21.1.12

Na semana em que o Álvaro «venceu»


Muito mais preocupante do que os problemas de Cavaco com o dinheiro que não terá para pagar as contas da mercearia, é o facto de este pobre país estar nas mãos de ministros como Álvaro Santos Pereira, que averbou esta semana uma «vitória» com a assinatura da chamado acordo de concertação social. Os dirigentes e comentadores afectos ao regime não perderam a ocasião de o sublinhar e prevêem-lhe um futuro próspero, passado que estará o seu período de adaptação à realidade nacional.

Por essa razão e por muitas outras, é bom que, crua, duramente e em discurso directo, sejam sublinhadas algumas realidades, como o faz Miguel Sousa Tavares no Expresso de hoje (sem link).

«O seu pacto, Álvaro, assenta em duas verdades que você conhece por ouvir dizer: que os trabalhadores portugueses são todos descartáveis e que as nossas empresas só serão competitivas se puderem pagar-lhes o mínimo, explorá-los o máximo e despedi-los à vontade. (…) Você que tanto quis castigar os maus trabalhadores, não lhe ocorreu um parágrafo sobre os empresários desonestos e irresponsáveis. (…)

Tenho pena de si, Álvaro. Acha que os empresários lhe vão agradecer? Desiluda-se: os bons não precisam do seu pacto nem acreditam nele e os maus vão exigir o que falta: um fisco como na Holanda, horários de trabalho como na China, obras públicas como sempre. Em troca, e se você não fugir de volta para o Canadá depois desta aventura pátria, terão um lugar à sua espera – lá, onde sempre se fazem grandes negócios a coberto das incertezas do risco e da competição e ao abrigo de todos os governos. Mas, entretanto, Álvaro, você iniciou uma guerra civil e há duas coisas que eu não sei: se a vai ganhar e se merece ganhá-la.»

Álvaro Santos Pereira não é só um pouco tonto, é também perigoso. E Vítor Gaspara ainda mais.
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10 longos minutos

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Daqui a pouco


Sábado, 21 de Janeiro, 15h, do Marquês de Pombal a S. Bento.
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No dia de uma Universidade cativa


A propósito de mais um aniversário da prisão de um grande grupo de estudantes, em 21 de Janeiro de 1965, republico, com autorização da autora, um texto de Diana Andringa.

No dia 21 de Janeiro de 1965, como de costume, cheguei cedo à Faculdade, no Hospital de Santa Maria. Não sendo ainda horas de aula, dirigi-me à Secção de Propaganda da Comissão Pró-Associação, na Sala de Alunos, de um dos lados do palco onde se realizava o Natal dos Hospitais. Estranhei a ausência de algumas das pessoas que esperava ver ali, àquela hora. Continuavam a não estar lá, quando regressei da primeira aula. Se bem me lembro, foi o Osvaldo a dar a primeira pista: «O Aguinaldo foi preso. A PIDE foi a casa dele, esta manhã.»

Preso, o Aguinaldo?

Por essa altura, embora estando na Universidade há apenas três meses, já aprendera que a prisão de estudantes não era assim incomum. Tomara parte em manifestações pela libertação do Zé Luís Saldanha Sanches, alguns dos meus recentes amigos tinham já passado pela cadeia, nomeadamente durante a crise de 62, havia vários estudantes do Técnico na prisão. Ainda assim, a notícia da prisão do Aguinaldo apanhou-me de chofre. Como é que alguém podia pensar em prender uma pessoa tão correcta, tão cordata, tão gentil? A indignação foi crescendo, à medida que chegavam informações sobre a prisão de mais estudantes de Medicina, alguns que conhecia bem, outros nem tanto: o Filipe Rosas, o Pinho Monteiro, o Carlos Sebrosa, o Max, o Palminha, o Pedro Lemos… O irmão gémeo, o Luís, teria conseguido escapar, disse-me depois alguém – e fiquei contente porque o Luís, então, salvo erro, finalista, fora uma das primeiras pessoas a acolher-me na Pró-Associação e tinha por ele um imenso respeito. Mas não fora só Medicina a ser atingida: a todo o momento chegavam notícias de outras prisões. De Direito teriam sido presos, pelo menos, o Fernando Rosas (dizia-se que, depois de prenderem o Filipe e o Fernando, os agentes da PIDE tinham perguntado se não havia mais nenhum irmão), o Salgado Matos, o Artur Pinto, o Alfredo Caldeira; de Ciências surgiam, entre outros, os nomes do Rui Pereira e da Sara Amâncio; mais tarde chegaram nomes de estudantes dos liceus, alguns deles com 15 anos de idade. (Dois anos mais novos do que eu!?)

Como era isto possível? Que crime podiam ter cometido esses estudantes, quando quase todos os que conhecia me pareciam pessoas exemplares?

Ao longo de todo o dia a lista de nomes foi crescendo nos cartazes, numa agitação de informações e desmentidos, palavras em voz baixa sobre fugas, solidariedade, desafio e medo, exaltações e desânimos. Eram cerca de cinquenta estudantes, quase todos activos nas Associações de Lisboa. No dia seguinte, Dia da Universidade – que um comunicado inspirado escrito por Medeiros Ferreira descrevia como «Dia de uma Universidade Cativa», gritámos a nossa indignação na cerimónia oficial, com o ministro da Educação a fazer-se cada vez mais pequeno no grande cadeirão. Uma voz aguda de mulher gritando «Libertem o meu filho!» aumentava a emoção e tornava ainda mais jovens esses jovens presos.

Uma nota oficiosa viria justificar a acção da polícia com a sua actividade política contra a segurança do Estado.

A partir daí, passei a ter uma certeza: se esses jovens punham em causa a segurança do Estado, era que o Estado não merecia estar seguro e só podia haver um imperativo de consciência, ajudar a derrubá-lo.
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20.1.12

Beber ou conduzir?

Não fazemos mais do que a nossa obrigação


As reformas do pobre homem (ao que parece, cerca de 10.000 euros/mês) não chegam para ele pagar as despesas. Vícios escondidos que o povo desconhece?

P.S. - Tudo o que Cavaco recebe como reformas muito bem explicado aqui.
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Taxas sobre taxas

Olho para a factura da EDP, hoje recebida, e verifico que, do «Total facturado», apenas 64,6% corresponde à electricidade que consumi. 35,4% distribui-se por «Potência contratada» e uma série de impostos e taxas, sobre os quais... se aplica uma outra taxa: o IVA.

Isto é normal e só eu é que sou esquisita?
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No jobs for the boys? Isso é que era bom...

Quando os ratos elegem os gatos


Façam o favor de ler a crónica de Nuno Ramos de Almeida no i de hoje:

«“Tommy” Douglas foi um eminente político social-democrata do Canadá, responsável pela introdução no seu país de um serviço nacional de saúde gratuito. Em 2004, já depois de ter morrido, foi eleito numa votação popular o maior canadense de todos os tempos. O seu discurso político mais conhecido fala numa terra de ratos em que democraticamente os ratos elegem gatos negros que fazem excelentes leis – para gatos. Quando os eleitores estão fartos dos gatos negros, elegem gatos brancos, que misteriosamente continuam a comer ratos e a governar para os gatos.»

Na íntegra aqui.
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«Entre a coligação PSD/CDS e a oposição PS a única diferença são as moscas»?


… pergunta João Paulo Guerra, num texto nada meigo, a propósito da posição da bancada do PS face à iniciativa de um grupo de deputados que requereu ontem a fiscalização do Orçamento de Estado pelo Tribunal Constitucional.

«Perante a rendição da direcção do partido, alguns deputados do PS tomaram a iniciativa de recolher as assinaturas necessárias para enviar o Orçamento a Tribunal. Nem sequer se pode dizer que se trata de um grupo de nostálgicos esquerdistas que sonham com uma aliança à esquerda (…) E a iniciativa que agora tomaram visa um aspecto meramente formal de um Orçamento que se propõe reduzir os portugueses à miséria e Portugal a uma reserva de mão-de-obra barata e precária.
Ter um governo como o da coligação PSD/CDS já é mau. Ter um tal governo e não ter alternativa de poder é péssimo. E pode querer dizer que o objectivo a curto e médio prazo do PS é abichar uns lugares à mesa do Estado.»

Num outro palco, também convém não deixar de sublinhar o apoio expresso de alguns dirigentes do PS à assinatura do acordo de concertação social pela UGT. Foi o caso de Francisco Assis: no longo texto da sua crónica semanal no Público (sem link), embora reconhecendo que o acordo em questão representa um «indiscutível retrocesso», escreve:

«Contra todas as evidências do senso comum ideológico João Proença agiu correctamente e tem razão. Um sindicalista não é um profeta, nem um clérigo tonitruante empenhado em anunciar um novo milenanismo. A sua função é outra e o líder da UGT compreendeu isso mesmo e actuou com elevado sentido de responsabilidade. (…) Não é possível avaliar uma negociação ignorando deliberadamente o contexto em que ela ocorre e a natureza objectiva do que está em causa, tendo em consideração a própria correlação de forças prevalecente. (…)
A UGT prestou uma vez mais um grande serviço ao país em geral e aos trabalhadores em particular. Ao país porquanto se afigura de grande importância, quer por motivos de ordem interna, quer por razões de imagem externa, a aprovação de um acordo de concertação social. Aos trabalhadores na medida em que impediu a consagração de soluções que atentavam contra direitos básicos.»

Referindo-se ao PS, Assis termina que é cm agrado que verifica «que tem rejeitado o caminho de um radicalismo oposicionista que talvez proporcionasse pequenas vitórias momentâneas, mas teria consequências dramáticas num futuro não muito distante.»

Realpolitik, ou o que se pretenda chamar-lhe. Ela, sempre ela, que, de cedência em cedência, nos tem conduzido ao ponto a que agora chegámos. Tristíssima resignação, cinzentismo que a realidade se tem encarregado de desmascarar. E que leva à descrença nos políticos e na política, que não é apenas má mas sim pior do que péssima.
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19.1.12

Ainda podia andar por cá


Nara Leão faria hoje 70 anos e morreu, em 1989, com 47. Há agora um novo site que lhe é dedicado e que merece ser visitado.




E, em 1966, ainda hoje como se fosse ontem…


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Frases a reter

«É como se os assalariados portugueses estivessem a cumprir uma pena ou um castigo»


«A táctica é velha e faz parte de uma estratégia de tensão: trata-se de atordoar o adversário, tolhendo-lhe os meios de resposta. (…)

Não se trata de sacrifícios passageiros mas de um calvário do qual a grande maioria da população não sairá com qualquer réstia de esperança nem com o mínimo vislumbre de dignidade. (…) É mesmo o poder político que, servilmente, toma a iniciativa legislativa para extorquir aos assalariados o carácter nobre do trabalho, da remuneração justa e do descanso. É como se os assalariados portugueses estivessem a cumprir uma pena ou um castigo. (…)

Se houve quem se excedesse no malgastar, no desperdício, como na delinquência financeira, não foram pela certa os que agora são sentenciados a pagar desta forma brutal.

O pior é que esta política não vai resolver nada.»

João Paulo Guerra, Avalanche
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Sobre a Hungria

Hungria.
Uma grande intervenção de Daniel Cohn-Bendit, ontem, no Parlamento Europeu.

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18.1.12

Nós não merecemos um ministro tão grande assim…


«Durante séculos, a majestosa cidade de Braga especializou-se na produção de um produto: padres. Basta percorrer as monumentais ruas da cidade para perceber a importância que a religião e a Igreja Católica têm para a região. São edifícios e mais edifícios (muitos deles de grande dimensão) dedicados à produção e formação de sacerdotes. Hoje em dia, a indústria de produção de sacerdotes bracarenses está em declínio”. (…) Porquê? (…) A grande causa do declínio da Igreja Católica em Portugal é simplesmente a falta de competitividade. A indústria de produção de padres perdeu competitividade, pois os custos de produção de novos sacerdotes são demasiado altos e o preço do sacerdócio é extremamente elevado.»
Álvaro Santos Pereira, O Medo do Insucesso Nacional

Citado por António Cândido de Oliveira, professor da Universidade do Minho, em artigo publicado hoje no Público (sem link). Vale a pena ler: 

Quem «concertou». E quem «concertará»?



Não há dia em que não seja recordado que Carvalho da Silva é militante do PCP e ontem foi um deles, quando a CGTP abandonou as negociações sobre a concertação social. Já quanto ao facto de João Proença ser dirigente do PS, a memória parece muito curta.

Mas aí está, no i de hoje,  um texto de Ana Sá Lopes para o lembrar: «Sair da zona de conforto».

«O primeiro-ministro tem razão: “Estas assinaturas revelam uma mudança no tempo político que vivemos.” (…) Mas a assinatura do acordo de Concertação Social registou, de facto, uma “mudança no tempo político” de elevada magnitude. Essa mudança já estava a ser preparada quando passou pela cabeça de António José Seguro votar a favor do Orçamento do Estado. Foi agora consumada com a assinatura do acordo pela UGT.

A explicação desta súbita cedência de históricos socialistas à agenda ideológica inscrita na famosa revisão constitucional de Passos Coelho do Verão de 2010 não se explica apenas com o cumprimento do acordo com a troika. Isso explica muitas coisas, mas não tudo. (…)

Perante o risco de “sobrevivência” (falir?, sair do euro?), a única resposta é a união nacional, com o PS e a UGT “a saírem da sua zona de conforto” e “da sua postura reivindicativa tradicional”. E, sim, tanto PS como UGT saíram de todas as zonas de conforto possíveis, não conhecem alternativas e dispõem-se (ainda segundo Passos) a participar na “coligação social importante” fundamental “para que o país saiba a direcção que está a ser seguida e o que é que todos, mas todos, estamos a fazer para vencer esta crise e para viver melhor”. Se é para sair da “zona de conforto”, um governo PSD/PS/CDS seria uma situação menos tóxica.»

Na íntegra aqui.
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Os putos também trocam cromos assim

O 18 de Janeiro na Marinha Grande (1934)


Em reacção à Constituição que Salazar começou a preparar desde que chegou ao poder, em 5 de Julho de 1932, e que acabou por ser promulgada em Abril de 1933, à criação da polícia política (PVDE) e à legislação que neutralizou as organizações operárias, «fascizando» os sindicatos, gerou-se um amplo movimento operário que, depois de alguns acidentes de percurso, culminou na convocação de uma «greve geral revolucionária» para 18 de Janeiro de 1934.

Porque, na véspera, a PVDE prendeu alguns dos principais responsáveis e activistas, o impacto foi menor do que esperado. Apesar disso, em Lisboa, na noite de 17 explodiu uma bomba no Poço do Bispo e o caminho-de-ferro foi cortado em Xabregas e, em Coimbra, explodiram duas bombas na central eléctrica. Houve movimentações em diversos outros pontos do país (Leiria, Barreiro, Almada, Sines e Silves), sendo a mais significativa na Marinha Grande, onde grupos de operários ocuparam o posto da GNR e os edifícios da Câmara Municipal e dos CTT.

Mas a repressão foi forte e uma das suas consequências concretizou-se na decisão de criar uma colónia penal no Tarrafal, para onde acabaram por seguir, em 1936, muitos dos detidos do 18 de Janeiro. E onde nove acabaram por morrer.

Notícia na imprensa do dia (Diário de Lisboa):
«Malogrou-se esta madrugada uma tentativa de greve revolucionária» (1) e (2)


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17.1.12

Palavra do dia: «cedência»

«Não houve cedência nenhuma. Haveria muito mais cedências se não houvesse acordo, porque seriam impostas aos trabalhadores muito mais cedências, ou seja, seriam impostas medidas muito mais gravosas aos trabalhadores», terá dito João Proença.

Mas se tudo isto não é uma cedência, então o que é uma cedência?


Com banda sonora dedicada a João Proença (sugestão de José Manuel Pureza no Facebook):



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O cão

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Outra interpretação

LE CHIEN (Leo Ferré)

À mes oiseaux piaillant debout
Chinés sous les becs de la nuit
Avec leur crêpe de coutil
Et leur fourreau fleuri de trous
À mes compaings du pain rassis
À mes frangins de l’entre bise
À ceux qui gerçaient leur chemise
Au givre des pernods-minuit

A l’Araignée la toile au vent
A Biftec baron du homard
Et sa technique du caviar
Qui ressemblait à du hareng
A Bec d’Azur du pif comptant
Qui créchait côté de Sancerre
Sur les MIDNIGHT à moitié verre
Chez un bistre de ses clients

Aux spécialistes d’la scoumoune
Qui se sapaient de courants d’air
Et qui prenaient pour un steamer
La compagnie Blondit and Clowns
Aux pannes qui la langue au pas
En plein hiver mangeaient des nèfles
A ceux pour qui deux sous de trèfle
Ça valait une Craven A

Importa-se de repetir, Celeste Cardona?


«Posso esclarecer que não fui ministra, não fui banqueira e não serei conselheira de energia. Sou apenas licenciada, mestre e doutoranda em direito. Trabalho desde os 16 anos e, permita-me, sempre com êxito. Exerci um cargo ministerial e trabalhei com vogal do C.A., na área da minha especialidade, na CGD.»

Celeste Cardona, anteontem, no Facebook.

Alguém pode explicar-me a diferença entre ter sido ministra e ter exercido um cargo ministerial? Agradecida.
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Mudar o mundo?


«¿Cómo cambiar el mundo? Ésta es la pregunta que se formulan miles de personas empeñadas en cambiar las cosas, la pregunta que se repite a menudo en encuentros sociales alternativos… (...)

La lucha en la calle y en los movimientos sociales es la primera premisa, ya que no habrá cambios espontáneos desde arriba. Aquellos que hoy ostentan el poder no renunciarán sin más a sus privilegios. Cualquier proceso de cambio será fruto de la toma de conciencia de los de abajo y del combate por recuperar nuestros derechos desafiando desde la calle a los que mandan. Así lo demuestra la historia.

Pero también es necesario construir alternativas políticas que vayan más allá de la movilización social, ya que no podemos limitarnos a ser un lobby de aquellos que mandan. Es necesario ser capaces de plantear opciones políticas alternativas antagónicas a las hoy dominantes y que tengan su centro de gravedad en las luchas sociales. Siendo muy conscientes de que el sistema no se cambia desde dentro de las instituciones sino desde la calle, pero que no podemos renunciar a unos espacios que también nos pertenecen. (…)

Hay que avanzar en ambas direcciones y supeditar esta última a la primera, creando mecanismos de control de abajo a arriba y aprendiendo de los errores del pasado tanto de la izquierda política como social. Partiendo de que nadie tiene verdades absolutas, de que el proceso de cambio será colectivo o no será, de que hay que aprender los unos de los otros, de que es necesario trabajar sin sectarismos ni seguidismos y que a menudo las etiquetas separan más que unen. Sin por ello caer en relativismos ni en renuncias ideológicas. Seguramente éstas sean las lecciones más difíciles: romper con el dominio moral e ideológico del sistema capitalista y patriarcal. (…)

Hoy una ola de indignación recorre Europa y el mundo… rompiendo el escepticismo y la resignación, que durante años ha prevalecido en nuestra sociedad, y recuperando la confianza en que la acción colectiva sirve y es útil para cambiar el actual orden de cosas. Aprendemos de la Primavera árabe, del “no pagaremos su deuda” del pueblo islandés, del levantamiento popular, huelga general tras huelga general, en Grecia y ahora del latido de Occupy Wall Street en el “corazón de la bestia” que señala que frente al 1% que manda somos el 99%. Los tiempos se comprimen y se aceleran. Sabemos que podemos.»

Esther Vivas, ¿Cómo cambiar el mundo?
Na íntegra aqui.
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16.1.12

E continuam os concursos de blogues


Mais um, desta vez lançado pelo Aventar, com longuíssimas listas de centenas de blogues, distribuídos por muitas categorias.

O «Brumas» está classificado em «Actividade política (colectivos)», o que me faz temer que tenham detectado em mim sinais de desdobramento em múltiplas personalidades, e eu estou proposta como «Blogger do ano».

Aproveito para saudar o Luís por a sua barbearia ter passado a blogue de Humor e a Helena por andar a dar-nos conversa há oito anos e ter a sua casa elegível como Revelação do Ano.

Mas claro que nada disto tem qualquer espécie de importância se for levado apenas como deve ser: just for kidding...
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Dito por aí (11)

@João Abel Manta

«Que pensaria um cidadão comum se alguém em quem tivesse confiado e com quem tivesse feito um acordo, apanhando-se com o acordo na mão, violasse todos os compromissos assumidos fazendo exactamente o contrário daquilo a que se comprometera? (…)
Quando os eleitos actuam impunemente à margem de valores elementares da sociedade como o da honra e o do respeito pela palavra dada não é só o seu carácter moral que está em causa mas a própria credibilidade do sistema democrático.»
Manuel António Pina, A honra perdida da política

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«Nada de bom se pode esperar de um Sarkózy desesperado, e de uma Merkel aterrorizada na sua ilha, que se afunda carregada com as poupanças de europeus em fuga para sítio nenhum. A Europa poderia ter um futuro. Federalismo, com prosperidade. União política, com confiança. Em vez disso está mais perto da implosão, da pobreza, e das baionetas. Os mercados não são o inimigo. A estupidez política, sim. Mas como poderemos vencer uma força contra a qual, como escreveu Schiller, até os deuses lutam em vão?»
Viriato Soromenho Marques, O eixo partido

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«Par comparaison, le naufrage du Costa Concordia précise notre image de l'autre naufrage, celui de l'euro. L'orgueil est le même, qui inspira les deux chantiers. Et sans doute à l'arrivée le bilan sera-t-il comparable : gros dégâts matériels, film impressionnant rejoué en boucle, énormément de peur, mais moins de mal.
Pour le reste, ce sont les différences qui frappent. Si quelques minutes ont suffi à couler le paquebot, le naufrage de l'euro, lui, n'en finit pas. C'est une catastrophe à épisodes, permanente, interminable. La coque n'en finit pas de se déchirer sur le récif, centimètre par centimètre, tandis que l'équipage multiplie les consignes incohérentes, ébloui par le phare des naufrageurs de Standard & Poor's.»
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Sexta-feira 13


Os «bonecos» da Gui Castro Felga numa acção de rua, ontem, em Paris.




A propósito, ler: Ana Sá Lopes, A Standard &Poor’s pôs Merkel no lixo
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Deve cobrir unhas encravadas, talvez…

15.1.12

A minha vitória no Combate de Blogues


Foram ontem anunciados os vencedores do concurso organizado pela TVI e o Brumas venceu na categoria «Melhor blogue individual 2011».

Alguns comentários:

1 - Se alguém pensa que eu acredito que este é o melhor blogue individual de Portugal, ou mesmo de S. Domingos de Benfica e arredores, suplico que peçam à minha família que me interdite. Mas agradeço, mais do que sinceramente, a todos os que o escolheram entre sete possíveis.

2 - A votação nesta categoria de blogues, e só nesta, foi atribulada porque foram distribuídas rajadas de milhares votos em alguns dos nomeados. Quem o fez e porquê é um segredo que permanecerá no mundo dos hackers, mas, perante os factos e com os dados de que dispunha, o painel de residentes responsáveis pelo programa chamou a si a decisão do imbróglio e declarou este blogue vencedor.

3 - Na blogosfera, alinho sempre em iniciativas que estabeleçam contactos entre quem escrevinha o que lhe apetece e vivi mais esta oportunidade como uma «brincadeira» (a expressão é do próprio responsável pelo programa, Filipe Caetano), num dos poucos universos em que os almoços ainda são grátis para quem não se leva demasiadamente a sério. Ontem à noite, numa simpática festa que reuniu uma multidão de bloggers e afins, conheci mais umas tantas pessoas que, até agora, apenas eram nomes enquadrados em templates de blogues. E isso tem, para mim, alguma importância.

4 - Já me perguntaram que prémios recebemos: certificados, cor-de-rosa. Houve quem alimentasse a esperança de uma entrada directa para a Casa dos Segredos, mas não deu – talvez para o ano…
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O poder dos sequestradores


«Según el diccionario, secuestrar significa "retener indebidamente a una persona para exigir dinero por su rescate". El delito está duramente castigado por todos los códigos penales; pero a nadie se le ocurriría mandar preso al gran capital financiero, que tiene de rehenes a muchos países del mundo y, con alegre impunidad, les va cobrando, día tras día, fabulosos rescates.

En los viejos tiempos, los marines ocupaban las aduanas para cobrar las deudas de los países centroamericanos y de las islas del mar Caribe. La ocupación norteamericana de Haití duró diecinueve años, desde 1915 hasta 1934. Los invasores no se fueron hasta que el Citibank cobró sus préstamos, varias veces multiplicados por la usura. En su lugar, los marines dejaron un ejército nacional fabricado para ejercer la dictadura y para cumplir con la deuda externa. En la actualidad, en tiempos de democracia, los tecnócratas internacionales resultan más eficaces que las expediciones militares. El pueblo haitiano no ha elegido, ni con un voto siquiera, al Fondo Monetario Internacional ni al Banco Mundial, pero son ellos quienes deciden hacia dónde sale cada peso que entra en las arcas públicas. Como en todos los países pobres, más poder que el voto tiene el veto: el voto democrático propone y la dictadura financiera dispone.

El Fondo Monetario se llama Internacional, como el Banco se llama Mundial, pero estos hermanos gemelos viven, cobran y deciden en Washington; y la numerosa tecnocracia jamás escupe el plato donde come. Aunque Estados Unidos es, por lejos, el país con más deudas del mundo, nadie le dicta desde afuera la orden de poner bandera de remate a la Casa Blanca, y a ningún funcionario internacional se le pasaría por la cabeza semejante insolencia. En cambio, los países del sur del mundo, que entregan doscientos cincuenta mil dólares por minuto en servidumbre de deuda, son países cautivos, y los acreedores les descuartizan la soberanía, como descuartizaban a sus deudores plebeyos, en la plaza pública, los patricios romanos de otros tiempos imperiales. Por mucho que esos países paguen, no hay manera de calmar la sed de la gran vasija agujereada que es la deuda externa. Cuanto más pagan, más deben; y cuanto más deben, más obligados están a obedecer la orden de desmantelar el estado, hipotecar la independencia política y enajenar la economía nacional. Vivió pagando y murió debiendo, podrían decir las lápidas.»

Eduardo Galeano, Patas arriba. La escuela del mundo al revés
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Uma explicação possível para a nomeação de Celeste Cardona para a EDP?

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Se Catroga não entende, eu ajudo: os chineses podem ter querido uma ex-PCP para mostrarem ao universo que o conflito sino-soviético is over. Porque não? Tem-se ouvido tanto disparate que é só mais um…
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