28.7.07

Em nome da Utopia (3)

Assim se viveu o mais mítico dos primeiros Festivais de Verão:
Woodstock 1969




We Shall Overcome
(Joan Baez, 1969 - ao vivo no Festival de Woodstock)


We shall overcome some day
Oh deep in my heart
I know that I do believe
We shall overcome some day

We shall be all right some day

We shall live in peace some day

We are not afraid today

We shall overcome some day





27.7.07

Governo na sua «Second Life»?

A próxima entrevista de Sócrates será já no «Second Life»?

O Ministério da Justiça já lá está.
«Portugal torna-se o primeiro Estado a disponibilizar um meio de resolução de litígios no Second Life», realça em comunicado emitido hoje o Ministério da Justiça.

Alguém leva isto a sério?

26.7.07

Salazar morreu há 37 anos

É BOM NÃO ESQUECER: ELE MORREU MESMO.


O QUE FOI DITO:

«O Presidente (*) António de Oliveira Salazar faleceu às 9 horas e 15 minutos da manhã de hoje, dia 27 de Julho de 1970.»
(Comunicado oficial do governo)

«Quarenta anos de governo não podem decorrer sem sombras. Governar é necessariamente descontentar. No balanço de uma política, há por força um passivo a enfrentar o activo. Mas nesta hora de verdade o saldo positivo é enorme. Salazar foi um grande governante. Foi um grande português (**). E nas horas dramáticas em que sozinho teve de tomar resoluções decisivas para os destinos nacionais, como naquelas em que singelamente procurava reintegrar-se no meio familiar da aldeia onde nasceu, nas alegrias como nas dores, nas virtudes como nos defeitos, nos rasgos senhoris de príncipe como nos escrúpulos de administrador prudente, na dureza do governante como nas delicadezas enternecedoras da sensibilidade, ele foi, em toda a dimensão da palavra e em toda a dignidade da espécie – um Homem.»
(Marcelo Caetano)

«Atendei misericordiosamente as nossas súplicas para que se abram as portas do Paraíso ao vosso servo António.»
(Cardeal Cerejeira)
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(*) Presidente de quê? Do Conselho de Ministros já não era há quase dois anos.
(**) Outra vez?!


O QUE FOI VISTO:

25.7.07

Parlez Globish (1)

Por portas googleanas mais do que travessas, tropecei ontem no nome de um francês que foi uma das pessoas mais carismáticas que conheci nos meus vinte e cinco anos de IBM: Jean-Paul Nerrière (JPN).

Cruzámo-nos nos últimos anos da década de 80, quando ele era, em Paris, um dos vice-presidentes da IBM Europa e eu estava na Bélgica em «destacamento» (assignment, chamávamos-lhe nós). JPN lançava então o embrião do negócio de Serviços a nível europeu (contra ventos e marés, numa empresa em que toda a cultura assentava apenas na venda de Hardware e de Software) e eu era responsável pela formação dos técnicos de sistema europeus em algumas qualificações relacionadas com o dito negócio de Serviços: gestão de projectos, consultoria, etc. Trabalhei, por este motivo, em íntima colaboração com JPN e com a sua equipa.

Pouco depois de o conhecer, assisti a uma conferência em que ele se dirigia a uma plateia, cinzenta e engravatada, de algumas centenas de pessoas e na qual fez uma subtil comparação entre as características e as prováveis negras perspectivas de futuro para as estruturas hierárquicas, muito rígidas, de três entidades: IBM, Igreja católica e União Soviética. Referi-lhe mais tarde esta sua intervenção, como ela me tinha admirado, calado fundo e porquê. Limitou-se a sorrir e comentou: «É bem possível que tenha sido a única pessoa a perceber onde é que eu queria chegar». Estávamos em 1987 ou início de 1988 – com o muro de Berlim inteiro e as organizações em rede nas multinacionais ainda no mundo dos futuríveis. JPN saiu da IBM poucos anos mais tarde.

Tudo isto para situar o personagem que é autor de um livro – Don't Speak English, Parlez Globish –, título que eu tinha visto em tempos mas sem lhe prestar atenção. Teve uma primeira edição em 2004 e uma segunda em 2006. Quando vi ontem quem era o seu autor, quis lê-lo imediatamente. Telefonei, em vão, para várias livrarias. Já conformada a esperar pelo resultado de uma encomenda na FNAC ou no Amazon, voltei à net. Eis senão quando, milagre dos milagres, encontrei um site onde, por 13,5 euros, me foi possível obter, imediatamente, uma versão PDF do livro!

Já vai muito longo est post e ainda não cheguei ao Globish. O que é? Um sonho, um projecto a que JPN se dedica desde que se reformou (deve ter agora 66 anos), já com patente registada, dois livros traduzidos em várias línguas, um site, entrevistas e muitas polémicas.

A sua experiência em Paris e, sobretudo, a de viajante por todo o mundo como vice-presidente da IBM USA (para onde foi em 1989) fê-lo perceber, no dia a dia, que as pessoas que não têm o inglês como língua materna, e que constituem 88% da humanidade, se entendem muito melhor entre si (em inglês...) do que quando alguém que pertence aos outros 12% se mete na conversa – obviamente porque usam um inglês muito mais rudimentar. Quem trabalhou em alguma instituição internacional e não sentiu isto na pele?

Nasceu então em JPN a ideia de criar uma língua «inglesa» com um máximo de 1 500 vocábulos, para facilitar a comunicação a nível global e colocar todos os intervenientes em pé de igualdade. Não desiste de a ver reconhecida pela União Europeia e pela ONU.

A ideia de criar uma língua comum é tudo menos uma novidade. Estamos perante mais um sonho, mais uma utopia? Talvez. Mas porque não? Vindo de quem vem, não é certamente trivial. (E o Globish é certamente mais fácil do que o Rongorongo!)

Vou continuar a ler as minhas 288 páginas impressas em casa e voltarei quando acabar e tiver percebido minimamente de que é que se trata.


24.7.07

The Show Goes On


O que mais me irrita nem é o facto de terem sido mostradas crianças que receberam dinheiro (que por acaso até era nosso, e não do Governo, antes de ser delas) para uma demonstração de potencialidades tecnológicas de equipamentos – sabemos que isso acontece todos os dias, para publicidade e para telenovelas.

O que é insuportável é esta necessidade doentia de show business que Sócrates tem no ADN e que nos entra pela casa dentro a toda a hora.

Pura Anarquia

Leitura obrigatória para os fãs de Woody Allen.

Trata-se de um conjunto de dezoito textos, alguns originais, outros publicados anteriormente em The New Yorker.

O non sense em todo o seu esplendor.
Uma pequena amostra, a propósito de uma suposta venda de orações na net:

«Na semana passada fui processado porque mandámos por correio o envelope errado a uma tipa. Ela queria um pouco de assistência divina para que a operação plástica que ia fazer à cara corresse bem, e eu mandei-lhe, sem querer, uma oração pela paz no Médio Oriente. Entretanto, o Sharon sai da Faixa da Gaza e ela sai da faca a parecer o Jack LaMotta.»

Woody Allen, Pura Anarquia, Gradiva, Lisboa, 2007, 150 p.

23.7.07

Porque não exterminá-los?

Inês Pedrosa, a propósito da abstenção nas eleições para a CML (Expresso, revista Única 21/7/2007):

«Esta demissão dos cidadãos em relação às suas responsabilidades deveria se sancionada: quem se está nas tintas para o governo da cidade deveria perder o direito a candidatar-se a empregos, bolsas ou apoios públicos.»


22.7.07

«Allons enfants de (quelle?) patrie»

A Festa Nacional belga comemora-se a 21 de Julho, já que foi nesse dia, em 1831, que o primeiro rei, Leopoldo I, prestou juramento sobre a Constituição. (Até eu sei isto e só lá vivi alguns anos.)

Veja-se o vídeo que percorre hoje televisões, jornais e internet.
Discute-se se o provável próximo primeiro-ministro fez uma gafe (por ignorância) ao trautear La Marseillaise como hino nacional belga ou se quis insinuar a vantagem de uma possível integração em França. (Terá talvez ouvido Saramago a propósito da Ibéria...)

Aliás a ignorância estende-se a outros políticos - é verdadeiramente extraordinário!


Gaffe Yves Leterme sur l'hymne national belge
Colocado por gumaes