31.8.24
Sérgio Godinho, 79
Sérgio Godinho nasceu em 31 de Agosto de 1945. Compagnon de route de muitos de nós, mesmo a distância, já que viveu grande parte da sua vida no estrangeiro até 1974, faz parte de um grupo precioso que nos ajudou a usar a cantiga como arma antes do 25 de Abril e como grito de vitória e de esperança depois.
Difícil é a escolha, mas ficam aqui algumas das suas canções – em jeito de homenagem ao Sérgio e à nossa memória.
Com José Mário Branco, numa das canções desse extraordinário cd, de 2003, «O irmão do meio»:
.
Por uma lancha se perde ou se ganha
«Luís Montenegro exagerou. O primeiro-ministro deslocou-se de lancha ao local da queda do helicóptero de combate a incêndios no Douro, numa altura em que decorriam buscas pelos militares da GNR desaparecidos. Todos sabemos que os políticos são presos por ter cão e presos por não ter. Enquanto Miguel Albuquerque foi fortemente criticado por ignorar um incêndio que consumiu um quinto da ilha da Madeira, o primeiro-ministro é-o agora por exagerar na sua preocupação por uma tragédia que vitimou, pelo menos, quatro militares da GNR, estando um desaparecido. Montenegro até poderia estar no teatro de operações em recato e na retaguarda, disponibilizando-se para o que fosse necessário acionar em nome do Estado, mas ao decidir intervir nas buscas, embarcando numa lancha para junto dos operacionais que faziam o seu trabalho, estragou um momento que deveria ser de comedimento. Veja-se o presidente da República: Marcelo Rebelo de Sousa foi para o local, entrou mudo e saiu calado, numa atitude a que os portugueses não estavam habituados. A ação de Montenegro demonstra uma ânsia de protagonismo que não se explica. Já tinha sido evidente nos Jogos Olímpicos, quando os ciclistas Iúri Leitão e Rui Oliveira, acabados de ganhar uma medalha de ouro e ainda quase sem respirar, tiveram de partilhar o momento com o primeiro-ministro. O mesmo aconteceu no jogo de Portugal contra a Chéquia, que no final, assumindo o lugar de comentador, veio em direto dar palpites. Claro está que Luís Montenegro se defendeu afirmando que a sua presença “não foi motivo de nenhuma perturbação nas operações de busca”. Isso nunca iremos saber, mas o bom senso também é amigo de quem decide.»
30.8.24
30.08.1999 - Referendo em Timor Leste
Foi há 25 anos que se realizou o Referendo em que 78,5% dos eleitores se pronunciaram a favor da independência de Timor Leste. Quase três anos mais tarde, em 20 de Maio de 2002, viria a nascer a primeira nova Nação deste milénio: Timor Lorosa’e.
A história recente é conhecida, mas vale a pena recordar tempos passados e revisitá-los no Arquivo e Museu da Resistência Timorense - que tem uma bela página na net.
.
Quem lhe leva os seus fantasmas?
«Ninguém é proscrito para o exercício de qualquer cargo público. Mesmo quando as escolhas são alvo das maiores críticas, tal não acontece, certamente, pelo facto de se ter enterrado o nome de alguém numa sepultura, como se alguns lugares estivessem em zona interdita em razão da mera opinião. Não, a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia não é uma questão pessoal que se envolve numa competência técnica. É uma questão de escolha política, com eminentes responsabilidades e consequências políticas e que dão conta de uma opção com passado, tronco e membros. E de um prémio-incentivo à lubrificação das portas giratórias.
Quando os gregos se lamentavam pelo facto dos governantes portugueses serem mais germânicos do que a Alemanha na protecção e defesa da política de austeridade europeia, referiam-se à então ministra de Estado e das Finanças de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque. A mesma ministra que saía do governo para a “Arrow Global”, o fundo que - à sua medida - governava a desgraça em Portugal pela compra de crédito malparado e pela ruína do Banif. Sendo porta-estandarte da bandeira do empobrecimento como remédio para a resolução da crise das dívidas soberanas, a ex-ministra recebe agora um encargo de Luís Montenegro, um estranho ajuste de contas que lhe permitirá prosseguir na Europa as suas políticas em especulação, as que entretanto se provaram erradas, injustas e discriminadamente apontadas a quem não tinha defesa possível.
Mas os escombros não ficam só lá atrás. Ainda jazem destroços do “Século de escombros”, livro do deputado da extrema-direita Mithá Ribeiro, que Maria Luís Albuquerque apresentou recentemente com garbo, mesmo sabendo ser dedicado a Donald Trump, Jair Bolsonaro e à Nova Direita Europeia, representando o pior que as novas demagogias têm para oferecer à política. E surge a manobra do afastamento, lembrando versos de Abrunhosa por aproximação. Luís Montenegro parece lidar com a presença de Passos Coelho colocando os seus activos bem longe da vista ao mesmo tempo que passa amaciador nas ambições internas. Montenegro já não devia ter razões para acreditar que o fantasma de Passos Coelho povoa os seus dias. Mas, com esta decisão, continua a olhar para ele através das frinchas das portas que giram.»
29.8.24
Timor-Leste, no 25º aniversário do Referendo
Um filme de Diana Andringa a ver ou rever.
Clarificação imperfeita
«Marcelo Rebelo de Sousa enterrou a chantagem de André Ventura ao confirmar o que todos sabíamos, até o autor do delírio da consulta popular sobre imigração: como é óbvio, não haverá referendo. O líder do Chega procurará nos próximos meses convencer a opinião pública de que só não negoceia com os partidos do Governo porque a condição que colocou não está preenchida, mas o que acontece é que Ventura não se excluiu, foi há muito excluído.
A clarificação do presidente da República, em resposta a alunos da Universidade de Verão do PSD, serviu-se dos números para explicar que a narrativa dos extremistas de Direita é despropositada. Mas, erro de cálculo ou não, a realidade é que a argumentação não terá sido a melhor. Estratificar os grupos de imigrantes em função da proveniência para chegar à conclusão de que não temos um problema é contraproducente. A comunidade muçulmana, que tanto incomoda os xenófobos, é residual, aponta Marcelo. E se estivesse em maioria, estaríamos perante um problema?
Provavelmente, Ventura aproveitará a brecha da decomposição da imigração. Até porque, como escrevi neste espaço na passada semana, segue em perda, esmagado por Luís Montenegro. Ontem, o primeiro-ministro voltou a capitalizar junto do eleitorado do Chega, que vê Pedro Passos Coelho como uma espécie de D. Sebastião que um dia aparecerá em Belém. Como as presidenciais ainda vêm longe e há outros potenciais candidatos no partido laranja mais bem colocados, o líder do PSD mandou Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças de Passos, para Bruxelas, piscando o olho à ala direita do partido e, simultaneamente, aos correligionários de Ventura.»
28.8.24
02.07.2013 – Portas, «O Irrevogável»
Portas, então ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, não queria Maria Luís para substituir Vítor Gaspar.
28.08.1963 – Luther King, «I have a dream»
Em 28 de Agosto de 1963, quando Martin Luther King pronunciou este seu célebre discurso durante a «March on Washignton for Jobs and Freedom», não podia ter imaginado que o mundo estaria como está hoje. A história dos direitos adquiridos não será destruída, mas não está a ser nada fácil.
(No fim deste post, o texto do discurso na íntegra.)
A propósito:
«I have a dream» – Texto:
As mulheres afegãs estão a ser apagadas da História
Vasco Gargalo
«Quando, em 2021, os talibãs recuperaram o poder no Afeganistão, 20 anos depois de terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos EUA, e juraram que desta vez seria diferente, que as meninas iam poder ir à escola, que o uso do hijab seria apenas aconselhado, que não haveria discriminação de mulheres no âmbito da sharia (a lei islâmica), o mundo ocidental desconfiou.
O ceticismo não tardou a provar-se justificado. Meses depois, as meninas foram proibidas de frequentar escolas secundárias e universidades, as mulheres impedidas de trabalhar e viajar sozinhas, as apresentadoras e jornalistas televisivas intimadas a cobrir o rosto. E os talibãs estavam só a começar. Três anos depois do seu regresso ao poder, a lista de retrocessos é impressionante.
Salões de beleza encerrados, afegãs perseguidas e torturadas, a mulher totalmente arredada da vida pública, um apartheid de género brutal. No ano passado, um relatório com a chancela da Amnistia Internacional classificava mesmo a perseguição de género no Afeganistão como um crime contra a humanidade.
O próprio Parlamento Europeu aprovou, em março, uma resolução que apelava à criação de um mecanismo de investigação independente das Nações Unidas a este propósito. Mas o ímpeto opressivo e segregador do regime talibã (que até hoje não foi reconhecido por nenhum país do Mundo) não conhece limites.
Agora, as autoridades ratificaram uma lei moral que reforça a repressão de mulheres e raparigas. Graças ao artigo 13, anunciado por um aberrante “Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício”, as mulheres ficam impedidas de cantar, falar ou sequer ler em público. Além de se reforçar que não podem ter uma nesga de pele à vista.
“Asseguramos que esta lei islâmica será uma grande ajuda na promoção da virtude e na eliminação do vício”, vincou o porta-voz do dito Ministério. Parece saído de um filme delirante, mas não, é real e está a acontecer em pleno século XXI. A lei reflete “uma visão desoladora do futuro”, reconheceu a missão das Nações Unidas no Afeganistão.
Mas o indizível atentado às mulheres afegãs prossegue, à vista de todos, e perante a confrangedora inércia da comunidade internacional. Até quando? E nós - que apesar de ainda termos uma longa luta pela frente no que à igualdade de género diz respeito, gozamos, pelo menos, do pleno direito de erguer a nossa voz bem alto -, vamos continuar a fingir que não é nada connosco?»
27.8.24
Paulo Portas
«Povo Livre», 11.07.1979
Se Montenegro só quer candidatos a presidente da República que sejam do PSD, Portas tem bom remédio: regressar às origens.
Eurobarómetro: a outra face dos resultados
«O Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e outras instituições e agências da UE usam o instrumento do Eurobarómetro para monitorizar regularmente a opinião pública na Europa, atribuindo especial enfase às temáticas de natureza política ou social.
Nesta senda, a supra mencionada Comissão procedeu a realização de Eurobarómetro denominado de “Atitudes dos cidadãos em relação à corrupção na EU em 2024”. Conforme a designação indica, propôs-se – por intermédio do exercício – a sondar e vistoriar a relação entre os europeus e a corrupção.
Logo no primeiro índice, que interroga a amostra sobre categorizar o problema da corrupção como comum, Portugal – numa reedição da fatídica final do Euro 2024 – apenas perde para a Grécia, sendo que perder, nestes termos, até pode ser encarado positivamente.
Com os destacados 96 pontos percentuais, atingimos o segundo lugar entre os inquiridos que julgam que a corrupção é generalizada no seu país.
Este flagelo é constante propagado no quotidiano do nosso país, sendo que tal não sucede somente nos meios de comunicação social. Verifica-se também e principalmente, de forma amplamente oportunista, na estratégia política e partidária de determinadas forças do hemiciclo parlamentar nacional.
A figura do político português ultrapassa um momento de total descrença e desacreditação, acreditando 91% dos eleitores que existe corrupção nas instituições públicas nacionais.
Por sua vez, a esfera do poder local igualmente se consubstancia num alvo do ceticismo lusitano, levando 92% dos abordados a aceitar a existência de corrupção nas instituições de abrangência regional ou local.
Perante o relatado cenário, qualquer interprete destes números diria que vivemos numa daquelas ditaduras mascaradas de democracia em que as cúpulas do poder estão longe do alcance do homem médio nacional.
Sendo inequívoco que a corrupção é uma das complicações do país, é neste quadro ordenado a terror que nos fazem acreditar determinados malabarismos políticos, invocadores da corrupção e das migrações como razão de tudo quanto é matéria maligna.
Porém, quanto mais concretas e pessoais se tornam as questões, melhor se desmistifica esta ideia de país extremamente corrupto. Quando questionados se em Portugal a única forma de ter sucesso empresarial é possuir ligações políticas, 55% dos interpelados responderam afirmativamente, percentual que se apresenta diminuto face aos 70% do pretérito ano.
Num típico rasgo de portugalidade e em sentido completamente antagónico às primeiras questões, 99% dos questionados respondeu que – nos últimos doze meses – não foi vítima, viveu ou sequer testemunhou qualquer caso de corrupção.
A última premissa coloca-nos diante de um país paradoxal. Numa primeira instância crê-se – em massa – que o problema da corrupção é comum e se encontra normalizado em Portugal, adicionalmente atesta-se que a mencionada se pavoneia nos corredores das instituições públicas nacionais, regionais e locais. E, afinal, no transato ano meramente 1% dos escutados experienciaram e testemunharam a tão presente corrupção.
Reitera-se que padecemos de corrupção. Contudo, não é a única maleita – e possivelmente, nem a mais prejudicial – que nos afeta e melindra. Vivemos num conformismo há muito diagnosticado, proporcionador da crença apoteótica num discurso que justifica as nossas frustrações.
Esta limitação de raciocínio inibe-nos de pensar e perspetivar a amplitude dos diversos problemas que nos assolam, deixando-nos frequentemente preso e sujeitos às distrações que nos acirram.
A corrupção é um problema e atenuar-se-á com Lei, controlo e convergência. A solução que interessa neste combate nunca passará por galhardetes, manchetes e generalizações, as transmitidas só proporcionam o oportunismo político e o contínuo engano dos portugueses.»
26.8.24
26.08.1914 – Julio Cortázar
Julio Cortázar nasceu na embaixada argentina em Ixelles, Bruxelas, poucos dias depois de as tropas alemãs terem entrado na cidade. Com três anos foi para a país de origem dos pais, de onde viria a sair com 37, em oposição à ditadura. Instalou-se então em Paris e foi lá que viveu até morrer.
Inovador como poucos, mestre no conto curto, iniciou uma nova forma de fazer literatura latino-americana e com ela influenciou muito e muitos. «Blow-up», de Michelangelo Antonioni, baseia-se num dos seus contos: «As Babas do Diabo».
.
Se Pedro Nuno Santos viabiliza o Orçamento, suicida-se e arrasta o PS. Vai querer isso?
«Agosto está a acabar como começou. Já se sabia que a pergunta fatal – “quem vai viabilizar o Orçamento do Estado do Governo” – seria uma interrogação para durar vários meses, depois da súbita mudança de posição do secretário-geral quando admitiu negociar o Orçamento, contrariando a sua posição inicial e dos seus principais dirigentes.
Com o Governo com desejos de desfazer o PS em bocadinhos e humilhar o partido de Mário Soares o mais que puder – como se tem visto nas declarações dos seus responsáveis –, negociar e viabilizar o Orçamento do Estado por medo de uma crise política que venha a favorecer o Governo e a prejudicar o PS é muito “poucochinho”.
É verdade que a estratégia de viabilização tem o apoio do antigo secretário-geral António Costa, que, do alto do seu cargo de presidente eleito do Conselho Europeu, aconselha o PS a fazer o que ele nunca faria na mesma situação. Mas as coisas mudam.
O risco de Pedro Nuno Santos “antoniojosesegurizar-se”, anulando as suas convicções políticas de sempre – quando está a ser muito mais maltratado pelo Governo do que António José Seguro no seu tempo foi por Passos –, é entrar já em território suicida.
Na verdade, ao recusar a oferta do PS para negociações, como se está a ver, o Governo acaba a fazer um favor político aos socialistas. Se o objectivo do avançar para negociações era mostrar que não seria o PS o culpado de uma crise política, o silêncio do Governo perante a oferta torna mais compreensível que o PS acabe a votar contra.
Não é só o PS que não quer eleições já. O Governo também não. Vai avançando com medidas para a reconciliação com os pensionistas, graças aos excedentes orçamentais dos governos PS, mas é difícil que, com a crise da Saúde a que assistimos este Verão – em nada diferente da que aconteceu no Verão passado –, a AD esteja em condições de ter um resultado muito mais expressivo do que aquele que obteve há um ano, a curto prazo.
Se é para repetir a táctica cavaquista do Governo de 1985, ainda é muito cedo – a maioria absoluta só chegou em Julho de 1987, por um erro estratégico do PRD e do PS, e quando uma imagem positiva de Cavaco Silva já estava consolidada no país.
Quando o Governo e o PSD dizem que não querem eleições já, devemos levá-los a sério. Também Montenegro precisa de tempo. E quando os dirigentes do PSD se referem ao PS da forma como o fazem, também os devemos levar a sério: não têm qualquer interesse em negociar seriamente com os socialistas o Orçamento do Estado.
Na entrevista que deu ao Expresso na última sexta-feira, o líder parlamentar do PSD Hugo Soares afirmava a quase obrigação de o PS viabilizar o Orçamento do Governo por “duas ordens de razões”, a primeira das quais era o facto de, segundo Hugo Soares, o PS ser “responsável pelo caos nacional a que o país chegou com os últimos oito anos de governação”. Obviamente, isto só significa que o PSD quer comer o PS de cebolada, obrigando-o – com uma eventual viabilização do Orçamento do Governo – a renegar os executivos Costa.
Quando alguém precisa de ajuda de um outro, não começa a conversa agredindo-o com duas estaladas. O Governo anda à estalada ao PS porque sabe perfeitamente que é o seu inimigo político principal e mais forte – e a quem politicamente interesse humilhar e reduzir à mínima expressão. Conta com o medo que os socialistas têm de uma crise política e com a pressão dos autarcas para obrigar o PS a ceder e a ficar comprometido com o Orçamento.
Mas, a meio deste Agosto, Pedro Nuno Santos deu uma espécie de “grito de alma” em que abriu espaço para o voto contra, num retorno à posição inicial, e que contraria a ideia que se está a popularizar de que o PS viabiliza o Orçamento. Foi a 15 de Agosto, quando afirmou “não chateiem o PS”, lembrando que a direita ganhou e que o PS está na oposição, colocado “sob uma pressão que não é aceitável”.
A direita é maioritária no Parlamento. Por muitas tropelias que André Ventura arranje, o Chega é quem tem mais a perder com eleições. Assim como fez nos Açores e na Madeira, tratará de inventar uma vitória qualquer para justificar o voto a favor e não ser o culpado por retirar a direita do poder. Temos mais dois meses e meio de suspense – mas o que tem de ser tem muita força.»
Blá, blá, blá em 2016
Passaram oito anos, discursos ocos mantêm-se.
25.8.24
Há 80 anos, a libertação de Paris
Entre 19 e 25 de Agosto de 1944, a libertação de Paris pôs fim a quatro anos de ocupação. Desde 22 de Junho de 1940, a cidade era administrada pela Alemanha.
Charles de Gaulle, chefe do Governo Provisório, fez um discurso à população, que ficou célebre e imortalizado em algumas frases: «Paris outragé! Paris brisé! Paris martyrisé! Mais Paris libéré!».
E há também canções «eternas»:
.
Um Governo em campanha?
«Está implantada entre a bolha político-mediática a ideia de que o Governo está em campanha eleitoral. Faz sentido, seja por causa do “pecado original” da legislatura, seja pela forma como a governação decorre.
E que pecado é esse? Uma escassíssima maioria parlamentar (PSD e PS estão na verdade empatados no Parlamento) a que acresce um partido à direita que ninguém convidará para jantar. Ou seja, este parece de facto um Governo a prazo.
Também por causa disso, mas não só (houve compromissos eleitorais que estão simplesmente a ser cumpridos), a governação faz-se de anúncios simpáticos. Os professores vão começar a recuperar o tempo de serviço congelado (e os salários) nos próximos dias, e ainda se anuncia um subsídio até 300 euros para quem dê aulas longe de casa. As forças de segurança vão começar a receber o subsídio mensal de risco de 300 euros (400 no próximo ano, ou seja mais 4600 por ano no salário). E os pensionistas receberão um subsídio extra de 100 a 200 euros.
Dir-se-á que Luís Montenegro recebeu cofres cheios de António Costa e uma razoável margem de manobra (por via dos excedentes orçamentais) e que se pode dar ao luxo de distribuir alguma coisa por tantos.
Uma estratégia que só funcionará no curto prazo. Os problemas na Justiça, na Educação ou na Saúde não se resolverão com a distribuição de subsídios e prebendas. O desenvolvimento económico que permita salários decentes leva tempo, esforço e investimento. E ainda que o diabo não esteja à espreita, os tempos são de incerteza económica global e de ameaças geoestratégicas.
Com este Governo, a primavera foi alegre e o verão caloroso, mas estão à porta o outono e o inverno, os reais e os metafóricos. Nessa altura se fará o teste do algodão. Quanto à duração do Governo e, se durar, quanto à sua capacidade de ir além da distribuição da herança socialista.»
Subscrever:
Mensagens (Atom)