contrato quer ir ao bolso dos afectados, e dos colegas destes, para resolver um problema que criou.
. Apertem os cintos: vem aí o 25 de Abril
@João Abel Manta
Vão multiplicar-se comemorações dos 40 anos da Revolução, existirá um cardápio com escolhas para todos os paladares. O dr. Aníbal já as anunciou, a Associação 25 de Abril estará muito activa, muitos outros se posicionarão.
Mas não só: como a imaginação tem asas e há um historiador virtual em potência na cabeça de muitos portugueses, começam a aparecer textos como este, publicado por um Anónimo na caixa de comentários de um blogue:
«Se Costa Gomes tivesse sido o primeiro PR depois do 25 de Abril, Vasco Gonçalves também teria sido o primeiro PM e o PC teria tomado o poder, face à pouca implantação do PS e à impossibilidade de organização de partidos como o PSD e o CDS, que comunistas e afins teriam proibido. E, com o PC no poder, teríamos outro banho de sangue em que todos os que fossem considerados fascistas, com razão ou sem ela (sabe-se o que são julgamentos em período revolucionário) seriam suprimidos liminarmente. E Franco teria entrado em Portugal com facilidade, pois tínhamos o grosso das tropas nas colónias, com o apoio entusiástico dos EUA e da Europa que, entre outras coisas, nos vendiam armas. Este banho de sangue seria, repito, muito maior.»
Assim mesmo. Nem chegaríamos ao PREC, Portugal aderiria ao Pacto de Varsóvia antes do 1º de Maio (pondo assim fim à Guerra Fria entre os dois blocos) e, logo a seguir, Franco entraria vitorioso por Vilar Formoso ou pelo Caia. Viríamos a ser inseridos na Transição espanhola e prestaríamos vassalagem ao novo rei Juan Carlos.
Até quando? Ora bem, era aqui aí que eu queria chegar: ainda seríamos hoje uma província espanhola e agora (sim!..., sim!...) percebe-se por que motivo Paulo Portas fala tanto de 1640! Ele acredita que tudo isto aconteceu e quer aproveitar a saída da troika para uma cerimónia de defenestração que acabe com o protectorado espanhol.
Delírios? Delirantes andamos nós todos.
. Delírios? Delirantes andamos nós todos.
«Pirataria» contra a ditadura
Em 22 de Janeiro de 1961, algures no mar das Caraíbas, 12 portugueses e 11 espanhóis, comandados por Henrique Galvão, assaltaram um navio em que viajavam cerca de 1.000 pessoas, entre passageiros e tripulantes, e protagonizaram aquela que foi, muito provavelmente, a mais espectacular das acções contra a ditadura de Salazar.
Mesmo sem atingirem os objectivos definidos – chegar a Luanda, dominar Angola e aí instalar um governo provisório que acabasse por derrubar as ditaduras na península ibérica – conseguiram chamar a atenção do mundo inteiro que noticiou, com estrondo, a primeira captura de um navio por razões políticas, no século XX. (Em Portugal, julgo que as primeiras notícias só foram publicadas no dia 24!)
Os aliados da NATO não reagiram como Salazar pretendia ao acto de «pirataria» e só cinco dias mais tarde é que a esquadra naval americana localizou o navio. Depois de várias peripécias e negociações, o Santa Maria chegou ao Recife em 2 de Fevereiro e os revolucionários receberam asilo político.
Volto à questão da repercussão internacional, que foi muito grande, porque a vivi pessoalmente. Estudava então em Lovaina, na Bélgica, e fui acordada às primeiras horas da manhã pela directora da residência universitária onde morava, que me disse que um navio português tinha sido assaltado por piratas, em pleno alto mar.
Entre a perplexidade generalizada e o gozo («ces portugais!…»), os poucos portugueses que então lá estudávamos passámos horas colados a roufenhos aparelhos de rádio, sem conseguirmos perceber, durante parte do dia, o que estava concretamente em jogo, já que não eram identificados os piratas nem explicados os motivos da aparatosa aventura. Quando, já bem tarde, foi referido o nome de Henrique Galvão, e descrito o carácter político dos factos, respirámos fundo e pudemos finalmente dar explicações aos nossos colegas das mais variadas nacionalidades. Houve festa e brindou-se à queda da ditadura em Portugal – para nós iminente a partir daquele momento, sem qualquer espaço para dúvidas...
A ditadura não caiu mas levou um abanão. O assalto ao Santa Maria foi o pontapé de saída de um annus horribili para Salazar, ano que iria terminar com a anexação de Goa, Damão e Diu. (Pelo meio, em Fevereiro, começou a guerra colonial...)
Vivemos hoje numa outra galáxia, tudo isto parece quixotesco e irreal? Henrique Galvão, Camilo Mortágua e companheiros foram os hackers daquele início da década de 60: hoje talvez pudessem utilizar frigoríficos e televisões num espectacular ciberataque.
Muito interessante: O desvio do Santa Maria e o princípio da Guerra do Ultramar.
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21.1.14
A irmã Lúcia ao Panteão!
Texto recebido por mail:
Agora que se fala da possível (mais que certa!) transladação do Eusébio para o Panteão Nacional, onde repousam os heróis nacionais, seria de elementar justiça proceder de igual modo para com os restos mortais da irmã Lúcia. Com efeito, a irmã Lúcia levou o nome de Portugal tão longe ou mesmo mais do que Eusébio tendo premonizado…atenção! a queda da União Soviética e do comunismo, o que de facto se cumpriu (o PCP não caiu mas é, objectivamente, um aliado da direita – veja-se a moderação com que, sob a sua batuta, são contestadas as medidas impopulares do Governo e os louvores que recebe, em troca, dos bem pensantes da direita). Estou certo de que Fátima mobiliza e mobilizará muito mais cidadãos do Mundo do que a estátua do Ronaldo…desculpem, do Eusébio, com ou mesmo, sem cascóis.
Há uma outra razão que reforça esta proposta: completar-se-iam, no Panteão Nacional, os representantes dos três Fs em que o fascismo se apoiou: Fátima, Futebol e Fado.
Fátima é hoje venerada por milhões de crentes de todo o Mundo e tem uma vantagem acrescida relativamente ao Eusébio: não induz em erro pois nenhum ignorante terá a peregrina ideia de localizar Portugal entre os países africanos. Portanto, na qualidade de embaixadora, Lúcia cumpre, de longe, com mais rigor a sua função.
É certo que Eusébio é “Património nacional” decretado por Salazar, ao contrário da irmã Lúcia. Et pour cause! Ele cumpriu uma função importantíssima caucionando o conceito propagado internacionalmente pelo Estado Novo, de que Portugal era um “Estado multicontinental e multirracial”. Eusébio, que o povo idolatrava, era o “preto” de serviço, ao serviço dos interesses do fascismo. Nunca se preocuparam em ensinar-lhe o quer que seja nem remunerar condignamente a sua mestria natural desenvolvida nos subúrbios pobres de Lourenço Marques; e quando quis ir para Itália, barram-lhe a fronteira.
Na mesma época, Baptista Pereira atravessou os 34 km do Canal da Mancha, a nado, batendo o recorde mundial e levando o nome de Portugal para as manchetes dos jornais, em todo o Mundo. Mas esse era…comunista, e rapidamente o puseram em repouso em Caxias-sur-mer. Deste não reza a história mas quem estiver interessado em o conhecer, leia o romance de Soeiro Pereira Gomes, Esteiros, onde o “Gineto” já revelava grandes qualidades de nadador.
Amália Rodrigues, cujo colo me ajudou a suportar, enquanto criança, umas quantas noitadas na Lisboa de então (o acesso não era ainda condicionado pela idade!) foi igualmente aproveitada pelo poder político para narcotizar o povo na cultura do fatalismo e da desgraça. Terá aproveitado as mordomias de que foi objecto mas duvido que se tenha deixado impregnar ideologicamente. A esquerda de então (cuja semelhança com a esquerda actual é pura coincidência) apelidou, e bem, o fado de “ópio do povo”, adjectivo que se aplicava com igual propriedade á religião paroquial e ao futebol.
O fascismo utilizou habilmente os elementos mobilizadores dos sentimentos populares mais simples, que lhe estavam à mão, para narcotizar as potenciais reacções à sua política: o futebol, o fado e a aparição de Fátima. Muito pouco mudou de então para cá. Vimos os dirigentes políticos nacionais, da direita à esquerda, carpir, associando-se à idolatria de um homem simples e simpático, indubitavelmente talentoso, mas alheio, creio, às maquinações de que foi alvo.
Mas eu volto à irmã Lúcia. Dos três “heróis” nacionais foi quem premonizou, em Portugal, o “trambolhão” político e ideológico com maiores repercussões mundiais, que maior número de pessoas mobiliza anualmente e que inspira uma das actividades empresariais mais lucrativas… e patrióticas pois creio que, para efeitos fiscais, ainda não estará sediada na Holanda.
Por todas estas razões, apoio a transladação dos restos mortais da irmã Maria Lúcia, falecida em 2005, para o Panteão Nacional, convicto de que, tratando-se de uma pequena urna de ossadas, não pesará demasiado no orçamento da Assembleia da República.
Jorge Araujo
Prof. Emérito da Universidade de Évora
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Atenção a este rapaz, precisa de quem o trave
Multiplicam-se os comentários sobre a «exclusão» de Marcelo Rebelo de Sousa, como potencial candidato à Presidência da República, ditada numa moção que Passos Coelho apresentará ao Congresso do PSD.
Há pouco, em trânsito, ouvi na TSF declarações indignadas de Freitas do Amaral que classifica a atitude do actual primeiro-ministro como «Indecorosa», «não inocente» e «indecente». Ana Sá Lopes escreveu ontem, no i, que a esquerda tem agora aberto o caminho para Belém, «enfeitado com flores».
Enfim: muita água correrá ainda até 2016, vêm aí certamente tantos factos e factores imprevisíveis, e tantos foles de gato tem Marcelo, que nem me daria ao trabalho de alinhar duas linha sobre o tema, não se desse o caso de ter acabado de ler o que escreve José Medeiros Ferreira no seu blogue e que, isso sim, é matéria para reflexão: «Passos prepara as condições de escravidão política da figura presidencial»:
«Não sei o que acontecerá ao sistema política em Portugal se se deixa Passos Coelho voltar a trilhar o caminho da subversão do equilíbrio e separação de poderes. Depois de dois anos de atalaia ao Tribunal Constitucional, vira-se de novo contra o papel do Presidente da República, ele que há muito que meteu Cavaco Silva no bolso. e já está à procura de um ser débil para o futuro. Atenção a este rapaz. Precisa de quem o trave.
É isso: «Atenção a este rapaz. Precisa de quem o trave.»
. Esperanças de um optimista
«Lembrei-me que o 25 de Abril de 1974 vai fazer 40 anos e de como Portugal era diferente: guerra nas colónias, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado, licença para poder usar isqueiro... Penso nos dias de hoje, no quanto, apesar de tudo, avançámos. Tenho esperança que um meu neto, daqui a 40 anos, vá um dia enumerar, com espanto:
"Imaginem que no tempo do meu avô os estudantes universitários eram praxados, obrigados a cacarejar como galinhas ou a simular atos sexuais em público; as crianças abandonadas em instituições não podiam ser adotadas por casais homossexuais" (...)
"Mais de metade da população não votava; os políticos saíam diretamente do Governo para empresas que negociavam com o Estado; os jornalistas nunca assumiam publicamente os erros que cometiam; os tribunais demoravam 10 anos a sentenciar a simples disputa de uma herança; o Estado podia penhorar os nossos bens antes de decidir se tinha razão para isso"(...)
"As origens das fortunas pessoais não faziam parte da informação pública; as declarações de impostos eram secretas; os donos das empresas nunca dividiam lucros com os empregados; um quinto da população ganhava 5,8 vezes mais do que o quinto mais pobre e as 25 pessoas mais ricas de Portugal valiam 10% do PIB... Ah! E só para se rirem: as notícias eram lidas em jornais!"»(Realces meus.)
Pedro Tadeu
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20.1.14
Foi aqui que o vi
Claudio Abbado, Festival de Salzburgo, Agosto de 1972.
Hoje, foi-se embora.
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Mapas, mapas e mais mapas
Vale a pena passar alguns (ou muitos) minutos a olhar para o mundo de dezenas de perspectivas diferentes. É útil e também divertido.
(Via Carlos Fino no Facebook)
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Amílcar Cabral
Foi assassinado em Conacri, em 20 de Janeiro de 1973, com apenas 48 anos.
Uma entrevista de 11/11/1969:
Um pouco de biografia e (boa) música com os Super Mama Djombo:
Um dossier muito completo sobre a sua vida e obra, na página da Fundação Mário Soares, a partir daqui.
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Trevas cratianas
«Nuno Crato é o fiel representante da Idade das Luzes apagadas. Pretende a escuridão completa. Por isso, agora, depois de ir electrocutando a educação pública decidiu retirar o fusível que permitia iluminar a ciência em Portugal. Depois dele, Portugal vai regressar à Idade das Trevas. Para ele a ciência, a educação ou a cultura são sinais exteriores de riqueza que não podem ser mantidos. (...)
Francis Bacon dizia que: "Saber é poder". Sem saber, os portugueses ficarão menos poderosos. Mais maleáveis e propícios à manipulação. (...)
Em vez de se motivar a ligação universidades/empresas, Nuno Crato empenha-se em criar o deserto do conhecimento e do pensamento. Como escolha para ministro da "Educação" não poderia haver melhor. Com Nuno Crato ao leme, Portugal nunca tinha saído do Tejo para descobrir o mundo.»
Fernando Sobral, no Negócios.
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19.1.14
Ela faria hoje 72
... mas morreu com 47.
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É quando um chinês quiser
Ver o nascer do Sol, mesmo quando a poluição o esconde totalmente, passou a ser possível em Pequim: as autoridades utilizam ecrãs gigantescos, espalhados pela cidade, e ele lá está, o tal Sol, tal qual como vem no folheto.
Parece que, na passada quinta-feira, a falta de qualidade do ar foi especialmente grave: «The density of PM2.5 was about 350 to 500 micrograms Thursday midmorning, though the air started to clear in the afternoon. It had reached as high as 671 at 4 a.m. at a monitoring post at the U.S. Embassy in Beijing. That is about 26 times as high as the 25 micrograms considered safe by the World Health Organization, and was the highest reading since January 2013.»
(Fonte)
Palavras para quê?!...
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As manifestações de 17 a 19 de Janeiro de 1974, na Beira (Moçambique)
(Jorge Jardim com uma das filhas)
Um texto de Jorge Pires da Conceição, escrito para
este blogue, sobre acontecimentos muito pouco divulgados ou já esquecidos:
Foi há 40 que
ocorreram na Beira, Moçambique (e também na então Vila Pery, hoje Chimoio),
manifestações da população civil branca contra as Forças Armadas portuguesas,
acusando-as de inépcia e incapacidade de estancar o avanço da guerrilha.
As
manifestações na Beira de 17, 18 e 19 de Janeiro, dando continuidade às já
havidas em Vila Pery nos dias 15 e 16, chegaram a atingir um grau de violência
bastante elevado, incluindo agressões físicas de oficiais do Exército e pelo
menos o apedrejamento da messe de oficiais do Exército, no Macúti, com a
destruição de vidraças e de janelas.
Tais
movimentações foram despoletadas em consequência duma acção da Frelimo na
província de Manica, perto de Vila Pery, de que resultou a morte da mulher dum
fazendeiro branco.
Estas
manifestações marcaram o início de um período de tensão politico-militar de,
pelo menos, duas semanas e, de certo modo, vieram a relacionar-se com a
Revolução do 25 de Abril, na medida em que levaram os oficiais do Quadro
Permanente operando em Moçambique a tomar posições e a manifestar-se em grupo.
Adiante
apresento uma cronologia destes acontecimentos e das suas consequências
imediatas (com base nas páginas na “net” «Guerra Colonial 1961-1974» e «Abril
de Novo – Memórias do PREC»), mas antes farei uma breve introdução, tentando
enquadrar o que se passou.
A
Frelimo, que iniciara as suas actividades nos distritos do Norte – Cabo Delgado
e Niassa – progredindo depois também para Tete (sem, no entanto passar pelo distrito
da Zambézia), só em 1973 começou a fazer pequenas aparições no norte dos
distritos de Manica e Sofala, sendo a acção de Vila Pery, já em 1974, a mais
próxima do corredor Beira-Rodésia do Sul (hoje Zimbabué), embora já tivessem
surgido outras pequenas acções em áreas rurais perto do Parque da Gorongosa,
mas sem vítimas.
É
de referir que a população civil branca, nas zonas aonde ainda não se
manifestara a guerrilha, tinha uma atitude de indiferença em relação à guerra
em Moçambique e uma relação de distanciamento (por vezes mesmo de “segregação”)
relativamente aos militares metropolitanos, dos quais, no entanto, aproveitavam
os proventos financeiros, desde o seu peso no comércio local e territorial até
à actividade da construção civil e indústrias afins, passando pelos
frequentíssimos “jeitos” de cambiar moeda local em moeda nacional, bem mais
valiosa.
Assim,
sentindo que a guerrilha lhes começava a aparecer “no quintal” despertaram para
a sua existência, assustaram-se e indignaram-se contra quem julgavam estar ali
de veraneio.
É
preciso dizer-se que a Beira, por ser a porta de entrada em Moçambique para
quem vinha da então Metrópole por via aérea e também por ter um porto marítimo
ao qual estava ligada uma das suas principais vias férreas (a que ligava a
Beira à Rodésia do Sul e a Moatize, perto da cidade de Tete) de penetração numa
das principais zonas de guerra, embora não tivesse a importância militar que
tinha a cidade de Nampula, sede do Comando Militar de Moçambique, tinha vários
quartéis de relativa pequena dimensão que tinham uma função de retaguarda
importante no apoio às unidades do mato e a todos os militares de passagem.
A
messe de oficiais do Exército, situada no Macúti em frente da praia do Estoril,
era para os oficiais de passagem também local de um pequeno descanso de um ou
dois dias. Mas não era um local de férias, como a população civil poderia
julgar, embora aí residissem algumas esposas de oficiais que andavam em
operações no interior.
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