Agora que a Espanha concretizou o pedido de ajuda à União Europeia, vale a pena ouvir o que João Cravinho disse ontem, na SIC Notícias, sobre possível diferença de tratamento entre países (a partir do minuto 11:50).
9.6.12
Homonimias, homografias…
Se para um inglês o vídeo é apenas humor, para nós é logo o BPN que vem à cabeça, não?
(Vídeo via André Freire no Facebook.)
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Give Greece a chance (3)
A intervenção de Slavoj Žižek no comício da Syriza, que já divulguei, mas agora legendada em português.
Entretanto, foi lançado um apoio de intelectuais europeus ao Syriza: With the Greek Left for a Democratic Europe!
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Sobre a “paciência” do bom povo português
A crónica de José Pacheco Pereira no Público de hoje, merece leitura e reflexão. Aqui fica, na íntegra, «sublinhada»
por mim a vermelho.
«Eu já vejo com muitas reservas esta obsessão dos dias de hoje de atribuir
estados de alma a toda a gente para explicar tudo e mais alguma coisa, e por
isso sou avesso, por maioria de razão, a embarcar na ideia que o mesmo se possa
fazer aos povos. Isso a propósito da “paciência” do povo português celebrada
pelo primeiro-ministro como virtude ímpar numa Europa turbulenta.
Claro que se podem dizer muitas coisas sobre o “povo português”: que está
“zangado” com a crise, que está “furioso” com os políticos, que está
“deprimido” com o empobrecimento forçado, que está “descrente” da democracia,
que está “prostrado” pela inacção, que tem uma infinita “paciência”. Há, no entanto,
várias coisas que ninguém tem coragem de dizer e o problema dos excessos de
psicologia impressionista começam aqui. Ninguém tem a coragem de dizer que o
povo português está “contente” com o “ajustamento”, que fica “feliz” porque
passou a ter, como lhe dizem os governantes, que viver com os seus parcos
recursos, e não pode viver mais do crédito (um parêntesis para dizer que um dos
absurdos da actual situação que parece escapar a muitos é que todo este
“ajustamento” se está a fazer “para o país voltar aos mercados”, ou seja, para
pedir mais dinheiro emprestado…), que está “consciente” de que o futuro do seu
país é risonho após o termo desta “revolução dos costumes”, que “compreende”
que tem que sofrer para depois renascer como a Fénix.
Em vez da psicologia e dos estados de alma, prefiro a política. É por isso
que a frase da “paciência” tem um duplo significado
político: é um desejo, de que os portugueses se portem bem; e é uma ideia sobre
o “estado” em que estão e também sobre o que são. É uma ideia sobre os
portugueses. A primeira coisa é um desejo, que todos podem ter; a segunda, é
uma ilusória ideia de que existe uma qualquer virtude essencial nos portugueses
que consiste em “comerem e calarem”. Ora isto é uma asneira monumental sob
todos os pontos de vista, seja o do puro bom senso, seja histórico, seja
sociológico, seja até, admirem-se, psicológico e psiquiátrico. Masoquistas, só
às vezes e é pelo prazer, não é pelo chicote.
A comparação que fez D. Januário Torgal entre Passos
e Salazar levou ao paroxismo a interpretação da frase da “paciência”. Ora, se
entendida como sendo uma comparação entre Passos Coelho e Salazar, como pessoas
e políticos, não tem nenhuma razão de ser. Passos é um político
democrático, a quem de certeza são completamente alheias as ideias
conservadoras e antidemocráticas de Salazar e a quem não move qualquer impulso
autoritário. Pode ser indiferente, como muitas pessoas da sua geração, perante
os valores da liberdade que receberam já adquiridos, e que sempre conheceram
como naturais, mas isso não o faz um ditador em potência.
O problema é outro, é que muitas ideias do nosso
salazarismo de background impregnam
muito mais do que se pensa o discurso público vulgar, aquele que não é muito
elaborado e se desenvolve por aquilo que pensam ser evidências, sobre as quais
nunca pensaram. Passos Coelho não é um caso especial, mas como é
primeiro-ministro fica mais exposto. É o problema, também geracional, de uma
formação política muito superficial, assente pouco mais do que leituras de
jornais e em discursos estandardizados sobre Portugal e os portugueses. Esses
discursos repetem, sem autoconsciência, como lugares-comuns, aquilo que no
salazarismo era um pensamento contra, um ataque ao liberalismo político em nome
de uma organicidade substancial do “povo português”, que correspondia à visão
rural e paroquial das virtudes dos portugueses.
Por isso, a frase polémica de D. Januário, se
entendida como uma comparação entre a ideia de povo que tinha Salazar e que tem
Passos Coelho, tem alguma razão de ser. Não tem toda, mas tem alguma. A
principal razão que diferencia Salazar e Passos Coelho nessa apreciação comum
da “bondade” do povo português é que Salazar a fazia com óbvio cinismo. Salazar
pensava, como um típico produto da nossa ruralidade ancestral, com “manha”, a
forma do cinismo dos camponeses. Por isso, Salazar
entendia que esse eventual estado natural de bondade do “povo português” não
era assim tão forte que não precisasse de ser “protegido” pela polícia política
e pela censura da contaminação vil da “política”. Os portugueses eram
bons, trabalhadores, aceitavam a pobreza virtuosa, assim como os bois no poema
de Afonso Lopes Vieira, em que se pode tirar os “bois” e pôr os portugueses que
dá o mesmo:
8.6.12
Mineiros e asturianos
Nas Astúrias, continua a luta dos mineiros, que vão já na terceira semana de greve, e multiplicam-se os incidentes entre manifestantes e agentes policiais. Na origem dos conflitos esteve o corte de 63% de ajuda ao sector, anunciado pelo governo espanhol, e prepara-se agora, para 18 de Junho, uma greve geral em todos os sectores de actividade mineira, não só nas Astúrias mas também em Castela e Leão e Aragão.
No Passa/Palavra, um excelente texto – Astúrias: os conflitos laborais alastram – ajuda a perceber as tradições de combate desse sector que se confronta com a sua possível extinção. Leitura mais do que recomendada.
Vem de longe a bravura destas gentes:
«Si te quieres casar con las chicas de aquí, tienes que ir a Madrid a empuñar un fusil.»
Absolutamente a não perder, um belíssimo texto ontem publicado por Luís Sepúlveda: «Cuando el escritor se queda fuera»
«La policía, los anti disturbios cargarán nuevamente en defensa del poder, de los patrones, de los accionistas de las compañías mineras, de las cuentas bancarias ocultas en paraísos fiscales, de los corruptos que desde sus cargos parlamentarios justifican los más brutales recortes sociales, laborales, y niegan el más elemental de los derechos: el sagrado derecho al trabajo.
Pero las palabras compañero y compañera se sacuden el polvo, brillan con renovado fulgor, y le bastan al hombre, al ciudadano, porque en esta hora de lucha el escritor se queda fuera.»
Na íntegra aqui.
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Isto parece a gripe das aves
Mais próxima e mais perigosa:
Bruxelas vigia bancos portugueses face a contágio espanhol
Entretanto, ler: Fuentes europeas adelantan que España puede pedir el rescate este fin de semana
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7.6.12
Uma simples placa
A chapa que se vê na imagem está há anos na escada do meu prédio e tapa, mais ou menos atamancadamente, uma instalação eléctrica não sei bem de que tipo. Resultou de umas obras inadiáveis, decididas nessa instância absolutamente sinistra, que dá pelo nome de «reunião de condóminos».
Sempre olhei para ela de esguelha, não fosse o número da esquerda funcionar como presságio de repetição da calamidade recordada pela data da direita. 2013 não me dizia absolutamente nada, para além do temor dessa possibilidade, mas passou a dizer: seria o fim da crise, o último ano em que «os homens de negro» andariam por cá, a última vez em que não me pagariam dois meses de salário para os quais descontei durante décadas.
Hoje, parei de novo a observá-la sem saber o que pensar. Mas fotografei-a para a posteridade. Pode ser que algo de imprevisível aconteça em 2013, que seja o acordar deste pesadelo, que o Passos fuja para Angola, que o Cavaco vá viver com a Lagarde, que o Durão volte a ser maoista, que o Relvas assalte um banco… sei lá!... Mas isto há-de mudar um dia, não?
. Manifestação pelo Direito ao Trabalho
Convite Público para a Organização da Manifestação pelo Direito ao Trabalho
Somos um grupo de trabalhadores desempregados, sub-empregados e precários que tem vindo a dinamizar o Movimento Sem Emprego e estamos empenhados na luta contra o desemprego e pela justa divisão do trabalho.
Por isso respondemos prontamente ao chamado de um grupo de desempregados do Porto, que lançou um manifesto pelo Direito ao Trabalho e deu o mote para uma manifestação para o próximo dia 30 de Junho, Sábado, às 15h, para dar voz nas ruas das duas maiores cidades do país, o descontentamento face às políticas do governo, à austeridade que a troika tem vindo a impor aos trabalhadores e ao impacto que o desemprego crescente tem na vida de todos nós.
Em acordo com o manifesto que deu o mote para este protesto - O desemprego é um flagelo, queremos trabalho! – ou como se reclama no manifesto do Movimento Sem Emprego - Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade! – não nos resignamos aos insultos com que têm brindado os desempregados e convidamos todas as pessoas progressistas, herdeiras do espírito do 25 de Abril e que não ofereçam como saída para esta catástrofe social respostas discriminatórias, a juntarem-se a nós nesta jornada de luta.
(Continuar a ler aqui.)
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Quando os jornais contavam
Na Visão de ontem, Ricardo Araújo Pereira, certeiro como sempre, parece nem tentar fazer humor. Escreve um texto bem sério, e a sério, a propósito da saga Miguel Relvas / Comunicação Social.
«O tempo em que os jornais contavam parece agora tão distante como o das fábulas. Não sei se o leitor se lembra: um jornal dava uma notícia que embaraçava um membro do Governo e este, movido por vergonha própria ou pressão alheia, demitia-se. (…)
O grande escândalo do Portugal contemporâneo não é que um ministro queira controlar a comunicação social. O nosso problema não é termos políticos prepotentes, é termos políticos que perdem tempo com tarefas inúteis.»
AQUI na íntegra.
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6.6.12
Torgal versus Passos
Em declarações à TSF, o bispo Januário Torgal Ferreira foi hoje violentísssimo contra um (não) governo, que comparou à União Nacional, e contra o primeiro-ministro que disse recordar-lhe Salazar. Vale a pena ouvi-lo. Razão tem ele para dizer que Passos Coelho nos trata como um «povo amestrado» que «devia estar no Jardim Zoológico». Cuja resignação se louva e «paciência» se exalta.
Mas vale também a pena ver e ouvir as afirmações de Passos Coelho, que provocaram esta reacção. Eu fiquei transida e «com a tal raiva a «crescer-me nos dentes» quando elas me entraram ontem pela casa dentro.
«Tenha paciência…», era o que se dizia antigamente ao pobrezinho a quem se recusava uma esmola. É, no fundo, o que o nosso primeiro-ministro tem para nos dizer.
. O quê? A Grécia não é a Letónia?
Christine Lagarde declarou ontem, em entrevista ao jornal sueco Svenska Dagbladet, que «a Grécia e outros países confrontados com a crise da dívida deviam inspirar-se no programa de reformas aplicado pela Letónia» – um caso de sucesso, na sua opinião.
As reacções não se fizeram esperar, nomeadamente em Atenas, onde a responsável pelo FMI é acusada de estar «um pouco confusa». Depois de ter dito, há alguns meses, que a Grécia devia atingir o nível da Croácia, virou-se agora mais para Norte – não para a Suécia, nem para a Finlândia, mas para a Letónia.
E recorda-se uma análise que já tem alguns meses (publicada em 27 de Maio de 2011), onde se enumeram os motivos pelos quais o programa de austeridade da Letónia não é aplicável a outros países:
«Uma vantagem [da Letónia] era ter um nível muito baixo de dívida pública no início da crise. Em 2007, a dívida bruta do governo da Letónia era apenas 9 por cento do PIB, bem menor do que os 25% da Irlanda e muito melhor do que a situação de Portugal (68%) ou da Grécia (105%). É claro que a recessão fez subir a dívida e esta deve ultrapassar 50% do PIB no próximo ano. Ainda assim, a situação é muito melhor do que a dos outros três países que estão a receber ajuda de emergência da União Europeia e do FMI, os quais, em breve, verão a dívida ultrapassar 100% do PIB. Ao longo da história, muito poucos países recuperaram, sem default, de rácios da dívida pública superiores a 100%.
Uma segunda vantagem é que a Letónia dependia pouco do sector bancário doméstico. Os bancos com base na vizinha Escandinávia dominam o mercado, todos foram atingidos pela bolha imobiliária letã, mas nenhum faliu. Mais importante ainda: poucas perdas bancárias apareceram nos balanços do governo letão. Parex, o maior banco doméstico, foi a única excepção: faliu e foi nacionalizado em 2009, mas a sua quota de mercado no início da crise era apenas 14%. A situação contrasta com a da Irlanda, onde o governo assumiu perdas com a falência dos seus grandes bancos, perdas essas que fizeram com que a modesta dívida pública, com que o país entrou na crise, parecesse uma ninharia.
A terceira vantagem para a Letónia foi ter uma situação política bastante estável. Seria um exagero dizer que a austeridade foi uniformemente bem recebida pelos eleitores, mas eles reelegeram o governo, em Outubro de 2010, facto citado positivamente pelas agências de rating e raramente o país tem assistido a manifestações violentas. Pelo contrário, os programas de austeridade deitaram abaixo os governos da Irlanda e de Portugal e aumentaram a incerteza. (…)
Tomando em conjunto estas considerações, pode-se concluir que a austeridade era o caminho correcto para a Letónia? Não necessariamente.
A Letónia é diferente da Grécia, da Irlanda e de Portugal ainda por um outro factor importante: não é membro da zona euro. Apesar de a sua moeda ter sido indexada ao euro desde 2005, essa ligação é puramente voluntária. Ao passo que não há nenhuma maneira fácil para que um membro da zona euro regresse à sua própria moeda, a Letónia poderia terminar a sua política de câmbio fixo a qualquer momento.»
(Publicado também aqui.)
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Para uma história social da repressão
Seminário
11 de Junho de
2012
Local: FSCH-UNL, Avenida de Berna,
nº26, Edifício de I&D, Piso 4, Sala Multiusos 3,
Parece
inegável o papel determinante desempenhado pela repressão no contexto dos
conflitos sociais que moldaram o nosso tempo. Sem menosprezar a sua dimensão
política e cultural, o objectivo deste seminário é abordar o tema a partir das
formas de resistência e de acção colectiva desenvolvidas por grupos e classes
sociais subalternas.
Tratar-se-á
de identificar linhas de continuidade e de ruptura durante um tempo longo,
atravessando regimes políticos distintos e destacando o papel do aparelho
repressivo do Estado na configuração das correlações de forças entre os
diversos sujeitos do conflito social ao longo do século XX. Partindo de abordagens
de estudos de caso e problemáticas específicas, pretende-se aqui identificar e
desenvolver elementos para uma história social da repressão. A entrada é livre
e o seminário está aberto à participação de todos os interessados, dentro e
fora do meio universitário.
14h-
Abertura
Ricardo Noronha (IHC/FCSH-UNL)
Uma história de violência - Estado e conflitos sociais em Portugal no século XX
14h30 I República
Joana Dias Pereira (IHC/FCSH-UNL)
» Difusão e repressão na dinâmica de contestação política da década de 1910
Diogo Duarte (IHC/FCSH-UNL)
» Apontamentos para uma história do movimento anarquista na sua relação com Estado
15h30 Estado Novo e colónias
João Madeira (IHC/FCSH-UNL)
Ricardo Noronha (IHC/FCSH-UNL)
Uma história de violência - Estado e conflitos sociais em Portugal no século XX
14h30 I República
Joana Dias Pereira (IHC/FCSH-UNL)
» Difusão e repressão na dinâmica de contestação política da década de 1910
Diogo Duarte (IHC/FCSH-UNL)
» Apontamentos para uma história do movimento anarquista na sua relação com Estado
15h30 Estado Novo e colónias
João Madeira (IHC/FCSH-UNL)
»Padrões
repressivos e conflito social nos campos do sul, anos 50
Miguel Pérez (IHC/FCSH-UNL)
»O movimento operário português (1968-1974)
Dalila Cabrita Mateus (IHC/FCSH-UNL)
» Repressão dos conflitos sociais nas colónias portuguesas
» Repressão dos conflitos sociais nas colónias portuguesas
17h30 II República
José Nuno Matos (ICS-UL)
» 1982: da greve geral à madrugada sangrenta
João Jordão (IHC/FCSH-UNL)
» Urbanismo, território e repressão: «os bairros problemáticos»
18h30 Conferência de encerramento
Felipe
Demier (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos)
» Conflitos
sociais e regimes políticos no mundo contemporâneo
Com comentário de Gilberto Calil (UNIOESTE)
Com comentário de Gilberto Calil (UNIOESTE)
Organização: Grupo de Estudos do
Trabalho e Conflitos Sociais do Instituto de História Contemporânea (FCSH-UNL)
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Hoje é o último dia
… que é véspera de um feriado que vai desaparecer pelo menos até 2018. Em 2013, seremos muito mais produtivos.
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5.6.12
«Ditosa pátria que tais filhos tem» (*)
Em entrevista ao jornal «i», José Miguel Júdice afirma que nós, os portugueses, «somos melhores quando as coisas correm mal». Alegremo-nos, pois: estamos certamente óptimos.
Conta, por exemplo, como é importante que a BBC tenha mostrado alguém que, estando desempregado há um ano e meio, acredita que o país está a fazer o que é necessário: assim se vê que não somos como outros que «partem tudo» e demonstramos grande dignidade no sofrimento. E continua, com a velha rábula segundo a qual, se as coisas correm bem, o português «abandalha, facilita, gasta desalmadamente, não pensa no dia de amanhã, só pensa na festa». Ângela Merkel não diria melhor…
Este ser, que esteve sempre do lado certo do poder, desde os velhos tempos do Movimento Jovem Portugal até à actualidade, a quem nunca deve ter faltado uma migalha de luxo (enfim, talvez um pouco nos três mesitos que passou na prisão de Caxias, em 1975…), permite-se «elogiar» os compatriotas fazendo deles um retrato salazarento – sofredores e resignados quando pobrezinhos.
Se é verdade que parecemos, ou somos, desesperadamente mais conformados do que outros em situações semelhantes, esse facto reflecte heranças e marcas de décadas de obscurantismo e de resignação forçada e não virtude ou algo que deva ser gabado e preservado. É tempo de dizer isto, quinhentas vezes se necessário for, de interiorizar, de ultrapassar, de combater.
Claro que José Miguel Júdice não está sozinho na sua barricada, bem longe disso. Mas é representativo e exemplar.
(*) Com dedicatória.
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Sonho e pesadelo
«O que ninguém perdoará a este governo não é o estar a aplicar o plano negociado pelo governo de Sócrates com a troika. O que é imperdoável é o primeiro-ministro, o MNE e o ministro das Finanças não cessarem de se regozijar com esse facto. Nos dias revolucionários da minha juventude, lembro-me de uma frase pintada numa rua de Lisboa: "O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo." Na verdade, os governantes de Lisboa, a quem os credores impuseram o programa, a estratégia, a táctica e o detalhe, quando dizem "que querem ir mais longe do que a troika", funcionam como o escravo que, para diminuir a ferida narcísica da humilhação, se cola por excesso à pele do seu dono. O PM sonha o delirante programa da troika, como se fosse o seu sonho. O resultado é o pesadelo em que o País está a transformar-se.»
(Realce meu.)
Viriato Soromenho-Marques
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Sondagem: a passo de caracol, mas…
Há várias leituras possíveis para os resultados, agora conhecidos, de uma sondagem efectuada pela Universidade Católica sobre intenções de voto em eleições legislativas.
Também tenho direito à minha:
>>> A Troika dispõe de 75% dos deputados na AR (mas perdeu 7% desde Setembro de 2011)
>>> A oposição à Troika dispõe apenas de 18% (mas ganhou 5%)
Avanço no bom sentido, portanto. Embora muito, muito, a passo de caracol…
(Fonte)
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4.6.12
Give Greece a chance (2)
Já referi que Slavoj Žižek esteve ontem presente num comício do Syriza em Atenas. A sua intervenção, na íntegra:
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Reforma só aos 80?
Parece que é desejável, segundo mais um CEO iluminado.
Dado que o Alzheimer aumenta exponencialmente com a idade, considerando-se que, aos 80 anos, já atinge 30% da população (Wikipedia dixit), demos asas à imaginação para prever o ambiente de trabalho nas empresas e o aumento dos índices de produtividade. Já para não falar, claro, do número de despedimentos por inadaptação ao posto de trabalho! E por aqui me fico para não dar largas a humor mais do que negro.
Está mesmo tudo doido? É oficial?
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Recurso do processo dos detidos no despejo da es.col.a da Fontinha
Durante o despejo do Espaço Colectivo Autogestionado (Es.Col.A) do Alto da Fontinha, no Porto, no passado dia 19 de Abril, dois dos detidos, António Pedro Sousa e Ricardo Ribeiro, foram acusados de crime de injúria e crime de resistência e coacção sobre funcionário. Em julgamento sumário, no dia 2 de Maio, foram ambos condenados a pena de prisão de três meses, substituída por multa mais pagamento da taxa de justiça, num total de €954 cada, segundo sentença lida a 10 de Maio.
Vimos por este meio enviar, em anexo, cópia do Recurso da sentença - que deu entrada no Tribunal de Pequena Instância Criminal do Porto, 3ª Secção, no passado dia 1 de Junho - de forma a que este seja divulgado e ponha a nu a farsa que foi este julgamento nitidamente político. Junta-se também em anexo cópia dos factos alegadamente provados em Tribunal, contestados no Recurso. Refira-se que o documento referente ao recurso é antecedido de um índice, com links e bookmarks para facilitar o manuseamento.
(Continuar a ler AQUI. Recurso e mais informação.)
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Há 23 anos, Tiananmen
Os factos são conhecidos. Que as imagens regressem, ano após ano, num ritual que nos impeça de esquecer que o progresso da humanidade ainda não conseguiu impedir acontecimentos como estes.
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3.6.12
Miguel Sousa Tavares versus Francisco Louçã
Vale a pena ver este programa, transmitido ontem à noite pela SIC N. Apesar da pobreza das perguntas dos jornalistas (ou talvez também por causa dela, já nem sei…), gostei de ver esta conversa entre dois homens, tantas vezes nos antípodas mas, certamente não por acaso, cada vez mais convergentes em muitos temas.
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Give Greece a chance
«All we are saying is give Greece a chance»
Slavoj Žižek, há pouco, num comício do Syriza em Atenas.
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Espanha, num filme que nós já conhecemos
«Quebrou-se o grande tabu. O inominável chegou. O resgate de um dos quatro grandes da zona euro já não parece um prognóstico dos senhores das trevas. A mistura letal de uma recessão, que promete aumentar com a enorme factura que deixou o buraco na banca, empurra cada vez mais a Espanha para perto da Grécia, Irlanda e Portugal.
Nestes dias, é difícil encontrar, em Bruxelas, um alto funcionário ou um responsável político, sempre anónimo, que não assuma como facto consumado que a Espanha acabará por pedir ajuda externa para não cair em insolvência.»
(Continuar a ler aqui.)
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