Para o Daniel Melo, aqui ficam os meus agradecimentos.
24.11.07
«Brumas»
Para o Daniel Melo, aqui ficam os meus agradecimentos.
Durão Barroso, prémio Nobel da Paz?
É Sábado. Ainda estou a dormir - deve ser um pesadelo.
Populismo q.b.
Porque não a prima, o tio, a vizinha do lado?
23.11.07
A Acção Católica em Portugal (4)
From China to Arraiolos
Basta portanto trocar a etiqueta e vendê-los ao preço dos verdadeiros. Onde? Em Arraiolos, de preferência...
Ou o mundo consegue impor à China que pague salários decentes ou não há nada a fazer. Por enquanto, vai-se chorando sobre leite derramado.
22.11.07
«Com respeito e gratidão»
Entretanto, hoje, comemora-se o 32º aniversário da subida ao trono de Juan Carlos. Não haverá quaisquer celebrações assinalando a data.
Este início da «Transição» e do «Pacto de Silêncio» (que duraram sete anos) continua a causar-me estranheza, muita estranheza.
Três dias antes do nosso 25 de Novembro.
Maurice Béjart
Eu nunca esquecerei o que significou o seu espectáculo, em Lisboa, no dia 6 de Junho de 1968, do qual falei aqui.
21.11.07
Voo rasante?
- Porque era grande a minha ignorância quanto aos meandros pós-independência em Moçambique, embora por lá tenha nascido e vivido a infância – portuguesa de segunda, com a honra que quiseram conceder-me.
- Porque há muitos anos que conhecia de nome o mítico autor, moçambicano branco que aos vinte e poucos anos fugiu para o Tanganica num avião da Força Aérea Portuguesa para se juntar à luta da FRELIMO e que ocupou depois, no novo país, um sem número de cargos ao mais alto nível.
Acabada a leitura, o principal sentimento que fica é o da desilusão (**). Em quase 300 páginas, vêem-se passar décadas de factos narrados «operacionalmente», quase como se se tratasse de um relatório a ser apresentado a umas quaisquer autoridades. Nem discuto se há incorrecções, responsabilidades incorrectamente atribuídas ou muitas omissões (até é normal que existam), porque não tenho competência para o fazer. Mas pede-se mais a um livro de Memórias. Pede-se distância e reflexão. Pede-se, também, que transpareça um mínimo de calor humano através do que se vai contando. Ora este texto é desagradavelmente gélido.
O mais grave é, no entanto, que Jacinto Veloso revela (ou quer revelar, nem me interessa a distinção) uma ausência de cultura política e de posicionamento ideológico para além do admissível. Dois exemplos:
- De uma longa entrevista concedida, em Moçambique, a propósito do livro:
«Machado da Graça – O afastarmo-nos da União Soviética e aproximarmo-nos do Ocidente trouxe-nos para esta situação em que estamos agora, de capitalismo aberto. Seria este o interesse nacional?
Jacinto Veloso – Não, eu acho que não. O interesse nacional, na minha perspectiva, como membro da Frelimo, e como político da Frelimo, é produzir riqueza, sim senhor, mas é resolver os problemas sociais e económicos do país, do povo moçambicano. Este é que é o interesse. E este é o interesse que, desde o início, existe. Só que pensámos que íamos por um certo caminho e afinal tivemos que ir por um outro caminho. Que é este caminho do capitalismo. Hoje a situação é um bocado complicada, um capitalismo um bocado selvagem, mas é uma fase (...)».
- Do livro, pp. 253-254:
«A confrontação Leste-Oeste deu lugar à chamada globalização, uma teoria moderna pela qual os países são globalizados por outros, que são os globalizadores, política com a qual convivemos até hoje».
Fiz-me entender?
--------------------------------------------------------------------
(*) Jacinto Veloso, Memórias em Voo Rasante. Contributos para a História Política Recente da África Austral, Papa-Letras, Lisboa, 2007, 290 p.
(**) Aconselho a leitura da análise muito crítica de João Tunes, no Água Lisa (6).
20.11.07
Ele anda por aí
«Que bem sabe ver aquele fantástico espaço verde, feito tal e qual como o pensei. Creio que muito influenciado por outros idênticos de que usufruí quando estudava em Cambridge, nos Verões da minha adolescência.»
Cambridge? Esta é nova, não é?
Novembro para os ibéricos
No vídeo (que vale a pena ver ou rever), as declarações prestadas aos jornalistas pelo primeiro-ministro, em 20 de Novembro, mostram bem o clima em que se vivia e as características do personagem (*).
No mesmo dia, em Madrid, morreu Franco.
-------------------------------------------
(*) Já tivemos quinze primeiros-ministros desde o 25 de Abril - para todos os gostos e paladares. Pinheiro de Azevedo foi único no seu género.
(**) Num curso que já referi aqui, assisti a uma discussão interessantíssima sobre o 25 de Novembro, em que intervieram, entre outros, Mário Soares, Mário Tomé, Pacheco Pereira, Fernando Rosas e António Costa Pinto. Quando a gravação estiver disponível na net, aviso.
19.11.07
Angola - Miss Landmine 2008
O fotógrafo norueguês Morten Traavik lançou uma iniciativa, no mínimo ousada, como pretexto para sensibilizar a opinião pública mundial para o problema das minas anti-pessoais: a eleição de Miss Landmine, que terá lugar em Luanda, no dia 4 de Abril de 2008 (*).
Devolver o orgulho às vítimas e pôr em causa os conceitos tradicionais de beleza fazem também parte das suas intenções.
Mais informações e fotografias neste site.
----------------------------------
(*) Lido aqui.
18.11.07
Ratzinger e os bispos portugueses
Assim que o Papa falou aos bispos portugueses em Roma, no fim da chamada visita Ad Limina Apostolorum, os órgãos de comunicação social dispararam e usaram expressões como «reprimenda», «raspanete» e outras semelhantes. Fui ler o discurso na íntegra (versão oficial aqui) e passei à frente.
Eis senão quando apontaram armas na mesma direcção primeiro Pacheco Pereira, no Abrupto, depois Miguel Sousa Tavares e Vasco Pulido Valente, entre outros, e muitos, mais ou menos jocosamente, na blogosfera.
Apesar de já levar mais anos de ateia do que de católica convicta que fui, sinto-me sempre atavicamente interpelada por estas questões.
Em primeiro lugar, o que o papa disse não resultou de uma qualquer auditoria ao estado da Igreja portuguesa (tipo Tribunal de Contas ou ASAE), mas sim de uma análise que o Vaticano fez dos relatórios que os próprios bispos enviaram como preparação da visita a Roma. Ou seja: foram estes que forneceram os números e as percentagens inquietantes e a visão que têm sobre a prática religiosa no país (*). O papa tirou algumas ilações óbvias e fez considerações tão gerais que são puramente voluntaristas e não vêm alterar o que quer que seja – e ele é o primeiro a sabê-lo.
Bem mais importante: está na moda, sobretudo por parte de ateus confessadamente empedernidos, manifestar um grande apreço pela figura do actual papa. Comparativamente com o seu antecessor, é mais intelectual, melhor teólogo, não é polaco, sabe muito bem o que quer? Certamente. Mas Bento XVI não demonstra qualquer sentido de abertura da Igreja nem no plano teológico, nem no disciplinar, muito menos no da moral, que lhe confira autoridade prática para exigir que as comunidades católicas se renovem. Muito pelo contrário. E, como escreve Frei Bento Domingues hoje no Público, «...não ficaria mal aos bispos lembrar ao Santo Padre e à Cúria Romana que, embora haja muitas igrejas locais que resistem à renovação, a fonte principal dessas oposições radica no próprio Vaticano»(**). Enquanto assim for, Roma e as suas «delegações» continuarão a ver igrejas cada vez mais vazias nos países da velha cristandade e terão de se contentar com as multidões que acorrem às Covas das Irias deste mundo.
Quanto a muitos católicos que vivem com os pés na terra e os olhos no progresso, continuarão nas catacumbas várias a que regressaram quando as esperanças criadas pelo Concílio se esfumaram, e onde vão vivendo a sua fé e os seus ritos eclesiais em comunidades que não os excluem ou das quais não se sentem excluídos. Quanto mais novos são mais ignoram, paulatinamente, as hierarquias eclesiásticas, romanas ou portuguesas. Sentem que têm pouco (ou nada) a ver com quem continua a recusar o uso do preservativo, o Sim à despenalização do aborto, a comunhão aos divorciados e o casamento aos padres; com quem beatifica centenas de heróis da guerra civil espanhola (só de um dos lados) e anda à procura de milagres para canonizar pastorinhos ou condestáveis.
Falei com uma ou outra dessas pessoas sobre o discurso do papa aos bispos portugueses, a que grande importância dão tantos outsiders. Como reacção, não obtive mais do que um muito significativo encolher de ombros.
Faço o mesmo.
----------------------------------------------------------
(*) Creio, aliás, que há situações muito semelhantes em vários outros países europeus tradicionalmente católicos, como a Espanha, a Itália ou a França.
(**) Aconselho a leitura de todo o artigo, infelizmente sem link disponível.
(***) Shyznogud deixou o seguinte comentário:
Muito devido a este post transcrevi o artigo de Frei Bento para o baú onde costumamos pôr os textos mais longos para criarmos links. Aqui está ele se alguém tiver curiosidade:
clicar.